Texto: Dieta do brasileiro é pobre
em nutrientes e rica em calorias
ANTÔNIO GOIS & DENISE
MENCHEN
Pesquisa
do IBGE mostra que o prato mais comum ainda é o arroz com feijão e carne, mas
faltam frutas e verduras
Refrigerante é o quinto produto mais
consumido; ingestão de vitaminas, cálcio e fibras é insuficiente.
O brasileiro consome menos frutas,
verduras, legumes, leite e alimentos com fibras do que o recomendado.
Ao mesmo tempo, ingere excesso de biscoitos,
refrigerantes e outros produtos industrializados com muitas calorias e poucos
nutrientes.
O resultado dessa dieta é que
brasileiros a partir de dez anos apresentam padrões altos demais de ingestão de
sódio (oriundo do sal), açúcar e gordura saturada – substâncias associadas ao
desenvolvimento de hipertensão, diabetes e até câncer.
O consumo de vitaminas A, D e E, cálcio
e fibras está abaixo do recomendado.
A constatação é do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), que ouviu 34 mil pessoas entre 2008 e
2009 para o primeiro estudo de abrangência nacional sobre consumo individual de
alimentos.
Foram considerados os produtos ingeridos
dentro e fora de casa.
"Embora tenha uma alimentação
ainda à base de arroz e feijão, que têm teores de nutrientes bons, o brasileiro
precisa melhorar o consumo de frutas, legumes e verduras e diminuir o de sódio
e de açúcar", diz André Martins, técnico do IBGE e um dos responsáveis
pelo estudo.
FALTA
VITAMINA
De
acordo com o endocrinologista Isaac Benchimol, especializado em nutrologia, o
baixo consumo de vitaminas e cálcio constatado pela pesquisa pode levar ao
desenvolvimento de osteoporose e a problemas nos olhos, na pele e nos cabelos,
entre outros.
Um
dos "vilões" apontados por André Martins, do IBGE, é o refrigerante,
que já aparece entre os cinco produtos mais consumidos pelos brasileiros, atrás
do café, do feijão, do arroz e dos sucos e refrescos. Mesmo ingeridos em
quantidades menores, biscoitos, salgadinhos, pizzas e doces também preocupam.
Outro problema é a escassez de frutas,
verduras e legumes –alimentos que, segundo a OMS (Organização Mundial da
Saúde), deveriam somar ao menos 400 g por dia.
De acordo com a pesquisa, mais de 90%
da população com dez anos ou mais de idade consome menos do que isso. Metade
sequer atinge 69 g diários – ou seja, pouco mais de um sexto do ideal.
CAMPANHA
Para a coordenadora geral de
alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Constante Jaime, os
dados do estudo confirmam a "urgência" de políticas públicas para a
promoção da alimentação saudável no país.
Segundo ela, o governo está
desenvolvendo um plano nacional de combate à obesidade e outro para o combate
às doenças crônicas. Ambos devem ser lançados até o fim deste ano.
O objetivo é não só conscientizar os
consumidores para a necessidade de fazer escolhas mais saudáveis mas também
adotar medidas que permitam elevar a qualidade dos alimentos disponíveis para
consumo.
Exemplos dessa estratégia são acordos
com a indústria para a redução dos teores de sódio dos alimentos processados e
o fomento da agricultura familiar.
Para corrigir o déficit generalizado de
nutrientes, porém, a melhor receita é dar preferência a alimentos naturais e
montar um prato colorido, como ensina o endocrinologista Isaac Benchimol.
Antônio Góis e Denise
Menchen. Dieta do brasileiro é pobre em nutrientes e rica em calorias. Folha de
São Paulo, São Paulo, 29 jul. 2011. C8. (Saúde).
FALTA DE TEMPO DEIXA COMIDA DE
VERDADE FORA DA MESA
DANIEL MAGNONI
A situação nutricional do brasileiro é
compatível com as piores expectativas da atualidade, assim como observamos em
outros países em desenvolvimento e do Primeiro Mundo.
O maior tempo dedicado ao trabalho leva
a um consumo crescente de alimentos industrializados, prontos e com excesso de
sal, açúcar e gordura saturada, além da opção pelo fast food.
A manipulação dos alimentos na forma
natural, principalmente frutas, legumes e verduras, está sendo relegada ao
segundo plano do planejamento doméstico.
Ao mesmo tempo, cada vez mais
observamos a popularização do uso de suplementos de minerais, como cálcio,
potássio e zinco, ou de vitaminas, na tentativa de suprir uma necessidade
artificial, criada pela publicidade.
