quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CONTO: A DANÇA DA VIDA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

 CONTO: A DANÇA DA VIDA – Bahia, 1889

            Heloísa Prieto

        Sempre digo que sou uma pessoa de sorte. Na vida tive tudo o que desejei, como aprender a escrever, em português e francês. No sertão da Bahia, nos arredores de Nossa Senhora do Livramento, poucas são as mulheres letradas e, se forem negras como eu, nem pensar. Creio que nasci abençoada por Maria, como dizia minha mãe, e filha de Iansã, como dizia meu avô.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRQ77lKCYdvvgyJBuo0NfgyH5TBGUYuagJY5WOSgiFj3e0_OfpR_7QZ-jJHL4ZuO7jIpcI3z3c1euJX8YseiNQ9FiHqJ4OQqHXR5JlCSjzutrFTu1cRPo4YS5eExMWYZtE4jUadcqG6hONd2MioXMXpuM16gHLn3a4FmlJgZQYmm1MxxrO5B4dE0TbGig/s1600/DAN%C3%87A.jpg 


        Agora que minha vida está por terminar, alegro-me com minhas lembranças. Já tenho oitenta e seis anos. Sinto-me cansada ao caminhar. Mas minhas mãos são ágeis, minha vista é boa e passo os dias recordando e escrevendo. Quem sabe meus netos se interessem pelo que tenho a contar...

        Quando eu era menina, as pessoas me diziam que era muito mimosa. Sinhá Quitéria, que todos chamavam de sinhá Viúva, ordenou que eu trabalhasse na casa grande. Deixei a senzala e comecei a dormir no porão com as outras mucamas. Mas, na verdade passava a maior parte das noites em claro, cuidando de meu sinhozinho.

        Nunca esquecerei a primeira vez em que o vi. A pele tão branca, os olhos tão fundos e delicados, os cabelos castanhos, encaracolados e longos. Ele sorriu para mim, gostou do meu jeito. Passava o dia acamado. Sofria do pulmão. O peito chiava e ele sentia muita fraqueza. Às vezes tossia a noite inteira.

        Mas nos dias em que estava disposto, ele era muito divertido. Vendo como eu adorava os livros encadernados que viviam na sua mesinha-de-cabeceira, sinhozinho resolveu me ensinar a ler. Só para que depois eu lesse histórias para ele. Foi uma alegria. Aprendi tudo num instante.

        Sinhá Quitéria sempre me dizia que não deixasse meu sinhozinho por um minuto sequer. Mas ela nem precisava dar essa ordem. Até hoje continuamos juntos. Só vamos nos separar quando a morte vier.

        Mas como estava dizendo, nas noites em que ele sofria, eu quase morria. Não suportava vê-lo assim. Foi por isso que, certa madrugada, eu o convenci a fugir do quarto.

        Abri as cortinas que viviam fechadas e saímos os dois pela janela. Foi assim que levei meu querido Pedro Manuel de Assis, meu amado sinhozinho, para meu avô examiná-lo.

        Meu avô nascera em Angola; conhecia as ervas e os segredos da cura. Foi uma noite inesquecível. Quando nos aproximamos da senzala, vi que a roda de capoeira já havia começado. Lembro-me ainda hoje do som do berimbau e das cantigas cadenciadas.

        Sinhozinho até parou de tossir. Não tirava os olhos da ginga, dos rabos-de-arraia, das rasteiras, daquela dança mágica da vida. A lua estava cheia, a noite clara e, à luz da fogueira, os homens rodopiavam como se pertencessem a uma constelação de estrelas negras, cortantes e mortais.

        De repente sinhozinho me disse:

        — Eu quero aprender capoeira, Maria Macária. Diga isso ao seu avô.

        Vocês podem imaginar como fiquei apavorada. E se alguma coisa desse errado? E se alguém descobrisse?

        Mas quando meu avô fitou Pedro Manuel bem no fundo dos olhos simplesmente respondeu:

        — Você é filho de Xangô. Se eu ajudar, você nos fará justiça e descobrirá sua própria coragem.

        Foi uma surpresa para mim. Nunca pensei que meu avô um dia aceitasse ensinar capoeira a um branco. Sinhá Quitéria ficou desconfiada quando sinhozinho lhe disse que passaria as tardes em companhia do velho João. Mas como detestava contrariar o filho, acabou permitindo.

        E foi muito, muito divertido. Porque meu avô decidiu que aprenderíamos a ginga juntos. Mandava-nos engatinhar entre as árvores imitando gatos e cachorros. Morríamos de rir dando rasteiras um no outro. Aos poucos fomos aprendendo a dançar e a compreender cada som do berimbau.

        A luz do sol e o toque da terra devolveram a saúde a sinhozinho. A chiadeira foi sumindo, o peito se desenvolvendo, as pernas firmando e finalmente ele conseguia dormir à noite. Sinhá Quitéria ficou muito satisfeita com o “tratamento” de meu avô, e nós começamos a ter regalias. Mas contente mesmo ela ficou no dia da surra.

        Nesse dia, sinhá Quitéria recebeu a visita de dona Raquel, uma mulher muito antipática. Tinha nascido na Europa e detestava a Bahia. Seu filho era seu orgulho: um moleque grandalhão que sempre gritava com as mucamas e adorava matar passarinho. Na tarde da confusão eu estava muito cansada e derrubei chá quente em sua roupa quando fui servi-lo. Ele me deu tabefe tão forte no rosto que eu caí sentada no chão.

        E antes que sinhá Quitéria pudesse dizer qualquer coisa, meu amado sinhozinho já se levantara e segurava o menino pelo colarinho.

        Dona Raquel deu uma risadinha maldosa.

        — Seu filho já está bem de saúde? — perguntou para sinhá Quitéria. — Será que aguenta uma surra?

