domingo, 15 de maio de 2022

ROMANCE: O PRIMO BASÍLIO - CAPÍTULO II - EÇA DE QUEIROZ - COM GABARITO

 Romance: O Primo Basílio – Capítulo II

                 Eça de Queiroz

        Aos domingos à noite havia em casa de Jorge uma pequena reunião, uma cavaqueira, na sala, em redor do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham apenas os íntimos. O "Engenheiro", como se dizia na rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomava-se chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia croché, Jorge cachimbava.

        O primeiro a chegar era Julião Zuzarte, um parente muito afastado de Jorge e seu antigo condiscípulo nos primeiros anos da Politécnica. Era um homem seco e nervoso, com lunetas azuis, os cabelos compridos caídos sobre a gola. Tinha o curso de cirurgião da Escola. Muito inteligente, estudava desesperadamente, mas, como ele dizia, era um tumba. Aos trinta anos, pobre, com dívidas, sem clientela, começava a estar farto do seu quarto andar na Baixa, dos seus jantares de doze vinténs, do seu paletó coçado de alamares; e entalado na sua vida mesquinha, via os outros, os medíocres, os superficiais, furar, subir, instalar-se à larga na prosperidade! "Falta de chance", dizia. Podia ter aceitado um partido da Câmara numa vila da província, com pulso livre, ter uma casa sua, a sua criação no quintal. Mas tinha um orgulho resistente, muita fé nas suas faculdades, na sua ciência, e não se queria ir enterrar numa terriola adormecida e lúgubre, com três ruas onde os porcos fossam. Toda a província o aterrava: via-se lá obscuro, jogando a manilha na Assembleia, morrendo de caquexia. Por isso não "arredava pé"; e esperava, com a tenacidade do plebeu sôfrego, uma clientela rica, uma cadeira na Escola, um cupê para as visitas, uma mulher loura com dote. Tinha certeza do seu direito a estas felicidades, e como elas tardavam a chegar ia-se tornando despeitado e amargo; andava amuado com a vida; cada dia se prolongavam mais os seus silêncios hostis, roendo as unhas; e, nos dias melhores, não cessava de ter ditos secos, tiradas azedadas – em que a sua voz desagradável caía como um gume gelado.

        Luísa não gostava dele: achava-lhe um ar nordeste detestava o seu tom de pedagogo, os reflexos negros da luneta, as calças curtas que mostravam o elástico roto das botas. Mas disfarçava, sorria-lhe, porque Jorge admirava-o, dizia sempre dele: "Tem muito espírito! Tem muito talento! Grande homem!"

        Como vinha mais cedo ia à sala de jantar, tomava a sua chávena de café; e tinha sempre um olhar de lado para as pratas do aparador e para as toaletes frescas de Luísa. Aquele parente, um medíocre, que vivia confortavelmente, bem casado, com a carne contente, estimado no ministério, com alguns contos de réis em inscrições – parecia-lhe uma injustiça e pesava-lhe como uma humilhação. Mas afetava estimá-lo; ia sempre às noites, aos domingos; escondia então as suas preocupações, cavaqueava, tinha pilhérias – metendo a cada momento os dedos pelos seus cabelos compridos, secos e cheios de caspa.

        Às nove horas, ordinariamente, entrava D. Felicidade de Noronha. Vinha logo da porta com os braços estendidos, o seu bom sorriso dilatado. Tinha cinquenta anos, era muito nutrida, e, como sofria de dispepsia e de gases, àquela hora não se podia espartilhar e as suas formas transbordavam. Já se viam alguns fios brancos nos seus cabelos levemente anelados, mas a cara era lisa e redonda, cheia, de uma alvura baça e mole de freira; nos olhos papudos, com a pele já engelhada em redor, luzia uma pupila negra e úmida, muito móbil; e aos cantos da boca uns pelos de buço pareciam traços leves e circunflexos de uma pena muito fina. Fora a íntima amiga da mãe de Luísa, e tomara aquele hábito de vir ver a pequena aos domingos. Era fidalga, dos Noronhas de Redondela, bastante aparentada em Lisboa, um pouco devota, muito da Encarnação.

        Mal entrava, ao pôr um beijo muito cantado na face de Luísa, perguntava-lhe baixo, com inquietação:

        — Vem?

