domingo, 29 de outubro de 2023

POESIA: VIAGEM - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: VIAGEM

            Renata Pallottini

Faço uma viagem

quase sem sentido.
Preparo a bagagem.
Mas por que motivo?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0GXnaV-ED6YftK1ZiwxFCe5VJv1eGOganh3xSWU8XibUOX7ewp4GNG2FQZA-dwwGlcGlIuHAdzBNF_yxOb8NSQgzxpUXnk7c41jYWY71KwLegwobl9YLnc2j82AQrNE7ubfh6AAJIWKxsIhF6GPdlW6EXic7AKZ9uQUHf9NFnlMe9NhjexiU5xPI__6U/s320/VIAGEM.jpg



Nada me motiva
salvo um emotivo
grave coração
que me olha nos olhos
e diz: tens razão.

Vai e sem motivo.
Antes sim que não.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da poesia "VIAGEM" de Renata Pallottini?

      O tema central da poesia "VIAGEM" é a ideia de fazer uma viagem sem motivo aparente, guiada pelo coração e pelas emoções.

02 – Por que a pessoa na poesia prepara a bagagem mesmo sem um motivo aparente?

      A pessoa prepara a bagagem sem motivo aparente porque está sendo motivada pelo seu coração e emoções, em vez de razões lógicas ou práticas.

03 – Qual é a motivação principal da pessoa na poesia para fazer a viagem?

      A motivação principal da pessoa na poesia é o "grave coração" que olha nos olhos dela e diz que ela tem razão em fazer a viagem, mesmo que não haja um motivo claro.

04 – Qual é a atitude sugerida pelo poema em relação a fazer a viagem?

      O poema sugere uma atitude de seguir o coração e as emoções, mesmo que a viagem não tenha um propósito aparente. É uma celebração da espontaneidade e da busca do que faz sentido emocionalmente.

05 – Como a autora, Renata Pallottini, expressa a ideia de viajar "antes sim que não" na poesia?

      A autora expressa a ideia de viajar "antes sim que não" enfatizando a importância de agir e aproveitar a oportunidade de fazer a viagem, mesmo que não haja um motivo lógico, pois a emoção e a intuição podem ser guias valiosos.

 

 

 

POESIA: INVERNO - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: INVERNO

            Renata Pallottini

Parece de metal a noite destas ruas.

Os homens estão quietos nos portais.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFl-rK9ojR_RcE9JK7TpjAdy7V5CuVyetIHIXa6sArZJWFGNUm8cMGZ3jiTD3qiwstaepbR_B5M2wF8PAb0lgi2ZWXo6fTF6tFNHHcUDBxyk08asBweFPKbhm1rSMRYA7iRrsBUdrMLtbrthBmuFPQIJ4nam55LtdKuDHnHRTAHM0QFQyTmcC58rxRLRQ/s320/INVERNO.jpg

A luz corta. A esperança não desperta.

Esqueceram acesa a lâmpada da porta.

 

Donos cobrem de lanças os espaços,

de espadas os desvãos e de lama

os jornais.

Amanhã com certeza os bancos se abrirão.

Por que não? Será um dia como os outros

cheio de transversais e comerciais.

 

Apagou-se a fogueira dos choferes.

A madrugada roxa parte o coração

dos pombos

dos meninos

das mulheres.

 

Onde é que toda essa gente se banha?

Que será deles todos?

Para qual

deles alguma vida se fará?

Para quem se abrirá alguma fresta?

 

Folhas de vidro as árvores.

E eu

estou voltando de uma grande festa.

Merda! Só isso.

Estou voltando

de uma grande festa.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Como a noite é descrita no início da poesia?

      A noite é descrita como "de metal" nas ruas.

02 – O que os homens estão fazendo nos portais durante a noite descrita na poesia?

      Os homens estão quietos nos portais.

03 – O que aconteceu com a lâmpada da porta mencionada na poesia?

      A lâmpada da porta foi esquecida acesa, não foi apagada.

04 – Como os donos cobrem os espaços e desvãos?

      Os donos cobrem os espaços com lanças e os desvãos com espadas.

05 – O que a autora sugere sobre o futuro no poema?

      A autora sugere que os bancos se abrirão no dia seguinte, como em qualquer outro dia, cheio de atividades comerciais.

06 – O que a madrugada roxa faz no poema?

      A madrugada roxa parte o coração dos pombos, dos meninos e das mulheres.

