domingo, 22 de maio de 2022

SONETO XXXII - GUILHERME DE ALMEIDA - MODERNISMO - COM GABARITO

 Soneto XXXII

            Guilherme de Almeida

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada;
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,


Perfeitamente, exatamente iguais...
– Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltam mais!

Guilherme de Almeida. Disponível em: www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? Infoid=6055&sid=186. Acesso em: 10 out. 2012.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 140-1.

Entendendo o poema:

01 – Lendo o “Soneto XXXII”, percebemos que, em relação ao conteúdo, ele poderia ser dividido em duas partes: uma representada pelas duas primeiras estrofes e outra pelas duas últimas.

a)   Do que trata cada parte do poema?

Na primeira, o eu lírico fala de seus tempos felizes de menino, quando fazia barquinhos de papel e os soltava pela enxurrada. Na segunda, o eu lírico já é moço, adulto, e compara seus ideais a barquinhos de papel, que vão com a enxurrada e não voltam mais.

b)   Que tempo verbal predomina em cada parte e qual a relação dele com o conteúdo do texto?

Na primeira parte, predomina o pretérito imperfeito do indicativo, empregado na descrição do passado do eu lírico. Na segunda parte, predominam o presente do indicativo na terceira estrofe (em que o eu lírico traz o assunto para o presente e constata a semelhança entre seus ideais e os barquinhos) e o pretérito perfeito do indicativo na última estrofe (quando ele compara a perda dos ideais à ida dos barquinhos). 

02 – Na primeira parte do texto, predominam as ideias de felicidade (“tempos felizes de menino”), de realização (“Fazia, de papel, toda uma armada”) e de confiança no futuro (“eu soltava os barquinhos, sem destino”). Que ideias predominam na segunda parte?

      Na segunda parte predominam as ideias de desilusão, de desencantamento (“lá se foram eles!”) e de esperança (“Foram-se embora e não voltaram mais!”).

03 – Transcreva no caderno as alternativas corretas.

a)   Na primeira parte do poema, as frases são mais longas e menos interrompidas pela pontuação.

b)   Na primeira parte, há vários pontos-finais no interior dos versos, o que favorece o suspense da descrição.

c)   A segunda parte traz mais frases curtas que a primeira e outros sinais de pontuação, além das vírgulas e das reticências.

d)   A leitura da primeira parte é mais fluida (fácil, fluente) que a da segunda.

e)   A extensão das frases e a pontuação contribuem para reforçar as ideias expressas em cada parte.

f)    Não se pode afirmar que exista relação entre a pontuação e as ideias expressas no poema.

04 – Esse poema, escrito na primeira metade do século XX, é comovente porque trata de uma questão comum a grande parte das pessoas: a oposição entre um momento de clara felicidade (muitas vezes localizado na infância) e um momento de perda dos ideais, dos sonhos.

a)   Na sua opinião, o que são ideais?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Cada sociedade, em cada época, tem seus ideais: hoje vemos a preponderância dos ideais individualistas e daqueles relacionados à aparência e ao consumo.

b)   Para o eu lírico do poema, a felicidade da infância e os ideais construídos nela seriam muito difíceis de alcançar na vida adulta. Você se identifica com esses pensamentos? O que pensa sobre seus sonhos de infância e seu futuro?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Peça aos alunos se seus sonhos mudaram ou se ainda desejam que aqueles velhos ideais se realizem.

c)   Hoje em dia é comum as pessoas prolongarem a adolescência, adiando o momento de ingressar no mercado de trabalho e sair da casa dos pais. Qual é sua opinião sobre essa atitude?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

POEMA: CANTIGA DE AMIGO - D.SANCHO I - TROVADORISMO - COM GABARITO

 Poema: Cantiga de amigo

            D. Sancho I.

Ai eu coitada!

Como vivo em gran cuidado

Por meu amigo

Que ei alongado!

Muito me tarda

O meu amigo na Guarda!

 

Ai eu coitada!

Como vivo em gran desejo

Por meu amigo

Que tarda e non vejo!

Muito me tarda

O meu amigo na Guarda!

D. Sancho I. In: SPINA, Segismundo. Lírica trovadoresca, op. cit.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 69.