        — O Conselheiro? Vem.

        Luísa sabia-o. Porque o Conselheiro, o Conselheiro Acácio, nunca vinha aos "chás de D. Luísa", como ele dizia, sem ter ido na véspera ao Ministério das Obras Públicas procurar Jorge, declarar-lhe com gravidade, curvando um pouco a sua alta estatura:

        — Jorge, meu amigo, amanhã lá irei pedir à sua boa esposa a minha chávena de chá.

        Ordinariamente acrescentava:

        — E os seus valiosos trabalhos progridem? Ainda bem! Se vir o ministro, os meus respeitos a Sua Excelência. Os meus respeitos a esse formoso talento!

        E saía pisando com solenidade os corredores enxovalhados.

        Havia cinco anos que D. Felicidade o amava. Em casa de Jorge riam-se um pouco com aquela chama. Luísa dizia: "Ora! E uma caturrice dela!" Viam-na corada e nutrida, e não suspeitavam que aquele sentimento concentrado, irritado semanalmente, queimando em silêncio, a ia devastando como uma doença e desmoralizando como um vício. Todos os seus ardores até aí tinham sido inutilizados. Amara um oficial de lanceiros que morrera, e apenas conservava o seu daguerreótipo. Depois apaixonara-se muito ocultamente por um rapaz padeiro, da vizinhança, e vira-o casar. Dera-se então toda a um cão, o Bilro; uma criada despedida deu-lhe por vingança rolha cozida; o Bilro rebentou, e tinha-o agora empalhado na sala de jantar. A pessoa do Conselheiro viera de repente, um dia, pegar fogo àqueles desejos, sobrepostos como combustíveis antigos.

        Acácio tornara-se a sua mania: admirava a sua figura e a sua gravidade, arregalava grandes olhos para a sua eloquência, achava-o numa "linda posição". O Conselheiro era a sua ambição e o seu vício! Havia sobretudo nele uma beleza, cuja contemplação demorada a estonteava como um vinho forte: era a calva. Sempre tivera o gosto perverso de certas mulheres pela calva dos homens, e aquele apetite insatisfeito inflamara-se com a idade. Quando se punha a olhar para a calva do Conselheiro, larga, redonda, polida, brilhante às luzes, uma transpiração ansiosa umedecia-lhe as costas, os olhos dardejavam-lhe, tinha uma vontade absurda, ávida de lhe deitar as mãos, palpá-la, sentir-lhe as formas, amassá-la, penetrar-se nela! Mas disfarçava, punha-se a falar alto com um sorriso parvo, abanava-se convulsivamente, e o suor gotejava-lhe nas roscas anafadas do pescoço. Ia para casa rezar estações, impunha-se penitências de muitas coroas à Virgem; mas apenas as orações findavam, começava o temperamento a latejar. E a boa, a pobre D. Felicidade tinha agora pesadelos lascivos e as melancolias do histerismo velho. A indiferença do Conselheiro irritava-a mais: nenhum olhar, nenhum suspiro, nenhuma revelação amorosa e comovida! Era para com ela glacial e polido. Tinham-se às vezes encontrado a sós, à parte, no vão favorável de uma janela, no isolamento mal-alumiado de um canto do sofá – mas ela fazia uma demonstração sentimental, ele erguia-se bruscamente, afastava-se, severo e pudico. Um dia ela julgara perceber que, por trás das suas lunetas escuras, o Conselheiro lhe deitava de revés um olhar apreciador para a abundância do seio; fora mais clara, mais urgente, falara em paixão, disse-lhe baixo:

        -– "Acácio! Mas ele com um gesto gelou-a – e de pé, grave:

        — Minha senhora,

        “As neves que na fronte se acumulam

        Terminam por cair no coração...”

        — É inútil, minha senhora!

        O martírio de D. Felicidade era muito oculto, muito disfarçado: ninguém o sabia; conheciam-lhe as infelicidades do sentimento, ignoravam-lhe as torturas do desejo. E um dia Luísa ficou atônita, sentindo D. Felicidade agarrar-lhe o pulso com a mão úmida, e dizer-lhe baixo, os olhos cravados no Conselheiro:

        — Que regalo de homem!

        [...]

QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ática, 2006.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 142-5.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Afetar: fingir, simular.

