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quarta-feira, 4 de abril de 2018

POEMA: O "ADEUS" DE TERESA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

Poema: O “ADEUS” DE TERESA
               Castro Alves


A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus ei disse-lhe a tremer co’a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus!”

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavalheiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Passaram tempos... sec’los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus
Partindo eu disse – “Voltarei! ... descansa! ...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em festa! ...
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei! ... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa! ...

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”

                 Castro Alves. In: Lajolo, M. e Campedelli, S. Y. Op. cit.

Entendendo o poema:
01 – Percorrendo as estrofes do poema, pode-se perceber que há nele uma progressão temporal. Procure detectá-la.
      Há um primeiro encontro, numa festa; um segundo encontro, tempos depois (“Uma noite...”); uma época em que o casal vive junto; e, finalmente, a separação.

02 – A mulher enfocada nesse poema está perfeitamente enquadrada na visão romântica tradicional? Caracterize-a.
      Trata-se de uma mulher mais sensual, menos etérea, mais próxima.

03 – Há uma ruptura evidente da terceira para a quarta estrofe. Basicamente, um verso estabelece a separação definitiva. Aponte-o.
      “Foi a última vez que eu vi Teresa! ...”

04 – Faça uma leitura pessoal da figura de Teresa. O que lhe parece essa mulher?
      Resposta pessoal do aluno. Professor: aceite como respostas mulher infiel, abandonada, seduzida, etc.





sexta-feira, 12 de maio de 2017

POEMA: NAVIO NEGREIRO - CASTRO ALVES - COM GABARITO

POEMA – NAVIO NEGREIRO
                  Castro Alves

Senhor Deus dos desgraçados
Dizei-me Vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão? ...

Astros! Noites! Tempestades!
Rolai das intensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em Vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!

São filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz,
Onde vive um campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão,
Ontem simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...
 
                                                                                                       CASTRO ALVES.
1 – Assinale a afirmativa que NÃO representa uma característica romântica presente no poema:
a)     Sentimentos arrebatadores.
b)    Personificação da natureza.
c)     Atitude poética melancólica.
d)    Tonalidade declamatória do discurso.
e)     Contraste entre elementos do plano real e de plano ideal.

2 – O discurso eloquente, índice da poesia condoreira, revela-se no poema pela presença de:
a)     Apóstrofes e imagens bucólicas.
b)    Interrogações e versos curtos.
c)     Reticências e ausências de rimas.
d)    Exclamações e imperativos.
e)     Temática social e hipérboles.

3 – Assinale a opção que NÃO condiz com o conteúdo geral do poema:
a)     O poeta demonstra perplexidade diante da condição desumana em que se encontra o negro embarcado.
b)    Na sua indignação interroga a Deus e a natureza sobre a “origem” e o “destino” dos escravos.
c)     Na ânsia de obter resposta, questiona a própria inspiração poética sobre a vida daqueles “desgraçados”.
d)    O poeta situa no tempo e no espaço o negro escravo.
e)     Conclui que, mesmo outrora, a vida desses, ora miseráveis, já era de sofrimento.

4 – São consideradas ricas as rimas que se fazem com palavras de classe gramatical diferente, como “apagas/vagas” (versos 5 e 6). Assinale as rimas do texto que também podem ser consideradas ricas:
a)     Deus / céus (versos 2 e 4).
b)    Borrão / tufão (versos 7 e 10).
c)     Cala / desvala (versos 15 e 16).
d)    Fugaz / audaz (versos 17 e 20)
e)     Confusa / musa (versos 18 e 19).

5 – Com base no texto enuncie três características da poesia condoreira:
- Uso de exclamações e reticências.
- A presença de metáforas e hipérboles.
- O tom declamatório do discurso.