Entendendo o poema:

01 – O eu lírico dessa cantiga é um homem ou uma mulher? Copie um verso que comprove sua resposta.

      É uma mulher. “Ai eu coitada!”.

02 – De que se queixa o eu lírico da cantiga?

      Queixa-se de que o namorado demora a voltar da cidade de Guarda.

03 – Quais são os versos que se repetem nas duas estrofes?

      O primeiro, o terceiro, o quinto e o sexto versos. Apenas o segundo e o quarto versos não se repetem.

04 – De quantos versos são composta cada estrofes?

      Possui 06 versos cada estrofes. Total de 12 versos.

POEMA: CANTIGA DE AMOR MEDIEVAL - D.JOÃO SOARES COELHO - TROVADORISMO -COM GABARITO

 Poema: Cantiga de amor medieval

           D. João Soares Coelho

Noutro dia, quando eu me despedi
da minha Senhora, e quando me fui
e não me falou, nem me quis ouvir,
Foi pena não ter morrido!
Que, se mil vezes pudesse morrer,
essa dor me seria menor de sofrer!


Quando eu lhe disse: "com licença, minha Senhora!”
fez pouco caso e me tratou com desdém;
e, porque não disse nem mal nem bem,
fiquei magoado e com tão grande perturbação
que, se mil vezes pudesse morrer,
essa dor me seria menor de sofrer!


E sei muito bem, quando eu dela me separei
e dali me fui, e não me quis falar,
que, se ali não morri de tristeza,
nunca jamais de tristeza morrerei,
que, se mil vezes pudesse morrer,
essa dor me seria menor de sofrer!

D. Joan Soares Coelho. In: SPINA, Segismundo. Lírica trovadoresca, op. cit.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 67-8.

Entendendo o poema:

01 – O texto lido foi composto para ser cantado e acompanhado por instrumento musical. Para compreendê-lo, faremos inicialmente um levantamento das características de sua forma. Responda no caderno:

a)   Em quantas estrofes o texto se divide?

Divide-se em três estrofes.

b)   Chama-se refrão o recurso caracterizado por um verso ou um conjunto de versos que se repete numa composição poética. No poema lido, quais são os versos que se repetem entre as estrofes?

Os versos “que, se mil vezes pudesse morrer, / essa dor me seria menor de sofrer!”

c)   Qual é o número de versos em cada estrofe, incluindo o refrão?

Seis versos.

d)   Explique qual é o esquema de rimas do poema em galego-português.

O primeiro verso de cada estrofe rima com o quarto, o segundo rima com o terceiro, e os dois versos do refrão rimam entre si.

e)   Além das rimas, um recurso comum em canções, que outra característica da forma pode demonstrar que esse poema foi composto para ser cantado?

A presença de refrão.

02 – Quanto aos significados do poema, o texto revela o desespero do eu lírico. Qual é a causa desse desespero?

      O fato de a mulher amada não ter falado com ele no momento em que foi despedir-se dela.

03 – A ideia de menosprezo também é enfatizada no texto. Copie no caderno os trechos da versão original do poema que fazem referência ao comportamento da mulher diante do eu lírico.

      “E não me falou, nem me quis ouvir,” / “fez pouco caso e me tratou com desdém;” / “e, porque não disse nem mal nem bem,” / “[...] e não me quis falar”.

04 – A maneira como o eu lírico reage ao desentendimento com a amada pode chamar a atenção do leitor de nossa época. Que reação é essa? Copie no caderno os versos que justificam sua resposta.

      Chama a atenção o exagero da reação do eu lírico diante da atitude da amada, a intensidade de seu sofrimento: “que, se mil vezes pudesse morrer, / essa dor me seria menor de sofrer!”

05 – Um sentimento semelhante ao do eu lírico da cantiga foi traduzido em alguns dos versos de uma das canções brasileiras. Copie no caderno os versos da canção que podem ter essa relação com a cantiga.

      Sugestão: “Meu encanto / Estou sofrendo tanto / Amor, e o que é o sofrer / Para mim que estou / Jurado pra morrer de amor?”

 

 



 

domingo, 15 de maio de 2022

POEMA: CANÇÃO DE OUTONO - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

 Poema: Canção de Outono

             Guilherme de Almeida


Estes lamentos
Dos violões lentos
Do outono
Enchem minha alma
De uma onda calma
De sono.

