domingo, 26 de junho de 2022

MÚSICA(ATIVIDADES): CAPITU - LUIZ TATIT - COM GABARITO

 Música(Atividades): Capitu

               Luiz Tatit

De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil
E pronto!
Me conquista com seu dom

De outro esse seu site petulante
WWW
Ponto
Poderosa ponto com

É esse o seu modo de ser ambíguo
Sábio, sábio
E todo encanto
Canto, canto
Raposa e sereia da terra e do mar
Na tela e no ar

Você é virtualmente amada amante
Você real é ainda mais tocante
Não há quem não se encante

Um método de agir que é tão astuto
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo
É só se entregar, é não resistir, é capitular

Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu

No site o seu poder provoca o ócio, o ócio
Um passo para o vício, o vício
É só navegar, é só te seguir, e então naufragar

Capitu
Feminino com arte
A traição atraente
Um capítulo à parte
Quase vírus ardente
Imperando no site
Capitu.

TATIT, Luiz. Capitu. Intérprete: Luiz Tatit. In: O meio. São Paulo: Dabliú Discos, 2000, 1 CD.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 215-6.

Entendendo a música:

01 – Em seu texto, Luiz Tatit faz uma leitura bastante contemporânea desse personagem machadiano. Qual é o principal elemento da letra da canção que aponta para a “atualização” de Capitu?

      A existência de Capitu como “proprietária” de um site na internet. Assim, ela não seria mais apenas um personagem de romance, mas também um personagem virtual.

02 – Identifique, no texto, palavras ou versos que fazem referência direta ao modo como Capitu é caracterizada no romance.

      Há vários versos que caracterizam Capitu segundo a perspectiva de Bentinho expressa no romance. Alguns deles são: “modo de ser ambíguo”, “com jeitinho alcança tudo”, “captando os olhares”, “Feminino com arte” e “a traição atraente”.

03 – Segundo a letra da canção, qual seria o endereço eletrônico de Capitu?

      Seria www.poderosa.com.

04 – Explique a ambiguidade presente no verso “Você real é ainda mais tocante”.

      A ambiguidade do verso se constrói em função da polissemia do termo “tocante”. Assim, segundo o texto, o personagem “real” seria mais tocante-possível de ser tocada e/ou mais comovente, envolvente.

05 – Localize os versos que fazem referência aos “olhos de ressaca” do personagem.

      São eles: “Capitu / A ressaca dos mares / A sereia do sul / Captando os olhares”.

06 – O texto é bastante rico em repetições, assonâncias e aliterações, que enfatizem o sentido das ideias expressas. Escolha um verso que apresenta um desses recursos sonoros e comente-o.

      Os recursos sonoros estão presentes em praticamente todos os versos. Como exemplos, podemos apontar: “Hábil, hábil, hábil”; “Amada amante”; e por fim “a traição atraente”.

07 – De que passagem do texto você mais gostou? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A criatividade do compositor, que foi capaz de realizar uma releitura bastante instigante do personagem Capitu.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: BEBIDA NA ADOLESCÊNCIA - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Bebida na adolescência

                             ROSELY SAYÃO

        [...]

        OS MESMOS PAIS QUE ENSINAM O FILHO A BEBER NÃO O ENSINAM SOBRE OS CUIDADOS QUE PODEM REDUZIR SEUS EFEITOS

        Pesquisas recentes constatam que o álcool é a droga mais usada por adolescentes. O pior é que o consumo vem aumentando, principalmente entre os mais novos e as meninas: quase metade dos jovens de 12 a 17 anos já usou bebida alcoólica. Nos anos 1980, o consumo iniciava-se entre os 16 e 17 anos. Atualmente, ocorre entre os 12, 14 anos, e o uso frequente tem crescido. Por que os jovens têm bebido cada vez mais e mais cedo? Vamos levantar hipóteses e refletir a respeito a fim de nos responsabilizarmos pela questão. Em primeiro lugar, a presença de bebidas alcoólicas na vida cotidiana dos jovens é vista por eles como corriqueira e inofensiva. Muitos acham que o problema surge apenas com a ingestão em demasia, quando se tornam inconvenientes ou se aproximam do que eles chamam de "PT" (perda total) – perda dos sentidos ou coma.

