quarta-feira, 8 de maio de 2024

POEMA: RECEITA DE ESPANTAR A TRISTEZA - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

  Poema: Receita de espantar a tristeza

                Roseana Murray

Faça uma careta

E mande a tristeza

Para longe, pro outro lado

Do mar ou da lua.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg9qYyjrJM06GwZEJo-ChcRCpOK0YvNV5h6b5zauaIT3fQDw7g2HgidJrj6RE0NEQcL_y7Z_Qfxu2_UtOOmSCeAYxT-xoBQSy5gq0Wu6dykDGbnb6-WI5SMp3jLR9Qx6PKIGISQ5Al17W7VcNmMMYiYC6i7wqI67byE0aEz-ET2y-qt1sPsrxxocMnLjU/s320/careta.png

Vá para o meio da rua

E plante bananeira

Faça alguma besteira.

 

Depois estique os braços

Apanhe a primeira estrela

E procure o melhor amigo

Para um longo e apertado abraço.


           
Roseana Murray. Receitas de olhar. São Paulo: FTD, 1997.

Entendendo o texto
 01. Os versos do poema que expressam o significado da expressão “espantar a tristeza”, presente no título do texto, é:

        a - ”Vá para o meio da rua

             E plante bananeira”.

        b - “Depois estique os braços

             Apanhe a primeira estrela”.

        c - “E mande a tristeza

            Pra longe, pro outro lado”.

        d - ”E procure o melhor amigo

            Para um longo e apertado abraço”.

  02. O que o poema sugere que você faça para espantar a tristeza?

       a) Ficar sozinho em casa.

       b) Fazer uma careta e mandar a tristeza para longe.

       c) Ir para a cama e dormir.

       d) Ficar quieto e esperar a tristeza passar.

   03. Onde o poema sugere que a tristeza seja mandada?

        a) Para o mar ou para a lua.

        b) Para o jardim.

        c) Para a cidade.

        d) Para o coração.

      04. O que você deve fazer após mandar a tristeza embora?  

        a) Chorar ainda mais.

        b) Ficar quieto e esperar.

        c) Ir para a rua e plantar bananeira.

        d) Ir para a cama e dormir.

    05. Que ação é sugerida após plantar bananeira?

          a) Ficar parado.

          b) Fazer alguma besteira.

          c) Telefonar para um amigo.

          d) Ler um livro.

   06. Qual é o último passo da "receita" para espantar a tristeza?

         a) Procurar um desconhecido.

         b) Pegar uma estrela e abraçá-la.

         c) Ficar em casa sozinho.

         d) Procurar o melhor amigo para um abraço.

 

 

CRÔNICA: LOUCURAS DE VERÃO - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Loucuras de Verão

                Walcyr Carrasco  

 Há duas maneiras de conhecer bem uma pessoa. A primeira é casar. A segunda é viajar junto. Ou pelo menos observar seu comportamento nas férias. Todas as loucuras afloram como cogumelo. Um grupo de amigos trintões alugou uma casa em Camburi, no litoral norte. Arrumaram as malas inundados de felicidade. Pretendiam fortalecer a amizade de anos. Fizeram compras. Cada um levou ainda petiscos variados. O mais madrugador acordou com o canto do galo — sim, no litoral norte ainda há galo cantando, embora não se saiba por quanto tempo. Fez café. Abriu a geladeira, repleta. Escolheu um potinho de patê. Passou no pão e olhou pela janela para contemplar a natureza. Mordeu. O gosto era estranho. Nada que pudesse identificar. Tentou ler a embalagem, em inglês.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhukYOWbSjCyY5pdhn9_6bM9j8XjGSwrw2NMmT2uZbp0LkqSsAoOX81UA0uOm9ka_TAWsXduJBoVaALG3gOx2l34_mgrDnQtZU5wbRkWWCTJKBQ6AOz_5p8jcE8ret7dum93fQ_A7QuyMJq3DKwrlVKI-ynRMGgFWGg9t8w7ezIdskFoR0RuGuLBMAbeOM/s320/camburi.jpeg


— É alguma espécie de creme. Mas do quê? — preocupou-se.

Mordeu de novo. Ouviu-se um grito, Do alto da escada Marcolino, um alto executivo, se desesperava:

-— Largue meu creme rejuvenescedor!

Fórmula importada, caríssima. O outro havia passado quase o pote todo no pão. Um teve dor de estômago. O outro, no bolso. Pior: a geladeira estava repleta de produtos de beleza, e a comida, de fora. Até camarão estava estragando. Deu briga. O vaidoso mudou-se para um hotel. Nem se falam mais.

Minha amiga Lalá é outra que sabe surpreender. Passou meses planejando sua estada nas areias quentes. Quinze dias antes iniciou um tratamento rejuvenescedor à base de ácido retinóico. Mal chegamos à praia da Baleia, avisou:

— Não posso tomar sol.