E soluçando,
Pálido, quando
Soa a hora,
Recordo todos
Os dias doidos
De outrora.

E vou à toa
No ar mau que voa.
Que importa?
Vou pela vida,
Folha caída
E morta.

VERLAINE, Paul. Tradução de Guilherme de Almeida. In: LARANJEIRA, Mario. Poética da tradução: do sentido à significância. v. 12. São Paulo: Edusp, 1993. Col. Criação & crítica.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 32.

Entendendo o poema:

01 – Nesse texto há uma queixa, uma lamentação. Que lamenta o eu lírico do poema?

      Lamenta o fato de o tempo ter passado e ele seguir a vida à toa, apenas com algumas recordações.

02 – Releia a última estrofe do poema e reflita sobre o sentido das palavras ar e folhas. Considerando o sentido geral do poema e responda:

a)   O que você entende por “ar mau que voa”?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata-se do ar de outono, que traz para o eu lírico recordações que não lhe fazem bem; o “ar mau que voa” pode ser compreendido como o tempo que passa implacável.

b)   Explique o sentido da palavra folha nos dois últimos versos do poema.

A folha é o próprio eu lírico, que se sente acabado, morto, já que, naquele momento, a vida para ele não tem sentido.

 

PROPAGANDA: DO CONAR - REVISTA VEJA - COM GABARITO

 Propaganda: Do CONAR

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOub9WFIiYTDLQVqZIVbmb8hecOgWP2ilr4Zcv5WrH5ubAxlfvAjUBMTZX-bEYCHHDaS5KA8OshDsk9J0WonXlLnUkO1HX0kCN6ehS6avKNGJ4eUkDzLIzBG4wQq2mImuYttlhO9Rw1m3L57QB8GWewsj1_JbOffTiKLKI-lK_n1F3TOlCCNjyOXq5/w257-h266/conar.jpg

        O CONAR existe para coibir os exageros na propaganda. – E ele é 100% eficiente nesta missão.

        Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”.

        Para o CONAR, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio.

        O CONAR nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela?

        Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao CONAR. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. 

        O processo de julgamento é rápido e desburocratizado. E, em caso de uma clara infração ao Código de Ética, o CONAR pede a suspensão imediata da campanha até que seja realizado o julgamento. Anunciantes, agências de publicidade e veículos aceitam todas as resoluções do CONAR — mesmo que elas acabem por tirar do ar uma campanha em que milhões já foram investidos. Aí você pergunta: “E não tem choro?”. Ao que nós, honestamente, respondemos: “Mas é claro que tem”. Pergunte a qualquer publicitário se ele já teve alguma campanha suspensa pelo CONAR. São grandes as chances de a resposta ser positiva. Agora, pergunte o que ele achou dessa punição. São imensas as chances de a resposta incluir algumas palavras pouco elogiosas dirigidas à nossa séria e respeitável entidade. Mas o CONAR não está preocupado com o seu nível de popularidade entre os publicitários (seria impossível fazer o nosso trabalho se estivéssemos nos importando com isso).

        Estamos muito mais interessados em cumprir a nossa missão, que é fazer com que a publicidade seja sempre honesta, responsável e respeitosa.

        E não meio honesta, meio responsável e meio respeitosa. Isso não existe nem na propaganda, nem na vida.

Revista Veja. São Paulo, Abril, 8 jul. 2009.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 210-2.

Entendendo a propaganda:

01 – As propagandas têm por objetivo seduzir as pessoas, isto é, convencê-las a consumir um produto ou fazê-las simpatizar com a ideia. Qual é o objetivo da propaganda aqui apresentada?

      A propaganda tem como objetivo levar o leitor a conhecer esse órgão de fiscalização e mostrar-lhe que ele tem um ideal pautado na ética.

02 – As propagandas publicitárias costumam englobar uma grande diversidade de elementos: imagens, cores, frases de efeito, etc. Considera-se inclusive, a linguagem visual como um de seus grandes atrativos atualmente. A propaganda lida, porém, não apresenta os efeitos visuais tão comuns a esse gênero de texto. Como você justificaria essa simplicidade visual?

