quinta-feira, 7 de novembro de 2019

CRÔNICA: ELA TEM ALMA DE POMBA - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

CRÔNICA: Ela Tem Alma de Pomba
                                              Rubem Braga

  Que a televisão prejudica o movimento da pracinha, não há dúvidas.
       Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois pegar a sessão das oito no cinema.
       Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela, depois outra novela.
        Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão.
         Rádio, a gente pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível com livro – e com tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa.
         Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais do que o desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí, chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma história qualquer para fazer. Por exemplo: quebrar um braço.
        Só não acredito que televisão seja “máquina de fazer doido”.   
        Até acho que é o contrário; ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, fazer doido dormir.
        Quando você cita um inconveniente da televisão, uma boa observação é que não existe nenhum aparelho de televisão, em cores ou em preto e branco, sem um botão para desligar.
        Mas quando um pai de família o utiliza, isso pode produzir o ódio e o rancor no peito das crianças e até de outros adultos. Se o apartamento é pequeno, a família é grande e a TV é só uma – então sua tendência é para ser um fator de rixas intestinais.
             - Agora você se agarra nessa porcaria de futebol...
             - Mas, francamente, você não tem vergonha de acompanhar essa besteira de novela?
             - Não sou eu não, são as crianças!
             - Crianças, já para a cama!
            Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade – num apartamento pequeno e solitário, o grande consolo, a grande companhia.
            A corujinha da madrugada não é apenas a companheira de gente importante, é a grande amiga da pessoa desimportante e só, da mulher velha, do homem doente... É a amiga dos entrevados, dos abandonados, dos que a vida esqueceu para um canto... ou dos que no meio da noite sofrem o assalto de dúvidas e melancolias... mãe que espera filho, mulher que espera marido...homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe... 

Rubem Braga. Revista Veja, n. 375, jul.1976.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.229,230,232.
ENTENDENDO O TEXTO
1)     Quais as possíveis consequências de a televisão haver prejudicado o movimento da pracinha?
As pessoas passaram a se encontrar menos, a ficar mais isoladas.

2)     Segundo o texto, com a televisão, as pessoas passaram a ler menos. Pode-se concluir, a partir do texto, que as pessoas passaram a ouvir menos rádio também? Justifique sua resposta.
Sim, pois no próprio texto afirma-se que com a televisão não é possível nem mesmo conversar.

3)     Segundo o texto, de que maneira a televisão afeta a capacidade de imaginar das crianças?
Ela perturba essa capacidade, uma vez que as crianças, presas à televisão, deixam de brincar e usar a criatividade.

4)     Considerando as respostas dos itens anteriores, responda: Por que a personagem acredita que a televisão seja uma “máquina de amansar doido”?
Porque diminui os movimentos, a criatividade, o contato com as pessoas: de certa forma, amortece os sentidos, faz calar.

5)     A personagem relaciona as críticas à televisão ao botão de desligar. Por quê?
Para lembrar que, se a programação não é boa, é sempre possível desligar a televisão e fazer outra coisa.

6)     Na época em que foi escrito o texto “Ela tem alma de pomba”, havia, em um dos canais de televisão, um programa noturno chamado Sessão Coruja. Na vinheta, havia a corujinha da madrugada mencionada no texto. Essa sessão era exibida no final da programação, próximo à meia-noite. Por que a corujinha poderia ser considerada a amiga das pessoas mencionadas no texto?
Porque servia de companhia para aqueles que, por um motivo ou por outro, ainda estavam acordados durante a madrugada.

    7) Diferenciando-se de outros textos, que normalmente apontam apenas as consequências negativas da existência da TV, o texto de Rubem Braga também aponta aspectos positivos. De acordo com os dois últimos parágrafos do texto:
a) Qual é, essencialmente, o grande mérito da TV?
É o de fazer companhia às pessoas desafortunadas, infelizes.

b) Que pessoas são as que mais necessitam da TV?
Os idosos, os solitários, os deficientes físicos, os angustiados, etc.

c) O que a TV proporciona a essas pessoas?
A vida social, “o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o ‘suspense’, a fascinação dos dramas do mundo”.