— E a praia? E o mar?

— Estou gorda para pôr maio. Passear na praia, só de chapéu e protetor solar 45.

Claro que no dia seguinte esqueceu chapéu e protetor. Quinze minutos depois estourou uma bolha no rosto. Saiu correndo antes que a pele derretesse como em um daqueles filmes de terror. A noite parecia um torresmo.

— Por que começar um tratamento desses justamente no verão?

— Você não compreende — ela rosnou.

Quem entende? É incrível o número de pessoas que correm para a praia e passam o tempo todo se escondendo do sol.

Há um lado do paulistano que só surge no verão. Ele se torna, por assim dizer, mais... carioca! Tão correto em sua agenda, perde a exatidão nas férias. Como se o descompromisso fosse essencial nas férias. Já não suporto mais quando telefonam:

— Olha, viemos fazer umas compras, depois vamos comer alguma coisa e aí a gente passa na sua casa.

Observo o sol lá fora. O mar deve estar uma delícia. Devo ficar de plantão?

— Mais ou menos a que horas?

— Lá pelas 4 ou 5. Talvez 6 ou 7.

Suspiro fundo. Pego um livro. Duas páginas depois, adormeço. Acordo com a noite escura e o telefone chamando.

— Oi, tudo bem? O restaurante estava cheio, ficamos exaustos. Voltamos para casa. Não vai dar mais para passar aí. Acho que amanhã de manhã, lá pelas 10...

Começo a rugir. Meus amigos reclamam. Dizem que ando mal-humorado. Mas há vantagens. Eu também me transformo quando vou ao litoral. Viro um paranormal. Minha intuição fica exacerbada, principalmente no tocante à comida. Tenho uma intuição precisa. Se vou visitar alguém, chego sempre na hora do almoço. Em férias os hábitos mudam muito. Mesmo assim nunca perco uma visita.

Bato na porta e sinto o aroma da carne grelhada. Entro com ar surpreso.

— Ih... cheguei na hora certa!

As pessoas sorriem. Na praia ficam mais hospitaleiras. Às vezes alguém comenta:

— Qualquer hora dessas a gente precisa ir almoçar na sua casa.

Quase engasgo com uma folha de alface.

— E, sim. A gente marca.

Espeto o garfo numa fatia de picanha e mudo de assunto.

Como disse, nada melhor para conhecer uma pessoa do que vê-la em férias. A praia faz aflorar, inevitavelmente, meu lado bicão. 

Entendendo o texto

01. O que motivou os amigos trintões a alugarem uma casa em Camburi?

a. Fortalecer a amizade.

b. Fazer compras.

c. Evitar o sol.

d. Conhecer a região.

02. Qual foi a reação de Marcolino ao descobrir que seu creme rejuvenescedor foi usado?

a. Ficou com dor de estômago.

b. Mudou-se para outro país.

c. Gritou desesperadamente.

d. Ignorou o acontecimento.

03. Por que Lalá não pôde aproveitar o sol na praia da Baleia?

a. Estava chovendo.

b. Tinha medo do mar.

c. Estava em tratamento rejuvenescedor.

d. Esqueceu o protetor solar.

04. O que Lalá esqueceu no dia seguinte após avisar que não podia tomar sol?

a. Óculos de sol.

b. Protetor solar.

c. Bolsa de praia.

d. Toalha de banho.

05. Qual característica o autor atribui aos paulistanos no verão?  a. Tornam-se mais caseiros.

b.  Ficam mais descontraídos.

c. Trabalham mais horas.

d. Evitam atividades ao ar livre.

06. O que o narrador acha do comportamento de seus amigos quando marcam visitas durante as férias?

a. Acha divertido.

b. Fica impaciente.

c. Admira a organização deles.

d. Não se importa com os atrasos.

07. Como o narrador descreve sua intuição em relação à comida durante as férias?

a.  Fica menos confiável.

b.  Fica mais confiável.

c.  Desaparece completamente.

d. Não faz diferença.

08. O que o narrador sente ao entrar na casa de amigos na hora do almoço durante as férias?

a. Fome.

b. Felicidade.

c. Surpresa.

d. Raiva.

09. O que o narrador sente ao ouvir alguém sugerir um almoço em sua casa durante as férias?

a. Fica entusiasmado.

b. Fica constrangido.

c. Fica indiferente.

d. Fica com medo.

10. Qual é o principal efeito das férias na personalidade do narrador?

a. Fica mais tímido.

b. Torna-se mais extrovertido.

c. Torna-se menos comunicativo.

d. Fica mais estressado.

