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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

ROMANCE: OS SERTÕES, 3ª PARTE, CAP. VI - A LUTA - (FRAGMENTO) - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

 Romance: Os Sertões, 3ª parte, cap. VI – A luta – Fragmento  

                  Euclides da Cunha

        [...]

        Debandada; Fuga

        E foi uma debandada.

        Oitocentos homens desapareciam em fuga, abandonando as espingardas; arriando as padiolas, em que se estorciam feridos: jogando fora as peças de equipamento; desarmando-se; desapertando os cinturões, para a carreira desafogada; e correndo, correndo ao acaso, correndo em grupos, em bandos erradios, correndo pelas estradas e pelas trilhas que as recortam, correndo para o recesso das caatingas, tontos, apavorados, sem chefes…

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXFZtplZImoBqDP7TDMfFy8pDBrd-Uhz_Pvfh7ZXmHau36weUKCtjKZY6jCnpgm5sHFd8vj-XgdBwCbldw-ca60Hv0lU3ZN9qMuvXUb3vxtkbhtlfaSaE0PQLud2XDH_RtdP1Q30c-fyDKgx_uARwCGcGUBoYcWfw_avWUBPPXJZcnV__dXZScwzSpA98/s320/SERT%C3%95ES.jpg


        Entre os fardos atirados à beira do caminho ficara, logo ao desencadear-se o pânico — tristíssimo pormenor! — o cadáver do comandante. Não o defenderam. Não houve um breve simulacro de repulsa contra os inimigos, que não viam e adivinhavam no estrídulo dos gritos desafiadores e nos estampidos de um tiroteio irregular e escasso, como o de uma caçada. Aos primeiros tiros os batalhões diluíram-se.

        Salomão da Rocha

        Apenas a artilharia, na extrema retaguarda, seguia vagarosa e unida, solene quase, na marcha habitual de uma revista, em que parava de quando em quando para varrer a disparos as margens traiçoeiras; e prosseguindo depois, lentamente, rodando, inabordável, terrível…

        A dissolução da tropa parara no aço daqueles canhões cuja guarnição diminuta se destacava maravilhosamente impávida, galvanizada pela força moral de um valente.

        De sorte que no fim de algum tempo em torno dela se adensaram, mais numerosos, os perseguidores.

        O resto da expedição podia escapar-se a salvo. Aquela bateria libertava-a. De encontro aos quatro Krupps de Salomão da Rocha, como de encontro a uma represa, embatia, e parava, adunava-se, avolumando, e recuava, e partia-se a onda rugidora dos jagunços.

        Naquela corrimaça sinistra em que a ferocidade e a cobardia revoluteavam confundidos sob o mesmo aspecto revoltante, abriu-se de improviso um episódio épico.

        Contidos a princípio em distância, os sertanejos constringiam a pouco e pouco o círculo do ataque, em roda das duas divisões, que os afrontavam, seguindo a passo tardo, ou, de súbito, alinhando-se em batalha e arrebentando em descargas, fulminando-os…

        As granadas explodindo entre os restolhos secos do matagal incendiavam-nos; ouviam-se lá dentro, de envolta com o crepitar de queimadas sem labaredas, extintas nos brilhos da manhã claríssima, brados de cólera e de dor; e tontos de fumo, saltando dos esconderijos em chamas, rompentes à ourela da caatinga junto à estrada, os sertanejos em chusma, gritando, correndo, disparando os trabucos e as pistolas — assombrados ante aquela resistência inexplicável, vacilantes no assaltar a zargunchadas e à faca o pequeno grupo de valentes indomáveis.

        Estes, entretanto, mal podiam prosseguir. Reduziam-se. Um a um tombavam os soldados da guarnição estóica. Feridos ou espantados, os muares da tração empacavam; torciam de rumo; impossibilitavam a marcha.