   8) O texto intitula-se “Ela tem alma de pomba”. Considerando que a pomba é normalmente associada a significados como pureza, leveza, paz, tranquilidade, espiritualidade, fidelidade (os pombos escolhem um único parceiro por toda a vida), levante hipóteses: Por que o autor deu esse título ao texto?
Resposta pessoal. Sugestão: A pomba é a metáfora da TV. De acordo com a ótica do texto, a TV representa para algumas pessoas a companhia fiel, que oferece tranquilidade e paz para os conflitos interiores.

 9) No último parágrafo, o autor emprega uma metáfora para se referir à TV: “a corujinha da madrugada”. Lembrando que toda metáfora traz implícita uma comparação entre dois elementos, que semelhanças existem entre TV e coruja?
A coruja fica acordada durante a noite, assim como a TV, que também pode ficar ligada a noite inteira.

10)  Na conclusão do texto se lê: “homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe, que a noite passe...”. Que efeito de sentido a repetição da expressão proporciona ao texto?
(  ) Sugere que o homem espera que várias noites seguidas passem.
(x) Sugere que a noite passa muito lentamente e que é angustiante a espera pelo seu fim.

11) Considere a forma como o texto de Rubem Braga aborda o tema e o ponto de vista defendido sobre a TV.
a) De que tipo o texto é, predominantemente?
(  ) narrativo                (  ) instrucional           (x) argumentativo

b) Que tipo de tratamento o texto dá ao tema?
(  ) puramente objetivo e imparcial   
 (x) crítico, mas emotivo         (  ) não crítico, mas emotivo



terça-feira, 5 de novembro de 2019

POEMA: AMOR-PERFEITO - LÚCIA PIMENTEL GÓES - COM GABARITO

Poema: Amor-perfeito
         
     Lúcia Pimentel Góes

É o amor de bebê                   por sua mãe?
ou do papai                             pela mamãe?
ou do vovô                              pela vovó?

Ou dos avós,                           pelos netos?
dos irmãos,                              dos amigos?
dos amados,                            dos adotados,
do povo                                    pela nação?

        HAJA                               CORAÇÃO!!
amor-amora                             perfeito-eleito
namora-namorado                   refeito-peito

Perfeito o feito                         do Amor-Perfeito

        2B     =                             BEBÊ!!!

        Poetando flor. Lúcia Pimentel Góes.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.101-2.
Entendendo o poema:

01 – Nas duas primeiras estrofes, há uma série de perguntas.
a)   O que elas estão questionando?
As questões levam a pensar que tipo de amor é perfeito, se o bebê por sua mãe, do papai pela mamãe, etc.

b)   Se no lugar do ponto de interrogação houvesse um ponto de exclamação, haveria mudança de sentido? Justifique sua resposta.
Sim, pois o texto estaria celebrando o amor-perfeito e não mais questionando-o. 

02 – Em letra maiúscula, a autora dos versos diz: “HAJA CORAÇÃO!!”
a)   Qual o efeito causado pelos dois pontos de exclamação?
Reforçar a observação.

b)   Qual o efeito que a letra maiúscula produz sobre a leitura?
O efeito de grito, de observação que se faz em voz bem alta.

c)   Esses versos encerram a série de questões que falam sobre vários “níveis” de amor. Qual o seu significado?
É preciso ter um coração muito grande para poder caber dentro dele tanto amor.

03 – No poema, Lúcia brinca com os sons, com a imagem visual e com o significado das palavras.
a)   O que pode significar 2B = BEBÊ?
2B pode representar a união de duas pessoas que se amam e que essa união pode resultar em uma nova vida.

b)   A união de 2B resulta BEBÊ. Que relação existe entre esses dois elementos?
Causa e consequência.  

04 – Com base na resposta da questão 3, responda: Qual é o feito (ato) perfeito do amor-perfeito?
      Gerar uma nova vida. 

05 – Existe uma flor chamada amor-perfeito. Vá ao dicionário e procure informações sobre ela.
      Amor-perfeito: s.m. Planta da família das violáceas (viola tricolor), de estípulas foliáceas e corola grande. Violeta tricolor.              