      A propaganda não utiliza esses meios porque privilegia a linguagem verbal, por meio da qual produz argumentos para convencer o leitor. Assim, seu objetivo é chamar a atenção para a seriedade do CONAR, apresenta-lo como um órgão idôneo.

03 – A propaganda lida utiliza um texto do tipo argumentativo e alguns recursos a fim de convencer o interlocutor de seus objetivos. Indique um recurso do texto que torna a propaganda coerente com seu objetivo.

      O fato de o texto publicitário abrir mão do uso do eufemismo pode chamar a atenção do leitor pela sinceridade, fazendo com que ele dê credibilidade ao órgão e possa contatá-lo quando se sentir enganado.

04 – Leia uma das frases que introduzem a propaganda.

        “E ele é 100% eficiente nesta missão.”

a)   O pronome “ele”, sujeito da frase, faz referência a qual termo já mencionado?

O pronome refere-se ao CONAR.

b)   Esse sujeito tem uma importante característica que é apresentada por um predicativo. Qual?

100% eficiente.

c)   Considere os argumentos usados na propaganda e explique a razão de essa frase ter sido riscada.

Como nada é perfeito e o CONAR não admite mentir, a frase foi riscada, ou seja, foi negada na propaganda por meio de um recurso gráfico.

05 – Observe as orações sublinhadas nas frases retiradas da propaganda:

·        Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”.

·        Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao CONAR. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição

·        O processo de julgamento é rápido e desburocratizado. E, em caso de uma clara infração ao Código de Ética, o CONAR pede a suspensão imediata da campanha até que seja realizado o julgamento.

        Pelas orações destacadas, é possível afirmar que o fato foi apresentado sob a perspectiva do sujeito (CONAR) e das ações que ele pratica.

a)   Qual a voz verbal utilizada nas orações?

É a voz ativa.

b)   Reescreva cada excerto destacado, transformando as orações sublinhadas de forma que elas mostrem o fato sob a perspectiva do acontecimento que é gerado pela interferência do CONAR.

Mas esta palavra não é usada por nós simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”.

Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao CONAR. Todas as denúncias são analisadas por ele cuidadosamente e, quando é o caso, a punição é aplicada

O processo de julgamento é rápido e desburocratizado. E, em caso de uma clara infração ao Código de Ética, a suspensão imediata da campanha é pedida pelo CONAR até que seja realizado o julgamento.

c)   Que efeito de sentido o uso da voz ativa traz ao texto?

Ao usar a voz ativa, a propaganda pretende enfatizar o sujeito e suas ações, dando relevo à eficiência do CONAR.

 

 

 

 

 

REPORTAGEM: EU, MEU MELHOR AMIGO - ROSANA ZAKABI - REVISTA VEJA - COM GABARITO

 Reportagem: Eu, meu melhor amigo

                      Rosana Zakabi

          "Eu, meu melhor amigo. A autoestima é a melhor aliada do sucesso na vida pessoal e profissional. Não há idade-limite para conquistá-la." Rosana Zakabi

        Os manuais de autoajuda se incorporaram à vida moderna tanto quanto os telefones celulares ou a internet. Cada vez mais gente encontra inspiração em seus conselhos para perseguir uma vida melhor, seja do ponto de vista material, seja do espiritual. Os títulos de maior sucesso ensinam a ficar rico em pouco tempo, a atrair a sorte para si próprio e a galgar degraus no trabalho rapidamente. Se todos os títulos de autoajuda fossem colocados em uma centrífuga, o conselho fundamental que daí resultaria seria: goste de você, tenha confiança em si mesmo, acredite em sua capacidade. Em resumo: preserve sua autoestima. Os psicólogos são unânimes em afirmar que a autoestima é a principal ferramenta com que o ser humano conta para enfrentar os desafios do cotidiano, uma espécie de sistema imunológico emocional. Ela determina, em última análise, a forma como nos relacionamos com o mundo. "A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos", escreveu ainda no século XVI o filósofo francês Michel de Montaigne. Resume o historiador inglês Peter Burke: "A autoestima é o conceito mais estudado na psicologia social, e há um bom motivo para isso. Ela é a chave para a convivência harmoniosa no mundo civilizado".