·        Alamar: tira de tecido bordado em fio metálico (ou de seda) que guarnece e abotoa a frente de um vestuário.

·        Anafado: gordo, bem nutrido.

·        Baço: sem brilho.

·        Calva: careca.

·        Caturrice: teimosia.

·        Cavaquear: conversar singelamente, em intimidade.

·        Chávena: xícara para chá ou café.

·        Coçado: puído, gasto, roto.

·        Daguerreótipo: aparelho primitivo de fotografia, inventado por Daguerre, em 1839; imagem reproduzida por esse aparelho.

·        Dardejar: cintilar.

·        Dispepsia: dificuldade de digerir.

·        Engelhado: enrugado.

·        Enxovalhado: manchado, sujo.

·        Estações: cada uma das catorze pausas na via-sacra (orações que se rezam em frente às principais cenas da paixão de Cristo).

·        Histerismo: ansiedade excessiva, nervosismo exagerado.

·        Lanceiro: armado com lança.

·        Nordeste: vento que sopra desse ponto; moléstia (originada desse vento, segundo o povo) que atinge galináceos.

·        Palrar: conversar.

·        Parvo: próprio de parvo (tolo).

·        Pilhéria: piada, graça.

·        Regalo: gosto, prazer.

·        Terriola: lugarejo.

·        Tumba: indivíduo infeliz, azarado.

02 – Nesse trecho são apresentadas duas personagens, Julião Zuzuarte e D. Felicidade.

a)   Que aspectos de cada uma são destacados?

Julião Zuzarte é inteligente e esforçado, porém não consegue obter o reconhecimento e a prosperidade que acredita merecer, por isso vai se tornando cada vez mais despeitado e amargo. D. Felicidade, solteira aos 50 anos. Consome sua vivacidade amando em silêncio o Conselheiro Acácio.

b)   É possível notar, na descrição das duas personagens, a tentativa do narrador de ser objetivo na apresentação do comportamento e das características físicas delas, evitando qualquer tipo de idealização. Copie palavras e expressões que justifiquem essa afirmação.

Qualquer trecho das linhas 5 a 23 e 24 a 31.

03 – Releia os trechos “Aquele parente... cheios de caspa” e “O martírio... torturas do desejo” para responder às questões abaixo. Complete as frases dessas atividades no caderno. Esses trechos revelam uma característica comum às duas personagens: ambas ....

·        São inconstantes, mudam de opinião a todo momento e esperam o reconhecimento social.

·        Representam, na casa de Luísa, um papel social que oculta o que verdadeiramente pensam e sentem.

·        Esperam a realização de um verdadeiro amor, além de sentirem inveja das pessoas felizes e prósperas que estão a sua volta.

04 – Os trechos revelam ainda que o narrador desse romance (um narrador onisciente) acompanha as personagens em dois planos: o social (das características que são percebidas pelas demais personagens) e o individual (daquilo que se passa apenas no interior de cada uma). Ao aliar esses dois planos, o narrador sugere que a sociedade é um espaço.

  Em que as pessoas podem revelar claramente o que são, sem temer o julgamento alheio.

·        De certa hipocrisia, uma vez que, para participar de certos grupos, as pessoas se obrigam a um comportamento distante do que realmente pensam e sentem.

·        De certa aceitação, que amedronta apenas aqueles que temem os próprios sentimentos.

 

POEMA: O MARRUÊRO - CATULO DA PAIXÃO CEARENSE - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Poema: O Marruêro

         Catulo da Paixão Cearense

[...]


Lá, pras banda onde eu nasci,

Já se falava do amô:

todas as boca dizia

que era farso e matadô!

[...]

Nas marvadage do Amô

não hay cabra que não caia,

quando o diabo tira a roupa,

tira o chifre e tira o rabo

pra se visti c’uma saia!

 

Se adisfoiando no samba,

cantando uma alouvação,

eu vi a frô dos caborge

das morena do sertão!

 

Trazia dento dos oio

istrepe e mé, cumo a abeia!

Oiou-me cumo uma onça!...

E, ao despois, cumo uma oveia!

 

Aqueles oio xingoso,

eu confesso a vasmincê,

ruía a gente pru dento

que nem dois caxinguelê!

[...]