        Contribuem muito para essa percepção os belos comerciais de bebidas. Mais do que um produto, vendem um estilo de vida almejado pelos jovens: beleza, alegria, popularidade, azaração, etc. Aliado a esse poderoso instrumento, surge outro muito eficaz: o aval dos pais.
Muitos adultos acreditam que oferecer bebida aos filhos em casa é uma atitude aconselhável e dão festas para os menores nas quais permitem que haja bebida, por exemplo.

        Aliás, para muitos jovens, faz parte das festas o ritual do "esquenta": antes do evento, reúnem-se em pequenos grupos para beber na casa de um deles – sei de casos, inclusive, em que os pais que recebem os amigos do filho participam do momento festivo introdutório- ou em locais públicos, com bebidas trazidas de casa ou compradas em supermercados. Aí está outro fator que leva os jovens a crerem que a ingestão de bebida alcoólica é inofensiva: apesar de sua venda ser proibida a menores de 18 anos, a lei não é respeitada. Muitos estabelecimentos comerciais – notadamente supermercados – as vendem sem pedir documentos aos jovens e muitos adultos aceitam o pedido deles para passar a bebida em sua compra. Eu já fui abordada em um supermercado por três adolescentes que pediram que eu colocasse duas garrafas de vodca em minha esteira. Diante da recusa, pediram para outra pessoa e foram atendidos.

        Os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. Mas, depois, afeta a coordenação motora, os reflexos e o sono, além de interferir na percepção do que o jovem considera certo e errado. Já conversei com garotas que tiveram a primeira experiência sexual sob efeito do álcool e se arrependeram. Os mesmos pais que ensinam o filho a beber não o ensinam sobre os cuidados que podem reduzir seus efeitos, como alimentar-se bem antes, não misturar diferentes tipos de bebida e ingerir muita água.

        Os menores de 18 anos sempre encontrarão maneiras de transgredir as proibições para o uso de bebida alcoólica. Entretanto, temos ajudado para que isso não seja visto por eles como transgressão. E, talvez, esse seja nosso maior equívoco.

ROSELY SAYÃO. Como Educar Meu Filho? Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 fev. 2009. Caderno Equilíbrio.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 195-6.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Segundo a autora do artigo de opinião, por que muitos jovens acham que a presença do álcool em suas vidas é “corriqueira e inofensiva”? O que contribui para essa percepção?

      Porque acham que os problemas relacionados ao álcool surgem apenas com a sua ingestão exagerada, que torna as pessoas inconvenientes ou causa perda dos sentidos ou coma. Contribuem para essa percepção os comerciais de bebidas, que são muito sedutores, o aval dos próprios pais e o desrespeito à lei que proíbe a venda do produto para menores de 18 anos.

02 – Segundo o texto, que motivos levam os jovens a ingerir álcool? E quais as consequências geradas pelo consumo das bebidas alcoólicas?

      Segundo o texto, os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. As consequências de seu consumo são as dificuldades na coordenação motora, a diminuição dos reflexos e o sono. Além disso, a bebida interfere na percepção do que o jovem considera certo e errado.

03 – Releia com atenção o último parágrafo do texto.

a)   A quem a autora se dirige?

Aos adultos de modo geral e, especialmente, aos pais e responsáveis por jovens e adolescentes.

b)   Qual é o “recado” transmitido por ela aos seus supostos interlocutores?

A autora diz que os jovens sempre tentarão transgredir as regras para consumir bebidas alcoólicas e os adultos frequentemente não encaram essa atitude como uma transgressão. Esse seria um grave equívoco que incentivaria o seu consumo.

04 – Reflita sobre o consumo abusivo de álcool. Você já acompanhou alguma situação em que a ingestão de bebidas alcoólicas teve consequências indesejáveis? Que ações acha que devem ser realizadas para evitar o consumo irresponsável das bebidas alcoólicas?

      . Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As ações podem ser: o cumprimento da lei, o esclarecimento sobre os danos causados pela bebida, o fim das propagandas de bebidas na televisão, etc.

POEMA: O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL - I - AVE MARIA - CESÁRIO VERDE - COM GABARITO

 Poema: O Sentimento dum Ocidental – I – Ave Maria


Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sam Petersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixeis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

VERDE, Cesário. O sentimento dum ocidental. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000070.pdf. Acesso em: 15 jul. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 158-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Turba: multidão.