 

POESIA: CEREJAS, MEU AMOR - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: Cerejas, meu amor

             Renata Pallottini

Cerejas, meu amor,
mas no teu corpo.
Que elas te percorram
por redondas.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdhyYKhvvvpQywd-tiGTgTnvZ-5n33FinfEA0di58uNulkg4AomTiNZw5bdStIPFsRJzuyQmAqCfPsXGbd8sSHT21sCKU0fbkPl9TuSvVlDt7gqkeiSjtK0nzkDARfVo2yVap5ZRRsdnQmc4B6V39Tt1Wl-XM7_OeWf4_K58y_8sdksb3Aye0a3xYCeho/s1600/CEREJA.jpg


E rolem para onde
possa eu buscá-las
lá onde a vida começa
e onde acaba

e onde todas as fomes
se concentram
no vermelho da carne
das cerejas...

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a imagem central do poema?

      A imagem central do poema é a das cerejas percorrendo o corpo do amado.

02 – O que o eu lírico deseja fazer com as cerejas no corpo do amado?

      O eu lírico deseja buscar as cerejas no corpo do amado, onde a vida começa e onde acaba.

03 – Como as cerejas são descritas no poema?

      As cerejas são descritas como redondas e vermelhas.

04 – Onde se concentram "todas as fomes" no poema?

      No poema, todas as fomes se concentram "no vermelho da carne das cerejas".

05 – Qual é a sensação predominante transmitida pelo poema?

      O poema transmite uma sensação de desejo e sensualidade, utilizando a metáfora das cerejas para evocar a intimidade e o apetite do eu lírico.

 

POESIA: A PALAVRA AMOR - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: A PALAVRA AMOR

              Renata Pallottini

A palavra amor
honesta e escassa
sem outros afagos
sem outros adornos

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLwtsO9B1owFhsyd46HB5-f0xNiLF3S3HQEHztSqy4FwNxH74FOLJAipWbip0YPNWnla1asgnxwuWVbjVEtoX2zKcqSutkXGGbMevt2zXdihFZFDL_vSS4rUJR8Mmsl575IrDyBbEe_aidabX43HXsPMozG77izRuCAhoy8-6SqnayHxYrLHw32c5tPKM/s320/AMORR.jpg



simples e amarga
que não impelida
que não justaposta
justa e arrancada

da terra da carne
da carne da alma
terra silenciosa
que se esfarelasse

seca e despojada
a palavra exata
amor sem mais nada
amor imesclado

amor mais amado
e feito palavra.
A palavra amor.
Dita e sepultada.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da poesia "A PALAVRA AMOR" de Renata Pallottini?

      O tema central da poesia é a palavra "amor".

02 – Como a palavra "amor" é descrita na poesia em relação a outros afagos?

      A palavra "amor" é descrita como "honesta e escassa" e não possui outros afagos ou adornos.

03 – Que características são atribuídas à palavra "amor" na poesia?

      A palavra "amor" é descrita como "simples e amarga" e "justa e arrancada".

04 – De onde a palavra "amor" é retirada, de acordo com a poesia?

      A palavra "amor" é retirada "da terra da carne" e "da carne da alma".

05 – Como a poesia descreve a natureza da palavra "amor"?

      A poesia descreve a palavra "amor" como "terra silenciosa" que se esfarelaria, seca e despojada.

06 – Qual é a última característica atribuída à palavra "amor" na poesia?

      A última característica atribuída à palavra "amor" na poesia é que ela é "amor mais amado" e "feita palavra."

07 – Como a poesia conclui a descrição da palavra "amor"?

      A poesia conclui que a palavra "amor" é "Dita e sepultada," sugerindo um tom de finalidade e encerramento.

 

POESIA: NOITE AFORA - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: Noite Afora

             Renata Pallottini

A quem devo dizer que em tua carne
se sobreleva o tempo e o duradouro,
mancha de óleo no azul, alaga e intensifica
o contratempo a que chamei amor?

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6x1g3I-K3v7KR4PuCYa4S02i-9DclIvM0MAxIqC1fiRJXVD1Jy6EaYVGjOAWhOzb7_07d3XGcVDonUWUhBPitpkYntUnnsrcUqI6c3RzxS0WR6Eriv2MoBnflMD0PmiY1lNtIP5J-6TsyhyphenhyphenEiOb_WmHMOufDsO__m9q3HAotgF0MDN1cwtj4uYWvu1DE/s320/REFLEXOES.jpg


A quem devo dizer dos meus perigos
quando, o corcel furioso, olhei ao longe
e não vi mais limites que o oceano
nem mais convites que o das ondas frias?

