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domingo, 3 de dezembro de 2017

CARTA DE PERO VAZ - FRAGMENTO - COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO

 Carta de Pero Vaz.

  Murilo Mendes faz, neste poema, uma crítica aos interesses envolvidos no processo de colonização do Brasil.

A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nuca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macacos até demais.

Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d’aqui.

                     Mendes, Murilo. História do Brasil. In: Poesia completa
                         & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 145.
                                           By Maria da Saudade Cortesão Mendes.

Interpretação do texto:
01 – Murilo Mendes é um poeta modernista que, no século XX, faz uma releitura do texto que é considerado a “certidão de nascimento” do Brasil. Quem é o eu lírico do poema e a quem se dirige?
      Murilo Mendes faz uma “paródia” da Carta de Pero Vaz de Caminha, como diz o título. Portanto, o eu lírico do poema é o próprio Pero Vaz, que se dirige ao rei de Portugal, a quem informa sobre o que encontrou na terra recém descoberta.

a)   Quais são os elementos da terra descoberta destacados pelo o eu lírico?
O eu lírico ressalta a beleza da terra e suas riquezas: a terra é fértil, há frutas exóticas, os animais são muitos e têm penas vistosa, há ouro e pedras preciosas.

b)   A maneira como o eu lírico apresenta as “riquezas” do Brasil revela uma intenção crítica do autor. Explique como isso é feito.
A intensão crítica do autor se revela no modo irônico como o eu lírico apresenta algumas das riquezas do Brasil. Ele descreve, de modo exagerado e irreal, a enorme fertilidade e a riqueza da terra descoberta: um caniço espetado no chão transforma-se, imediatamente, em bengala com castão de ouro; há tantas pedras preciosas disponíveis, que as esmeraldas podem ser ignoradas, porque “diamantes tem à vontade.”

02 – O que significam os versos “Reforçai, senhor, a arca. / Cruzados não faltarão”?
      Os versos indicam as riquezas que poderão ser extraídas do Brasil e enviadas a Portugal. Como muito poderá ser explorado, o eu lírico diz ao rei (“Senhor”) que reforce a “arca” para que possa guardar os “cruzados” que lucrará com a descoberta da nova terra.

a)   Qual é a crítica de Murilo Mendes nesse versos? Explique.

Murilo Mendes está fazendo uma crítica aos interesses portugueses durante o processo de colonização: a extração e exploração das riquezas do Brasil.