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domingo, 26 de novembro de 2023

CONTO: À FLOR DA PELE - LUIZ RUFFATO - COM GABARITO

 Conto: À FLOR DA PELE

            Luiz Ruffato

        Há, ainda hoje, em certos círculos intelectuais, quem defenda a existência de uma “democracia racial” no Brasil, tese nascida na década de 1930 e rapidamente assimilada como ideologia nacional pela nossa tradição de governos autoritários. Essa perspectiva — que relativiza a tragédia de mais de três séculos de escravidão — sempre impediu uma discussão séria sobre a questão do preconceito de cor em nosso país. Basta observar que, mesmo a literatura, arte que busca transcender a hipocrisia, poucas vezes ousou enfrentar o tema e, quando o fez, deparou-se com a incompreensão e/ou desprezo da crítica.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0L9I7VwlNbMvHmVJhGVSUAhyphenhyphenOC5j4TkVnL8aBxOHWZoPGhN623Lrotii7NRr4pI6vfZ6oi205j5iHZM40GPzp8Sg4jAFF7TZ_O-Y4Xf0BrXCXShTlWln6UCg1RvYNG8AnbueW3XtM90SlcM0CpHFBaKnChRQ0KibMw5Q-KUGz7cTmcn64qTA7HfwhHG0/s1600/DEMOCRACIA.jpg


    O pequeno número de autores afrodescendentes inscritos no cânone literário brasileiro — Machado de Assis (1839-1908), Cruz e Souza (1861-1898), Lima Barreto (1881-1922) — já é uma clara evidência do lugar destinado ao negro em nossa sociedade. Sem acesso à educação e acantonados no limiar da miséria, os afrodescendentes não se constituíram como cidadãos; impedidos de agir como sujeitos da própria história, sucumbiram, pela força da opressão, a meros coadjuvantes da construção de uma identidade nacional. Raros são, até pelo menos o último quartel do século XX, os romances ou contos protagonizados por personagens afrodescendentes.

        A uma mulher, Maria Firmina dos Reis (1825-1917), ela mesma mestiça, deve-se uma das primeiras representações do negro na prosa de ficção brasileira, no romance Úrsula, aparecido em 1859. Mas a Mãe Suzana, de Maria Firmina, digna depositária da cultura africana e do desejo de liberdade, é uma exceção no quadro do nosso romantismo. Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), como As vítimas-algozes, de 1869, apenas reforça o estereótipo do escravo como um ser despido de humanidade, receptáculo da maldade, da crueldade e da maledicência. E Bernardo Guimarães (1825-1884), embora sincero em sua adesão à causa antiescravagista, criou, em A escrava Isaura, de 1875, uma personagem que em tudo seguia o padrão de beleza das heroínas importadas da França.

        Aliás, é curioso que o tema da escravidão, que mobilizou grandes nomes da poesia romântica, não tenha tido o mesmo apelo junto aos ficcionistas. Além dos títulos citados, está presente apenas, salvo engano, em Motta Coqueiro ou A pena de morte (1887), de José do Patrocínio (1854-1905) — após a abolição, foram publicados A família Medeiros, de 1892, de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934); Rei Negro, de 1914, de Coelho Neto (1864- 1934), e a obra-prima A menina morta, de Cornélio Pena (1896-1958), lançado em 1954, todos tratando, de maneira direta ou indireta, do assunto.

        O caso de Machado de Assis parece hoje caminhar para um consenso. Durante muito tempo incompreendido, o autor carregou a pecha de se ter omitido da discussão sobre a situação do negro na sociedade, uma censura injusta àquele que buscava refletir sobre o homem em sua complexidade, independentemente da cor da pele. A sua obra, que acompanha os descaminhos sociopolíticos do Brasil por todo o Segundo Império, não teria como se furtar a refletir sobre a questão. Só que, avesso à superficialidade, é nas entrelinhas, no não-dito, que se realiza sua prospecção sobre os recônditos da alma humana. Prova disso, basta ler o conto “Pai contra mãe”, presente nesta coletânea.