Pru mode daqueles oio,

dois marvado mucuim,

um violero, afulemado,

partiu pra riba de mim!

 

Temperei minha viola,

intrei logo a puntiá,

e ambos os dois se peguemo,

n’um disafio, ao luá!

[...]

Só despois que nestas corda

fiz pinto cessá xerém,

vi que o bichão se chamava:

— Manué Joaquim do Muquém!

 

Manué Joaquim era um cabra

naturá de Piancó!...

Quando gimia no pinho,

chorava, cumo um jaó!

 

Eu, marruêro, arrespundia

nestas corda de quandu,

e os acalanto se abria,

cumo as frô do imbiruçu!

 

Foi despois do disafio,

quando eu saí vencedô,

que os canto e os gemê dos pinho

n’um turumbamba acabou!!

 

Inquanto nós dois cantava,

sem ninguém tê dado fé,

tinha fugido a caboca

cum o Pedro Cachitoré!!!

[...]

Tinha fugido, marruêro,

aquela frô dos meus ai,

cumo uma istrela que foge,

sem se sabê pra onde vai!!!

[...]

Alegre, passava um bando

das verde maracanã!...

Fermosa, cumo a caboca,

vinha rompendo a minhã!

[...]

Eu tinha o corpo fechado

pra tudo o que é marvadez!

Só de surucucutinga

eu fui murdido três vez!...

 

Tando cum o corpo fechado,

pras feitiçage do Amô,

pensei que eu tava curado!

[...]

Pra riba de mim, Deus pode

mandá o que ele quizé!

O mundo é grande, marruêro!...

Grande é o amô!... Grande é a fé!...

 

Grande ó o pudê de Maria,

isposa de São José!...

O Diabo, o Anjo mardito,

foi grande!... Cumo inda é!!

 

Mas porém, nada é mais grande,

mais grande que Deus inté,

que uma chifrada, marruêro,

dos oio d’uma muié!!!

                CEARENSE, Catulo da Paixão. Meu sertão. 15. ed. Rio de Janeiro: A Casa do Livro, 1967. p. 61-71.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 79-81.

Entendendo o poema:

01 – No caderno, responda: Qual é o assunto do texto lido?

      Sofrimento por um amor não correspondido.

02 – Considerando apenas o eu lírico desse texto, explique como ele é?

      O eu lírico é um homem, um violeiro apaixonado.

03 – O eu lírico do texto poético de Catulo da Paixão Cearense se dirige a um amigo usando qual pessoa gramatical? Justifique com palavras do texto.

      Usa a 2ª pessoa do plural – vasmincê.

04 – Ao dirigir-se a seu interlocutor, o eu lírico do texto lido faz uma evocação. Escreva as palavras, ou a expressão, usadas para fazê-la em cada texto.

      Senhor Fremosa, Marruêro, vasmincê.

05 – Há no texto palavras que são grafadas de acordo com o modo como são faladas em diferentes regiões do país. O autor rima-as entre si ou com palavras grafadas tal qual a variedade-padrão da língua. Cite pelo menos três casos dessas ocorrências.

      Amô/matado; abeia/oveia; vasmincê/caxinguelê; puntiá/luá; malvadez/vez; quizé/fé; inté/muié.

06 – O texto poético de Catulo da Paixão Cearense, escrito no século XX, tem semelhanças com as cantigas do século XIII, ligando-se a elas por diversas tradições populares. Você diria que a linguagem usada nele pode ser vista apenas como uma forma incorreta de se escrever? Explique a importância dessas questões para o texto poético.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A linguagem de Catulo é bastante rica e adequada ao contexto em que é utilizada. Sua ligação com as cantigas demonstra um grande valor cultural não desfeito pelo tempo. A relação entre a grafia das palavras do poema e as normas urbanas de prestígio tem pouco ou nenhum valor, pois o uso dessa grafia no texto é adequado e significativo como recurso sonoro e lírico, elementos característicos dessa poesia popular, mostrando a riqueza expressiva com que o tema é tratado.

 

 

 

POEMA: O HAICAI - MATSUO BASHÔ - COM GABARITO

 Poema: O Haicai   

      O Haicai é uma forma fixa de poema surgida no Japão a partir de uma longa tradição, que remonta ao século VII. Em sua forma mais antiga, era a estrofe inicial de uma forma poética mais longa, mas, com o tempo, passou a ser conhecido como estrutura autônoma, independente. Na cultura japonesa, essa composição poética teve seu auge com Matsuo Bashô, poeta que viveu no século XVII e infundiu ao texto a importância da simplicidade e o olhar atento sobre a natureza.