        Mas a frase ficou perdida no ar, porque rapidamente sinhozinho levou o menino para o meio do quintal. O grandalhão estava contente com a situação. Louco para bater em alguém. Levantou os punhos como se fosse dar socos.

        E sinhozinho começou a gingar. Ele se movimentava sem parar, observando o adversário de soslaio. Depois sorriu levemente, cheio de esperteza e mandinga.

        Quando o grandalhão levou a primeira rasteira, dona Raquel levantou-se indignada. Mas depois nem teve mais tempo de reclamar. Sinhozinho esquivou-se dos socos e o atacou com o arrastão, depois aplicou-lhe a meia-lua, e assim o grandalhão foi levando um tombo atrás do outro. A essas alturas alguém já tocava berimbau e uma roda havia sido formada em torno dos dois meninos. A cada vitória de sinhozinho todos aplaudiam e davam risadas. Ele tomava cuidado para não ferir o grandalhão de verdade. Queria só quebrar aquele orgulho. Mas isso quem fez foi a própria sinhá Quitéria. Pois quando a briga acabou e dona Raquel foi buscar o filho caído no meio do quintal, ela perdeu a compostura e gritou:

        — Muito bem Quitéria, você tem um filho valente. Ele luta como um negro.

        Sinhá Quitéria abraçou Pedro, que ria abraçado ao meu avô, e respondeu com toda a calma:

        — É Raquel, meu filho luta como um homem!

        Nunca mais dona Raquel voltou à fazenda e muitas coisas mudaram depois desse dia. Para mim e sinhozinho essa foi a primeira vitória. Passamos a vida envolvidos em muitas lutas. A luta contra o preconceito, contra a pobreza, contra a ignorância. E hoje, quando vejo nossos netos correndo por aí, acredito que conseguimos várias vitórias. Mas essas são histórias muito longas e ainda levarei dias para escrevê-las. E mesmo sendo velha guerreira, há momentos em que preciso descansar e, quem sabe sonhar. Até mais tarde.

Heloísa Prieto. Heróis e guerreiras. São Paulo, Companhia

das Letrinhas, 1995. Coleção Quase tudo o que você queria saber.

Entendendo o texto:

01 – Onde se passa a história do texto?

      A história do texto se passa no sertão da Bahia, nos arredores de Nossa Senhora do Livramento, em 1889.

02 – Qual é a idade da narradora no início do texto?

      A narradora tem oitenta e seis anos no início do texto.

03 – Como a narradora aprendeu a ler em português e francês?

      A narradora aprendeu a ler em português e francês através do seu sinhozinho, que a ensinou.

04 – Por que a narradora deixou a senzala e passou a dormir no porão?

      A narradora deixou a senzala e passou a dormir no porão porque foi ordenado por Sinhá Quitéria, que todos chamavam de Sinhá Viúva.

05 – Quem é sinhozinho e por que ele estava doente?

      Sinhozinho é o apelido do jovem Pedro Manuel de Assis, que estava doente com problemas pulmonares.

06 – O que a narradora fez para tentar ajudar sinhozinho?

      A narradora convenceu sinhozinho a fugir do quarto e o levou para seu avô, que era conhecedor das ervas e segredos da cura.

07 – Qual é o desejo de sinhozinho após assistir a uma roda de capoeira?

      Sinhozinho expressa o desejo de aprender capoeira após assistir a uma roda de capoeira.

08 – Qual foi a reação do avô da narradora quando sinhozinho pediu para aprender capoeira?

      O avô da narradora aceitou ensinar capoeira a sinhozinho, afirmando que ele era "filho de Xangô".

09 – Como sinhozinho e a narradora aprenderam a ginga da capoeira?

      O avô da narradora decidiu que eles aprenderiam a ginga juntos e os fazia engatinhar entre as árvores imitando gatos e cachorros.

10 – Como sinhozinho enfrentou o grandalhão que agrediu a narradora?

      Sinhozinho usou suas habilidades de capoeira para enfrentar o grandalhão, vencendo a briga e quebrando seu orgulho.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: SEXO, DINHEIRO E SUCESSO? SÓ LENDO! ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Sexo, dinheiro e sucesso? Só lendo!

            Ulisses Tavares – Em 17/07/2012

        Você é jovem? Mora no Brasil? Está lendo este artigo numa boa, sem soletrar palavra por palavra? Já leu mais de um livro inteirinho este ano? E, finalmente, entendeu tudo que estava escrito no livro? Respondeu sim a estas perguntinhas?

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiar6FIQw77Pg1aDBHGjRXSSwE4cRKkhRLUUz3k4l7h-v61SoB2H7zNqeJdfwFRbbkHNjz5Abwakm8KbYOgHWtF4NbhNrmWezs55foeYN4r3wYvc7RxB4ctTj1JWR4pH53qzherHFjA-Dx01WrE7CRn7WNsLE8SVx_bN6vBRexeZ-z5grxOs14KNTiAjiY/s1600/BRASIL.png


        Ufa! Que bom, parabéns, posso, então, ir direto ao ponto:
Primeiro, você faz parte de uma elite.

        Segundo, você está com a faca e o queijo para conquistar tudo que quiser na vida.

        Terceiro, você precisa ler mais, muito mais.

        Agora, antes que você pare de ler isto aqui por achar que estou gozando com sua cara, relaxe que eu explico.

        O Brasil faz parte de uma lista horrorosa dos 12 países com mais analfabetos entre os 14 e os 21 anos. Pior que nós, apenas Paquistão, Indonésia, Nigéria e Etiópia, que raramente aparecem em boas notícias nos jornais.

        Ah, você já sabia disto por que lê jornais também?

        Nesse caso, você é minoria super especial mesmo: apenas 1 entre 100 mil jovens brasileiros dão uma espiada em jornais regularmente.