Como antepor o corte nas montanhas
-- Liberdade – ao dever que a si mesma impõe a terra
de estender-se conforme o espaço havido?

Malícia do destino, ardil composto outrora...
Arde a grama da noite em que te vais embora,
e essa chama caminha, essa chama, essas vinhas,

essas uvas, cortadas noite afora.

Renata Pallottini, in “Noite Afora”.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema principal abordado na poesia "Noite Afora"?

      O tema principal da poesia é a reflexão sobre o tempo, o amor e as escolhas na vida.

02 – Como a autora descreve a passagem do tempo na primeira estrofe da poesia?

      A autora descreve a passagem do tempo como algo que se sobressai na carne, deixando marcas duradouras e intensificando o amor, comparando-o a uma mancha de óleo no azul.

03 – O que a autora sugere sobre os perigos na segunda estrofe da poesia?

      A autora sugere que olhar para o horizonte, além dos limites visíveis, pode ser perigoso, como um corcel furioso, e que não há convites além das ondas frias do oceano.

04 – Na terceira estrofe, a autora menciona "Liberdade" e o "dever da terra". O que isso representa na poesia?

      A referência a "Liberdade" e ao "dever da terra" na terceira estrofe representa o conflito entre a liberdade de se estender conforme o espaço disponível e a obrigação da terra de cumprir seu dever de existir.

05 – O que a autora chama de "malícia do destino" na última estrofe da poesia?

      A autora se refere à "malícia do destino" como a maneira como a grama e as vinhas ardentes representam a partida e a mudança que ocorrem na noite, simbolizando o ciclo da vida e do amor.

06 – Como a poesia retrata a passagem do tempo e a natureza efêmera das emoções humanas?

      A poesia retrata a passagem do tempo através de metáforas visuais e emocionais, mostrando como o tempo deixa marcas duradouras na carne e como o amor e as escolhas na vida podem ser intensificados por essa passagem. Ela também destaca a efemeridade da vida e das emoções humanas, especialmente na última estrofe, onde as uvas são cortadas na "noite afora," simbolizando o ciclo da vida e a transitoriedade das experiências.

 

 

POESIA: POR VÓS, SENHORA - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: Por Vós, Senhora

            Renata Pallottini

"o meu hálito se fez estranho a minha mulher..."
Jó, 19:17

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpgxCYB_il0hzJKdPgnWAOOdw_ogF515BYoQ0tR_uCS36qjGWJqKoKWnZWVYA8TIQecaz2j_zjGsSno3AfPT9Er2zXKtGVtLKnSa6k05CXbiFHCJHQ93MfHRSjYI00o5TqCGiQtqRKWIXg_hBqrGEcXsPKV2XQ1CeG8C-v88_Fx89OyOX2c3DvL7y60mk/s320/JO.jpg


Por vós, Senhora, dei o quanto hei dado:
minha parcela de aflição, incertas
as minhas tíbias mãos, no entanto abertas;
as flores e os afetos consumados.

Também por vós hei sido o quanto hei sido:
regato de cautela, pensamento
por vós pensado, inquieto tempo havido
por vós enlouquecido em sentimento.

Tudo isso é nada, agora que voltastes
a tudo o que vos dei e fiz, as frias
espigas do desprezo e as duras hastes

do tédio. Agora é nada o amor passado
em vós, jamais em mim, que vos daria
Senhora, uma vez mais, o quanto hei dado.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com a poesia, o que o eu lírico deu à "Senhora"?

      O eu lírico deu sua parcela de aflição, flores, afetos, pensamentos e tempo à "Senhora".

02 – Como o eu lírico descreve sua atitude em relação à "Senhora"?

      O eu lírico descreve-se como alguém que foi cuidadoso e pensativo em relação à "Senhora", dedicando tempo e pensamento a ela.

03 – Como a "Senhora" é representada na poesia?

      A "Senhora" é representada como alguém que desprezou e ficou entediado com o amor que o eu lírico lhe ofereceu.

04 – Quais são as emoções principais expressas na poesia?

      A poesia expressa emoções de aflição, amor não correspondido, desprezo e tédio.

05 – Qual é a mudança de atitude do eu lírico em relação à "Senhora" ao longo da poesia?

