sexta-feira, 20 de outubro de 2023

TEXTO: MINIMALISMO - DOCUMENTÁRIO - COM GABARITO

 Texto: Minimalismo – Documentário

           Quando menos é mais ou Quando mais é menos: um texto sobre as coisas importantes da vida

        No último final de semana a Netflix disponibilizou um documentário que eu queria assistir há algum tempo: “Minimalism: A Documentary About the Important Things“.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiz5ms8LgdAdobIYQfkc8ELnWPoKlWBoQ_-gHy8C1hQuv2aCdOGqTA_WF4RPKakoPChWqRa2J8PuJjjQR2ccCq79gVlREfGw2AgajZ05dXVO-MFedym_Weswb4JwFyD0wC3M8MhdEPpbdfF3MTBYY4mzqh77TeYToLqbbLIr36gachNNGjewZqVfqVfaY/s320/MINIMALISMO.jpg


        Eu sou um grande fã de documentários. Assim como os livros biográficos, eles são uma grande fonte de inspiração. Como o título adequadamente afirma, “Minimalism” é sobre as coisas importantes na vida. Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, Os Minimalistas — não confunda com Os Tribalistas —, cresceram perseguindo o Sonho Americano. Dinheiro, prestígio e coisas. E eles conseguiram. Se tornaram executivos bem-sucedidos. Pelo menos, no sentido tradicional e aplaudido pela sociedade.

        Mas, quem são os Minimalistas e o que é o minimalismo?

        Dois caras que viveram no mundo corporativo presos na mentalidade de acumular dinheiro, posses e prestígio. No entanto, apesar de ambos serem bem-sucedidos no que faziam, nenhum deles era verdadeiramente feliz. Eles tinham os gadgets do momento, casas enormes e carros luxuosos, mas trabalhavam de forma insana e se sentiam constantemente estressados.

        Quando sua mãe faleceu e seu casamento terminou em divórcio, ambos no mesmo mês, Joshua teve uma epifania. Percebeu que a maioria de suas posses materiais não estavam agregando valor à sua vida ou ajudando-o a se tornar mais feliz. Foi então que se livrou de boa parte dos seus pertences a fim de se concentrar nas coisas que realmente importavam para ele.

        Ryan, que estava se sentindo mal por ter treinado sua equipe para vender celulares a crianças de 5 anos, percebeu que o semblante de Joshua havia mudado. Ele estava sereno, parecia feliz. Ao descobrir que o motivo era a mudança radical em seu estilo de vida, fez o mesmo que o amigo: encaixotou suas coisas e se livrou de 80% do que tinha. Sentiu um peso sair de suas costas.

        Os amigos criaram um blog sobre sua nova filosofia de vida. Logo veio um podcast, palestras e, mais recentemente, o documentário. O minimalismo é um estilo de vida onde você reduz suas posses de tal forma que tenha apenas itens que realmente tragam valor à sua vida. Trata-se de remover o excesso de sua vida, de modo que você seja capaz de se concentrar no que é mais importante. Não há limite de itens ou restrições específicas. E, eles não estão dizendo que todo o tipo de consumo é prejudicial. É apenas uma maneira mais simples de viver para reduzir o estresse e ter mais liberdade.

        “Imagine uma vida com menos: menos coisas, menos desordem, menos estresse e descontentamento… Agora imagine uma vida com mais: mais tempo, mais relações significativas, mais crescimento, contribuição e contentamento “.

        Isso é útil? Me traz alegria?

        Dan Harris, autor do ótimo “10% Mais Feliz“, é um dos entrevistados do documentário. Ele compartilha sua experiência sobre estresse e ansiedade. Em 2004, Harris teve um ataque de pânico em rede nacional enquanto apresentava o “Good Morning America” da rede ABC.

        Durante a entrevista, menciona que o melhor conselho que recebeu até hoje, no contexto da ansiedade, foi sobre perguntar a si mesmo se “Isso é útil?”. A pergunta lembra o conceito de “Isso me traz alegria?” da autora japonesa Marie Kondo.

        Desde que li pela primeira vez a frase “menos é mais”, num artigo sobre a obsessão de Steve Jobs com designs minimalistas, resolvi seguir essa filosofia. Eu recém tinha completado 20 anos, era um jovem comum que adorava comprar roupas de marcas famosas e sonhava em ter um carro importado. Afinal, pra mim isso era sinônimo de status pessoal.

        O que percebi, com o tempo, é que nenhuma daquelas coisas me traria alegria. Quem segue um estilo de vida consumista, geralmente, compra itens apenas para seguir modismos e fazer parte de um grupo. Me dei conta de que as pessoas com as quais eu me importava de verdade não estavam nem aí se eu andava de Corolla ou Fusca. Se vestia uma camisa da Tommy Hilfiger ou da Renner.

        Quando deixei de ter um comportamento consumista, passei a ser menos ansioso. Ao invés de juntar dinheiro para ter coisas, percebi que seria mais feliz utilizando minhas economias para viajar, por exemplo. Troquei o carro por uma bicicleta e logo me sobrou grana para um mochilão pela Europa. Enquanto alguns conhecidos me mostravam seus novos iPhones ou Galaxys, eu e meu velho BlackBerry embarcávamos para Nova York.