        A bateria afinal parou. Os canhões, emperrados, imobilizaram-se numa volta do caminho…

        O coronel Tamarindo, que volvera à retaguarda, agitando-se destemeroso e infatigável entre os fugitivos, penitenciando-se heroicamente, na hora da catástrofe, da tibieza anterior, ao deparar com aquele quadro estupendo, procurou debalde socorrer os únicos soldados que tinham ido a Canudos. Neste pressuposto ordenou toques repetidos de “meia volta, alto!”. As notas das cornetas, convulsivas, emitidas pelos corneteiros sem fôlego, vibraram inutilmente. Ou melhor — aceleraram a fuga. Naquela desordem só havia uma determinação possível: “debandar!”

        Debalde alguns oficiais, indignados, engatilhavam revólveres ao peito dos foragidos. Não havia contê-los. Passavam; corriam; corriam doidamente; corriam dos oficiais; corriam dos jagunços; e ao verem aqueles, que eram de preferência alvejados pelos últimos, caírem malferidos, não se comoviam. O capitão Vilarim batera-se valentemente quase só, e ao baquear, morto, não encontrou entre os que comandava um braço que o sustivesse. Os próprios feridos e enfermos estropiados lá se iam, cambeteando, arrastando-se penosamente, imprecando os companheiros mais ágeis…

        As notas das cornetas vibravam em cima desse tumulto, imperceptíveis, inúteis…

        Por fim cessaram. Não tinham a quem chamar. A infantaria desaparecera…

        Pela beira da estrada, viam-se apenas peças esparsas de equipamento, mochilas e espingardas, cinturões e sabres, jogados a esmo por ali fora, como coisas imprestáveis.

        Inteiramente só, sem uma única ordenança, o coronel Tamarindo lançou-se desesperadamente, o cavalo a galope, pela estrada — agora deserta — como se procurasse conter ainda, pessoalmente, a vanguarda. E a artilharia ficou afinal inteiramente em abandono, antes de chegar ao Angico.

        Os jagunços lançaram-se então sobre ela.

        Era o desfecho. O capitão Salomão tinha apenas em torno meia dúzia de combatentes leais. Convergiram-lhe em cima os golpes; e ele tombou, retalhado a foiçadas, junto dos canhões que não abandonara.

        Consumara-se a catástrofe…

        Logo adiante, na ocasião em que transpunha a galope o córrego do Angico, o coronel Tamarindo foi precipitado do cavalo por uma bala. O engenheiro militar Alfredo do Nascimento alcançou-o ainda com vida. Caído sobre a ribanceira, o velho comandante murmurou ao companheiro que o procurara a sua última ordem:

        — Procure o Cunha Matos…

        Esta ordem dificilmente podia ser cumprida.

        [...]

CUNHA, Euclides da. Os Sertões. 22. ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1952, p. 309-311.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 486-488.

Entendendo o romance:

01 – Qual é o principal evento narrado no fragmento?

      O fragmento descreve a debandada e fuga das tropas do governo durante a expedição contra Canudos, após um ataque surpresa dos sertanejos.

02 – Como é retratada a fuga dos soldados?

      A fuga é retratada como caótica e desesperada. Os soldados abandonam equipamentos, feridos e até mesmo o corpo do comandante, correndo sem direção e tomados pelo pânico.

03 – Qual é o papel da artilharia nesse cenário de caos?

      A artilharia, liderada por Salomão da Rocha, representa um ponto de resistência em meio à debandada. A guarnição da artilharia, demonstrando bravura, consegue conter o avanço dos sertanejos, protegendo a retirada do restante da expedição.

04 – O que acontece com o coronel Tamarindo no final do fragmento?

      O coronel Tamarindo, que tenta desesperadamente organizar a resistência e conter a fuga, é morto a tiros enquanto atravessa o córrego do Angico.

05 – Quem é Salomão da Rocha e qual é o seu destino?

      Salomão da Rocha é o capitão que lidera a artilharia. Ele e seus homens resistem bravamente, mas acabam sendo cercados e mortos pelos sertanejos.

06 – Qual é a ordem final do coronel Tamarindo?