 

terça-feira, 7 de maio de 2024

CRÔNICA: PEQUENAS VIRTUDES - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Pequenas Virtudes

                Walcyr Carrasco

 Aceno desesperadamente para um táxi. É final de tarde. Estou próximo da avenida da Liberdade. Tenho os braços sobrecarregados com vários pacotes, contendo quimonos, doces de feijão, molho de soja, peixes secos e outros quitutes orientais. O carro estaciona. Atiro tudo no banco de trás e sento no da frente. Dou o endereço. O melhor caminho seria à esquerda. Ele entra à direita.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE4VlOVmeYZLBowQxTo0cMLHwdvBMnvY1GR83u3fbRNG_pYq6_JkoZLEKQHQIzXtWFz7zP6kTqhNYyign4W4RMq-Y5DaaOFmE6wxtZFtztGf_0YWPMBohwcdp-cFYEuen9ePiUxmHykJ9TamDvELhJi0-8isw48-D7vjom3eooAik87DiV5_yHG9SZQZQ/s1600/liberdade.jpg 

Suspiro. Decido não reclamar. Como discutir e descer no trânsito caótico, com aquela tralha toda? Sinto raiva. Para minha surpresa, ao entrar na avenida, o motorista se surpreende.

— Pensei que pudesse virar aqui. Eu me confundi.

—: Tudo bem — respondo, mal-humorado.

         Ele desliga o taxímetro. Não entendo.    

— Que aconteceu?

— Eu errei o caminho. O senhor só paga a partir do lugar certo.

Protestei. Ele insistiu. A situação se inverteu: eu brigando para pagar, ele dizendo que não. Rodou vários quarteirões. Ligou exatamente onde estaria se tivesse entrado à esquerda e não à direita. Quando desci, ainda me ajudou a carregar os pacotes.

         Estou surpreso até agora.     

Conservo também uma sensação de bem-estar. Verdade seja dita. Algo de bom anda acontecendo. Ainda ouço histórias sobre pessoas que desembarcam na rodoviária e caem nas mãos de motoristas desonestos, capazes de rodar horas a fio para depenar o passageiro. Mas a categoria dos taxistas tem melhorado. Raramente pego um que queira inventar caminho. Lembro até hoje de um táxi que tomei, na época das compras de Natal, há poucos anos. Quando cheguei, o motorista queria bem mais do que o valor da corrida. Brigou porque eu estava cheio de pacotes e me ameaçou quando me recusei a pagar o extra. .Ultimamente, não tenho visto acontecer esse tipo de coisa. A honestidade parece despontar em lugares inesperados. Recentemente, estava na fila do caixa de uma grande locadora. À minha frente, um cliente mostrou dois filmes ao atendente. Pediu a opinião. O rapaz foi sincero.

— Este aqui é muito ruim. E óbvio.

Seguiu-se uma pequena conversa. Ao final, o cliente levou o vídeo. Era o gênero que desejava. Podem argumentar que a locadora treina seus caixas. Mas em outra, muito menor, sempre me aconteceu o mesmo. Clodô, misto de gerente, caixa e supervisor artístico, me advertia:

         — Muito chato. Este é melhor.       

Nem sempre o meu gosto artístico coincidia. Clodô tinha um fraco por filmes de ação. Muitas vezes acabei diante de metralhadoras enfurecidas, agentes de espionagem rodopiando com carros, serial killers esfaqueando donas-de-casa em cozinhas anti-sépticas. A intenção, porém, é o que conta. Esses pequenos toques de honestidade tornam a vida melhor.

Restaurantes costumam me irritar com a questão do troco. Basta pagar em dinheiro para que as moedas nunca cheguem à mesa. Muitos desenvolvem um conjunto de pequenas mesquinharias para o cliente gastar mais. Como cobrar caríssimo pelo converte enviar uns patês safados acompanhando rodelas de pão. Dia desses fui com meu amigo publicitário João Paulo a um novo restaurante asiático, na região dos Jardins. A dona é uma bonita ex-modelo. Veio até a mesa e perguntou o que havíamos pedido. Arregalou os olhos:

-— É muita comida. Cada prato dá para dois. Como dois gordos gulosos, insistimos. Comemos a ponto de ter dificuldade em levantar da mesa.

Também já ouvi, numa loja de sapatos do Shopping Eldorado, o conselho de uma humilde vendedora, que provavelmente vive de comissão.

— Esse modelo não fica bem para o senhor. Diminui o pé. Era verdade. Meus pés pequenos ficavam menores do que já são. Naquele dia não comprei nada. Mas sempre que preciso de um sapato-, apareço. Vivo me defendendo das desonestidades do cotidiano. Por isso dou tanta importância às pequenas virtudes. Apesar da violência e dos tempos tão difíceis, o paulistano está aprendendo a ser um cidadão melhor. Será que sou bobo?