        E o restante faz o que? Exatamente: assiste televisão (não o noticiário, claro), ouve rádio (só os programas com músicas e brincadeirinhas para idiotas) ou fica caçando mulher pelada na internet.

        Ainda está lendo este texto, e compreendendo tim-tim por tim-tim?

        Encha o peito de orgulho: você está fora de uma lista ainda mais nojenta que aquela lá de cima.

        A Unesco faz um teste que avalia alunos de 15 anos em 40 países sobre compreensão da linguagem escrita. Um teste mamata: ler uma historinha de poucas linhas e depois dizer o que entendeu.

        É bom lembrar que os testados têm no mínimo oito anos de bumbum na carteira da sala de aula.

        Na grande avaliação deste ano, adivinhe quem tirou o último lugar? Coisa chata mesmo, bró: o adolescente brasileiro ficou com o troféu do mais burro do mundo.

        Não disse que você era minoria das minorias?

        Mas, sem querer pentelhar e já pentelhando, como diria o intelectual Chavez da televisão: existem quilômetros de livros para você devorar depois que entrar na facú, se quiser continuar fora da manada e não levar uma vida de gado.

        Bastaria uma única providência: você não ser folgado lendo apenas trechinhos xerocados dos livros para passar nas provas. E seu professor tomar vergonha na cara e parar de fazer as famigeradas pastinhas para xerocar.

        Isso está mais em suas mãos do que nas das faculdades, afinal já existem mais faculdades que saúvas no Brasil e boa parte é caça-níqueis mesmo. Pense bem: já que são boas as chances de você sair com um canudo que o mercado de trabalho não respeita, que ao menos sua cabeça saia cheia da cultura maravilhosa dos livros.

        Uma última tarracada na molera: pesquisa recente indica que mais de 60% das professoras do ensino público, fundamental e médio, não possuem o hábito de ler jornais. Se alguém não se interessa nem por ler jornais, muito menos se ligará em um livro que, em geral, tem muito mais letrinhas impressas e exige mais raciocínio que a última notícia sobre a boazuda do bbb. Você acha que elas irão incentivar a leitura em seus alunos?

        Bem, o titio Ulisses já mordeu demais e agora assopra.

        Vou, em poucas linhas, provar que, lendo bastante, você poderá ter rapidamente as 3 coisas que em geral jovens saudáveis e antenados desejam. Preparado? Então raciocine junto comigo:

        SEXO!

        De maneira bem realista, se você é gêmeo do Gianechini, clone do Brad Pitt ou até mesmo um rústico Alexandre Frota, esqueça o que vou dizer. Cabeças de anta em corpos de cisnes conseguem sexo (ficar, namorar ou qualquer variante) sem precisar ler nem o Pato Donald. Idem para as garotas.

        Mas sem uma boa dose de criatividade, imaginação e informação não há cantada que resista. Seja ao vivo, nas baladas, ou nos chats. Aliás, escrever errado nos chats de paquera, ou na praga dos blogs (quem não tem um atualmente?), é pedir para ser deletado.

        E só quem lê muito desenvolve a criatividade, amplia a imaginação e fica bem informado.

        Quem só repete o que assistiu nas mesas redondas sobre futebol, nem bêbado de boteco aguenta.

        E uma cartinha bem escrita? Um poeminha inspirado e exclusivo para a musa ou muso, hem, hem? Deu certo com o Cyrano de Bergerac (personagem do Victor Hugo), e olha que ele certamente era mais feio, narigudo, desengonçado e tímido que você.

        Se sempre deu certo comigo também, que sou o próprio cão chupando manga, e ainda por cima velhinho e durango, imagine com você que é jovem e esperto.

        DINHEIRO!

        Adivinhei seu pensamento? Como é que você vai ler bastante para ganhar dinheiro no futuro, se lhe falta dinheiro para comprar livros no presente?

        Falso dilema. As bibliotecas estão em toda parte, e você vai ver que barato, literalmente, é ir à uma delas sem a obrigação de fazer pesquisa escolar.

        Faça pesquisa pessoal, isso sim é bom. Leia o que gosta, o que interessa, por prazer de adquirir conhecimentos.

        Ou vá pela Internet. A biblioteca do mundo está dentro dela, a um clique. E, para quem ainda não tem computador, a hora de web em cafés virtuais, por exemplo, custa menos que um cafezinho de coador.

        Vou te dar um estímulo e tanto para você incluir a leitura imediatamente em sua formação profissional: quem não passa nas entrevistas dinâmicas que as empresas realizam hoje em dia é quem não lê. Nenhum empregador é besta de contratar outra besta.

        E mais: você já assistiu algum daqueles programas O Aprendiz? Os selecionados para participar, todos, vieram de faculdades que receberam a triste nota F do Provão. Como é que eram tão competitivos, vindo de facús fundo de quintal? Porque eram moços e moças que sabiam falar bem, se expressar com clareza, e isso só se obtém lendo muito.

        Compare com os políticos, empresários, tesoureiros, que você também assistiu recentemente depondo nas Cpis do Congresso. Até os que tinham o título de professor tropeçavam nas frases, falavam errado pra caramba. Se não eram corruptos, ficou provado que não eram chegados na leitura e, quando professores, devem ter se formado num bordel, nunca numa escola decente.

        Mas e o Lula?

        É a exceção que confirma a regra. Ganhou prestígio, dinheiro, mas seus assessores ficam malucos porque ele se recusa a ler qualquer documento com mais de duas páginas.

        E, como ele mesmo tem afirmado, nunca sabe de nada.

        SUCESSO!

        Para ser bem sucedido, você não precisa, necessariamente, ter sexo, dinheiro e…sucesso em alta escala. Não precisa ser o número um, a vida real não é assim.

        Mas se você fizer a lição de casa direitinho, ou seja, lendo muito e lendo sempre estará sempre sendo muito bem sucedido.