      No início, o eu lírico expressa ter dado muito de si à "Senhora" com devoção. No entanto, ao final da poesia, ele percebe que o amor dado é agora nada, devido ao desprezo e ao tédio da "Senhora".

 

 

POESIA: ESTA CANÇÃO - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: Esta Canção

              Renata Pallottini

"aquilo que é, já foi;
e aquilo que há de ser já foi;
Deus fará vir outra vez o que já se passou."
Eclesiastes, 3:15

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiufo6qE8K6N-28DDhPgvWZqs_KeH76-8N4jlbfNQE2lJkk8jFGAnsWF-Sl0as5cqPIhciJT1czIzWJk9lO_6SAbf3j_Q9Z5FUWt-sHDr5WKXMzpbDooKsouYZyOHKMCOmbg77uRPVK-jlVMc87c04yR70cCLHPYaJkG28bDCGOyzL2d_hXHVgMuNu_nQo/s1600/LIVRO.jpg



Esta canção rateia a tarde clara
buscando a minha voz que é sua fonte.
Assim voltam os pássaros ao campo,
assim volta o horizonte ao horizonte.

Sou o doido que canta para si,
cônscio de não saber nem do que inventa;
recriando o criado, ele sorri,
ciente de que não faz nem acrescenta.

Tudo já foi, apenas se repete;
este lugar de amor será pregresso
quando for dor a dor que se promete.

Chegou-me agora o que já foi futuro;
assim Deus me prepara o teu regresso
como se planta um poema nascituro.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a fonte de inspiração para a poesia "Esta Canção" de Renata Pallottini?

      A poesia "Esta Canção" de Renata Pallottini é inspirada no livro de Eclesiastes, especificamente no verso 3:15, que fala sobre o ciclo eterno da existência.

02 – Como o poeta descreve a tarde na poesia?

      O poeta descreve a tarde como "clara" na poesia, sugerindo uma tarde luminosa e serena.

03 – Qual é a metáfora usada para descrever o retorno dos pássaros e do horizonte na poesia?

      O poeta usa a metáfora de que os pássaros "voltam ao campo" e o horizonte "volta ao horizonte" para expressar o ciclo repetitivo da vida e da natureza.

04 – Qual é a atitude do poeta em relação à sua própria criatividade?

      O poeta reconhece sua falta de controle sobre sua própria criatividade, afirmando que ele é "cônscio de não saber nem do que inventa."

05 – Qual é a mensagem central da poesia em relação à repetição e ao ciclo da vida?

      A mensagem central da poesia é que tudo na vida segue um ciclo eterno de repetição, e o poeta aceita isso como parte do processo natural da existência.

06 – Como a poesia lida com a ideia de passado, presente e futuro?

      A poesia sugere que o passado, presente e futuro estão interligados, e que Deus está constantemente preparando o retorno de algo que já foi, refletindo a ideia de um ciclo eterno.

07 – Qual é a relação entre a poesia e a criação de um "poema nascituro"?

      A poesia descreve a preparação do retorno de algo que já foi, como se fosse a criação de um "poema nascituro," implicando que o ciclo da vida e da criação está sempre se renovando e se repetindo.

 

 

 

POESIA: QUANDO OS CÉUS SE CERRAREM - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: Quando os Céus se Cerrarem

               Renata Pallottini

"ouve tu então nos céus e perdoa
o pecado do teu povo Israel
e torna a levá-lo à terra
que tens dado a seus pais.
I Reis, 8:34

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSYq5ATOiQesew3gajj1xcZ0elcW1kE2WwS6S2OfTDVGBc54p7vD9lv2HfY54kPDbTL91dHaYSTE3shc4xJZWpXbvA3wDQslvTesXEdK6119jU6LidOXuqP7OQTgpuWaXwUOUYR5vnb5jJ9gE3vgXSkirgNyYe40irEVLxSdIoj3s5y5ImMhhUSj-_H1k/s320/Reis.jpg



Quando os céus se cerrarem, não por seca,
mas por extrema dor, sobre o teu povo,
que pecou contra ti e ainda peca
e pecará, o mísero, de novo,

e houver fome na terra, não de trigo
ou de carne, mas fome de ternura,
para estancar a fúria do inimigo
e a sua enorme e súbita loucura,

ouve do céu, Senhor, ouve e perdoa:
a gente que ontem fez a tua casa
e a fez grandiosa, e a fez dourada e boa

hoje, expulsa do Anjo e de sua asa,
entrepara e pergunta, se esqueceste:
para que herança, ó Deus, nos elegeste?