MENSAGEM ESPÍRITA: ANTES DE SERVIR - EMMANUEL - FRANCISCO C.XAVIER - PARA REFLEXÃO

Antes de servir

“Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir.” – Jesus. (Mateus, 20:28.)
Em companhia do espírito de serviço, estaremos sempre bem guardados. A Criação inteira nos reafirma esta verdade com clareza absoluta.
Dos reinos inferiores às mais altas esferas, todas as coisas servem a seu tempo.
A lei do trabalho, com a divisão e a especialização nas tarefas, prepondera nos mais humildes elementos, nos variados setores da Natureza.
Essa árvore curará enfermidades, aquela outra produzirá frutos. Há pedras que contribuem na construção do lar; outras existem calçando os caminhos.
O Pai forneceu ao filho homem a casa planetária, onde cada objeto se encontra em lugar próprio, aguardando somente o esforço digno e a palavra de ordem, para ensinar à criatura a arte de servir. Se lhe foi doada a pólvora destinada à libertação da energia e se a pólvora permanece utilizada por instrumento de morte aos semelhantes, isto corre por conta do usufrutuário da moradia terrestre, porque o Supremo Senhor em tudo sugere a prática do bem, objetivando a elevação e o enriquecimento de todos os valores do Patrimônio Universal.
Não olvidemos que Jesus passou entre nós, trabalhando. Examinemos a natureza de sua cooperação sacrificial e aprendamos com o Mestre a felicidade de servir santamente.
Podes começar hoje mesmo.
Uma enxada ou uma caçarola constituem excelentes pontos de início. Se te encontras enfermo, de mãos inabilitadas para a colaboração direta, podes principiar mesmo assim, servindo na edificação moral de teus irmãos.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - PREPOSIÇÕES - COM GABARITO


Preposições


01 – O homem entrega uma declaração de amor à mulher e no 5º e no 6º quadrinhos se mostra feliz por receber um bilhete dela, mas no 7º quadrinho aparece decepcionado e no último quadrinho descobrimos o porquê. Por que ele ficou triste?
      Porque não era uma carta, era o cartão de um psiquiatra.

02 – Por que você acha que a mulher teve essa atitude?
      Porque ela deve achar que ele está louco ou é um psicopata.

03 – Você concorda com a atitude da mulher? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Releia o bilhete do 2º quadrinho: “Gravei seu nome no meu marca-passo. Você ficará pra sempre em meu coração.”
a)   Há 3 preposições nesse bilhete. Transcreva-as.
      No (em + o), pra, em.

b)   A preposição usada na primeira frase indica:
     (  ) modo                   (  ) meio                    (X) lugar

c)   A última preposição do bilhete indica:
     (  ) modo                   (  ) meio                    (X) lugar

05 – Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, indicando o sentido das conjunções destacadas:

(1) Causa                (4) Fiz a torta com biscoito maisena.
(2) Companhia        (6) O Flamengo jogou com o Fluminense e perdeu.
(3) Instrumento       (2) Chegou com a prima na festa.
(4) Matéria               (5) Dirija com cuidado.
(5) Modo                  (1) Assustou-se com o trovão.
(6) Oposição           (3) Cortou-se com a faca.


TEXTO: COISAS DA LUA - ÁLVARO OTTONI DE MENEZES - COM GABARITO

Texto: Coisas da lua
           Álvaro Ottoni de Menezes

    Há dias em que não entendo muito bem, sabe? Há horas em que quero ficar só no meu quarto, ou no meu canto, desenhando, escrevendo, inventando histórias, inventando amigos, arrumando as coisas da minha cabeça ou das minhas gavetas. E mamãe vem falar que o dia está lindo lá fora.

        Acontece que o meu dia está comigo onde estou.
     Até que aproveito bem o sol, o seu calor para mim é carinho gostoso, como também, às vezes, é bom demais tomar banho de chuva, e sentir as gotinhas de água pipocando no meu rosto. Como há dias que ninguém me segura, quando estou tagarela, falando pelos cotovelos, perguntando tudo, ou chegando em casa toda suada, bem suja, quase desmaiando de tanto brincar com a turma da minha rua onde cada um é mais legal do que o outro.