        O Haicai japonês é constituído por três segmentos e 17 fonemas. No Brasil, tornou-se consagrada a forma proposta pelo poeta Guilherme de Almeida nos anos 1940: um poema de uma estrofe com três versos, sendo o primeiro e o terceiro compostos por cinco sílabas e rimados entre si, e o segundo verso composto por sete sílabas poéticas e rima interna entre a segunda e a sétima sílaba. Dentro de uma forma tão estrita, o haicai deve registrar a impressão de um momento e toda a reflexão que pode estar contida nele. Difícil? Veja como se saíram os poetas a seguir na elaboração de seus haicais.      

                                O ocaso

                                          Abel Pereira

                  No rio profundo

                  O sol parece outro sol

                  A emergir do fundo.

                                          PEREIRA, Abel. In: GUTTILLA, R. W.; op. cit.

                                Infância

                                          Guilherme de Almeida

                  Um gosto de amora

                  Comida ao sol. A vida

                  Chamava-se “Agora”.

                                          ALMEIDA, Guilherme de. In: GUTTILLA, R. W., op. cit.

                                O Haicai

                                           Guilherme de Almeida

                  Lava, escorre, agita

                  A areia. E enfim, na bateia,

                  Fica uma pepita.

                                           ALMEIDA, Guilherme de. op. cit.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 161-3.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bateia: recipiente com fundo em formato de cone, utilizado na exploração de pedras preciosas.

·        Emergir: aparecer, vir à tona.

·        Pepita: fragmento de metal (em geral, de ouro).

·        Ocaso: 1 – O aparente declínio de um astro no horizonte, do lado oeste; poente. 2 – O lado do horizonte onde o sol parece esconder-se; ocidente. 3 – Fim, final, limite. 4 – Que se encaminha para a ruína, queda, decadência.

02 – Que movimento aparente do sol o poema apresenta?

      O poema apresenta o pôr do sol.

03 – Como o sol é observado pelo eu lírico? De forma direta ou indireta?

      Indireta, pois ele o observa por meio de sua imagem refletida no rio.

04 – A palavra responsável pela ideia de movimento do poema é o verbo emergir. Considere o seu significado e explique o que o eu lírico vê exatamente.

      O eu lírico vê o movimento do sol refletido na água do rio, o que lhe dá a impressão de que o astro, em lugar de se pôr, surge, vem à tona de dentro da água.

05 – A visão espelhada do sol aparece na composição do poema, ou seja, ele está também presente na forma. Identifique o recurso usado pelo poeta para construir essa imagem.

      No segundo verso, a palavra sol aparece duas vezes: quase no seu início e no seu fim – “o sol parece outro sol”.

06 – Um dos sentidos da palavra ocaso, de acordo com o dicionários, refere-se a fim, final, limite, significado conotativo que enfatiza a ideia de término, normalmente atribuída a pôr do sol. Ao enxergar o sol a emergir do rio profundo, que nova interpretação o eu lírico propõe para o ocaso?

      Dependendo do ponto de vista, é possível alimentar a ilusão de que o final pode também representar um começo.

07 – Releia o poema “Infância”, de Guilherme de Almeida, observando como a intensidade das experiências da infância foi representada nesse haicai.

a)   O eu lírico destaca três dos cinco sentidos. Quais são eles? Que termos os representam?

Paladar (gosto de amora); visão (sol). Tato (ao sol).

b)   Essa intensidade é reforçada, ainda, por uma marca temporal no texto. Identifique-a e dê o significado que ela adquire no contexto.

Trata-se da palavra “Agora”, representando a despreocupação com o futuro e o envolvimento com as experiências do momento presente.

c)   O último verso apresenta um verbo no pretérito imperfeito: “chamava-se”, referindo-se à vida. Se a vida chamava-se “Agora” durante a infância do eu lírico, o que pode fazer parte do seu tempo presente?

As preocupações com o futuro, talvez a incapacidade de viver intensamente cada momento, de entregar-se de corpo aberto às experiências.