·        Toldam-se: tornam-se escuros; obscurecem, obumbram.

·        Calafates: operários especializados em calafetação (vedação) de tonéis, pisos, telhados, fundos de navios, etc.

·        Aos magotes: aos montes, aos grupos.

·        Enfarruscados: sujos de carvão, de fuligem.

·        Baixeis: barcos de grande porte.

·        Singram: velejam, navegam.

·        Couraçado: navio de combate.

·        Vogam: deslocam-se; navegam.

·        Escaleres: embarcações pequenas.

·        Varinas: vendedoras ambulantes de peixe.

·        Canastras: cestas de madeira.

02 – Releia a primeira estrofe. Que sentimentos o anoitecer provoca no sujeito poético?

      Segundo o sujeito poético, o anoitecer, com sua atmosfera soturna (triste, sombria) e melancólica, desperta nele um “absurdo” (enorme) desejo de sofrer.

03 – Na segunda estrofe, há uma referência a Londres (“cor londrina)”. Em sua opinião, por que isso acontece?

      Para enfatizar a urbanização acelerada da cidade de Lisboa, centro da revolução industrial, é uma cidade paradigmática no que diz respeito ao crescimento urbano desordenado e às suas consequências, como a miséria e a criminalidade.

04 – Na quarta estrofe, as “edificações” e os “mestres carpinteiros” são comparados a quê?

      As edificações (“somente emadeiradas”, ou seja, em processo de construção) são comparadas a gaiolas com viveiros, e os “mestres carpinteiros” são comparados a morcegos, que saltam de viga em viga.

05 – Na sexta estrofe, faz-se alusão a um episódio da história literária portuguesa. Qual é ele?

      O episódio em que Camões, durante um naufrágio, teria se lançado ao mar para salvar o seu poema “Os lusíadas”. Segundo consta, o poeta português teria preferido salvar a obra a salvar sua namorada, Dinamene.

06 – Justifique a afirmação expressa no verso: “E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!”

      O final da tarde é fonte de inspiração para o sujeito poético, que escreve sobre esse momento do dia. Entretanto, a sensação que ele tem é de incômodo, já que a observação do movimento da cidade, nessa hora, descortina um cotidiano monótono e miserável.

07 – Na penúltima estrofe, o eu poético afirma que algumas vendedoras de peixe embalam seus filhos em canastras que levam na cabeça – os mesmos “filhos que depois naufragam nas tormentas”. A ideia desse verso revela uma visão positiva ou negativa a respeito do futuro?

      A ideia de que os filhos embalados pelas mães irão naufragar em tormentas (tempestades) revela uma visão negativa, desesperançosa, em relação ao futuro. Os versos sugerem que o esforço das mães par cuidar de seus filhos é inútil, pois o destino deles não é promissor.

08 – Relacione o último verso do fragmento – “E o peixe podre gera os focos de infecção!” – aos temas recorrentes da literatura realista-naturalista.

      A referência aos peixes podres remete à miséria e à degradação urbana, e a ideia de que esses mesmos peixes geram focos de infecção está relacionada à perspectiva cientificista, cara aos escritores realistas-naturalistas, preocupados em detectar patologias (doenças) físicas e psicológicas.

09 – O poema apresenta fortes traços narrativos. Considerando essa afirmação, responda:

a)   Qual é o espaço privilegiado no texto?

O espaço privilegiado é o espaço público da cidade de Lisboa: ruas, praças e o cais, por onde transitam as pessoas. O mar é uma presença forte na paisagem urbana lisboeta. A referência às “crônicas navais”, por exemplo, remete às grandes navegações portuguesas.

b)   Que personagens se movem nesse espaço?

O sujeito poético focaliza principalmente os operários e trabalhadores pobres que transitam pelas ruas no fim da tarde.

c)   É possível afirmar que o sujeito poético, que capta as imagens da cidade em movimento, também está em movimento? Justifique sua resposta com versos do poema.

Sim. O sujeito poético parece circular pela cidade de Lisboa e registrar as imagens que vê: “Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos, / Ou erro pelo cais a que se atracam botes”.

d)   Você acha que, ao escrever o seu poema. Cesário Verde tinha em perspectiva a inserção de Portugal e da literatura portuguesa num cenário europeu mais amplo? Para responder, considere também o título do poema.