        E veja que não existe certo ou errado nessa história. São escolhas. Mas, nunca estive tão bem comigo mesmo. E sereno, como Joshua.

        Steve Jobs em sua casa em 1982. “Isso era típico da época. Eu era solteiro. Tudo o que você precisava era de uma xícara de chá, uma luz, você sabe, e era tudo o que eu tinha”. Foto: Diana Walker

        Ame as pessoas e use as coisas — porque o oposto nunca funciona

        Se eu sou minimalista? Não no nível de Joshua ou Ryan. Eu continuo comprando coisas. E eles também, na verdade. O objetivo do documentário não é fazer com que as pessoas joguem fora todas as suas posses e se mudem para um bangalô. O ponto central é simplesmente perguntar-se por que você possui as coisas que possui, o que elas acrescentam à sua vida e se você pode viver tranquilamente sem elas.

        Essa ideia de desapego material me lembrou dois fatos recentes.

        O primeiro é sobre o Serafín (70) e a Shirley (69), um casal de idosos casados há 40 anos. Em maio eles partem para uma viagem de volta ao mundo. De moto! Numa Honda CG 160 Titan — o único bem material dos dois.

        Eles entenderam qual o verdadeiro patrimônio em nossa passagem por esta vida e o porquê ela vale a pena ser vivida. Quando escrevi aquele artigo, o Serafín me contou que eles finalmente compreenderam que o que realmente vale é o ser — e não o ter. E que, por sinal, isso é a única coisa que levamos para o outro lado junto com as nossas escolhas. Todo o resto fica aqui. Por mais que, na teoria, saibamos disso desde muito jovens, é apenas “quando a água bate na bunda” que entendemos o sentido real por trás de frases clichês que circulam por aí.

        Já o segundo fato tem a ver com algo que comprei. Recentemente adquiri um Kindle, o leitor digital da Amazon. O interessante nisso é que uma compra feita por impulso (sou um ser humano, afinal de contas), fez com que eu deixasse de amar meus livros físicos — ou 90% deles. Ao olhar minha estante repleta de volumes empoeirados, pensei comigo mesmo: “isso é útil?”. Não. Eu não preciso mais deles. Já posso me desapegar. Percebem como a compra de um item gerou o desapego de uma centena de outros?

         Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/minimalismo-um-texto-sobre-coisas-importantes-da-vida-de-souza.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o título do documentário mencionado no texto?

      O título do documentário é "Minimalism: A Documentary About the Important Things".

02 – Quem são os protagonistas do documentário?

      Os protagonistas do documentário são Joshua Millburn e Ryan Nicodemus, conhecidos como Os Minimalistas.

03 – O que é o minimalismo, de acordo com o texto?

      O minimalismo é um estilo de vida que envolve reduzir a quantidade de pertences para se concentrar apenas naquilo que realmente agrega valor à vida.

04 – O que motivou Joshua a adotar o minimalismo?

      Joshua adotou o minimalismo após a morte de sua mãe e o divórcio, quando percebeu que a maioria de suas posses materiais não contribuía para sua felicidade.

05 – Por que Ryan decidiu se tornar um minimalista?

      Ryan se tornou um minimalista após notar a mudança positiva na vida de Joshua e o alívio que ele experimentou ao se livrar de suas posses.

06 – Qual é a ideia central do minimalismo, de acordo com os protagonistas do documentário?

      A ideia central do minimalismo é eliminar o excesso de coisas na vida para reduzir o estresse e focar no que realmente importa.

07 – Quais são os benefícios do minimalismo, conforme mencionados no texto?

      Os benefícios do minimalismo incluem menos estresse, mais tempo, relacionamentos significativos, crescimento pessoal e contentamento.

08 – Como o autor do texto relaciona o minimalismo à sua própria vida?

      O autor do texto relata que, ao adotar o minimalismo e abandonar um estilo de vida consumista, ele se tornou menos ansioso e mais feliz.

09 – Qual é a pergunta-chave associada ao minimalismo, mencionada no texto?

      A pergunta-chave associada ao minimalismo é "Isso é útil?" para avaliar se as coisas que possuímos realmente acrescentam valor à nossa vida.

10 – Qual é a mensagem final do texto em relação ao minimalismo?

      A mensagem final é que o minimalismo não exige que as pessoas se livrem de todas as suas posses, mas sim que questionem por que possuem as coisas e se elas são verdadeiramente necessárias. É um convite à reflexão sobre o que realmente importa na vida.

 

POESIA: A SESTA - ANTÔNIO GONÇALVES CRESPO - COM GABARITO

 Poesia: A Sesta

              Antônio Gonçalves Crespo

Na rêde, que um negro moroso balança,

Qual berço de espumas,

Formosa crioula repousa e dormita,

Enquanto a mucamba nos ares agita

Um leque de plumas.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKoRnhSiuDQF_r1skIGIVmcF9g4FPln7DeQLG9qYt0mZtjzUsVCDUCyzXlCx_Xe8xLJu-ogns1aZJs-aUrwzhkKRq3FoKojyaMyIue8h2hgoIECxkS3y0SLGEVcKjOJ0AVSvygj48mCdBCVDY2PjuGleFs_04mTolWG4kPIFTQuX_MealX7uopUWdgCt8/s1600/SESTA.jpg


 

Na rêde perpassam as trêmulas sombras,

Dos altos bambus;

E dorme a crioula de manso embalada,

Pendidos os braços da rede nevada

Mimosos e nus.