        A autoestima é vital não apenas para as pessoas mas também para as famílias, os grupos, as empresas, as equipes esportivas e os países. Sem ela, não há terreno fértil para as grandes descobertas nem para o surgimento dos líderes. Quem não acredita em si mesmo acha que não vale a pena dizer o que pensa. Desde o início da civilização, o mundo é movido a pessoas que confiam de tal forma nas próprias ideias que se sentem estimuladas a dividi-las com os outros.

        [...]

Revista Veja, 4 jul. 2007.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 155-6.

Entendendo a reportagem:

01 – Ao ler o trecho da reportagem “Eu, meu melhor amigo”, já é possível identificar um tema principal.

a)   Qual é esse tema?

A importância da autoestima.

b)   Qual a sua opinião sobre esse tema?

Resposta pessoal do aluno.

c)   De alguma forma, o texto influencia a sua opinião?

Resposta pessoal do aluno.

02 – Vamos estudar os tempos e os modos verbais de alguns parágrafos do texto. Releia então os parágrafos pedidos a seguir:

        1° parágrafo: “Os manuais de autoajuda... no mundo civilizado.” Incorporaram, encontra, ensinam, fossem, resultaria, seria, goste, tenha, acredite, preserve, são, é, conta, resume, há.

        4° parágrafo: “A autoestima é vital... com os outros.” É, há, acredita, acha, pensa, confiam, sentem.

        Agora, copie no caderno e agrupe os verbos indicados de acordo com os tempos e modos verbais em que estão.

      Incorporaram = pretérito perfeito do indicativo; Fossem = pretérito imperfeito do subjuntivo; Resultaria, seria = futuro do pretérito do indicativo; Encontra, ensinam, são, é, conta, resume, há, acredita, acha, pensa, confiam, sentem = presente do indicativo; Goste, tenha, acredite, preserve = imperativo afirmativo (presente).

03 – No texto estudado, aparecem mais as subdivisões dos tempos presente ou futuro?

      Há mais verbos no presente.

04 – Qual das frases abaixo, completa o sentido, copie no caderno, levando em conta às questões anteriores. As subdivisões do tempo passado .......

a)   São mais significativas nos textos narrativos como o conto.

b)   São mais significativas nos textos argumentativos como o artigo de opinião.

       

 

NOTÍCIA: CPFL ENERGIA APRESENTA: PLANETA SUSTENTÁVEL - (ADJUNTO ADNOMINAL)- REVISTA VEJA - COM GABARITO

 Notícia: CPFL Energia apresenta: Planeta Sustentável

            É buscando alternativas energéticas renováveis que a gente traduz nossa preocupação com o meio ambiente

        Sustentabilidade é um conceito que só ganha força quando boas ideias se transformam em grandes ações. É por acreditar nisso que nós, da CPFL, estamos desenvolvendo alternativas energéticas eficientes e renováveis e tomando as medidas necessárias para gerar cada vez menos impactos ambientais. A utilização da energia elétrica de forma consciente, o investimento em pesquisa e o desenvolvimento de veículos elétricos, o emprego de novas fontes, como a biomassa e a energia eólica, e a utilização de créditos de carbono são preocupações que há algum tempo já viraram ações da CPFL. E esta é a nossa busca: contribuir para a qualidade de vida de nossos consumidores e oferecer a todos o direito de viver em um planeta sustentável.

Revista Veja. 30 dez. 2009.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 126-7.

Entendendo a notícia:                                                               

01 – O texto publicitário lido, diferentemente de grande parte dos textos publicitários, não desperta no interlocutor a necessidade de consumo de nenhum tipo de produto. Qual é, então, o objetivo dessa propaganda?

      Destacar a preocupação da empresa com o meio ambiente, o que agrega valores positivos a sua imagem.

02 – O anúncio publicitário foi publicado na revista Veja de 30 de dezembro de 2009, que trazia na capa o seguinte título: Especial 2010 – o ano zero da economia sustentável. Considere essa informação e responda: qual a relação entre essa capa e o anúncio publicado?

      O anúncio enumera alternativas energéticas renováveis a fim de causar menos impacto ambiental, informações que estão relacionadas ao tema de capa da revista já que promovem uma forma sustentável de desenvolver a economia.

03 – Releia o primeiro período do texto, observando os termos sintáticos destacados e sua importância para a construção do sentido do trecho.