Renata Pallottiini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a referência bíblica citada no início da poesia?

      A poesia começa com uma referência bíblica de I Reis, 8:34.

02 – O que a poesia descreve como a razão pela qual os céus se fecham?

      Os céus se fecham não devido à seca, mas por causa da extrema dor do povo, que pecou repetidamente.

03 – Como a poesia descreve a fome mencionada na terra?

      A fome mencionada na poesia não se refere à falta de comida, mas à carência de ternura e compaixão para conter a raiva dos inimigos.

04 – O que a poesia pede a Deus nos momentos de sofrimento do povo?

      A poesia pede a Deus que ouça e perdoe, especialmente quando o povo está sofrendo e sentindo a ira de seus inimigos.

05 – Qual é a ênfase dada à construção da casa de Deus na poesia?

      A poesia destaca como o povo construiu uma casa grandiosa, dourada e boa para Deus, mas agora se sente expulso da proteção divina.

06 – Qual é a pergunta final que a poesia faz a Deus?

      A poesia termina com a pergunta: "para que herança, ó Deus, nos elegeste?" Essa pergunta reflete a busca de significado e propósito em meio ao sofrimento do povo.

 

 

POESIA: O CÂNTARO - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: O Cântaro

             Renata Pallottini

"Então, Jacó beijou Raquel e,
levantando a voz,
chorou."
Gênesis, 20: l l

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi66Pe3OMOkNrsiPH_NOnSgtXhMpNlOpGnskd56Yb827v4gpf28r606mNpFw8nSRjsHDj1x4HTTFat19nj7s5jkwWpe1duAa35FvUoFyKL57A2-vvVfjKMjxwqVJWBW1PqXOMjCp6GrpJSfmjA3WqcBSeNHKzcez9BtFn60T4BlO3r4_Vmka0c3U-lZcfI/s320/CANTARO.jpg



O cântaro poreja a água amena
que do poço brotou, e adoça a areia
e que corre nos ombros, e que enleia
pelas espáduas seu frescor moreno.

O lácteo manto que uma brisa ondeia
desenha formas, cujo talho apenas
a tamareira imita, a flor receia,
o vento afaga e a solidão serena.

Vê-la é um momento, desejá-la um sopro,
ouvir-lhe a voz uma doçura eleita,
roçar-lhe a fronte uma revelação.

O amante, incertas mãos, trêmulo corpo,
beija-lhe os olhos, cuja flor desfeita
catorze anos de vida pagarão.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual passagem bíblica é citada no início do poema?

      O poema começa com uma citação de Gênesis 20:11, que diz: "Então, Jacó beijou Raquel e, levantando a voz, chorou."

02 – O que o "cântaro" está fazendo no poema?

      O cântaro está derramando água do poço e refrescando a areia, além de enleiar-se nos ombros de alguém.

03 – Como o poema descreve o efeito da brisa no cenário?

      A brisa desenha formas no manto que uma pessoa usa, e essas formas são imitadas pela tamareira, temidas pela flor, acariciadas pelo vento e trazem serenidade à solidão.

04 – Como o poema descreve a visão da pessoa mencionada?

      A visão da pessoa é descrita como algo fugaz, desejado, e suas formas são comparadas às da tamareira.

05 – Quais são as ações do amante no poema?

      O amante beija os olhos da pessoa mencionada, cuja flor desfeita será paga com catorze anos de vida.

06 – Qual é a tonalidade geral do poema?

      O poema tem uma tonalidade romântica e contemplativa, explorando a beleza fugaz e o desejo apaixonado.

 

 

 

 

POESIA: O PÃO AMARGO - RENATA PALLOTTINI - COM GABARITO

 Poesia: O Pão Amargo

           Renata Pallottini

"Ela foi sentar-se em frente dele a boa distância,
como a de um tiro de arco;
pois disse:
que não veja eu a morte do menino.
Sentada em frente dele,
levantou sua voz e chorou."
Gênesis, 21:16

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKU9FBgGKnmuAsYoKgM8xps3-PxpZbtHKWxjhXhC6fc-z3aNOwssEYfarngB-y43v-xODP0WLNJXjWeuBnj3aAVw0y694_jlMi7vGXuirgQ4BumP3NZ41ephAyjc5ticSHJCqL2UgfahP-6jI0zkFDzVi5ubMUtMO6rz0VaKYo6u7lZxsHOnhJwwnNiQo/s1600/PAO.jpg

O pão amargo e a água consumada
do odre seco em cáustico deserto;
sob o mirrado arbusto a esquiva sombra
se nega pela areia e é como um rastro.