        Nas empresas, as promoções vão para os que tomam mais iniciativas e teem uma visão macro (para o mercado) e micro (para a empresa), desde o office-boy ao gerente.

        Hoje não é só o diploma que conta pontos. Conta sua inteligência, sua cultura, sua versatilidade etc.

        Se você não é filho do dono da empresa nem nasceu com o rabo pra lua, os livros serão suas verdadeiras universidades e cursos de aprimoramento profissional.

        No dia a dia, os livros podem ajudar você a entender de culinária, de filhos e até de informática.

        Mesmo quando não ensina nada objetivamente, todo livro é um manual de autoajuda (ou você acha pouco espiar a alma feminina e a aflição masculina por dentro?).

        Recentemente, o Bill Gattes, sim, apenas o homem mais bem sucedido pelos padrões da sociedade materialista, deu uma palestra a jovens estudantes, de alguns minutos apenas, com um único conselho; “Respeite aquele CDF da escola, que vive com a cabeça enterrada nos livros. É certo que ele será seu patrão no futuro.”

        E o Dalai Lama, o homem mais bem sucedido pelos padrões da sociedade espiritualista, resume sua dica em “antes de ser seu próprio Mestre, ouça, leia os outros Mestres”.

        Sim, estude, estude sem preguiça. E estudar, meu bró, vem do latim e nada mais significa que ler.

 Ulisses Tavares é professor, escritor, dramaturgo, compositor, roteirista, poeta, publicitário, jornalista, treinador de executivos em criatividade, consultor de marketing e web business e, se não fosse um leitor voraz, seria apenas mais um zé mané. E-mail: uuti@terra.com.br

Entendendo o texto:

01 – Qual é o autor do texto?

      O autor do texto é Ulisses Tavares.

02 – Que tópicos o autor menciona no início do texto?

      O autor menciona tópicos como juventude, leitura, analfabetismo no Brasil e a falta de leitura entre os jovens.

03 – Qual é a mensagem principal do autor para os jovens leitores?

      A mensagem principal é que a leitura é fundamental para o sucesso na vida, e os jovens que leem estão em uma posição privilegiada.

04 – Segundo o autor, qual é a situação do Brasil em relação ao analfabetismo entre os jovens?

      O Brasil está entre os 12 países com mais analfabetos entre os jovens de 14 a 21 anos, com apenas alguns países ficando atrás.

05 – O autor menciona o papel dos jornais na leitura. O que ele diz sobre isso?

      O autor menciona que apenas 1 entre 100 mil jovens brasileiros lê jornais regularmente, destacando a falta de leitura entre os jovens.

06 – O que o autor sugere como alternativa à leitura de livros caros?

        O autor sugere a utilização de bibliotecas, a leitura de material disponível na internet e a frequência em cafés virtuais para acessar a informação, tornando a leitura acessível a todos.

07 – De acordo com o autor, por que a leitura é importante para o sucesso?

      O autor afirma que a leitura desenvolve a criatividade, a imaginação e a capacidade de se expressar com clareza, habilidades importantes para o sucesso na vida pessoal e profissional.

08 – O autor menciona a importância da leitura na busca por empregos. Por que ele faz essa conexão?

      Ele faz essa conexão porque empregadores valorizam candidatos que sabem se expressar bem, e a leitura é uma maneira de desenvolver essa habilidade.

09 – Qual é o conselho de Bill Gates que o autor menciona no texto?

      Bill Gates aconselha os jovens a respeitarem os estudiosos que passam muito tempo lendo, pois eles podem se tornar seus chefes no futuro.

10 – Qual é o conselho do Dalai Lama que o autor também menciona?

      O Dalai Lama aconselha a ouvir e ler os ensinamentos de outros mestres antes de se tornar seu próprio mestre, enfatizando a importância da aprendizagem contínua.

ARTIGO DE OPINIÃO: EXISTE UMA IDADE MELHOR? LYA LUFT - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Existe uma idade melhor?

          Lya Luft

        A vida é um rio que corre. Nós somos os peixes, galhos e folhas caídas das árvores que essa torrente leva. Se pensarmos assim, imaginando que vamos desaguar no estranho silencioso nebuloso mar chamado morte, que pode não ser o fim de tudo, teremos uma visão realista das etapas da nossa existência. Sou pouco simpática à invenção de rótulos que distorcem realidades revelando apenas um preconceito: envelhecer é feio, é degradante, vamos ser eternamente jovens, seguindo aos pulinhos até o fim, fantasiados de Peter Pan. Disfarçamos realidades naturais porque as vemos como algo feio, inadmissível, pobres de nós, ignorantes do que é normal e digno e bom.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV_n6PDLVwdqkwbZoEBTWP1OflR-WAA4KxQeo2j4oMbx7OA0znUYLcOQ3WmaVhrWDrHE5Zgr_ClAoMVdM-aLmA-d7baE0tksOzRwJ1IdEZeP8uE9CjpZdULFCt6W06D6TW7eYOpAw-OH5Ffs0YqTV7w6NKwU74mlVvaWCeZ8iIVbna5YL2ZdpBL4izJRg/s320/MELHOR%20IDADE.jpg


        Assim, inventam-se termos para a velhice: um pior do que o outro. “Terceira idade” não significa grande coisa, pois, se podemos viver até 80 ou 90 ainda ativos – (o número de pessoas nessas condições tende a aumentar -, vamos criar uma quarta idade e uma quinta: isso tudo me parece bastante tolo. Pior ainda é chamar a velhice, que alguns consideram se iniciar aos 60, outros aos 70 ou aos 80, de “melhor idade”. Quem disse que é melhor? Melhor do que qual outra fase? Melhor é algo muito subjetivo, em geral nos referimos à infância, mas a infância é sempre feliz? A Juventude não sofre? A maturidade não exige trabalhos e sacrifício?