 

A rêde, que os ares em 'tôrno perfuma

De vivos aromas,

De súbito pára, que o negro indolente

Espreita lascivo da bela dormente

As túmidas pomas.

 

Na rêde suspensa dos ramos erguidos

Suspira e sorri

A lânguida môça cercada de flôres;

Aos guinchos dá saltos na esteira de cores

Felpudo sagüi.

 

Na rêde, por vêzes, agita-se a bela,

Talvez murmurando

Em sonhos as trovas cadentes, saudosas,

Que triste colono por noites formosas

Descanta chorando.

 

A rêde nos ares de nôvo flutua,

E a bela a sonhar!

Ao longe nos bosques escuros, cerrados,

De negros cativos os cantos magoados

Soluçam no ar.

 

Na rêde olorosa, silêncio! deixai-a

Dormir em descanso! ...

Escravo, balança-lhe a rêde serena;

Mestiça, teu leque de plumas acena

De manso, de manso ...

 

O vento que passe tranqüilo, de leve,

Nas fôlhas do ingá;

As aves que abafem seu canto sentido;

As rodas do engenho não façam ruído,

Que dorme a Sinhá!

    In: Crespo, Antônio Gonçalves. Obras completas. Pref. Afrânio Peixoto. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 194.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema principal da poesia "A Sesta" de Antônio Gonçalves Crespo?

      O tema principal da poesia é a cena de uma bela crioula descansando em uma rede, enquanto o ambiente ao seu redor é descrito de maneira tranquila e exótica.

02 – Como o poeta descreve a cena da crioula na rede?

      O poeta descreve a crioula repousando na rede como uma cena de beleza e tranquilidade, com a rede balançando suavemente e a crioula dormindo.

03 – O que simboliza a rede na poesia?

      A rede simboliza o descanso e a tranquilidade, criando um ambiente sereno em que a crioula repousa.

04 – Qual é o papel do negro que balança a rede na poesia?

      O negro que balança a rede desempenha o papel de manter a crioula em movimento suave e de assegurar seu conforto enquanto ela dorme.

05 – Quais elementos naturais são mencionados na poesia?

      A poesia menciona elementos naturais como os bambus, o vento nas folhas do ingá e os cantos das aves.

06 – Qual é a atmosfera geral da poesia?

      A atmosfera geral da poesia é de tranquilidade, sensualidade e exotismo, criando uma cena de descanso e sonhos.

07 – Qual é o papel da "Sinhá" na poesia?

      "Sinhá" é um termo que se refere à senhora ou à mulher de status superior. Na poesia, "Sinhá" parece ser uma referência à crioula que está descansando na rede, sendo cercada de cuidado e atenção pelos que a servem.

 

 

ENSAIO: DOR - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 ENSAIO: Dor

          Rubem Alves

        GOSTO DA ADÉLIA PRADO por várias razões. É poeta. Tem o jeitão mineiro. E é teóloga. Sempre que ela fala sobre os mistérios do mundo sagrado eu me calo e medito. Quase sempre as palavras dela iluminam as minhas dúvidas. Sugestão para algum estudante que esteja à procura de tema para dissertação: "A Teologia da Adélia Prado"...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAvT_J6AN-0mWhuQxi4_Ake6rK55dLdA9sFFWQqHoAsNxM-FzqR3Cko13DJFOzAOjMoel4Efo1tQH9QpT3sS-1azsKXIvUe4z1O-KOlQ8JipCZszXeS8YsXy6HJ8ggAx-UxJT_WsNVR-LbWaz30j-V3GK1yZ7cJEddzalI37iexWSQlPWZcJs140qQrh8/s1600/ADELIA.jpg


        Mas hoje peço perdão. Discordo do que ela escreveu. Estava falando sobre a coisa mais terrível que há no mundo, o demônio, e foi isso, mais ou menos, o que ela escreveu. Digo "mais ou menos" porque não sei de cor e não posso consultar os livros dela que estão encaixotados, prontos para uma mudança, que julgo, será a última... Foi isso que acho que ela disse: "O céu será igualzinho a essa vida, menos uma coisa: o medo..." Tanta coisa boa! Não é preciso mais nada. O que está aí chega. Precisa só tirar uma coisa, uma única coisa, e a Terra se transformará no céu. Qual é o nome dessa coisa terrível? Ela responde: o medo.

        Concordo. Mas acho que tem coisa pior, que é a causa de todos os medos: a dor. Nunca tive medo de cálculo renal. A despeito de nunca ter tido medo, ele veio, sem pedir licença e sem consultar se eu tinha medo ou não. Foi assim que conheci pela primeira vez a dor do inferno. Cessam todos os pensamentos. O corpo só deseja uma coisa: parar de sentir dor, a qualquer preço.