Sem planta fresca, a fruta apetecida
traz a longínqua fixação do incerto;
quando a brasa arenosa for alfombra
tornar-se-á carícia o fogo do astro.

Para a criança adormecida ao braço
o olhar alonga, e faz como se fosse
para nos olhos tê-la, traço a traço.

Lembrando a noite aquela e a face gêmea
que lhe roçara a face em mágoa doce,
a escrava chora a condição de fêmea.

Renata Pallottini.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a referência bíblica mencionada no início da poesia?

      A referência bíblica mencionada é Gênesis 21:16.

02 – Como a poesia descreve o ambiente em que se passa a cena?

      A poesia descreve um ambiente árido e deserto, onde a comida e a água são escassas.

03 – O que a autora sugere sobre a sombra sob o "mirrado arbusto"?

      A autora sugere que a sombra sob o "mirrado arbusto" é evasiva e difícil de encontrar devido à escassez de vegetação.

04 – Como a poesia descreve a esperança da personagem em relação à fruta apetecida?

      A poesia descreve a esperança como uma "fixação do incerto," sugerindo que a personagem anseia por algo distante e incerto.

05 – Qual é o simbolismo por trás da descrição da brasa arenosa como "carícia"?

      O simbolismo sugere que o calor escaldante do deserto, representado pela "brasa arenosa," se transformará em algo suave e reconfortante, como uma "carícia," quando a noite chegar.

06 – O que a escrava chora no final da poesia e por quê?

      A escrava chora a "condição de fêmea" no final da poesia, possivelmente expressando o sofrimento e a vulnerabilidade de sua posição como mulher naquele contexto. Ela também pode estar relembrando uma experiência dolorosa, mencionada na referência bíblica do início da poesia.

 

CONTO: A MENINA ENTERRADA VIDA - LUÍS DA CÂMARA CASCUDO - COM GABARITO

 Conto: A MENINA ENTERRADA VIVA

           Luís da Câmara Cascudo

        Era um dia um viúvo que tinha uma filha muito boa e bonita. Vizinha ao viúvo residia uma viúva, com outra filha, feia e má. A viúva vivia agradando a menina, dando presentes e bolos de mel. A menina ia simpatizando com a viúva, embora não se esquecesse de sua defunta mãe que a acariciava e penteava carinhosamente. A viúva tanto adulou, tanto adulou a menina que esta acabou pedindo que seu pai casasse com ela.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjJAB2h0oeP8aHV2lp9Lp9GT0fFTSzb8WOgo5NddTh9NNJdxNx_Fos40qaQt3tTFr2LEXfUSVOWR0Nr1SWgRX5uEoYHNFPbi-WZyzt2Efjb1pg3gpDyY4vgomZLD0wGYzFMdht4udlBxWQZ0ICA6ailjIkDMoS43-8JGh1g19Pxrp9hhQiQI_V5AmPCVk/s1600/cascudo.jpg


        – Case com ela, papai. Ela é muito boa e me dá mel!

        – Agora ela lhe dá mel, minha filha, amanhã lhe dará fel! – respondia o viúvo.

        A menina insistiu e o pai, para satisfazê-la, casou com a vizinha. Obrigado por seus negócios, o homem viajava muito e a madrasta aproveitou essas ausências para mostrar o que era. Ficou arrebatada, muito bruta e malvada, tratando a menina como se fosse a um cachorro. Dava muito pouco de comer e a fazia dormir no chão em cima de uma esteira velha. Depois mandou que a menina se encarregasse dos trabalhos mais pesados da casa. Quando não havia coisa alguma que fazer, a madrasta não deixava a menina brincar. Mandava que fosse vigiar um pé de figos que estava carregadinho, para os passarinhos não bicarem as frutas.

        A pobre da menina passava horas e horas guardando os figos e gritando – chô! passarinho! quando algum voava por perto. Uma tarde estava tão cansada que adormeceu e quando acordou os passarinhos tinham picado todos os figos. A madrasta veio ver e ficou doida de raiva. Achou que aquilo era um crime e no ímpeto do gênio matou a menina e enterrou-a no fundo do quintal. Quando o pai voltou da viagem a madrasta disse que a menina fugira de casa e andava pelo mundo, sem juízo. O pai ficou muito triste.