        Por que consideramos a passagem do tempo decadência, e não transformação? Tudo é um processo que se inicia quando somos concebidos, depois somos lançados nesse rio de tantas águas chamado vida. Uma cadeia de mudanças que após um bom tempo traz limitações físicas, menos elasticidade, menos beleza no conceito geral, talvez menos lucidez. Alguma dependência de outros, quem sabe, e, se não cultivamos bons afetos, isso pode ser doloroso. Mas não necessariamente decrepitude e vergonha a esconder! Todas essas naturais transformações deveriam vir acompanhadas de qualidades que na juventude não tínhamos. Capacidade de amar melhor, por exemplo: filhos criados, amizades consolidadas, velhos casamentos sendo uma parceria tranquila, e tempo disponível, são grandes privilégios. Podemos amar com mais alegria, pois não precisamos educar netos, apenas curtir, querer bem, deixar que gostem de nossa companhia, não sendo os chatos cobradores, exigentes a reclamar que as visitas são poucas, que merecíamos mais atenção. Temos tempo para curtir coisas que passavam despercebidas na correria anterior, como uma bela paisagem, um bom filme, um bom livro, uma boa conversa, doces memórias, não pensando no que perdemos, mas no que tivemos e ficou em nós, se fomos atentos e não fúteis demais.

        “O que a senhora faz para se manter jovem?”, me perguntou um jornalista recentemente. Achei graça: eu não quero me manter jovem, quero ser uma pessoa interessada, e quem sabe interessante, na fase em que estou. Querer ter 40 anos aos 70 é tão patético quanto querer ter 20 aos 40, como se nos tivessem embalsamado na idade que achamos ideal. Que idade será essa? A infância é para alguns a fase mais feliz; para outros foi a juventude, e assim vai. Não acho que a chamada “terceira idade” seja a melhor, e detesto a expressão “melhor idade”, que apenas revela um preconceito atroz. Mas nela podemos ter e passar adiante coisas boas, belas e alegres, e contemplar do alto desses anos todos com mais lucidez e calma, por exemplo, a mediocridade reinante neste momento no país, se é que isso nos interessa. Deveria interessar.

        Mas uma cruel fixação na juventude nos impede de curtir naturalmente a passagem do tempo, que, se aliada a certo bom humor, nos torna amados e amorosos, ligados ao mundo mesmo quando a velha senhora morte começa a rondar a nossa casa. E, se acreditarmos que esse rio da vida que corre não termina num nada absurdo, mas em nova fase, quem sabe não precisaremos tapar a cabeça feito crianças diante do que nos espera nesse mar onde tudo deságua – inclusive nossos preconceitos, nossas fragilidades e nossas ilusões.

*Fonte: Revista Veja, 30/01/2013

Entendendo o texto:

01 – Qual metáfora a autora usa para descrever a passagem do tempo?

      A autora usa a metáfora do "rio que corre" para descrever a passagem do tempo.

02 – Por que a autora critica o uso do termo "melhor idade"?

      A autora critica o uso do termo "melhor idade" porque considera que a ideia de uma idade ser melhor do que outra é subjetiva e revela preconceito.

03 – Como a autora acredita que as transformações naturais da idade avançada podem ser acompanhadas por qualidades positivas?

      A autora acredita que a idade avançada pode ser acompanhada por qualidades positivas, como a capacidade de amar melhor, relacionamentos consolidados e tempo para desfrutar da vida de maneira mais tranquila.

04 – Por que a autora não quer se "manter jovem"?

      A autora não quer se "manter jovem" porque prefere ser uma pessoa interessada e interessante na fase em que está, em vez de tentar parecer mais jovem do que é.

05 – Qual é a atitude da autora em relação à passagem do tempo?

      A autora tem uma atitude positiva em relação à passagem do tempo, desde que seja acompanhada de bom humor, amor e lucidez.

06 – Segundo a autora, por que a fixação na juventude pode ser prejudicial?

      A fixação na juventude pode ser prejudicial porque impede as pessoas de apreciarem naturalmente a passagem do tempo e de serem amadas e amorosas em idades mais avançadas.

07 – Qual é a visão da autora em relação à morte?

      A autora sugere que a morte não é necessariamente o fim de tudo, mas uma nova fase, e que essa perspectiva pode ajudar as pessoas a encararem a passagem do tempo com mais calma.

08 – Como a autora descreve a fase da "terceira idade"?

      A autora não faz uma descrição específica da "terceira idade" no texto, mas critica o uso desse termo e a expressão "melhor idade".

09 – Qual mensagem a autora deseja transmitir em relação à passagem do tempo e à idade?

      A autora deseja transmitir a mensagem de que a passagem do tempo é um processo natural que pode ser enriquecido por qualidades positivas, desde que as pessoas superem a fixação na juventude.

10 – Por que a autora menciona a mediocridade reinante no país?

      A autora menciona a mediocridade reinante no país para enfatizar a importância de estar ligado ao mundo e consciente dos problemas sociais, mesmo em idades avançadas, e como uma reflexão sobre a sociedade em geral.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: MUNDO SEM POESIA É IMUNDO - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Mundo sem poesia é imundo

                            Ulisses Tavares

        A realidade da vida, em si mesma, não se sustenta.

        O ser humano é mais que um organismo que precisa de comida, roupa, sono e ar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi44BhnoRud0OICg45T8qlnCzuILOwcYnq6NQ1iqJVSt3PmLvYQviTxWawgqgj5CtVkfGvtojV7vm4ydEi7IWGFh57ol7lYcSk47F_vsbBXP_jLJlb505u9nUlv20ePSC7uQFQBsrJcN1C7_tIkR38AXNLKrrBkShBXk4DE4gzTC7DuZyroINXNrTXLrwk/s320/POESIA.jpg


        As pessoas são famintas de carinho, ficam frias sem o cobertor da esperança, não dormem direito apenas com os braços de travesseiros, e querem, sempre, voar nos pensamentos. Respirar não basta, não preenche. Queremos inspiração para criar, amar, repartir. Aspiramos ser um outro ser, o que não somos podemos imaginar.