        O período compreendido entre o final do século XIX e o começo do século XX é de renovado interesse pelo problema. Em 1881, Aluísio Azevedo (1857-1913) causou escândalo em sua cidade natal, São Luís (MA), com a publicação do romance O mulato, que tratava de um caso de preconceito racial (identifica-se, em geral, o personagem título com o poeta Gonçalves Dias). Azevedo voltaria ao tema em O cortiço, de 1890, que mostra como o português João Romão, para ascender socialmente, descarta-se de Bertoleza, após usá-la anos e anos como escrava e amante. Em 1895, Adolfo Caminha (1867-1897) publicou o corajoso O bom crioulo, que tem como protagonista um negro homossexual, uma ousadia que relegou o livro, até muito recentemente, ao limbo da história literária.

        No entanto, é com Lima Barreto que chegamos ao ápice da representação do negro na literatura brasileira. Comprometido com a causa afrodescendente, desde seus primeiros escritos assumiu sua condição de mestiço e de suburbano numa sociedade branca e elitista — e pagou caro por isso. Por conta de seu alcoolismo, não chegou a realizar totalmente a obra projetada. Mas deixou pelo menos dois grandes personagens, o Isaías Caminha, de Recordações do escrivão Isaías Caminha, de 1909, e a Clara dos Anjos, da novela do mesmo nome, publicada postumamente em 1948.

        Estranhamente, entretanto, em boa parte do século XX, esta preocupação estará ausente do horizonte dos escritores brasileiros. Exceção a ser destacada cabe a O moleque Ricardo, de 1935, e sua complementação, a primeira parte de Usina, de 1936, de José Lins do Rego (1901-1957). Intercalado ao chamado ciclo da cana-de-açúcar, destoa dos romances anteriores e posteriores pelo cenário (a ação decorre em Recife) e pelo tema (as agruras do proletariado urbano). Negro, sem perspectivas no engenho, Ricardo foge e vai trabalhar na capital pernambucana. Lá descobre o amor, a militância política e a tragédia. O livro termina com sua prisão na ilha de Fernando de Noronha, mas a história de Ricardo continua na primeira parte de Usina, que mostra o dia a dia do presídio e seu envolvimento afetivo com o cozinheiro, seu Manuel. No final, Ricardo volta para o engenho, derrotado.

        A segunda metade do século XX é dominada pelos negros e mulatas estereotipados de Jorge Amado (1912-2001), eclipsado momentaneamente apenas pelo fenômeno editorial que foi Quarto de despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus (1914-1977). A partir da década de 1970, coincidindo com um certo renascimento da literatura brasileira e com o surgimento de movimentos de valorização da consciência negra, começam a surgir livros protagonizados por personagens afrodescendentes. Apenas a título de exemplo, podemos citar as coletâneas de contos O carro do êxito (1972), de Oswaldo de Camargo (1936), Um negro vai à forra (1977), de Edilberto Coutinho (1933-1995), Cauterizai o meu umbigo (1986), de Eustáquio José Rodrigues (1946) e Santugri (1988), de Muniz Sodré (1942); os romances Luanda, Beira, Bahia (1971), de Adonias Filho (1915-1990), Os tambores de São Luís (1975), de Josué Montello (1917-2006), Crônica dos indomáveis delírios (1991), de Joel Rufino dos Santos (1941); e a trilogia A casa da água (1969), O rei de Keto (1980) e Trono de vidro (1987), de Antônio Olinto (1919). Mais recentemente, já no século XXI, apareceram, entre outros, Elegbara (2005), de Alberto Mussa (1961), Contos negreiros (2005), de Marcelino Freire (1967), contos e uns trocados (2006), de Nei Lopes (1942), e os romances A noite dos cristais (2001), de Luís Fulano de Tal (1959) e Um defeito de cor (2006), de Ana Maria Gonçalves (1970).

        Necessário ressaltar, finalmente, a importantíssima contribuição do movimento Quilombo hoje, fundado em 1980 por Oswaldo de Camargo, Paulo Colina (1950-1999), Cuti (1951) e Abelardo Rodrigues (1952), que busca incentivar a reflexão e a produção de uma literatura comprometida com a valorização da cultura afro-brasileira. Responsável pela publicação anual dos Cadernos Negros, que reúne contos e poemas de afrodescendentes, revelou inúmeros novos autores, alguns deles presentes nesta antologia.