        Dor não tem jeito de explicar. Bernardo Soares diz que tudo o que é sentimento é inexplicável. O artista, para comunicar seus sentimentos inexplicáveis, se vale de um artifício: invoca um sentimento "parecido".

        De que comparação vou me valer para explicar a dor a alguém que não a está sentindo? Só sabe o que é a dor aquele que a está sentindo, no presente. Enquanto a dor está doendo, meu corpo -não minha cabeça- sabe o que ela é. Passada a dor, ela fica na memória. Passa a morar no passado. Mas isso que está na memória não é conhecimento da dor porque o passado não dói. A memória da dor, por terrível que tenha sido, não me dá conhecimento da dor, depois que ela se foi.

        Minha memória mais antiga de dor me leva de volta à roça onde vivi quando menino. Lembro-me, mas não sinto. Acho até engraçado. Era dor de dente. A dor fazia ele inchar até ficar do tamanho do universo- e eu, chorando, sem saber contar a minha dor, dizia que tinha inveja das galinhas que não tinham dentes... Foi meu primeiro encontro.

        Mais tarde ela voltou sem se anunciar. Não a mesma. Cada dor é única. Chegou bruta, definitiva. Lutei usando as armas que se compram nas farmácias. Inutilmente. Levaram-me (nesse ponto eu já não era dono de mim mesmo; estava à mercê dos outros) então para o hospital. As injeções são mais potentes que os comprimidos. Aplicaram-me seis Buscopan. A dor não tomou conhecimento. Ficou mais forte. Comecei a vomitar. O médico, reconhecendo a derrota dos recursos penúltimos, dirigiu-se à enfermeira e disse o nome do último, nenhum mais forte: "Aplica uma Dolantina nele..."

        Ela aplicou. Passados cinco minutos, senti a mais deliciosa sensação que tive em toda minha vida. Não era sensação de nada. Que me importava música, sexo ou flores? Era simplesmente a sensação de não ter dor. Pensei se essa euforia não deveria ser o estado normal da alma, sempre que o corpo não estivesse sentindo dor... Rindo e feliz, brinquei que o Paraíso morava dentro de uma ampola de Dolantina...

Rubem Alves. Folha de S. Paulo, 27.07.2010. Adaptado.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o ponto de discordância do autor em relação ao que Adélia Prado escreveu sobre o céu?

      O autor discorda de Adélia Prado quando ela diz que o céu será igual à vida na Terra, exceto pelo fato de que não haverá medo. Ele acredita que há algo pior do que o medo, que é a dor.

02 – Qual elemento o autor considera pior do que o medo, que é a causa de todos os medos?

      O autor acredita que a dor é pior do que o medo, pois a dor é a causa de todos os medos.

03 – Como o autor descreve a experiência da dor que teve devido a um cálculo renal?

      O autor descreve a dor do cálculo renal como uma experiência extrema e avassaladora que fez com que ele desejasse desesperadamente que a dor parasse a qualquer custo.

04 – De acordo com o autor, por que a dor é difícil de explicar?

      O autor afirma que a dor é difícil de explicar porque é um sentimento que só pode ser verdadeiramente compreendido por quem a está sentindo no presente. A memória da dor, uma vez que passou, não proporciona um conhecimento verdadeiro da dor.

05 – O autor compartilha uma memória pessoal de dor na roça quando era menino. O que causou essa dor?

      A dor que o autor compartilha de sua infância foi causada por uma dor de dente, que o fez chorar e desejar não ter dentes, como as galinhas.

06 – Como a dor foi tratada quando o autor teve uma dor mais intensa e bruta?

      Quando o autor teve uma dor intensa e bruta, ele foi levado ao hospital, onde foram administradas seis injeções de Buscopan. No entanto, a dor não cedeu, e o médico prescreveu uma injeção de Dolantina, que finalmente aliviou a dor.

07 – Como o autor descreve a sensação após a injeção de Dolantina?

      O autor descreve a sensação após a injeção de Dolantina como a mais deliciosa que já sentiu em toda a sua vida. Era a sensação de não ter dor, e ele refletiu sobre como essa sensação de ausência de dor poderia ser o estado normal da alma sempre que o corpo não estivesse sentindo dor.

08 – Por que o texto é considerado um ensaio?

         O texto "Dor" de Rubem Alves é um gênero textual que se enquadra como um ensaio ou um texto de reflexão pessoal. Ele discute a experiência da dor e seus aspectos emocionais e físicos, além de fazer uma referência à escrita de Adélia Prado, trazendo um ponto de vista pessoal do autor sobre o tema da dor. Não é um texto literário, como um conto ou poema, nem um texto informativo, mas sim uma exploração de ideias e emoções em torno do tema central da dor.