        “Sustentabilidade é um conceito que só ganha força quando boas ideias se transformam em grandes ações. [...]”.

a)   Qual a função sintática dos termos destacados?

Adjunto adnominal.

b)   Copie o período omitindo os termos destacados.

Sustentabilidade é um conceito que só ganha força quando ideias se transformam em ações.

c)   A omissão dos termos destacados, em sua opinião, altera o sentido da informação? Explique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sem os adjuntos adnominais a informação torna-se menos forte, mais neutra. Transformar ideias em ações é menos impactante que transformar boas ideias em grandes ações.

04 – Copie o trecho a seguir em seu caderno e, em seguida, faça o que se pede:

        “É por acreditar nisso que nós, da CPFL, estamos desenvolvendo alternativas energéticas eficientes e renováveis e tomando as medidas necessárias para gerar cada vez menos impactos ambientais.”

a)   Sublinhe no caderno os substantivos acompanhados de adjuntos adnominais.

Alternativas; medidas; impactos.

b)   Circule os adjuntos adnominais que acompanham os substantivos sublinhados.

Energéticas, eficientes, renováveis; necessárias; ambientais.

c)   Entre os adjuntos adnominais destacados há dois que completam o sentido do substantivo, isto é, eles não apenas atribuem características aos nomes que acompanham, mas são também uma extensão dos seus significados. Identifique-os no caderno.

Energéticas; ambientais.

d)   Destaque o oposto desse trecho e explique o que se buscou enfatizar na propaganda por meio dele.

O aposto é da CPFL. O aposto da propaganda foi elaborado para destacar o enunciador, colocando-o nominalmente no discurso.

05 – Releia o trecho a seguir:

        “A utilização da energia elétrica de forma consciente, o investimento em pesquisa e o desenvolvimento de veículos elétricos, o emprego de novas fontes, como a biomassa e a energia eólica, e a utilização de créditos de carbono são preocupações que há algum tempo já viraram ações da CPFL.”.

a)   Complete a frase no caderno.

Os substantivos utilização, investimento, desenvolvimento e emprego são abstratos. Nesse trecho, em todas as situações, eles exigem o seguinte termo sintático como complemento:

·        Adjunto adnominal.

·        Objeto direto.

·        Objeto indireto.

·        Complemento nominal.

   b) Os   termos que completam os substantivos são fundamentais para a construção da ideia principal desse texto publicitário. Copie-os.

Da energia elétrica, em pesquisa, de veículos elétricos, de novas fontes, de créditos de carbono.

c)   Esse termos estão dispostos numa enumeração de informações que colaboram para garantir o principal objetivo da propaganda. Identifique e explique qual é esse objetivo.

O objetivo é deixar claros quais são os meios usados pela CPFL para a construção de um mundo sustentável.

 

ROMANCE: O CORTIÇO - (FRAGMENTO) - ALUÍSIO AZEVEDO - COM GABARITO

 Romance: O CORTIÇO – Fragmento  

                Aluísio Azevedo

[...]

        A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. Tinha duas filhas, uma casada e separada do marido, Ana das Dores, a quem só chamavam a “das Dores”, e a outra donzela ainda, a Neném, e mais um filho, o Agostinho, menino levado dos diabos, que gritava tanto ou melhor que a mãe. A das Dores morava em sua casinha à parte, mas toda a família habitava no cortiço.

        Ninguém ali sabia ao certo se a Machona era viúva ou desquitada; os filhos não se pareciam uns com os outros. A das Dores, sim, afirmavam que fora casada e que largara o marido para meter-se com um homem do comércio; e que este, retirando-se para a terra e não querendo soltá-la ao desamparo, deixara o sócio em seu lugar. Teria vinte e cinco anos.

        Neném dezessete. Espigada, franzina e forte, com uma proazinha de orgulho da sua virgindade, escapando como enguia por entre os dedos dos rapazes que a queriam sem ser para casar. Engomava bem e sabia fazer roupa branca de homem com muita perfeição.

        Ao lado da Leandra foi colocar-se à sua tina a Augusta Carne-Mole, brasileira, branca, mulher de Alexandre, um mulato de quarenta anos, soldado da polícia, pernóstico, de grande bigode preto, queixo sempre escanhoado e um luxo de calças brancas engomadas e botões limpos na farda, quando estava de serviço. Também tinham filhos, mas ainda pequenos, um dos quais, a Juju, vivia na cidade com a madrinha que se encarregava dela. Esta madrinha era uma cocote de trinta mil-réis para cima, a Léonie, com sobrado na cidade. Procedência francesa.