      Mesmo ferido e à beira da morte, o coronel Tamarindo ordena que procurem Cunha Matos, possivelmente para transmitir alguma mensagem ou informação importante.

07 – Que impressão o fragmento transmite sobre a expedição contra Canudos?

      O fragmento transmite a impressão de que a expedição é um fracasso, marcada pela desorganização, pelo medo e pela falta de liderança. A bravura de alguns poucos não é suficiente para evitar a catástrofe.

 

 

domingo, 22 de maio de 2022

ROMANCE: OS SERTÕES - CAPÍTULO III - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

 Romance: OS SERTÕES – Capítulo III

                  Euclides da Cunha

        O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.

        A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

        É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço `geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável.

        É o homem permanentemente fatigado.

        Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e à quietude.

        Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.

        Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.

CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Nova Cultural, 2002.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 277-9.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Acobreado: amorenado.

·        Atonia: perda de tônus; inércia.

·        Canhestro: desajeitado, torto.

·        Combalido: abalado, enfraquecido.

·        Desempeno: elegância.

·        Empertigar-se: aprumar-se, endireitar-se.

·        Espenda: parte da sela em que se apoia a coxa do cavaleiro.

·        Estadear: demonstrar, ostentar.

·        Hércules-Quasímodo: substantivo formado a partir de: Hércules (indivíduo de força incomum, assim como o herói grego) e Quasímodo (indivíduo monstruoso, feio, assim como a personagem literária).

·        Remorado: adiado.

·        Sofrear: suspender ou modificar a marcha de uma cavalgadura puxando as rédeas.

·        Tabaréu: caipira.

·        Titã: pessoa de características físicas ou morais extraordinárias.

·        Translação: movimento de um corpo em que todos os componentes se deslocam paralelamente e mantêm as mesmas distâncias entre si.

·        Umbral: local de entrada, cada uma das peças verticais que compõem as aberturas em que se encaixam portas ou janelas.

02 – Euclides da Cunha afirma: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

a)   Se, de acordo com o pensamento desse autor, o sertanejo é antes de tudo um forte, por que sua força não se revela numa observação inicial?

Porque, de acordo com o texto, suas características físicas mostrariam-no, à primeira vista, como alguém desgracioso, desengonçado. Seus gestos e sua postura indicariam uma pessoa preguiçosa, ou seja, sua presença acabaria contrariando a ideia de que ele é um forte.

b)   Considerando o texto, em que situação essa força se revelaria?

Quando aparecesse um incidente que exigisse dele algum tipo de reação. Daí sua postura e seus gestos se modificariam, ele se tornaria um gigante ágil e determinado na realização de seus intentos.

03 – A forma é fundamental na construção desse trecho. O termo “Hércules-Quasímodo” resume as ideias apresentadas pelo autor sobre aquilo que, para ele, seria a essência contraditória do sertanejo. Mas o autor não se restringe a esse termo; ele enumera diversas características para construir sua visão.

a)   Aponte no caderno algumas expressões do texto que aproximam o sertanejo de um Hércules.

Ombros possantes, olhar desassombrado e forte, aspecto dominador de um titã acobreado e potente, desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.

b)   Aponte agora algumas expressões que o relacionam a um Quasímodo.

Desgracioso, desengonçado, torto; fealdade típica dos fracos; andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, membros desarticulados; humildade deprimente; uma simplicidade ridícula e adorável.

04 – A descrição do sertanejo feita por Euclides da Cunha confirma ou contraria a visão que Lentz, do livro Canaã, tem do brasileiro em geral? Justifique sua resposta.

      Contraria. Lentz considera os brasileiros preguiçosos, diz que a mestiçagem é negativa. O narrador de Os sertões escreve que o sertanejo tem certo aspecto aparentemente fatigado, o que parecia confirmar a visão de Lentz, mas logo destaca a força, o aspecto dominador e ágil revelado diante de uma necessidade.