 

POEMA: A SECA E O INVERNO - CORDEL DE PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO

 Poema: A seca e o inverno

            CORDEL DE PATATIVA DO ASSARÉ

Na seca inclemente no nosso Nordeste

O sol é mais quente e o céu mais azul

E o povo se achando sem chão e sem veste

Viaja à procura das terras do Sul

Porém quando chove tudo é riso e festa

O campo e a floresta prometem fartura

Escutam-se as notas alegres e graves

Dos cantos das aves louvando a natura

Alegre esvoaça e gargalha o jacu

Apita a nambu e geme a juriti

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5n0Xm_dok49xYWXVxEBugZ9rg6tlNEiT_TBmT31d_hgfxcBeuj3goo6zqxipfaCpjcJ4dprk7Piv3Dwe0j_1ytOhC48ddlhO6fKKcoxLrRxjl4B4vuOYTQwEuC9wkrBmOaGBT1gW1BAG5_iTjJd2NdITL445h8cIeuzzS_kpXS5mYGzmT_4sUD8UE5IU/s320/a-seca-e-o-inverno-joana-lira.jpg


E a brisa farfalha por entre os verdores

Beijando os primores do meu Cariri

De noite notamos as graças eternas

Nas lindas lanternas de mil vaga-lumes

Na copa da mata os ramos embalam

E as flores exalam suaves perfumes

Se o dia desponta vem nova alegria

A gente aprecia o mais lindo compasso

Além do balido das lindas ovelhas

Enxames de abelhas zumbindo no espaço

E o forte caboclo da sua palhoça

No rumo da roça de marcha apressada

Vai cheio de vida sorrindo e contente

Lançar a semente na terra molhada

Das mãos desse bravo caboclo roceiro

Fiel prazenteiro modesto e feliz

É que o ouro branco sai para o processo

Fazer o progresso do nosso país.

Cordel do Patativa do Assaré.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema "A seca e o inverno"?

      O poema aborda a seca e a mudança nas condições climáticas no Nordeste do Brasil.

02 – Como o poema descreve a diferença entre a seca e o inverno na região Nordeste?

      O poema descreve a seca como um período árido e difícil, enquanto o inverno é retratado como uma época de alegria, festa e abundância devido à chuva.

03 – Quais elementos da natureza são mencionados no poema durante o inverno?

      O poema menciona elementos da natureza, como aves cantando, o jacu, a nambu, a juriti, abelhas e vaga-lumes, para descrever a beleza e a vida que surgem durante o inverno.

04 – Quem são os protagonistas do poema durante a época de inverno?

      Durante a época de inverno, os protagonistas são os caboclos, habitantes da região rural, que trabalham na terra e lançam sementes na terra molhada.

05 – O que é referido como "ouro branco" no poema?

      O "ouro branco" mencionado no poema se refere ao algodão, que é uma cultura importante na agricultura da região.

06 – Qual é a atitude do poeta em relação à vida no Nordeste durante o inverno?

      O poeta demonstra uma atitude positiva e feliz em relação à vida no Nordeste durante o inverno, destacando a alegria, a beleza e a prosperidade que a estação traz.

07 – Qual é a importância da chuva para a região, de acordo com o poema?

      A chuva é de extrema importância para a região, pois traz alívio da seca, fertilidade para a terra e oportunidades para a agricultura, contribuindo para o progresso da comunidade.

 

CRÔNICA: QUANDO O AMOR ACABA - JOSÉ ROBERTO TORERO - COM GABARITO

 Crônica: Quando o amor acaba

           José Roberto Torero

        Não foi fácil perceber o fim deste amor. Primeiro, dei-me conta de que tinha virado amizade. Depois, indiferença

        SIM, EU SEI, enamorado leitor e namoradeira leitora, esse não é um título para uma coluna de futebol. Mas há coisas que há que se dizer, e às vezes não há como escolher hora ou lugar. Pois a verdade, a dura e cruel verdade, é que eu já não a amo mais.
Não quero ser aquele tipo de homem covarde que diz que a culpa foi dela, mas acho que tudo começou, ou acabou, porque eu a senti mais distante. Era como se, pouco a pouco, ela fosse deixando de fazer parte da minha vida. Eu já não queria saber como era o seu dia e já não me importava com os mínimos detalhes da sua existência. Já não fazia diferença como ela se vestia, o que ela bebia, se estava feliz ou não. E, acho, ela sentia o mesmo em relação a mim. No começo, eu sacrificava mundos e fundos para vê-la, para estar com ela. Mas, depois, parei de fazer questão de estar ao seu lado em todos os momentos. Se fosse possível ficar com ela, tudo bem. Se não fosse, fazer o quê? Ela não era mais a única coisa importante no mundo. E isso é triste.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkcDYvsnw3UyuTepTL5FJAFFKRe5s4-Skl5S-ZHqQC9UqN0zksMhMFpYbeZEB27ZTyl8ETu1yeoT4V0YSgh_OZajXUbse737qzgm46aXt1N0aXV7h3R37nuuWAXgpDS32r1QT_d2ZNetEz0cf2F5QtwCPpbpugzLondJlKnK9ZqDhKLW1x5J5WZa4ojcE/s320/AMOR.jpg


        Quando um amor morre, é como se morresse um pedaço de nós. Todo aquele passado que construímos juntos parece escoar pelo ralo. Todas as viagens, as alegrias, as tristezas, tudo se torna parte de um passado inútil, que não levou a nada. E todo o futuro que sonhamos, já não importa. O futuro que não virá também se transforma em passado.