É mais fácil tomar uma pílula do que
comer três porções de frutas e vegetais todos os dias.
Grupos específicos, como idosos, podem
precisar dessa suplementação, em forma de produtos farmacêuticos ou de
alimentos fortificados com fibras solúveis, ômega-3 etc.
Mas o que as pesquisas mostram é a
necessidade de projetos educacionais para a alimentação saudável, que ataquem
tanto a desnutrição infantil quanto a obesidade.
Seria necessário um pacto incluindo a
indústria da alimentação e as esferas de governo em prol dessas ações
educativas. Por que não um projeto "Obesidade Zero"?
DANIEL MAGNONI. Falta
de tempo deixa comida de verdade fora da mesa.
Folha de São Paulo,
São Paulo, 29 jul. 2011. C8 (Saúde).
Entendendo o texto:
01 – O texto apresenta
informações sobre um assunto que merece ser divulgado ao público em geral
devido à polêmica que provoca. Qual é a ideia central apresentada no texto?
A má alimentação
dos brasileiros, que é pobre em nutrientes e rica em calorias.
02 – Você leu um texto e um
artigo de opinião, respectivamente. Sobre o assunto discutido, você concorda
com o posicionamento dos autores? Comente.
Resposta pessoal
do aluno.
03 – O texto e o artigo de
opinião circularam em que veículo de comunicação?
Em um jornal
impresso, Folha de São Paulo.
04 – Identifique o público
alvo do texto.
O público em
geral.
05 – Observe que tanto o
texto quanto o artigo de opinião foram publicado no mesmo dia e tratam sobre o
mesmo assunto.
a)
No entanto, em relação à forma, como eles se
posicionam sobre o tema? Qual é a diferença entre eles?
O texto apresenta várias informações sobre o assunto. No artigo, o
autor expõe seu ponto de vista sobre o assunto.
b)
Qual deles pressupõe uma pesquisa mais ampla
sobre assunto?
O texto.
c)
Em que consiste essa pesquisa?
Consiste no levantamento de dados estatísticos e na transcrição das
falas de algumas autoridades sobre o assunto.
06 – No texto é dito que o
brasileiro consome muitos alimentos prejudiciais à saúde em vez de ingerir
produtos necessários para o bom desenvolvimento do ser humano. Que doenças esse
comportamento pode acarretar?
Hipertensão,
diabetes, câncer, osteoporose, problemas nos olhos, na pele, nos cabelos, etc.
07 – Esses dados tem como
fonte o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Eles apontam
pontos positivos e negativos a respeito dos hábitos alimentares da população.
Identifique-os.
O ponto positivo
é que o brasileiro ainda consome em maior número arroz e feijão, que apresentam
nutrientes. O ponto negativo é que ainda é necessário melhorar o consumo de
frutas, legumes e verduras e diminuir o de sódio e o de açúcar.
08 – O texto ouviu o
depoimento da coordenadora geral de alimentação e nutrição do Ministério da
Saúde, Patrícia Constante Jaime. Ela aponta uma atitude necessária para
resolver esse problema.
a)
Que atitude é essa?
Políticas públicas que visem à promoção da alimentação saudável no
país.
b)
O que tem sido feito nesse sentido e com qual
objetivo?
De acordo com ela, o governo está desenvolvendo um plano nacional
para combater a obesidade e as doenças crônicas. O objetivo é conscientizar as
pessoas para consumir alimentos mais saudáveis e adotar medidas que elevem a
qualidade dos produtos disponíveis para o consumo da população.
c)
Com que intenção depoimentos como esses são
colocados em um texto?
Para dar credibilidade aos assuntos que estão sendo discutidos.
09 – No artigo, ao comentar
sobre o assunto, o articulista (denominação dada ao produtor do artigo) aponta
algumas situações que colaboram para que os hábitos alimentares das pessoas
sejam ruins. O que ele fala sobre isso?
Daniel Magnoni explica
que o fato de as pessoas dedicarem mais tempo ao trabalho acaba por fazer com
que sobre pouco tempo para preparar alimentos saudáveis em casa. Além disso, há
o consumo maior de suplementos, todos impulsionados pela publicidade, que cria
uma necessidade nas pessoas que anteriormente elas não tinham.
10 – No final de sua
análise, Daniel Magnoni expõe dois problemas opostos em nossa sociedade e que
precisam ser revistos.
a)
Que problemas são esses?
Desnutrição infantil e obesidade.
b)
Segundo Daniel, o que poderia ser feito para
resolvê-los?
O articulista mostra que há a necessidade de criar projetos
educacionais para uma alimentação saudável e adequada.
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