Luiz Ruffato.

Entendendo o conto:

01 – Quem são alguns dos autores afrodescendentes mencionados no texto e quais são suas obras mais significativas?

      Alguns autores mencionados são Lima Barreto, com obras como "Recordações do Escrivão Isaías Caminha" e "Clara dos Anjos", e Carolina Maria de Jesus, autora de "Quarto de Despejo".

02 – Como o texto descreve a abordagem da literatura brasileira em relação à questão do preconceito racial ao longo do tempo?

      O texto sugere que a literatura brasileira inicialmente evitou ou representou de forma estereotipada personagens afrodescendentes, mas mais tarde, especialmente a partir do final do século XX, houve um aumento na representação e reflexão sobre essa questão.

03 – Quais são algumas das obras literárias específicas mencionadas que abordam a questão da escravidão e do preconceito racial no Brasil?

      "O mulato" de Aluísio Azevedo, "O bom crioulo" de Adolfo Caminha e "Recordações do Escrivão Isaías Caminha" de Lima Barreto são algumas das obras citadas.

04 – Como o texto caracteriza a postura de Machado de Assis em relação à discussão sobre a situação do negro na sociedade?

      O texto sugere que Machado de Assis foi mal compreendido por muito tempo, sendo acusado de omitir a discussão sobre a situação do negro, mas, na verdade, ele refletia sobre a complexidade humana nas entrelinhas de suas obras.

05 – Quais são as obras literárias mais recentes mencionadas no texto que trazem personagens afrodescendentes como protagonistas?

      "Elegbara" de Alberto Mussa, "Um defeito de cor" de Ana Maria Gonçalves e "Contos negreiros" de Marcelino Freire são alguns exemplos citados.

06 – Quais foram os autores e obras que contribuíram para a representação do negro na literatura brasileira na segunda metade do século XX?

      Autores como Jorge Amado, Carolina Maria de Jesus e movimentos como o Quilombo hoje foram destacados por sua contribuição nesse período.

07 – Quais foram os motivos pelos quais Lima Barreto foi considerado o ápice da representação do negro na literatura brasileira pelo texto?

      O texto sugere que Lima Barreto assumiu sua condição de mestiço e suburbano em uma sociedade elitista e branca, refletindo isso em personagens como Isaías Caminha e Clara dos Anjos.

08 – Como o texto descreve a evolução da representação de personagens afrodescendentes na literatura brasileira ao longo dos séculos?

      Começando com poucas representações e estereótipos, a representação evoluiu gradualmente para incluir personagens mais complexos e historicamente relevantes.

09 – Qual é o papel do movimento Quilombo hoje na literatura afro-brasileira?

      O movimento Quilombo hoje busca incentivar a reflexão e produção de uma literatura comprometida com a valorização da cultura afro-brasileira, revelando novos autores por meio dos Cadernos Negros.

10 – Como o texto caracteriza o período entre o final do século XIX e o início do século XX em relação ao interesse pela problemática racial na literatura brasileira?

      O texto sugere que foi um período de renovado interesse pelo problema racial, com autores como Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha e Lima Barreto abordando o preconceito racial em suas obras.

 

sábado, 10 de setembro de 2022

ROMANCE: ELES ERAM MUITOS CAVALOS - (FRAGMENTO) - LUIZ RUFFATO - COM GABARITO

 Romance: Eles eram muitos cavalos – Fragmento

                  Luiz Ruffato                 

        1. Cabeçalho

        São Paulo, 9 de maio de 2000.

        Terça-feira.

        2. O Tempo

        Hoje, na capital, o céu estará variando de nublado a parcialmente nublado.

        Temperatura – Mínima: 14°. Máxima: 23°.

        Qualidade do ar oscilando de regular a boa.

        O sol nasce às 6h42 e se põe às 17h27.

        A lua é crescente.