                     Coisas da Lua. Álvaro Ottoni de Menezes.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p.72-74.
Entendendo o texto:
01 – Você também tem dias em que não se entende muito bem? Assim como a personagem do texto?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – O que acontece com você quando passa por esses momentos? Como se sente? Em que lugar você gosta de ficar? Você prefere ficar sozinho(a)? Prefere desabafar ou fica calado(a)? Fale sobre isso.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Comente a frase: “Acontece que o meu dia está comigo onde estou”.
      O eu lírico faz seu próprio dia, determina a sua qualidade.

04 – Você sente prazer com o sol e com a chuva? Assim como a personagem? Fale sobre isso.
      Resposta pessoal do aluno.


domingo, 3 de novembro de 2019

CRÔNICA: ME DÁ A SUA MÃO - HELENINHA BORTONE - COM GABARITO

Crônica: Me dá a sua mão
               Heleninha Bortone

        Marcos convivia com seus sonhos, numa casa grande demais para seu tamanho. Uma casa que tinha tudo. Piscina, quarto de brinquedos, um pai, uma mãe, duas irmãs moças e quatro empregados.
        Da porta da entrada da casa até o portão era um espaço enorme de jardins e grama. O portão dava para a rua. Lá sim, era animado. Carros passando, gente carregando pacotes, sorveteiros gritando, meninos brincando, muitas coisas alegres. Este era o mundo do outro lado do portão da casa de Marcos.
        Ele passava horas agarrado às grades bonitas. Um dia arriscou uma pergunta, com o coração aos pulos:
        -- Menino, onde você mora?
        Um garoto um pouco maior que ele se aproximou do portão e com a maior naturalidade respondeu:
        -- Moro longe. Você mora nesta casa aqui?
        -- Moro.
        -- Bacana, sua casa, né?
        -- É. Quer entrar?
        -- Quero.
        Marcos correu contente a pedir ao Luís que abrisse o portão. Mas não conseguiu fazer seu novo amigo entrar.
        Marcos voltou ao portão muito sem jeito, não sabendo o que dizer ao menino. Vinha triste e com raiva do Luís. Não entendia ainda que o motorista só cumpria ordens.
        -- Olha, menino, eu procurei a chave do portão mas não achei.
Volta outra hora, tá bom?
        -- Não faz mal. Eu pulo o portão. Pode?
        -- Pode.
        -- Como é seu nome?
        -- Marcos, e o seu?
        -- Meu nome é Zeca. Puxa, você deve ser muito rico, heim? Você tem tudo que quer?
        -- Não.
        -- Ah, então não é rico. Gente rica tem tudo que quer.
        Passaram um bom tempo brincando. Agora, era hora de ir embora, antes que alguém o visse. Marcos disse ao amigo que voltasse outras vezes.
        No quarto dia de espera, Marcos ouviu uma voz vinda do portão.
        -- Marquinhoooo!
        O amigo tinha voltado. Marcos saiu em disparada. Feliz.
        -- Pula logo o portão. Entra.
        Nesse momento, o carro de Dona Lúcia encostava.
        -- Quem é esse menino, Marcos?
        -- É o Zeca, meu amigo.
        Zeca desistiu da subida. Voltou para trás.
        -- Menino, sabia que é muito feio pular o portão da casa dos outros?
        Zeca fez que sim com a cabeça.
        -- Pois então vá para sua casa. Aqui não é pra brincar mais viu?
        Zeca abanou a mão para o Marcos e se afastou.
        -- Quantas vezes te pedi para não conversar com os meninos de rua?
        -- Mas Zeca não é um menino de rua.
        -- Por que você não faz amigos na escola? Podia trazê-los aqui para brincar. Será possível que tenho que te colocar no colégio o dia inteiro? Quem sabe assim você faz amigos...
        Marcos chorou. Foi para o quarto. Enxugou as lágrimas, mas não adiantou. A tristeza não secou.
        A vida voltou ao que era antes. Da escola para casa, televisão, brinquedos, sempre sozinho.
        Numa 2ª feira, quando todos haviam saído, Marcos aproveitou para brincar no portão. Pegou dois carrinhos e imaginando estradas e pontes passou algum tempo. De repente surge o Zeca.
        -- Oi, Marcos, tudo bom?
        -- Oi.
        -- Não vim antes porque não queria que você levasse castigo por minha causa. Vamos brincar?
        -- De que jeito?
        -- Ué, um dum lado do portão, outro do outro. Me dá um carrinho. Você fica com o outro. Vamos imaginar que do meu lado é uma rua, do seu é outra.
        Fizeram isso. Brincaram por mais de meia hora.
        Deste dia em diante Zeca só chegava quando via que Marcos estava sozinho.
        Marcos andava feliz. Pensava: "Puxa, o Zeca é a melhor pessoa do mundo. Nem se importa de ficar de fora do portão". É bem verdade que cansava os braços brincar pela grade, mas valia a pena. Valia a pena qualquer sacrifício para ter o amigo.
        -- Zeca, amanhã à noite acho que vai dar pra você entrar.
        -- Como?
        -- Tem festa. O portão vai ficar aberto. Quando você perceber que já entrou uma porção de pessoas, entra também e me espera no jardim.
        -- Marcos, topa fazer um *trato*?
        -- Topo. Que trato?
        -- De ser amigo pro resto da vida.
        Marcos esticou o braço, deu a mão para o amigo e "fecharam" o compromisso.
        -- Sabe, quando eu crescer vou abrir esse portão.
        -- Claro, aí ninguém vai dizer nada, né?
        Tudo aconteceu conforme o combinado. Zeca entrou, sentou no banco e esperou. Marcos não demorou chegar. Se jogou nos braços do amigo para um abraço.
        Mas o inesperado aconteceu. Dona Lúcia.
        -- Marquinhos, esse não é o menino que vi em cima do portão?
        -- É.
        -- E você menino, não disse que fosse embora? Você é maior que o Marcos, pensei que tivesse mais juízo.
        Marcos continuava agarrado à mão do Zeca.
        -- Marcos, como é que você traz pra casa uma pessoa que não conhece, filho?
        Nesse instante Marcos começou a se defender.
        -- Mãe, o Zeca é meu amigo. Meu único amigo. Aqui não tem ninguém pra brincar comigo. Eu gosto dele. O Zeca faz comida em casa, ajuda a tia e ainda vem todo dia brincar. Pensa que não cansa ficar de braço esticado no portão? Essa casa é muito grande, cabe muito bem o Zeca e eu. O Zeca não é um menino de rua. Lembra aquele carro vermelho? Dei pra ele. E ele já me deu 26 bolinhas de gude. Ele joga, ganha e me dá. Nunca aprendi a jogar. Como é que posso aprender com aquela grade no meio? Pode me colocar no colégio o dia inteiro. Lá também deve ter portão. Fizemos um trato de ser amigos pro resto da vida. O Zeca, mãe... O Zeca é o meu próximo, viu?
        Dizendo isso, Marcos pegou a mão do Zeca e iam se encaminhando para o portão.
        Dona Lúcia tinha um nó na garganta e os olhos cheios d'água. Disse baixinho ao marido:
        -- Chame esses meninos de volta... parecem tão iguais...