        Alexandre, em casa, à hora do descanso, nos seus chinelos, e na sua camisa desabotoada, era muito chão com os companheiros de estalagem, conversava, ria e brincava, mas envergando o uniforme, encerando o bigode e empunhando a sua chibata, com que tinha o costume de fustigar as calças de brim, ninguém mais lhe via os dentes e então a todos falava teso e por cima do ombro. A mulher, a quem ele só dava tu quando não estava fardado, era de uma honestidade proverbial no cortiço, honestidade sem mérito, porque vinha da indolência do seu temperamento e não do arbítrio do seu caráter.

        [...].

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Escala Educacional, 2006.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 146-7.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Arbítrio: opinião, vontade.

·        Chão: despretensioso, sincero.

·        Dar tu: chamar por tu, referir-se a alguém por meio do pronome tu. Pelo costume português, chamam-se por tu apenas as pessoas íntimas.

·        Envergar: trajar, vestir.

·        Fustigar: açoitar.

·        Indolência: preguiça, inércia.

·        Pernóstico: afetado, pretencioso.

·        Proverbial: famoso, sempre citado como modelo de alguma coisa.

·        Teso: áspero, ríspido.

02 – Esse trecho destaca alguns aspectos da vida das personagens Leandra, das Dores, Augusta e Alexandre.

a)   Reproduza o quadro abaixo no caderno e escreva o nome de cada personagem junto ao aspecto que lhe retrata.

·        Organização familiar: Leandra, das Dores.

·        Comportamento: Augusta.

·        Importância que atribui ao papel social: Alexandre.

b)  b) Resuma as informações dadas sobre cada personagem.

Não se sabe se Leandra é viúva ou desquitada, apenas que seus filhos não se parecem entre si. Das Dores já foi casada e, vive, provavelmente, seu terceiro relacionamento. Alexandre é um homem convicto do seu papel social: sua farda policial é o que o distingue dos demais, até de si mesmo, que se permite um comportamento mais relaxado quando não a está vestindo. Augusta, esposa de Alexandre, apresenta comportamento exemplar, mas não por convicção moral, e sim por indiferença às coisas, por apatia.

c)   O narrador, nessas descrições, faz explicitamente algum tipo de julgamento moral? Ou seja, em algum momento ele avalia o comportamento das personagens, sugerindo que suas atitudes estejam certas ou erradas?

O narrador não afirma explicitamente serem certas ou erradas as atitudes das personagens, mas faz pelo menos um comentário, no final do texto.

03 – A descrição do amanhecer no cortiço revela que:

a)   Os animais não tinham acesso ao local.

b)   O lugar era bastante tranquilo nas primeiras horas do dia.

c)   Vendedores de hortaliças eram os primeiros a chegar ao local.

d)   O barulho dos mercadores e o movimento eram grandes desde cedo.

04 – Qual dos personagens citados no trecho era morador do cortiço?

          a) Das Dores.         b) Leandra.              c) Augusta.

05 – “A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a ‘Machona’”, o termo em destaque tem o sentido de

      a) referência       b) vontade        c) implicância        d) apelido.

06 – O narrador emite um juízo acerca do tipo de honestidade da Augusta Carne-Mole, mulher do soldado de polícia, Alexandre. Releia: “[...] honestidade sem mérito, porque vinha da indolência do seu temperamento e não do arbítrio do seu caráter.”

a)   O que você entende por “arbítrio do caráter”?

Trata-se de atitudes que devem ser medidas, ponderadas, levando em consideração a própria consciência, as leis e a moral vigente. Isso exige atitudes e escolhas baseadas na compreensão de cada um sobre o que é considerado certo ou errado.

b)   Por que, segundo o narrador, não havia mérito da honestidade praticada por Augusta?

Segundo o narrador, Augusta era honesta por preguiça, ou seja, porque era mais fácil para ela ser assim, não porque sua honestidade estivesse baseada numa moral sólida envolvendo ponderações e escolhas.