05 – A visão da personagem Lentz sobre o outro – ou seja, o diferente – é francamente negativa e preconceituosa, já que considera a mestiçagem dos brasileiros algo que os tornaria inferiores aos europeus. De outro lado, o escritor brasileiro Euclides da Cunha, ao descrever o brasileiro do sertão, enumera diversos aspectos que também demonstram a sua visão sobre o outro. Pensando nisso, responda:

a)   De acordo com o ponto de vista atual, que tipos de preconceito podem ser percebidos no discurso apresentado em Os sertões? Explique.

O autor de Os sertões, embora procure compreender o outro, baseia-se em preconceitos relacionados ao aspecto físico do sertanejo, que ele considera inferior, “desgracioso”, “desengonçado”, para construir o seu discurso.

b)   Qual a sua relação com pessoas que possuem características diferentes das suas? É difícil par você compreender essas diferenças?

Resposta pessoal do aluno.

 

quarta-feira, 15 de julho de 2020

TEXTO LITERÁRIO: O INDIVÍDUO E A HISTÓRIA - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

Texto: O indivíduo e a História

                   “O que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual, compondo-a com as forças infinitas da Humanidade”

Euclides da Cunha

 Cada indivíduo possui suas características próprias que o distinguem do outro. Como pessoa, pensa, vive integrado a uma família e à sociedade, está sujeito a um governo (embora nem sempre participe de sua escolha) e está sujeito às leis. Para sobreviver executa um trabalho (embora alguns vivam da exploração do trabalho alheio) e, segundo a sua situação econômica, engaja-se em um determinado grupo social. Enfim, cada indivíduo luta pelos seus próprios fins, pela sua existência e pela existência dos que lhe são próximos, constrói sua própria história. Ao mesmo tempo ocorre um movimento conjunto, resultado da ação de todos os homens, que denominamos de história do gênero humano. Portanto, a história não é estática, mas é um processo dinâmico, dialético, em que as contradições geradas pela luta entre as classes sociais conduzem às grandes transformações da sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que na história não há o acaso e que todas as transformações são fruto da ação dos homens e não de alguns homens apenas, os “grandes homens”, os “heróis”. Acreditar que só os “grandes homens” transformam a estrutura da sociedade e fazem a história é negar a própria história.

        De um modo geral temos a tendência ao comodismo. Esperamos que apareçam os “grandes homens”, os “heróis” que façam o que precisa ser feito e esquecemos que a história é um processo do qual participamos, quer queiramos ou não. Refugiar-se na neutralidade é uma atitude covarde e, em si, já é uma opção. Demonstra medo de enfrentar as “forças de permanência”, isto é, aqueles que, enquanto se agarram aos privilégios econômicos e políticos, pretendem manter, a qualquer custo, o seu poder de decisão, não hesitando em desumanizar, oprimir e violentar a grande maioria, reduzindo-a à condição de objeto.

  O grande desafio que a história coloca diante de nós é a luta contra as forças de permanência que pretendem deter as forças de transformação.

Paulo Cosiuc - Professor de história - Escola Comunitária, Campinas.

                         Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 123/4.

Entendendo o texto:

01 – Depois de reler o texto, procure no dicionário o significado das palavras relacionadas, escrevendo-as em seu caderno. Em seguida, escolha três delas e forme três frases, dentro do contexto estudado.

a)   Ventura: felicidade.

b)   Dinâmico: objetivos.

c)   Fins: ativo.

d)   Geradas: produzidas.

e)   Opção: livre escolha.

Resposta pessoal do aluno.

02 – O que significa construir a sua história?

      Toda pessoa faz a sua vida.

03 – Dê o significado dos adjetivos destacados, em seu caderno:

a)   Fraqueza individualpessoal.

b)   Forças infinitasincalculável.

c)   Características própriaspessoais.

d)   Trabalho alheiodos outros.

e)   Situação econômicafinanceira.

04 – O que é ser um grande homem?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – As palavras destacadas têm sentido conotativo (figurado). Explique-os em seu caderno. E, com cada um deles, forme uma frase.

a)   Dos que lhe são próximos...

Todo o povo.

b)   Acreditar que só os grandes homens...