Sim. Ao focalizar, em seu poema, os trabalhadores que circulam pela cidade de Lisboa, Cesário enfatiza a urbanização de seu país, análoga à urbanização de Paris ou Londres, por exemplo. Também o título do poema revela um posicionamento singular do sujeito poético: seus sentimentos não são apenas os de um português, mas os de um “ocidental” (naquele contexto, ser ocidental significa, sobretudo, ser europeu).

 

 

sábado, 25 de junho de 2022

CRÔNICA(FRAGMENTO): A SURDEZ DA BISAVÓ - ALICE VIEIRA - COM GABARITO

 CRÔNICA: A SURDEZ DA BISAVÓ  

                    Alice Vieira

— Vó, já são horas - diz o meu pai para a minha bisavó, depois do jantar. Mas a minha bisavó nem se mexe na cadeira.

Então a minha mãe afirma que é preciso explicar-lhe melhor as coisas. Chega perto dela e diz: — Vó, já são horas de ir para a cama.

Mas a minha bisavó, continua sem se mexer na cadeira.

 — Está cada vez mais surda, coitada - murmura meu pai.

E minha mãe insiste, mais uma vez:

— Vó, já são horas de ir para a cama porque está muito frio.

 A minha bisavó nem se mexe, os olhos colados na TV no fundo da sala. [...]

— Vó, já são horas de ir para a cama porque está muito frio e não queremos que fique gripada porque depois fica com febre e precisa tomar remédio.

A minha bisavó, nem um piu.

Até que meu pai tira a mesa e não pensa mais no assunto. E a minha mãe volta a suspirar profundamente e vai lavar a louça.

— Eu não sou surda - murmura então para mim a minha bisavó, com um sorriso no canto da boca e apontando para a televisão — mas não vou para a cama sem saber o restante. Quer dizer, sem saber se a moça loira e rica casa com o rapaz moreno e pobre.

Encosta-se na cadeira e lá fica.

Eu ia jurar que, alguns minutos depois, a ouvi roncar. Mas devia ser impressão minha.

— Vi tudo até o fim - garante-me ela no dia seguinte...

 VIEIRA, Alice. A surdez da bisavó. In: Livro com cheiro de baunilha. São Paulo: Textos Editores. 2009. p. 6-7. Fragmento.

Entendendo o texto

01. No trecho “A minha bisavó, nem um piu”, a expressão destacada significa que a bisavó

a) continuou muda.

b) dormia sem roncar.

c) estava sem se mexer.

d) ficou vendo TV.

02. Das características do gênero crônica assinale as que podemos encontrar neste texto.

a) linguagem coloquial.

b) fato cotidiano.

c) narrativa curta.

d) tempo cronológico.

e) linguagem formal.

f)  textos assinados pelo autor.

03. Qual é o assunto do texto?

       A surdez.

04. O tema do texto tem relação com a vida cotidiana?

      Sim, pois relata o comportamento das pessoas idosas.

05. Qual o tipo de narrador: narrador-personagem ou narrador-observador?

       Narrador-observador.

06. O que torna o texto engraçado?

       O fato de a bisavó ter escutado e ficado quieta, pois queria assistir um programa na TV.

 

 

 

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): TERRA SECA - ARY BARROSO - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): TERRA SECA  

                    Ary Barroso

O nêgo tá, moiado de suó

Trabáia, trabáia, nêgo

 Trabáia, trabáia nêgo (Refrão)

 

As mãos do nêgo tá que é calo só

Trabáia, trabáia nêgo

Ai “meu sinhô” nêgo tá véio

Não aguenta essa terra tão dura, tão seca, poeirenta...

 

O nêgo pede licença prá falá

O nêgo não pode mais trabaiá

Quando o nêgo chegou por aqui

Era mais vivo e ligeiro que o saci

 

Varava estes rios, estas matas, estes campos sem fim

Nêgo era moço, e a vida, um brinquedo prá mim

Mas o tempo passou

Essa terra secou ...ô ô

A velhice chegou e o brinquedo quebrou ....