        3. Hagiologia

        Santa Catarina de Bolonha, nascida em Ferrara, na Itália, em 1413, foi abadessa de um mosteiro em Bolonha. No Natal de 1456 recebeu o Menino Jesus das mãos de Nossa Senhora. Dedicou sua vida à assistência aos necessitados e tinha como única preocupação cumprir a vontade de Deus. Morreu em 1463.

        [...]

        36. Leia o Salmo 38
              leia o salmo 38
              durante três dias seguidos
                     três vezes ao dia
              faça dois pedidos difíceis
                     e um impossível
              anuncie no terceiro dia
              observe o que acontecerá no quarto dia

        [...]

        41. Táxi

        O doutor tem algum itinerário de preferência? Não? Então vamos pelo caminho mais rápido. Que não é o mais curto, o senhor sabe. Aqui em São Paulo nem sempre o caminho mais curto é o mais rápido. A essa hora... cinco e quinze... a essa hora a cidade já está parando... as marginais, as ruas paralelas, as transversais, as avenidas, as alamedas, as ruas, as vielas, tudo, tudo entupido de carros e buzinas. Sabe que uma vez sonhei que a cidade parou? Parou mesmo, totalmente. Um engarrafamento imenso, um congestionamento-monstro, como nunca antes visto, e ninguém conseguia andar um centímetro que fosse... Parece coisa de cinema, não é não? Pois eu gosto. Gosto muito de assistir filme. Mas prefiro os antigos. De vez em quando reprisa um na televisão. Tinha uns atores danados de bons, Tyrone Power, Burt Lancaster... O meu preferido é o Victor Mature, conhece? Ele fazia o papel de Maciste, lembra? Era bom mesmo... Tem um retrato dele na parede da sala lá de casa. Bom, não é retrato, é uma fotografia de revista que a patroa recortou e mandou emoldurar. O senhor entende como é mulher... Ela sabia que eu era fã do Victor Mature e então pensou em me agradar... Me deu no aniversário... bastantes anos já. Pendurou na parede da sala... E eu lá tenho coragem de tirar? Tenho nada. O senhor teria? [...]

        [...]


              RUFFATO, Luiz. Eles eram muitos cavalos. 2. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002. p. 11; 73; 84-85.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 125-7.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Hagiologia: estudo, obra ou tratado a respeito da vida dos santos ou das coisas santas.

·        Maciste: antigo personagem do cinema italiano que representava um homem mitológico muito parecido com Hércules que utilizava sua descomunal força para realizar feitos heroicos.

02 – O que lhe sugere o título “Eles eram muitos cavalos”?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Com base nos trechos lidos, identifique:

a)   O tema;

O cotidiano de pessoas simples em um grande centro urbano.

b)   O tempo cronológico e o tempo histórico;

Tempo cronológico: o dia 9 de maio de 2000, terça-feira, conforme indicado no cabeçalho. Tempo histórico: século XXI.

c)   O cenário;

Urbano: a cidade de São Paulo.

d)   As personagens;

A cidade de São Paulo e as pessoas comuns que habitam a metrópole: um motorista de táxi, um passageiro que ouve o que ele diz.

e)   Os gêneros utilizados na construção das cenas lidas.

Cabeçalho de uma carta sem destinatário e remetente; dados biográficos de Santa Catarina, protetora dos pobres; uma corrente de oração com salmo; uma conversa em um táxi.

04 – Quais são os temas do trecho ou da cena “41. Táxi”?

      O congestionamento da cidade de São Paulo; o comentário do motorista sobre sua preferência por filmes antigos e sobre sua vida pessoal.

05 – Leia as informações a seguir:

        Zoomorfismo é um recurso de linguagem utilizado na arte, na religião, na literatura, por meio do qual são atribuídas características de animais a seres humanos. O título eles eram muitos cavalos foi extraído de um verso de Cecília Meireles, publicado na obra Romanceiro da Inconfidência, em que o recurso do zoomorfismo é usado para se referir tanto aos inconfidentes como a seus cavalos.

        Com base nos trechos do livro de Rufatto que você leu e nas informações que obteve por meio da leitura do boxe da página anterior, explique no caderno a relação entre cavalos e pessoas no título eles eram muitos cavalos.