     Me dá a sua mão. Heleninha Bortone.
Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série - Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 91-5.
Entendendo a crônica:

01 – Reescreva as frases, substituindo as palavras destacadas por um sinônimo do quadro abaixo:

Desacordo – acordo – vivia junto – queria – previsto – imprevisto – responsabilidade – renúncia.

a)   Marcos convivia com seus sonhos.
Marcos viva junto com seus sonhos.

b)   Valia a pena qualquer sacrifício para ter o amigo.
Valia apena qualquer renúncia para ter o amigo.

c)   Marcos, topa fazer um trato?
Marcos, topa fazer um acordo?

d)   Mas o inesperado aconteceu.
Mas o imprevisto aconteceu.

02 – Onde os meninos se encontram?
      No portão da casa de Marcos.

03 – Como era o mundo em que Marquinhos vivia?
      Morava numa casa muito grande, que tinha tudo, piscina, quarto de brinquedos, um pai, uma mãe, duas irmãs moças e quatro empregados.

04 – Por que o “mundo do lado de lá do portão” era muito melhor do que o seu mundo?
      Porque era animado. Havia muito movimento e alegria.

05 – Identifique, no primeiro parágrafo, uma expressão que comprove que Marquinhos era rico.
      “... numa casa grande demais para seu tamanho”.