        Em cima da sepultura da órfã nasceu um capinzal bonito. O dono da casa mandou que o empregado fosse cortar o capim. O capineiro foi pela manhã e quando começou a cortar o capim, saiu uma voz do chão, cantando:

               Capineiro de meu pai!

               Não me cortes os cabelos…

               Minha mãe me penteou,

               Minha madrasta me enterrou,

               Pelo figo da figueira

               Que o passarinho picou…

               Chô! passarinho!

        O capineiro deu uma carreira, assombrado, e foi contar o que ouvira. O pai veio logo e ouviu as vozes cantando aquela cantiga tocante. Cavou a terra e encontrou uma laje. Por baixo estava vivinha, a menina. O pai chorando de alegria abraçou-a e levou-a para casa. Quando a madrasta avistou de longe a enteada, saiu pela porta afora, e nunca mais deu notícias se era viva ou morta.

        O pai ficou vivendo muito bem com sua filhinha.

           Luís da Câmara Cascudo.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais do conto?

      Os personagens principais são o viúvo, sua filha boa e bonita, a viúva vizinha com sua filha feia e má, e a madrasta.

02 – O que a madrasta faz para agradar a filha do viúvo?

      A madrasta dá presentes e bolos de mel para a filha do viúvo.

03 – Por que a filha do viúvo pede ao pai para casar com a viúva?

      A filha do viúvo pede ao pai para casar com a viúva porque a madrasta a estava agradando com presentes e mel.

04 – Como o viúvo reage ao pedido da filha para casar com a viúva?

      O viúvo responde que a madrasta pode dar mel agora, mas no futuro poderia dar fel.

05 – Como a madrasta trata a filha do viúvo após o casamento?

      Após o casamento, a madrasta trata a filha do viúvo de maneira cruel, fazendo-a passar por privações e trabalho duro.

06 – Por que a madrasta manda a filha vigiar o pé de figos?

      A madrasta manda a filha vigiar o pé de figos para evitar que os passarinhos comam as frutas.

07 – O que acontece quando a filha adormece enquanto vigia os figos?

      Quando a filha adormece, os passarinhos picam todos os figos.

08 – Como a história da menina termina?

      A história da menina termina com a madrasta matando-a e enterrando-a no quintal, alegando que a menina havia fugido.

09 – O que cresce em cima da sepultura da menina?

      Um capinzal bonito cresce em cima da sepultura da menina.

10 – Como a menina é finalmente resgatada?

      A menina é resgatada quando um capineiro vai cortar o capim em cima da sepultura e ouve a voz da menina cantando uma canção. Seu pai a encontra, tira-a da sepultura e a leva para casa, enquanto a madrasta desaparece da história.

 

 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

CONTO: NENHUM, NENHUMA - JOÃO GUIMARÃES ROSA - COM GABARITO

 Conto: NENHUM, NENHUMA

           JOÃO GUIMARÃES ROSA

        No conto Nenhum, Nenhuma, a indefinição do espaço se articula com a questão do tempo, na medida em que todas as referências a espaços indefinidos misturam-se à memória perdida
que o narrador tenta recuperar; o que ele talvez resuma da seguinte forma: As lembranças são outras distâncias….

        A narrativa inicia com o trecho: Dentro da casa-de-fazenda, achada, ao acaso de outras várias e recomeçadas distâncias, passaram-se e passam, na retentiva da gente, irreversos grandes fatos – reflexos, relâmpagos, lampejos – pesados em obscuridade.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg35hjUNDj9_RExItAcP66p8p7BJ6k_E_K8A8evTs1ZeMVTrLqzt936F9qColgbGFd2R5vc3b66Sc11ByVVL3VqSrSNt87SMqiO5A3HYvMzhqEFmKDT0ufyuL_Zu7nzBu1ABWE5ONgehBRfN7jzNyBGUs_bMBOL-8NT9WpRc5XBqOh4GTyKpx6ypMEjv1M/s320/casa-de-fazenda-2.jpg


        A procura pelos fatos da infância que “passaram e passam-se” constitui uma tentativa de descobrir uma verdade misteriosa e inacessível, que se articule e modifique o presente, lançando novas luzes ao futuro.

        O narrador do conto narra em primeira pessoa, com a cumplicidade explícita de sua memória, uma das personagens principais dessa história, tentando também compreender os dilemas que envolvem a aproximação da morte.