        Não foi fácil para mim perceber o fim deste amor. Primeiro, dei-me conta de que ele tinha se tornado em amizade. Depois, tornou-se em indiferença. E, quando isso acontece, você fica pensando: "Para onde terá ido tudo aquilo que eu sentia por ela? Porque meu peito não bate mais rápido quando a vejo entrar? Terei eu mudado ou mudou ela? Eu devia ter feito algum gesto desesperado para salvar o que sobrava entre nós? De quem é a culpa?" Falando em culpa, o que me deixa com mais remorso é que às vezes ela parece se importar comigo, parece lutar para que o amor não morra. Há dias em que está especialmente bela, põe uma roupa nova e diz palavras doces. Fala que me respeita, que eu tenho o direito de estar chateado, fala que tudo o que faz, faz por mim.

        Mas pouco adianta. Eu já não acredito nela. Até gostaria de acreditar, mas o amor é uma planta delicada, que tem que ser regada dia a dia. E ela já não fazia isso.

      Pronto, cá estou dizendo novamente que a culpa é dela. Mas não, não seria honesto. Também sou culpado. Eu devia ter feito alguma coisa. Devia ter brigado, exigido mudanças, talvez até dar-lhe um tapa.

        Sim, às vezes, só às vezes, poucas vezes, um tapa reaproxima, reacende a chama. Se o leitor não me crê, é porque nunca levou um tapa de amor. Mas nem este tapa eu lhe dei. Dei-lhe apenas desprezo, o seco e estéril desprezo.

        Sei que muitos dos leitores que chegaram até esta linha já sentiram o mesmo. Já deixaram de amar aquela que parecia ser o sal da vida, o motivo de suas maiores alegrias. É decepcionante, não é? Mas, enfim, o amor acabou. Tanto que, no fim de semana, por várias vezes me vi distraído, olhando para o lado, lendo alguma coisa e até mudando de canal. Não, já não amo mais a seleção como antigamente...

torero@uol.com.br

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o título da crônica?

      O título da crônica é "Quando o amor acaba".

02 – Quem é o autor da crônica?

      O autor da crônica é José Roberto Torero.

03 – Como o autor descreve a mudança em seus sentimentos em relação à pessoa amada?

      O autor descreve que ele começou a sentir a pessoa amada mais distante e gradualmente deixou de se importar com os detalhes da sua vida.

04 – O que o autor sente quando percebe que o amor acabou?

      O autor sente que um pedaço de si morreu, que todo o passado que compartilhou com a pessoa amada se torna inútil e que o futuro que sonharam já não importa.

05 – Qual a evolução dos sentimentos do autor em relação à pessoa amada ao longo do tempo?

      Primeiro, o amor se transformou em amizade, depois em indiferença.

06 – Como o autor reage à tentativa da pessoa amada de manter o amor vivo?

      O autor afirma que mesmo quando a pessoa amada tenta se importar e reacender a chama do amor, ele já não acredita nela.

07 – Quais são os sentimentos de culpa expressos pelo autor?

      O autor sente culpa por não ter feito mais para salvar o relacionamento, por não ter brigado, exigido mudanças ou dado um tapa emocional para tentar reacender o amor.

08 – Como o autor descreve a importância de cuidar do amor?

      O autor compara o amor a uma planta delicada que precisa ser regada diariamente para sobreviver.

09 – Qual é a referência à seleção no final da crônica?

      No final da crônica, o autor menciona que já não ama a seleção como antigamente, indicando uma mudança em suas prioridades e interesses.

10 – O que a crônica aborda além do término de um relacionamento amoroso?

      Além do término do relacionamento, a crônica também toca em temas como culpa, mudanças nos sentimentos ao longo do tempo e a necessidade de cuidar do amor para mantê-lo vivo.

 

 

POESIA: SONETO - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Soneto

              Mário de Andrade

Tanta lágrima hei já, senhora minha,
Derramado dos olhos sofredores,
Que se foram com elas meus ardores
E ânsia de amar que de teus dons me vinha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiUDsnAwUpsr9gQkCVPbeksVg4TA3LaqMpyC5Ao6z3AgBYYqX7N1rqCvO_UD1tv3ZCOpcnT2k4zEw7dmeuy88bpLhYG2F6yUrWqsAlwItAbnfKAnpxEDBvhfd7VBf2XiXDubtMCc8IiHGPo5ajPAAH_YY5ST2i6ZTXW6tXd-tA0wohvEDSNXKQPoFwpdI/s1600/SENHORA.jpg



Todo o pranto chorei. Todo o que eu tinha,
caiu-me ao peito cheio de esplendores,
E em vez de aí formar terras melhores,
Tornou minha alma sáfara e maninha.

E foi tal o chorar por mim vertido,
E tais as dores, tantas as tristezas
Que me arrancou do peito vossa graça,

Que de muito perder, tudo hei perdido!
Não vejo mais surpresas nas surpresas
E nem chorar sei mais, por mor desgraça!

 ANDRADE, Mário de. Poesias completas: Volume 2, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema principal deste soneto de Mário de Andrade?