08 – Releia o poema “O Haicai”, de Guilherme de Almeida. Observe que ele compara a elaboração de um haicai à busca por uma pedra preciosa. Considere o conteúdo desse poema e a estrutura dos demais haicais deste estudo e responda: segundo o eu lírico de “O Haicai”, em que consistiria a elaboração desse pequeno poema?

      Resposta pessoal do aluno.

 

TEXTO: CRISE EXISTENCIAL - PHILIPPE VAN DEN BOSCH - COM GABARITO

 Texto: Crise existencial

         Philippe Van Den Bosch

        Há várias maneiras de vir a interrogar-se sobre a felicidade e todas elas são crises existenciais. Oscar Wilde dizia basicamente que há duas tragédias na existência: não conseguir satisfazer todos os desejos e conseguir satisfazer todos os desejos.

      Em suma, a existência é sempre trágica para Wilde, que é um grande otimista. O primeiro caso é tristemente corriqueiro: tendo chegado a certa fase da vida, percebe-se que não se consegue obter aquilo de que se precisa para ser feliz. Um abatimento, mesmo um desespero pode suceder a essa tomada de consciência, e isso pode levar à reflexão filosófica porquanto temos de encontrar uma outra via para atingir a felicidade. O segundo caso é mais raro. É do homem maduro que venceu em tudo na vida, que obteve tudo o que projetara ter, portanto tem "tudo para ser feliz", como se diz, porque precisamente não o é. Seu transtorno é maior ainda: que é que lhe pode então dar a felicidade? Já tem tudo o que se pode desejar. O mundo lhe parece vazio e tedioso. Para alcançar a felicidade, a meditação filosófica é, portanto, seu último recurso. É possível que a filosofia tenha sido inventada por homens assim. Mas não é necessário atingir uma idade madura para conhecer crises existenciais. O adolescente pode revoltar-se contra o modo de vida padronizado que a sociedade lhe propõe. Bem pressente que ele não lhe trará satisfação. Mas não sabe o que lhe propiciará a felicidade. Portanto, também ele deve começar a refletir para o saber e assim já tornar-se um pouco filósofo.

        Fica claro desde então que para encontrar a felicidade não podemos fazer economia de uma investigação filosófica, nem nos privar das luzes dos grandes pensadores.

Phillipe van den Bosch. A filosofia e a felicidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 28.

Entendendo o texto:

01 – Com que finalidade, provavelmente, esse texto foi escrito?

      Na leitura do texto podemos perceber que o autor defende uma opinião: a investigação filosófica como meio para encontrar a felicidade.

02 – Para escrever seu texto e atingir essa finalidade, o autor parte de temas que são importantes na vida de pessoas de todas as sociedades, em todos os tempos. Que temas são esses?

      A insatisfação com a própria vida, as crises existenciais, a busca da felicidade.

03 – A forma usada para comunicar as ideias do texto (a seleção de palavras, a construção das frases, a organização das informações) é direta, objetiva? Ou o texto é construído de tal forma que permite interpretações diferentes do que está explícito?

      A forma de construção do texto é direta, objetiva.

                                                                         

 

TIRA: CALVIN ÁGUA - VERBOS - COM GABARITO

 Tira: Calvin água

 

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp0aXvWnrpBI9IL3KhbeRENhCdocUC78Ocg3FeasV_xd_E_pVS1uJTPy9KJ4kOU4kbB6OMT8Rli7Cwqp8BoTFFwrisOltf4lAT_W7mSCpqHOHRp2Ru96oR2yaWc-5E55RGtNPXkTHZW2852euqglT-3RBbrAsIkrdY8mePGsnYy44I2QPW3qJwFJ73/w382-h195/CALVIN%20AGUA.jpg

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP – 4ª edição. São Paulo. 2015. p. 93.

Entendendo a tira:

01 – Em seu caderno, explique como pode ser caracterizada a atitude de Calvin em relação às flores, nos três primeiros quadrinhos.

      Calvin age de forma ameaçadora. O fato de ele possuir um regador cheio de água, algo de que as flores precisam, faz com que ele se posicione como se fosse superior a elas.

02 – Podemos afirmar que ocorre uma quebra de expectativa no último quadrinho. Em seu caderno, explique qual é ele?