        Nem o macaco no zoológico aguenta as limitações, por mais bem tratado que seja. Claro que ele trocaria de bom grado a sua jaula pela liberdade da floresta.

        Deixamos para amanhã a luz que poderíamos ter ainda hoje. Nos assusta a poesia que iluminaria o túnel escuro em que nos arrastamos.

        Nós, os macacos evoluídos, temos a dor e o prazer de querer romper limites. E procuramos desesperadamente achar a chave da gaiola da civilização.

        A chave está dentro da gente. Sabemos disso. Mas dá trabalho procurar com afinco. Dói nos conhecermos.

        Daí desistimos com facilidade.

        E preferimos ficar macaqueando a farsa que a realidade externa nos mostra como felicidade.

        Triste espelho distorcido esse do dia-a-dia em que nos miramos para ajeitar o sorriso no rosto enquanto a alma chora.

        E vamos dançar, vamos para a balada. A música é alta para atordoar, a bebida forte para alterar rápido, e os corpos se juntam hoje para se desjuntarem amanhã cedinho como copinhos descartáveis de café.

        Queremos amor, claro. Só queremos e não temos porque, como todos, não desenvolvemos a delicadeza da entrega, da generosidade, do gosto pelas diferenças, pelas descobertas lentas, cautelosas e profundas.

        Os poemas escancarados de amor, de paixão, de entrega, de renúncia ao seu próprio umbigo, vão rareando, encolhendo, sumindo.

        Poema de amor não enche barriga, dizemos. Nem ajuda a conquistar beltrana, a impressionar fulano.

        E seguimos assombrados e sozinhos e surpresos porque contas bancárias, academias de ginástica e carro novo, também não conseguem nos tirar de nossa solidão.

        Nos contentamos com prazer sexual sem nunca chegar ao orgasmo espiritual, cósmico, que um simples e poderoso verso proporciona.

        E assistimos o noticiário para que este nos confirme que a poesia é inútil.

        Claro que nenhum bandido gosta de poesia. O poema é o território do humano, do sensível, do compartilhar. Nada a ver com o território sangrento de sua violência.

        Poderosos também não são chegados. Poesias insistem, frequentemente, em lembrar que existe todo um povo em redor deles, com seus apelos e urgências. Então, a política fica sendo a chatice, o tédio, o exercício vazio da crueldade. Falta o sonho.

        Política sem sonho é apenas um discurso.

        Demoramos milênios para adquirir o dom da fala. Séculos para dominarmos a escrita.

        Aprendemos a registrar em letras aquilo que estava engasgado na garganta imaterial de nosso íntimo.

        Frase após frase, passamos pela vida a procurar uma resposta.

        E todas as respostas estão ali, na nossa frente. São muitas porque muitas são nossas perguntas.

        Mas uma dessas respostas foi feita para nós por um de nossos semelhantes. A mesma coisa que nos inquieta também afligiu algum poeta, em algum momento.

        Teremos a coragem de ouvir?

        Poesia não se destina a fracos. Antenados percebem que da fraqueza vem sua força.

        Onde quer que se vá, um poeta já se atreveu a passar por lá. Pelos céus e pelos infernos de todos nós.

        A tecnologia muda, os costumes mudam, mas o ser humano é o que sempre foi e será, nem muito melhor, nem muito pior que isso que está aí.

        Dia a dia rima com poesia sim. Você decide. Abra um livro de poesia já. Antes que seja tarde.

        Ulisses Tavares é, claro, poeta, mas não otário, mano.

        Coloque o farol na popa e vá em frente!

        Você é uma jangada. Frágil, qualquer onda mais forte balança e quase o afoga. Você é o condutor e o passageiro ao mesmo tempo, candidato ao naufrágio, lutando e rezando para voltar à praia.

        Um país é um barco. Grande, mas nem sempre bem construído. E muito menos bem conduzido. O povo é apenas marinheiro cumprindo ordens.

        A Terra é um navio. Imenso, farto, mas com os passageiros de primeira classe capazes de festejar e dançar enquanto ele afunda como um Titanic.

        Jangada, barco e navio navegam pelas mesmas águas turbulentas da História, numa viagem que começou bem antes e não se sabe onde irá parar.

        O futuro é uma incógnita, mas o passado é a bússola que pode nos indicar se estamos fora da melhor rota. Se pegamos o caminho errado.

        E isso faz toda diferença.

        Sua jangada, precária de corpo e alma, a qualquer momento será engolfada pela tormenta dos azares, do imprevisível. A felicidade é apenas um momento de calmaria entre horas de ventos cortantes.

        As milhas já navegadas, porém, ensinam a prevenir desastres anunciados.

        Olhe os que foram engolidos pelo Triângulo das Bermudas da existência humana: drogas, egoísmo, alienação.

        Sem cuidar do corpo, você será uma casca de noz boiando no mar. Sendo egoísta, virará um homem solitário mesmo se rodeado de gente. Comprará tudo, menos o incomparável: amor, admiração, amizade. E, se alienando, será plateia perpétua, nunca ator no palco da vida. Vota, mas não apita nada.

        Nosso barco País de vez em quando acerta o rumo do porto seguro. Mas, no mais das vezes, parece uma canoa furada onde impera o salve-se quem puder.

        Novamente colocar o farol na popa, a parte de trás, em vez da popa, a parte da frente, nos ajuda a iluminar o hoje e clarear o possível amanhã.

        O barco já começou a navegar errado, com uma elite ociosa e corrupta e sem nenhum apreço pela educação. São séculos de tirar riquezas e colocar pobrezas. Primeiro pelos portugueses, depois por nossa própria conta e escolha.