Sinhô, nêgo véio tem pena de ter-se acabado

Sinhô, nêgo véio carrega este corpo cansado

cifrantiga3.blogspot.com/2006/05/terra-seca.html

 Entendendo a canção

01. O traço da linguagem informal utilizada pelos escravos está indicado no seguinte trecho:

a) “Não aguenta esta terra tão dura, tão seca, poeirenta...”

b) “O nêgo não pode mais trabaiá.”

c) “Era mais vivo e ligeiro do que o saci.”

d) “estes campos sem fim”.

02. A história é real ou o que é relatado acontece apenas na ficção? Explique.

A história é real e acontecia no período da escravidão, embora ainda há trabalho escravo em nosso país de forma velada.

03. Retire da canção versos que identificam características de pessoas.

“...moiado de suó”;

“...As mãos do nêgo tá que é calo só”;

“...Ai “meu sinhô” nêgo tá véio”;

“...Sinhô, nêgo véio carrega este corpo cansado”.

04. Após analisar a letra da canção, responda: a temática é positiva ou negativa? Explique.

Negativo, pois a escravidão deixou marcas na sociedade brasileira como: a concentração de índios, negros e mestiços nas camadas mais pobres da população; a persistência da situação de marginalização em que vive a maioria dos indivíduos dessas etnias; a sobrevivência do racismo e de outras formas de discriminação racial e social.

O Brasil é conhecido e reconhecido como um dos países mais desiguais do mundo há várias décadas.

 

POEMA: A SERENATA - ADÉLIA PRADO - COM GABARITO

 POEMA: A SERENATA

              Adélia Prado

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

 (Adélia Prado – Poesia Reunida)

https://contobrasileiro.com.br/a-serenata-poema-de-adelia-prado/ 

https://www.colegio24horas.com.br/ogloboeducacao2006/abrirpdfae.asp?p=000LinguaPortuguesa&s=&a=ae0005_234d_20061019000000.pdf

 Entendendo o texto

01.  O texto cuida da relação amorosa, de uma perspectiva feminina. O eu lírico num momento presente, e considerando tão-somente o aspecto temporal, em que versos demonstra?

“Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.”

02. O eu lírico, se caracteriza como alguém “no começo do seu desespero” e fala da dificuldade de chegar ao balcão “sem juventude”, para viver a relação amorosa que antevê. Para caracterizar o seu processo de envelhecimento, utiliza-se o eu lírico do apelo à adjetivação metafórica, como acontece em “cabelos entristecidos”. Destaque do texto uma outra expressão em que se utiliza recurso literário da mesma natureza.

“A pele assaltada de indecisão”.

03. As palavras doida e santa situam-se em plano antitético, no texto. Presentes nos dois últimos versos, esclareça o sentido que se pode atribuir a esses dois vocábulos.

Santa – Mulher de grandes virtudes, de bondade invulgar.

Doida – Mulher insensata, sem juízo.

04. Que abordagem a representação feminina no poema nos retrata sobre a mulher daquela época?

Vivia sob os moldes e o sistema da sociedade patriarcal, a qual concebia o matrimônio como fator essencial e indispensável à vida das mulheres.

05. Nos primeiros versos:

“Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.”, o que a mulher está pensando?

               Os primeiros versos do poema retratam o pensamento de uma mulher que aguarda por uma serenata em sua janela. O aguardo por essa serenata é bastante simbólico, é a própria espera de um namorado, o ato de cantar/tocar é um modo de chamar alguém à janela e a intenção desse chamamento não significa apenas que a mulher deve se debruçar na janela para ouvir o canto de seu enamorado, mas também significa o chamamento para um relacionamento, já que as serenatas eram feitas, geralmente, quando se tinha a pretensão de conquistar alguém.

 

CONTO: A HONRA PASSADA A LIMPO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 CONTO: A HONRA PASSADA A LIMPO

               Marina Colasanti

       Sou compulsiva, eu sei. Limpeza e arrumação. 

    Todos os dias boto a mesa, tiro a mesa. Café, almoço, jantar. E pilhas de louças na pia, e espumas redentoras.

      Todos os dias entro nos quartos, desfaço camas, desarrumo berços, lençóis ao alto como velas. Para tudo arrumar depois, alisando colchas de crochê.

       Sou caprichosa, eu sei. Desce o pó sobre os móveis. Que eu colho na flanela.