      O tema principal deste soneto é a perda de emoções e sentimentos devido a um sofrimento intenso.

02 – Como o eu lírico descreve a intensidade de seu sofrimento?

      O eu lírico descreve ter derramado muitas lágrimas, que levaram embora seus ardores e ânsia de amar, deixando-o com uma alma desgastada.

03 – O que aconteceu com as emoções e os dons que o eu lírico tinha antes de chorar?

      As emoções e dons que o eu lírico tinha antes de chorar caíram em seu peito cheio de esplendores e, em vez de criar terras melhores, deixaram sua alma desolada.

04 – Como o eu lírico caracteriza o impacto do sofrimento em sua vida?

      O eu lírico descreve o impacto do sofrimento como tendo arrancado sua graça, resultando em uma perda significativa em sua vida.

05 – Qual é a atitude do eu lírico em relação ao choro no final do soneto?

      No final do soneto, o eu lírico afirma que não consegue mais chorar, indicando que a tristeza e o sofrimento foram tão intensos que ele perdeu a capacidade de expressar suas emoções dessa maneira.

 

 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

POEMA: MEU EPITÁFIO - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: MEU EPITÁFIO

            Cora Coralina

Morta… serei árvore
Serei tronco, serei fronde
E minhas raízes
Enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRbNSRXEJvUhP3aTxOVOd7vb1_61Iet6_X7rL0zFhcxrpIFdcLUZP4c9H9laHl4BTsSCRbvW9PnI5v1lZBXoOheRAgfuArxp1e9B_cq2wIlyqrJ2kx9o0s_Y0MF1hDbuyjp47PpYcMbzo1Us31P6nkPhwBMXLuhaAGJ2JDXYQNgC2x4iXAW6ZNWYRL5gI/s1600/PAINEIRA.jpg


Enfeitei de folhas verdes
A pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

Cora Coralina, meu livro de cordel.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o título do poema e quem é a autora?

      O título do poema é "MEU EPITÁFIO" e a autora é Cora Coralina.

02 – Como a autora descreve sua transformação após a morte?

      A autora descreve que após a morte, ela se transformará em uma árvore, com tronco, fronde e raízes enlaçadas às pedras de seu berço.

03 – Qual é o simbolismo por trás da autora enfeitando a pedra de seu túmulo com folhas verdes?

      O simbolismo por trás disso é a representação da vida vegetal, sugerindo que a morte não é o fim, mas uma continuação da vida de alguma forma.

04 – O que a autora quer dizer com "Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos"?

      A autora está afirmando que a imortalidade está ligada à contribuição que deixamos na Terra, especialmente através de nossas palavras e criações artísticas, que permanecem após nossa morte.

05 – Qual é a imagem poética central usada pela autora neste poema?

      A imagem poética central é a transformação da autora em uma árvore após a morte, simbolizando a continuidade da vida e da influência por meio da natureza e da arte.

 

 

POEMA: MINHA CIDADE - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: Minha cidade

             Cora Coralina

Goiás, minha cidade… 
Eu sou aquela amorosa 
de tuas ruas estreitas, 
curtas, 
indecisas, 
entrando, 
saindo 
uma das outras. 
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. 
Eu sou Aninha. 

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Eu sou aquela mulher 
que ficou velha, 
esquecida, 
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes, 
contando estórias, 
fazendo adivinhação. 
Cantando teu passado. 
Cantando teu futuro. 

Eu vivo nas tuas igrejas 
e sobrados 
e telhados 
e paredes. 

Eu sou aquele teu velho muro 
verde de avencas 
onde se debruça 
um antigo jasmineiro, 
cheiroso 
na ruinha pobre e suja. 

Eu sou estas casas 
encostadas 
cochichando umas com as outras. 
Eu sou a ramada 
dessas árvores, 
sem nome e sem valia, 
sem flores e sem frutos, 
de que gostam 
a gente cansada e os pássaros vadios. 

Eu sou o caule 
dessas trepadeiras sem classe, 
nascidas na frincha das pedras: 
Bravias. 
Renitentes. 
Indomáveis. 
Cortadas. 
Maltratadas. 
Pisadas. 
E renascendo. 

Eu sou a dureza desses morros, 
revestidos, 
enflorados, 
lascados a machado, 
lanhados, lacerados. 
Queimados pelo fogo. 
Pastados. 
Calcinados 
e renascidos. 
Minha vida, 
meus sentidos, 
minha estética, 
todas as virações 
de minha sensibilidade de mulher, 
têm, aqui, suas raízes. 

Eu sou a menina feia 
da ponte da Lapa. 
Eu sou Aninha. 

                     Cora Coralina. Poema dos becos de Goiás e histórias mais. Rio de Janeiro: Global, 1985. p. 47-48.

Entendendo o poema:

01 – Quem é a autora do poema "Minha cidade"?

      A autora do poema "Minha cidade" é Cora Coralina.

02 – Qual é o título do livro em que este poema foi publicado?

      O poema faz parte do livro "Poema dos becos de Goiás e histórias mais," publicado em 1985.

03 – Onde se passa a história narrada no poema?