        O narrador rosiano caminha como se estivesse perdido no labirinto de suas lembranças, encontrando as saídas após um árduo e doloroso esforço. Ao longo de sua odisseia, ele enfrenta a tensão entre a memória e o esquecimento, no resgate do passado, que não retorna em sua pureza original, mas é fruto de uma singular seleção dos fatos lembrados.

        O narrador faz um enorme esforço de memória, que tanto pode ser entendido com a recuperação de um sonho, ou uma regressão psicanalítica ou até terapia de vidas passadas.

        Tudo o que consegue relatar, de forma nebulosa, imprecisa e fragmentada, é que está de visita em uma casa, em que havia um moço e uma moça que se amavam. Havia também uma velha de idade tão avançada que nem havia mais noção de como chegara
ali. Essa ideia é o motivo dos dois jovens não poderem ficar juntos, pois a moça precisa cuidar dela.

        Desfeito o relacionamento, o menino é levado para sua casa pelo moço. O garoto vê o sofrimento do jovem. É um amor forte. Chegando a sua casa, o pai fala do muro novo que está sendo construído. A mãe está preocupada em ver se a roupa do
filho estava em ordem. O garoto, indignado, berra com os pais, dizendo que eles não sabiam nada do amor, preocupados que estavam com questões tão insignificantes. Percebeu que o pai e mãe se suportavam e tinham transformado seu casamento em
um desastre confortável.

        Do ponto de vista da composição, o conto “Nenhum, nenhuma” apresenta dois eixos bem distintos: o passado e o presente.

        Portanto, relembrando: neste conto, apresenta-se um narrador-personagem que se esforça em relembrar uma experiência de sua infância, mas que não consegue compor integralmente todas as cenas, os detalhes dessa vivência e, por isso, só tem contato
com elementos esgarçados de memória, o que cria uma atmosfera de imprecisão e de incertezas, próprias de quem se esforça por recuperar momentos longínquos do passado. Esse esforço determina dois planos na narrativa: o do passado (infância) e o do presente (memória) que são diferenciados inclusive tipograficamente, no texto impresso.

        Quando criança, o Menino estivera hospedado por vários dias numa fazenda e vira um casal de namorados ter que se separar porque a moça não podia abandonar uma velhinha que parecia teimar em viver, a despeito de sua velhice e doença. Observando
os olhares apaixonados desse casal, o garoto encanta-se com a beleza da moça, sentindo até mesmo raiva e ciúmes do namorado. Aquele amor tão intenso que percebia no jovem casal o fazia pensar que deveria ser perpetuado nas relações e não abrandado
pelas tarefas diárias, como parecia ter ocorrido com o amor que outrora unira os seus pais. Todas essas percepções contribuem para que o Menino descubra a diversidade do sentimento amoroso, ampliando pela experiência o seu conhecimento sobre a vida,
e promovem aprendizagem, amadurecimento.

Guimarães Rosa.

Entendendo o conto:

01 – Como o conto aborda a relação entre memória e tempo?

      O conto aborda a relação entre memória e tempo ao mostrar o narrador tentando recuperar as lembranças de sua infância, que se misturam à memória perdida, criando uma atmosfera de imprecisão e incerteza.

02 – Qual é a situação central que o narrador relembra da sua infância?

      O narrador relembra a situação em que ele estava hospedado em uma fazenda e observou um casal de namorados que teve que se separar devido à obrigação de cuidar de uma velha doente.

03 – Como o narrador reage ao amor intenso observado no casal de namorados na fazenda?

      O narrador se encanta com o amor intenso do casal e sente raiva e ciúmes do namorado. Ele reflete sobre a intensidade do amor e como isso contrasta com a apatia que ele percebeu em seu próprio relacionamento de seus pais.

04 – Como o conto aborda a dualidade entre passado e presente na narrativa?

      O conto diferencia o passado (infância) e o presente (memória) tipograficamente, mostrando como o narrador se esforça para recuperar cenas e detalhes do passado, criando uma atmosfera de imprecisão.

05 – Por que o casal de namorados na fazenda não pode ficar junto?

      O casal de namorados na fazenda não pode ficar junto porque a moça não pode abandonar a velhinha doente, que parece teimar em viver, apesar de sua velhice e doença.

06 – O que o narrador aprende com a experiência do casal de namorados na fazenda?

      O narrador aprende a diversidade do sentimento amoroso e amplia seu conhecimento sobre a vida ao observar o amor intenso do casal, o que o faz refletir sobre seu próprio relacionamento e as tarefas diárias que podem abrandar o amor.