06 – Você percebe a diferença entre as expressões “meninos de rua” e “meninos da rua”? Justifique sua resposta e indique que palavras fazem essa diferença.
      Meninos de rua são meninos que geralmente vivem nas ruas. Meninos da rua são meninos que moram numa determinada rua.

07 – Um acontecimento no início da história muda a rotina de Marcos. Que acontecimento é esse?
      O contato com Zeca.

08 – “O amigo tinha voltado. Marcos saiu em disparada. Feliz.” Um conflito interrompe a felicidade de Marcos. Identifique-o.
      O fato de a mãe proibi-lo de ver o Zeca.

09 – “Deste dia em diante Zeca só chegava quando via que Marcos estava sozinho. Marcos andava feliz.”
a)   Uma nova rotina foi estabelecida. Identifique-a.
Marcos não brinca sozinho. Brinca com Zeca.

b)   Desde o começo da história, a rotina de Marcos mudou. O acontecimento que causou essa mudança ainda é o mesmo? Justifique sua resposta.
Sim, pois o acontecimento é o contato com Zeca.

10 – “Mas o inesperado aconteceu”. A que o texto se refere?
      Ao fato de sua mãe descobrir que os dois continuavam amigos.

11 – Qual a influência do acontecimento inesperado sobre o conflito (a proibição da mãe de Marcos)?
      A descoberta da mãe de Marcos.

12 – O último parágrafo determina uma nova mudança. Identifique-a.
      Determina a solução do conflito.

13 – O texto “Me dá a sua mão” é narrativo. Ele pode ser dividido em 5 etapas. Com base nas respostas das questões anteriores, relacione os acontecimentos às etapas a seguir:

·        Situação inicial: Marcos brinca triste e sozinho.

·        Quebra da situação inicial: Marcos conhece Zeca.

·        Estabelecimento de um conflito: A mãe de Marcos proíbe a amizade com Zeca.

·        Clímax (momento de maior tensão na narrativa): A mãe de Marcos descobre que estava sendo desobedecida.

·        Solução do conflito ou estabelecimento de uma nova situação: A mãe de Marcos resolve permitir a amizade.

14 – Quais são as personagens dessa narração?
      Marcos, seu pai, sua mãe, Luís, Zeca.

15 – Que qualidades você atribuiria ao Zeca? E ao Marcos? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

16 – As características comuns as duas personagens são imaginação fértil e criativa, igualdade no modo de pensar. Justifique essa afirmação através do texto.
      Para superar as dificuldades, as personagens encontram soluções criativas como brincar através do portão.

17 – Zeca disse: “—Não vim antes porque não queria eu você levasse castigo por minha causa”. Que sentimento demonstra Zeca com esse gesto?
      De preocupação, amor ao próximo, justiça.


MENSAGEM ESPÍRITA: O ARADO - LIVRO - PÃO NOSSO - EMMANUEL- CHICO XAVIER

O arado


“E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.” – (Lucas, 9:62.)
Aqui, vemos Jesus utilizar na edificação do Reino Divino um dos mais belos símbolos.
Efetivamente, se desejasse, o Mestre criaria outras imagens. Poderia reportar-se às leis do mundo, aos deveres sociais, aos textos da profecia, mas prefere fixar o ensinamento em bases mais simples.
O arado é aparelho de todos os tempos. É pesado, demanda esforço de colaboração entre o homem e a máquina, provoca suor e cuidado e, sobretudo, fere a terra para que produza. Constrói o berço das sementeiras e, à sua passagem, o terreno cede para que a chuva, o sol e os adubos sejam convenientemente aproveitados.
É necessário, pois, que o discípulo sincero tome lições com o Divino Cultivador, abraçando-se ao arado da responsabilidade, na luta edificante, sem dele retirar as mãos, de modo a evitar prejuízos graves à “terra de si mesmo”.
Meditemos nas oportunidades perdidas, nas chuvas de misericórdia que caíram sobre nós e que se foram sem qualquer aproveitamento para nosso espírito, no sol de amor que nos vem vivificando há muitos milênios, nos adubos preciosos que temos recusado, por preferirmos a ociosidade e a indiferença.
Examinemos tudo isto e reflitamos no símbolo de Jesus.
Um arado promete serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que, depois dele, chegam semeaduras e colheitas, pães no prato e celeiros guarnecidos.