      A história narrada no poema se passa na cidade de Goiás, que é a cidade natal da autora.

04 – Qual é o personagem mencionado no poema que se identifica como "a menina feia da ponte da Lapa"?

      A personagem referida como "a menina feia da ponte da Lapa" é a própria autora, Cora Coralina, quando era jovem.

05 – O que a autora faz nos "larguinhos e nos becos tristes" da cidade?

      Nos "larguinhos e nos becos tristes" da cidade, a autora conta histórias, faz adivinhações e canta o passado e o futuro da cidade.

06 – Que elementos naturais são mencionados no poema, associados à cidade de Goiás?

      Elementos naturais como igrejas, sobrados, telhados, árvores, muros com avencas e morros são mencionados no poema, todos associados à cidade de Goiás.

07 – Como a autora descreve a relação das pessoas com a natureza na cidade?

      A autora descreve a relação das pessoas com a natureza na cidade como uma ligação forte e resiliente, onde árvores, trepadeiras e morros são descritos como indomáveis e renascendo, representando a persistência da natureza e sua importância na vida das pessoas da cidade.

 

POEMA: MATÉRIA DE POESIA - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

 Poema: Matéria de Poesia

             Manoel de Barros

Todas as coisas cujos valores podem ser
disputados no cuspe à distância
servem para poesia

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O homem que possui um pente
e uma árvore
serve para poesia

Terreno de 10 x 20, sujo de mato — os que
nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
servem para poesia

Um chevrolé gosmento
Coleção de besouros abstêmios
O bule de Braque sem boca
são bons para poesia.

As coisas que não levam a nada
têm grande importância

Cada coisa ordinária é um elemento de estima

Cada coisa sem préstimo
tem seu lugar
na poesia ou na geral.

O que se encontra em ninho de João-Ferreira:
caco de vidro, grampos,
retratos de formatura,
servem demais para poesia.

As coisas que não pretendem, como
por exemplo: pedras que cheiram
água, homens
que atravessam períodos de árvore,
se prestam para poesia.

Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo, o coração verde
dos pássaros,
serve para poesia.

As coisas que os líquenes comem
— sapatos, adjetivos —
têm muita importância para os pulmões
da poesia.

Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita, pisa e mija em cima,
serve para poesia.

Os loucos de água e estandarte
servem demais

O traste é ótimo
O pobre-diabo é colosso

Tudo que explique
o alicate cremoso
e o lodo das estrelas
serve demais da conta.

Pessoas desimportantes
dão pra poesia
qualquer pessoa ou escada.

Tudo que explique
a lagartixa da esteira
e a laminação de sabiás
é muito importante para a poesia.

O que é bom para o lixo é bom para a poesia.

Importante sobremaneira é a palavra repositório;
a palavra repositório eu conheço bem:
tem muitas repercussões
como um algibe entupido de silêncio
sabe a destroços.

As coisas jogadas fora
têm grande importância
— como um homem jogado fora.

Aliás é também objeto de poesia
saber qual o período médio
que um homem jogado fora
pode permanecer na terra sem nascerem
em sua boca as raízes da escória.

As coisas sem importância são bens de poesia
Pois é assim que um chevrolé gosmento chega
ao poema, e as andorinhas de junho.

Gramática Expositiva do Chão (Poesia quase toda) – Manoel de Barros. Editora Civilização Brasileira – edição 1990.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema principal do poema "Matéria de Poesia" de Manoel de Barros?

      O poema fala sobre como elementos comuns e frequentemente negligenciados na vida cotidiana têm um lugar importante na poesia.

02 – Quais são alguns exemplos de coisas comuns mencionadas no poema que são consideradas apropriadas para a poesia?

      O poema menciona exemplos como um pente, uma árvore, um terreno sujo, um chevrolé gosmento, uma coleção de besouros abstêmios, entre outros.

03 – Por que o poeta afirma que as coisas que não levam a lugar nenhum são importantes na poesia?

      O poeta acredita que coisas que não têm um propósito aparente ou que não conduzem a nada têm um valor significativo na poesia, pois podem ser exploradas de maneira criativa.

04 – Qual é a importância dada às coisas rejeitadas e ignoradas pela sociedade no poema?

      O poema enfatiza que as coisas rejeitadas e menosprezadas pela sociedade têm grande importância na poesia, pois podem ser fontes ricas de inspiração.

05 – Qual é o papel dos elementos naturais, como pássaros e árvores, no poema?

      O poema sugere que elementos naturais, como o coração verde dos pássaros e homens que atravessam períodos de árvore, são adequados para a poesia e têm importância.

06 – O que o poeta quer dizer com a palavra "repositório" e por que ela é mencionada no poema?

      O poeta se refere à palavra "repositório" como uma palavra importante na poesia, com muitas repercussões. Ele a usa para enfatizar a riqueza e a profundidade das palavras na poesia.

07 – Como o poeta descreve o processo de um objeto ou pessoa comum se tornar parte da poesia no poema?

      O poema sugere que objetos comuns e pessoas desimportantes se tornam parte da poesia através de uma transformação criativa, onde elementos negligenciados e rejeitados são valorizados e explorados na arte poética.