        Nosso navio Terra, por sua vez, recebe insultos e devolve flores há milênios.

        Mas está com seu casco avariado, sem combustível e superlotado. Sua única saída é sacudir-se e livrar-se da tripulação toda para continuar como no início dos tempos.

        A esperança é que jangada, barco e navio encontrem uma corrente marítima segura para continuarem navegando.

        Não temos como resolver com facilidade tão grave problema. Não dá para enfrentar a fúria de Netuno, o senhor dos mares, esquecendo de Juno, o deus do tempo.

        Juno, aquele de duas faces da mitologia, uma olhando para a frente, outra voltada para o que passou.

        A História, portanto o passado, é nosso manual prático de cabotagem.

        O ser humano tem sido guerreiro, escravagista, fanático religioso e prepotente em todos os quadrantes e latitudes.

        E sempre afundou sua jangada nas procelas da ambição.

        Os governantes tem sido ora populistas, ora mentirosos, ora oportunistas.

        E sempre afundaram o barco do povo em nome de seus mesquinhos interesses pessoais.

        A Terra foi loteada em fronteiras bem delimitadas e guardadas. E essas fronteiras tem sido a justificativa para extrair o máximo de cada metro quadrado sem pensar no vizinho.

        E, como a Terra é redonda, o navio de todos nós é o mesmo e afunda por inteiro.

        Portanto, o axioma está formado, a Esfinge pronta a nos devorar se não dermos a resposta correta.

        Sem conhecer o que já passamos, como iremos decidir onde será melhor passar?

        A História não é algo estático, parado no tempo.

        É um tsunami indo e vindo, se repetindo, como uma lição que ainda não aprendemos.

        Comecemos pela jangada, passemos para o barco e chegaremos ao navio.

        Sem ler História, de nossa vida, de nosso País, de nosso Planeta, estaremos perdidos.

        E iremos ao fundo, sem a mínima ideia de porque fomos parar lá.

        Ulisses Tavares é uma jangada com medo de ir à pique. Por isso se mira na História e tenta mudar o rumo do barco e do navio. Mas se sente um pouco sozinho nessa tarefa. Alguém aí disposto a ajudar? Cartas para a redação.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Qual é o título do artigo de opinião?

      O título do artigo é "Mundo sem poesia é imundo."

02 – Quem é o autor do artigo?

      O autor do artigo é Ulisses Tavares.

03 – Segundo o autor, o que as pessoas desejam além das necessidades básicas, como comida e sono?

      As pessoas desejam carinho, esperança, inspiração e a capacidade de criar, amar e compartilhar.

04 – O autor menciona a busca pela chave da gaiola da civilização. O que ele quer dizer com isso?

      O autor está se referindo à busca por uma maneira de escapar das limitações e restrições da vida moderna e da sociedade.

05 – Por que o autor acredita que a poesia é importante?

      O autor acredita que a poesia é importante porque ela é uma fonte de inspiração, expressão de sentimentos profundos e uma maneira de compartilhar o humano e o sensível.

06 – Como o autor descreve a política em relação à poesia?

      O autor descreve a política como "chatice" e "exercício vazio da crueldade" quando falta o sonho, destacando a importância do idealismo na política.

07 – O que o autor afirma sobre a tecnologia e os costumes em relação à natureza humana?

      O autor afirma que a tecnologia e os costumes podem mudar, mas a natureza humana permanece relativamente constante ao longo do tempo.

08 – Qual é a importância que o autor atribui ao conhecimento histórico?

      O autor enfatiza a importância de conhecer a história como um manual prático de navegação para evitar erros do passado.

09 – Quais são as três metáforas náuticas que o autor usa para descrever a humanidade e a sociedade?

      O autor utiliza as metáforas de jangada, barco e navio para representar diferentes níveis de organização social e desafios enfrentados pela humanidade.

10 – Qual é o apelo final do autor aos leitores?

      O autor faz um apelo para que os leitores se envolvam na busca por conhecimento histórico e participem ativamente na mudança do curso da sociedade e da humanidade.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: COMO LER MUITO E CONTINUAR NA MESMA - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Como ler muito e continuar na mesma

               Ulisses Tavares

        Dizem que o peixe morre pela boca, principalmente quando abocanha o anzol crente que era uma deliciosa minhoca.

        No sentido figurado, o poeta aqui deu uma de peixe.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIBwXmWONJjqn5pJJ4d96xwtU3RNdZXooRYuwhrqSZBvE26DVTmvwJQytQvmHJe9vtWtY-dEnHbUP8fm0s_zAkav1cDuAXEjRWIRRlxyi8G50j-juDl9Uc4qO-uSA77Af_qwlwnDH4iPUwRzbHPOnnqV0EL5LCmdsAlz2PUs39U0hufM64oshYy4K_7M8/s320/LER.jpg


        Durante os últimos anos, tenho defendido que as pessoas devem ler, e muito, e sempre, e o que quiserem ou gostarem. Com unhas e dentes, advoguei em palestras que é melhor ler pouco do que nada. E já saí espalhando por aí que mais vale uma leitura tola e fútil que servirá como treinamento para leituras de mais fôlego, no futuro.

        Fui um dos primeiros a louvar a Internet como ferramenta que forçasse os jovens a, no mínimo, praticarem a linguagem escrita e despertasse a geração adormecida (como a Pátria, no Hino Nacional) em berço esplêndido para novos conhecimentos.

        Pois é: Eu, em grande medida, estava errado. Mordi a isca e entalei com o ferrão do anzol da realidade.

        Minhas “verdades” não resistem as mais recentes pesquisas sobre hábitos de leitura e vou esclarecer tudo neste artigo, porque persistir no erro, mesmo que bem intencionado, é pura burrice.