      No último quadrinho, começa a chover. Esse fato frustra a intensão de Calvin de ser o único a ter a posse de que as flores precisavam.

03 – Em sua opinião, que tipo de crítica está presente nessa tirinha?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A ambição do ser humano de controlar a natureza leva-o a desrespeitá-la.

04 – Em seu caderno, transcreva apenas os verbos que aparecem nas frases do primeiro quadrinho.

      “Querem” e “tenho”.

05 – Agora, transcreva em seu caderno as expressões que complementam o sentido de cada um desses verbos.

      “Um pouco de água” e “bastante (água) aqui”.

06 – Se as expressões que complementam esses verbos fossem retiradas, o sentido seria mantido? Explique a importância desses complementos.

      Não haveria sentido, porque ambos precisam de complemento quem quer, quer algo; quem tem, também tem algo.

07 – Em seu caderno, crie outros complementos para cada um desses verbos.

      Resposta pessoal do aluno.

TIRA: CALVIN PERDIDOS - BILL WATTERSON - TIPOS DE FRASES - COM GABARITO

 Tira: Calvin perdidos       

 

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WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: e foi assim que tudo começou. São Paulo: Conrad, 2007.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 100-1.

Entendendo a tira:

01 – Quais são os tipos de frases observados na tira? Exemplifique com trechos que aparecem nos quadrinhos.

      Frase declarativa: “A palavra ‘perdidos’ nem existe no nosso vocabulário.” / “Estamos perdidos de novo.”; Frase interrogativa: “Que tal a palavra ‘mamãe’?”; Frase exclamativas: “Rá! Somos exploradores corajosos!”; “Mamãããeee!!”.

02 – No segundo quadrinho, Calvin produz uma frase. Atente ao que ele diz e à sua imagem, depois responda:

a)   O que essa imagem nos informa a respeito de Calvin?

Essa frase indica que ele é corajoso.

b)   Ao lermos o terceiro e o quarto quadrinhos, o sentido das falas de Calvin nos dois primeiros é alterado. Explique como isso acontece.

Calvin quer parecer corajoso, usando frases de impacto nos primeiros quadrinhos, mas, na verdade, está com medo e acaba se rendendo à sugestão do amigo Haroldo de chamar por sua mãe.

03 – No último quadrinho há só uma palavra, mas podemos dizer que temos uma frase por causa do contexto, já que é possível deduzir que por trás do significado literal da palavra “Mãããeee!!” há outro. No caderno, escreva a(s) frase(s) que, em sua opinião, melhor traduz(em) o que sente a personagem nesse quadrinho. Elabore argumentos que justifiquem sua resposta.

·        Olá, estamos aqui!

·        Precisamos de ajuda!

·        Estamos perdidos!

·        Socorro!

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As quatros alternativas são possíveis.

TIRA: HAGAR FILHOTES - TRANSITIVIDADE VERBAL - COM GABARITO

 Tira: Hagar filhotes

      

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj96EVCMkBnF_vJq_jf5zgenJxZkBOBkvltlUUUeSx4HFbJRHPyYSvOxA6wxPzAz3_A_O6dTHxXkJ1FGQWvjxY3tohY6gnYyLVw8-PpJToYz_EJHuSjUuQ3ACzIhbVFNM5gIKuIbrz60M9hjNu5_yzV4wv72-mU-EPHxdAopuOIwgGioyPDpI5XQ6E_/s320/HELGA.jpg                                                    

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 280.

Entendendo a tira:

01 – Na fala de Helga, classifique, quanto à transitividade, os verbos caiu, começou, converteu, saquearam e teve, identificando os objetos diretos e/ou indiretos e um adjunto adverbial de tempo.

      Cair e começar: intransitivos; Converter, saquear e ter: transitivos diretos; os francos, a nossa aldeia, filhotes: objetos diretos; Em junho: adjunto adverbial de tempo.

02 – Identifique o objeto responsável pelo humor do texto.

      Filhotes.

03 – Dentro da ideia geral do texto, por que esse termo é o responsável pelo humor?

      Porque os demais itens enumerados tinham importância social, política e histórica em oposição a um fato prosaico, cotidiano, que era o nascimento de filhotes, e para o qual Hagar deu mais importância.