      Essa comparação pode indicar a situação de desumanização e anonimato em que vivem as pessoas num grande centro urbano como São Paulo. A palavra cavalo, em sentido figurado, também pode ter os significados de pessoa rude, rústica; de indivíduo tolo, parvo, palerma, estúpido; ou de indivíduo que serve de escravo à outro ou que carrega o mundo nas costas, etc.

06 – As epígrafes costumam indicar o tema ou algum outro aspecto de uma obra. Além dos versos de Cecília Meireles, o livro de Ruffato apresenta outra epígrafe. Leia e explique esta segunda epígrafe: Até quando julgareis injustamente, sustentando a causa dos ímpios?

      Essa epígrafe questiona e acusa a justiça de não cumprir suas obrigações e estar sempre a favor dos mais fortes, dos ímpios. Pelo contexto de eles eram muitos cavalos, pode-se dizer que a epígrafe faz uma alusão ao dever de se fazer justiça e amparar as pessoas necessitadas, sem identidade e cidadania, que vivem em grandes centros urbanos como São Paulo.

Características estruturais de eles eram muitos cavalos:

        A obra eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato, é um romance polifônico, isto é, apresenta várias diversas “vozes” que compõem o enredo, o cenário, e cada personagem funciona como um ser autônomo, com visão de mundo, voz e posições próprias.

        Assim, sua organização/estrutura se caracteriza por:

·        Não seguir a dos romances tradicionais, que narram uma sequência de ações em que há relação de causa e consequência entre elas.

·        Não apresentar os elementos da narrativa canônica, como enredo, conflito, complicações, clímax, suspense, desfecho etc.

·        Não apresentar uma trama ou fio condutor narrativo que conecta as ações e as personagens.

·        Apresentar cenas autônomas, que podem ser consideradas contos, minicontos ou microcontos.

07 – Identifique as vozes nas cenas ou trechos lidos.

      Nos trechos lidos, podemos identificar vozes de redator de carta, de redator/locutor de boletim meteorológico, de hagiológio (biografia de uma santa), de corrente de oração (salmo), de conversa de um motorista de táxi.

08 – Releia o trecho 36, em que o autor se apropria de uma oração religiosa, e explique o uso das formas verbais no modo imperativo: leia, faça, anuncie, observe.

      O modo imperativo orienta, ensina as ações que devem ser realizadas durante três dias para se alcançar a graça pedida.

09 – Releia a cena/trecho “41. Táxi” e responda:

a)   Quem é o locutor?

Um motorista de táxi.

b)   Nessa cena, há marcas de interlocução? Justifique.

Embora o interlocutor não se manifeste, o locutor se dirige a um passageiro: “O doutor tem algum itinerário de preferência? Não?”; “[...] o senhor sabe”; “Sabe que uma vez sonhei que a cidade parou”; “O meu preferido é o Victor Mature, conhece? Ele fazia o papel de Maciste, lembra?”.

c)   Por que se usou doutor e senhor, nos trechos a seguir?

·        doutor tem algum itinerário de preferência?

·        senhor entende como é mulher...

·        E eu lá tenho coragem de tirar? Tenho nada. O senhor teria?

Para revelar deferência, respeito e tratamento cerimonioso em relação ao passageiro.

d)   Qual é a linguagem empregada nesse trecho? Justifique sua resposta.

A linguagem coloquial, que reproduz a fala cotidiana (“Tinha uns atores danados de bons [...”), é marcada por repetições de palavras, interrupções indicadas pelas reticências (“A essa hora... cinco e quinze... a essa hora a cidade já está parando...”), por interrogações (recursos fáticos) para se certificar se o locutor está compreendendo (“Ele fazia o papel de Maciste, lembra?”), etc.

10 – Você sabia que a linguagem cinematográfica tem influenciado a Literatura brasileira? Essas marcas estão presentes nos trechos lidos? Justifique.

      Sim. A organização em cenas, como em um roteiro, apresentando flashs, com cortes rápidos, são marcas do cinema e da teledramaturgia.