Homens que se destacam por seus feitos.

c)   Enfrentar as forças de permanência...

Os opressores.

06 – Que tipo de história fazem os brasileiros?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O brasileiro está acordando de sua neutralidade. Começa a lutar por seus direitos.

07 – “Refugiar-se na neutralidade” é uma atitude covarde. Por quê?

      Porque, quer queiramos ou não, participamos do processo de transformação. E ficar em cima do muro não parece uma atitude corajosa.

08 – Você conhece homens reduzidos à condição de objeto? Comente.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São homens que se deixam manipular pelos opressores.

09 – Quem impede o protesto do povo? Só os governantes autoritários? Ou, por vezes, a família, a escola, a Igreja também o fazem?

      O próprio sistema; a sociedade de um modo geral.

10 – Todos somos participantes da história.

a)   Como podemos lutar contra as forças de permanência?

Resposta pessoal do aluno.

b)   E nossa comunidade? Vai sair à luta, vai se arriscar, vai participar da história fugindo do comodismo e da neutralidade? Por quê? O que se faz no lugar em que você vive?

Resposta pessoal do aluno.

 

 


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

ROMANCE: O HOMEM - (FRAGMENTO DE OS SERTÕES) - EUCLIDES DA CUNHA - COM GABARITO

Romance: O homem – Fragmento de Os Sertões.
                  Euclides da Cunha

        De repente, uma variante trágica.
        Aproxima-se a seca.
    O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.
     Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.
        Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra.
        Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estóico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.
            Euclides da cunha. Os Sertões. 29. ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1979. p. 92.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 294-5.

Entendendo o romance:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Limbo: Orla, rebordo.

·        Candente: Em brasa.

·        Anomalia: Anormalidade.

·        Estóico: Impassível diante da dor ou do infortúnio.

02 – Como Euclides da Cunha caracteriza o homem sertanejo?
      Como um homem corajoso, bravo e estóico.

03 – Em que o homem sertanejo difere do peruano?
      O sertanejo ao contrário do peruano, não se apavora com as calamidades naturais.

04 – Por que Buckle caracteriza como uma “anomalia” o fato de o homem não se afeiçoar nunca às calamidades naturais que o rodeiam?
      Porque, tendo nascido em meio delas, deveria ser natural a sua adaptação.

05 – Destaque do texto uma passagem que demonstra ser o flagelo da seca algo repetitivo e bastante conhecido pelo sertanejo.
      “Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem-número de episódios...”.

06 – Com relação à linguagem, qual a característica da obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha?
      O estilo retórico-discursivo, muitas vezes barroco e pomposo.

domingo, 7 de janeiro de 2018

OS SERTÕES - FRAGMENTOS - EUCLIDES DA CUNHA- COM GABARITO


OS SERTÕES - FRAGMENTOS
Euclides da Cunha

Texto I

        Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.
        Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas.
        Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante . . .

Texto II

        O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
[...]
        Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento, em todos os pormenores da vida sertaneja -- caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre extremos impulsos e apatias longas.

Texto III

        Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, continua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]
          Canudos não se rendeu.
          Fechemos este livro.
        Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.

 Fragmentos da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, São Paulo: Círculo do Livro, 1975.
                        Na Internet: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/sertoes.html

01 – De acordo o texto I, como é a natureza no lugar onde vive o sertanejo? Ela se mostra acolhedora ao homem?
                   A natureza NÃO mostra acolhedora.
              Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante . . .

02 – O texto II, ao descrever o sertanejo, apresenta como contraditória certos aspectos de sua constituição física e seu comportamento. Comente essa contradição.
      O sertanejo embora seja magro e franzino, ao mesmo tempo se torna um homem forte e trabalhador.

03 – No 1º parágrafo do texto III, o autor crítica a guerra em si e afirma que outra “guerra mais demorada e digna” deveria ser travada. Qual é essa guerra?
      A guerra de combate à seca da região nordeste.

04 – Identifique no texto II um trecho que comprove a influência de teorias raciais existente no começo do século XX.
     Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.