QUADRO: IDÍLIO - TARSILA DO AMARAL - COM GABARITO

Quadro: Idílio

          

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5L21-jhuJzLuNEz_C-1OeD0eoJkI87B0DG-cL5E-OP8s7LVXO5e5FPkTou2w7OZ7KBQ-igwicNWmRKMDkF37BtmtpihNwI93sfzHYhCxb2lz6IEcPxGw5kbfIfRlIPymskETmTgyWc6CW7T0MzzFit-xKFG9-LOWcAaHGJPw8vH3EfPC_6jIWLB6M/w304-h337/IDILIO.jpg

           Tarsila do Amaral. Idílio (1929). Óleo sobre tela.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º ano – Ensino Fundamental – IBEP – 4ª edição. São Paulo 2015. p. 148-9.

Entendendo o quadro:

01 – Que sentimentos a imagem desperta em você?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Essa tela de Tarsila do Amaral é intitulada Idílio. Leia alguns significados dessa palavra.

        – Poesia de assunto pastoril. Amor simples e puro. Sonho, utopia.

a)   Que elemento da pintura está diretamente relacionado ao nome da tela? Comente.

O casal de namorados abraçados, sentados admirando a paisagem em um lugar simples.

b)   A simplicidade e a pureza são retratadas na pintura. Em sua opinião, como a autora expressou esses sentimentos?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A paisagem é bastante simples, com montanhas, um lago e uma casinha humilde. O casal demonstra amor e está envolvido na paisagem, como se fizesse parte dela.

03 – Em muitas de suas obras, Tarsila do Amaral retoma elementos ligados ao Brasil. Nessa obra, que elementos podem ser relacionadas ao nosso país?

      Percebe-se que o verde e o amarelo, cores da bandeira, são predominantes na obra e há a presença da vegetação típica: palmeiras, bananeiras e cactos.

04 – A autora pintou o casal utilizando as mesmas cores que aparecem na paisagem. Levante uma hipótese que explique esse fato.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ao utilizar as mesmas cores para retratar o casal e a paisagem, a pintora integra as pessoas à natureza, mostra que são parte dela.

05 – Você já passou pela experiência de ter ido a algum lugar bonito e, tempos depois, ao ter retornado a esse espaço, tê-lo encontrado destruído ou deteriorado? Comente com seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você conhece algum movimento voltado à defesa do meio ambiente e do futuro do planeta?

      Resposta pessoal do aluno.


QUADRO: O BEIJO - GUSTAV KLIMT - COM GABARITO

 Quadro: O beijo


Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbXLKFtE_n5UGR1m2HXpR63jfAudc4wh0wtCEwnV-0_xfMbCDJQDTe0Jn_IC-prFKnkIL5_luC8Re-fek063K-TjgYmcnCkJ0YhpnUk_T69Nzrs5jsb9AOetLvtv6WO8nCQ0sGCHZuP9hH46iz6CZLJC-VpBciMpYmINKhsUcYsDxFoSq3cCPUd2Yy/s320/beijo.jpg

Gustav Klimt. O beijo (1907-1908). Óleo sobre tela.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º ano – Ensino Fundamental – IBEP – 4ª edição. São Paulo 2015. p. 54-5.

Entendendo o quadro:

01 – O que mais chama sua atenção nessa tela?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Que sensações e sentimentos essa tela provoca em você?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Que diferença você observa entre os elementos que compõem as vestimentas das pessoas retratadas? O que você acha dessa forma de caracterizar os dois sexos?

      A vestimenta masculina é marcada por formas geométricas (retângulos e pequenos quadrados), enquanto a feminina é marcada por círculos com flores no seu interior.

04 – Os itens a seguir podem ou não se referir à tela de Klimt. Copie no caderno apenas os pertinentes à tela.

   Tema da violência.

·        Tema do amor romântico.

·        Flores de cores viçosas.

·        Presença de tons muito escuros representando a dor.

·        Elementos visuais que remetem à atmosfera de um sonho.

·        Elementos visuais que remetem à realidade urbana.

·        Representação de elementos da natureza misturados ao humano.

·        Predominância de tons dourados e amarelados.

·        Predominância de tons azulados e esverdeados.

05 – Com que adjetivos você caracterizaria a tela O beijo, de Klimt?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você gostou da tela?

      Resposta pessoal do aluno.