       Escurecem-se as pratas. Que eu esfrego com a camurça. A aranha tece. Que eu enxoto.

       A traça rói. Que eu esmago. O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz.

      E de vassoura em punho gasto tapetes persas.

     Sou perseverante, eu sei. A mesa que ponho ninguém senta. Nas camas que arrumo ninguém dorme. Não há ninguém nesta casa, vazia há tanto tempo.

      Mas sem tarefas domésticas, como preencher de feminina honradez a minha vida?

COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986

Entendendo o texto

01.Essa história é contada por um narrador que

     a) é personagem principal.

     b) é personagem secundária.

     c) interage com os leitores.

     d) observa os fatos narrados.

02. A autora fala de ações que se repetem, na mesmice de cada um de seus dias. Para traduzir essa ideia de repetição, vale-se de alguns recursos expressivos, relativos à forma.

Aponte dois desses recursos.

Assíndeto-representa a omissão de conectivos – Exemplos: Café, almoço, jantar.

 Anacoluto- é a mudança repentina na estrutura da frase. Exemplos:     

Sou compulsiva, eu sei.

Sou caprichosa, eu sei.

03.  “Mas, sem tarefas domésticas, como preencher de feminina honradez a minha vida?” A pergunta acima transcrita, que finaliza o texto, traduz a solidão da personagem e a tentativa de sua sublimação através do mecanicismo da prática de “tarefas domésticas”, muitas vezes desnecessárias, quando não ilógicas, absurdas. Comente, com base em elementos do texto, essa afirmação.

A personagem fala que coloca a mesa que ninguém senta; arruma cama que ninguém dorme e que é uma casa vazia há tanto tempo. Ficando claro que ela tenta preencher um vazio que tem dentro dela.

04. No terceiro parágrafo, a construção do período se faz, no início, com o emprego sucessivo de orações que se vinculam sem a presença de elementos conectores.

a) Como se classificam tais orações e que figura de linguagem é assim constituída?

Assíndeto-representa a omissão de conectivos

b) Que efeito expressivo é obtido com a utilização desse recurso?

Torna o texto mais ágil e podendo, até mesmo, passar a sensação de elementos mais aglomerados.

05. “Não há ninguém nesta casa, vazia há tanto tempo.” Na passagem acima, o verbo haver é empregado com dois significados distintos. Do ponto de vista sintático, há, porém, aspecto que os identifica. Que aspecto é esse? Justifique sua resposta.

Verbo haver no sentido de ter e verbo haver no sentido de tempo.

 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

ANEDOTA: LOROTAS DE PESCADOR(VELHA ANEDOTINHA) -TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 ANEDOTA: LOROTAS DE PESCADOR (Velha anedotinha)

                    Tatiana Belinky

João e José dois velhos amigos que gostavam de pescar, comparavam suas proezas esportivas, como sempre um procurando superar o outro.

— Outro dia eu pesquei um bagre — disse João —, e nem queira saber, era o maior bagre que olhos mortais já viram. Pesava pelo menos duzentos quilos.

— Isso não é nada - respondeu José. — Outro dia eu estava pescando, e adivinhe o que veio pendurado no meu anzol? Uma lâmpada de navio, com uma data gravada nela: A.D. 1392l .Imagine só: cem anos antes da descoberta da América por Cristóvão Colombo.

E não é só isso: dentro da lâmpada havia uma luz, e ela ainda estava acesa!

João olhou para a cara de José e ficou calado por um momento. Mas logo sorriu e disse:

— Olhe aqui, José, vamos entrar num acordo. Eu abato 198 quilos do meu bagre. E você apaga a luz da sua lâmpada, está bem?

BELINKY, Tatiana. Mentiras... e mentiras. São Paulo: Companhia das letrinhas, 2004.

Entendendo o texto

01. De que se trata o texto?

Lorotas de pescadores.

02. Quais eram os personagens da anedota?

João e José.

03. Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

O fato de cada pescador querer contar mais vantagem que o outro.

04. A que conclusão chegou João ao final?

Ele propõe um acordo a José.

05. Que acordo foi este? Descreva-o.

João abatia 198 quilos do bagre e José apagaria a lâmpada que estava acesa desde o tempo de Cristóvão Colombo.