        Primeiro, arriemos do mastro a bandeira de que, de porcaria em porcaria literária, de livros em livros água-com-açúcar, aos poucos o leitor ingressaria no mundo vasto mundo da literatura clássica ou no instigante e complexo universo da literatura contemporânea.

        Sei que não apenas eu como muitos professores esperançosos, apostamos nessa possibilidade.

        Infelizmente, os fatos nos desmentem.

        Levantamento de entidades ligados ao livro, como a CBL, constataram o óbvio: as tiragens dos romances cor-de-rosa, no Brasil, são de fato gigantescas e avidamente consumidas as centenas dos milhares nas bancas de jornais.

        Maravilha, em princípio.

        Só que um dado surpreendente e assustador emerge da pesquisa: quem lê esse tipo de literatura, continua lendo imutáveis historinhas de amor pelo resto da vida.

        Trocando em miúdos, as jovens e maduras leitoras sonhadoras desse segmento (uma versão atualizada dos antigos folhetins) leem muito. E trocando em graúdos, não leem nem se interessam por nenhum outro gênero ou tipo de livros.

        Certamente, não é esse leitor que vai compor o País de Leitores que nosso romantismo canta nestes tempos escuros.

        Agora, a Internet.

        É inegável que os jovens, em especial, estão trocando o hábito de leitura de jornais, revistas e livros, pela consulta na telinha digital.

        O mercado de livros vendidos nas livrarias já encolheu pela metade.

        E o tempo dedicado à mídia tradicional (a mídia impressa e televisiva) também caiu 40%.

        Um fenômeno com consequências imprevisíveis mas não assustador, pois quando Gutemberg inventou os tipos móveis também se achava o fim dos tempos, afinal livros eram copiados à mão.

        O que dá o que pensar, e preocupar, é que os neo-leitores, a geração web, está lendo mais… porém sem nenhum critério.

        Os trabalhos escolares estão recheados de textos catados na internet e… sem contexto!

        Parágrafos inteiros de grandes pensadores são copiados sem citar a fonte.

        Os poemas, então, são massacrados diariamente.

        Aquele famoso de Gabriel Garcia Marques, La Marioneta, que supostamente celebra a vida de um Gabriel a beira da morte, nunca foi do grande Gabo.

        Seu autor é um ventríloquo mexicano, Johnny Welch, que escreveu o poema para seu boneco!

        Em suma, os webeiros estão lendo qualquer droga e passando pra frente como obras definitivas.

        Isso não é conhecimento. É preguiça pura.

        E leitor preguiçoso nunca vai virar um bom leitor. Como apenas ouvir música estilo sertanejo e quebra-barraco não é um bom primeiro degrau para se transformar em requintado ouvinte de Bach.

        Por incrível que pareça, apenas os contumazes e fiéis leitores e fazedores de quebra-cabeças (essa categoria também composta de revistinhas e livrinhos best-sellers), estão no bom caminho da habilitação a carta de motorista leitor-premium.

        Enriquecem seu vocabulário. Lembremos que sem amplo vocabulário não se chegará a ler e entender nem bulas de remédio ou anúncios de imóveis.

        E, de lambuja, exercitam o cérebro evitando o mal de Alzheimer.

        Acaba meu espaço mas continuam as coisas aí pedindo para refletirmos juntos. Cartas para a redação. Ler, pensar e coçar é só começar.

Ulisses Tavares, poeta, escritor, professor, dramaturgo e filósofo multiuso.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Qual é a principal crítica que o autor faz em relação aos hábitos de leitura das pessoas?

      O autor critica a ideia de que a leitura de qualquer tipo de material, mesmo que seja considerado frívolo, eventualmente levará os leitores a explorar a literatura clássica ou contemporânea.

02 – Segundo o autor, qual é o problema das leitoras de romances cor-de-rosa no Brasil?

      O problema apontado pelo autor é que as leitoras desses romances tendem a continuar lendo apenas histórias de amor e não se interessam por outros gêneros literários.

03 – Como a Internet está afetando os hábitos de leitura, de acordo com o autor?

      A Internet está levando os jovens a abandonar a leitura de jornais, revistas e livros em favor de conteúdo digital, e isso está diminuindo o mercado de livros vendidos nas livrarias.

04 – O que preocupa o autor em relação à leitura na era digital?

      O autor expressa preocupação com o fato de que os leitores na era digital estão consumindo conteúdo sem critério, copiando textos da Internet sem contexto e sem citar fontes, o que ele considera preguiça intelectual.

05 – Qual é a crítica do autor em relação à leitura na Internet em relação a textos escolares?

      O autor argumenta que os trabalhos escolares estão sendo preenchidos com textos retirados da Internet sem contexto, e isso é prejudicial para a educação.

06 – De acordo com o autor, o que é necessário para se tornar um leitor premium?

      O autor sugere que para se tornar um leitor premium, é necessário ser um leitor assíduo, fazer quebra-cabeças, enriquecer o vocabulário e exercitar o cérebro.

07 – Quais são as consequências negativas que o autor associa à leitura sem critério na Internet?

      O autor acredita que a leitura sem critério na Internet não resulta em conhecimento genuíno, mas sim em preguiça intelectual e na disseminação de informações incorretas.

08 – O que o autor sugere ser o caminho certo para desenvolver bons hábitos de leitura?

      O autor sugere que desenvolver hábitos de leitura sólida envolve a escolha de leituras significativas, a ampliação do vocabulário e a prática constante da leitura.

09 – O que o autor quer destacar sobre o papel dos leitores na formação de um "País de Leitores"?

      O autor quer enfatizar que apenas ler qualquer coisa, sem critério, não contribuirá para a formação de uma nação de leitores, e é necessário escolher leituras mais substanciais.

10 – Qual é a mensagem final do autor para os leitores?

      A mensagem final do autor é incentivar os leitores a refletirem sobre seus hábitos de leitura, a escolherem leituras mais significativas e a evitarem a leitura sem critério.