    06. No trecho “... e ela ainda estava acesa!”, a exclamação sugere

        (A) coragem.

        (B) emoção.

        (C) respeito.

        (D) valorização.

 

 

CONTO: BEZERRO SEM MÃE - RACHEL DE QUEIROZ - COM GABARITO

 CONTO: BEZERRO SEM MÃE

                Rachel de Queiroz

         Foi numa fazenda de gado, no tempo do ano em que as vacas dão cria. Cada vaca toda satisfeita com o seu bezerro. Mas dois deles andavam tristes de dar pena: uma vaca que tinha perdido o seu bezerro e um bezerro que ficou sem mãe.

        A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos cheios de leite, sem filho para mamar. E o bezerro sem mãe gemia, morrendo de fome e abandonado.

       Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava. Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e o empurrava para longe.

       Aí o vaqueiro se lembrou do couro do bezerro morto, que estava secando ao sol. Enrolou naquele couro o bezerrinho sem mãe e levou o bichinho disfarçado para junto da vaca sem filho. Ora, foi uma beleza!

        A vaca deu uma lambida no couro, sentiu o cheiro do filho e deixou que o outro mamasse à vontade.

        E por três dias foi aquela mascarada. Mas no quarto dia, a vaca, de repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce. Lambeu o bezerrinho direto, como se dissesse: "Agora você já está adotado”.

        E ficaram os dois no maior amor, como filho e mãe de verdade.

(Rachel de Queiroz [et al.]. Meninos, eu conto. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Entendendo o texto

01. Qual o cenário em que se desenrola a história?

Numa fazenda de gado.

02. Qual a situação inicial da história?

“Foi numa fazenda de gado, no tempo do ano em que as vacas dão cria. Cada vaca toda satisfeita com o seu bezerro.”

03. Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

Duas cabeças de gado andavam tristes de dar pena: uma vaca que tinha perdido o seu bezerro e um bezerro que ficou sem mãe.

04. Qual o desenvolvimento da história?

A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos cheios de leite, sem filho para mamar. E o bezerro sem mãe gemia, morrendo de fome e abandonado.

Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava. Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e o empurrava para longe.

05. Que fez o vaqueiro para ajudá-los?

Aí o vaqueiro se lembrou do couro do bezerro morto, que estava secando ao sol. Enrolou naquele couro o bezerrinho sem mãe e levou o bichinho disfarçado para junto da vaca sem filho. Ora, foi uma beleza!

A vaca deu uma lambida no couro, sentiu o cheiro do filho e deixou que o outro mamasse à vontade.

06. Em que passagem do texto ocorre o clímax, ou seja, o momento de maior tensão da história? Explique.

E por três dias foi aquela mascarada. Mas no quarto dia, a vaca, de repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce. Lambeu o bezerrinho direto, como se dissesse: "Agora você já está adotado”.

07. Qual o desfecho (epílogo ou conclusão) da história?

E ficaram os dois no maior amor, como filho e mãe de verdade.

08. Assinale o propósito do texto acima:

              a) debater um tema.

              b) dar uma informação.

              c) defender uma opinião.

             d) contar uma história.

     09.  O narrador expõe uma opinião sobre um fato em:

            a) “Mas dois deles andavam tristes de dar pena […]”

          b) “A vaquinha até parecia estar chorando, com os peitos cheios de leite […]”

           c) “Não adiantava juntar os dois, porque a vaca não aceitava.”

        d) “Mas no quarto dia, a vaca, de repente, meteu o focinho no couro e puxou fora o disfarce.”

       10. No trecho “E o bezerro sem mãe gemia, morrendo de fome e abandonado.”, preposição “de” exprime a relação de:

          a) posse

          b) causa

          c) origem

          d) modo

    11. “Foi numa fazenda de gado […]”. A palavra “numa” é resultado da contração:

       a) da preposição “de” com o artigo “uma”.

       b) da preposição “para” com o artigo “uma”.

       c) da preposição “em” com o artigo “uma”.

      d) da preposição “por” com o artigo “uma”.

   12. No segmento “Ela sentia pelo cheiro que o bezerrinho órfão não era filho dela, e o empurrava para longe.”, os termos sublinhados se referem:

     a) À vaca

     b) Ao bezerro

     c) Ao vaqueiro

     d) À mãe e o filhote.