Ando perdido em uma selva de palavras. Existem termos destinados a dar a impressão de que algo não é exatamente o que é. Ou para botar verniz sobre uma atividade banal. Já estão, sim, incorporados no vocabulário. Servem para dar uma impressão enganosa. E também para ajudar as pessoas a parecer inteligentes e chiques porque parecem difíceis. Resolvi desvendar algumas dessas armadilhas verbais.

Seminovo — Já não se fala em carro usado, mas em seminovo. Vendedores adoram. O termo sugere que o carro não é tão velho assim, mesmo que se trate de uma Brasília sem motor. Ou que o câmbio saia na mão do comprador logo depois da primeira curva. E pura técnica de vendas. Vou guardá-lo para elogiar uma amiga que fez plástica. Talvez ela adore ouvir que está "seminova". Mas talvez...

Sale — É a boa e velha liquidação. As lojas dos shoppings devem achar liquidação muito chula. Anunciam em inglês. Sale quer dizer que o estoque encalhou. A grife está liquidando, sim!

Não se envergonhe de pedir mais descontos. Pode ser que não seja chique, mas aproveite. 

Lofi — Quando o lofi surgiu, nos Estados Unidos, era uma moradia instalada em antigos galpões industriais. Sempre enorme e sem paredes divisórias. Vejo anúncios de lofts a torto e a direito. A maioria corresponde a um antigo conjugado. Só não tem paredes, para lembrar seu similar americano. E preciso ser compreensivo. Qualquer um prefere dizer que está morando em um lofi a dizer em uma quitinete de luxo.

Cult — Não aguento mais ouvir falar que alguma porcaria é cult. O cult é o brega que ganhou status. O negócio é o seguinte: um bando de intelectuais adora assistir a filmes de terceira, programas de televisão populares e afins. Mas um intelectual não pode revelar que gosta de algo considerado brega. Então diz que é cult. Assim, se pode divertir com bobagens, como qualquer ser humano normal, sem deixar de parecer inteligente. Como conceito, próximo do cult está o trash. E o lixo elogiado. Trash é muito usado para filmes de terror. Um candidato a intelectual jamais confessa que não perde um episódio da série Sexta-Feira 13, por exemplo. Ergue o nariz e diz que é trash. Depois, agarra um saquinho de pipoca, senta na primeira fila e grita a cada vez que o Jason ergue o machado.

Workshop — E uma espécie de curso intensivo. Existem os bons. Mas o termo se presta a muita empulhação. Pois, ao contrário dos cursos, no workshop ninguém tem a obrigação de aprender alguma coisa específica. Basta participar. Muitas vezes botam um sujeito famoso para dar palestras durante dois dias seguidos. Há alunos que chegam a roncar na sala. Depois fazem bonito dizendo que participaram de um workshop com fulano ou beltrano. A palavra é imponente, não é?

Releitura — Ninguém, no meio artístico ou gastronômico, consegue sobreviver sem usar essa palavra. Está em moda. Fala-se em releitura de tudo: de músicas, de receitas, de livros. Em culinária, releitura serve para falar de alguém que achou uma receita antiga e lhe deu um toque pessoal. Críticos culinários e donos de restaurantes badalados adoram falar em cardápios com releitura disso e daquilo. Ora, um cozinheiro não bota seu tempero até na feijoada? Isso é releitura? Então minha avó fazia releitura e não sabia, coitada. O caso fica mais complicado em outras áreas. Fazer uma releitura de uma história não é disfarçar falta de ideia? Claro que existem casos e casos. Mas que releitura serve para disfarçar cópia e plágio, serve. Seria mais honesto dizer "adaptado de..." ou "inspirado em...", como faziam antes.

Daria para escrever um livro inteiro a respeito. Fico arrepiado quando alguém vem com uma conversa abarrotada de termos como esses. Parece que vão me passar a perna. Ou a culpa é minha, e não sou capaz de entender a profundidade da conversa. Nessas horas, fico pensando: será que sou bobo? Ou tem gente esperta demais?

Entendendo o texto

01. O narrador acena desesperadamente para um táxi porque:

a) Está perdido na cidade.

b) Precisa transportar vários pacotes.

c) Quer evitar o trânsito caótico.

d) Está com pressa para chegar em casa.

     02. O motorista do táxi erra o caminho porque:

           a) Não conhece bem a cidade.

           b) Se confunde com as direções.

           c) Está distraído com a conversa.

           d) Quer prolongar a corrida.

    03. O motorista desliga o taxímetro porque:

           a) Quer agradar o passageiro.

           b) Está com problemas no carro.

           c) Errou o caminho propositalmente.

           d) Pretende cobrar mais no final.

    04. Como o narrador se sente ao perceber a honestidade do taxista?

          a) Desapontado.

          b) Surpreso e bem-humorado.

          c) Desconfiado.

          d) Indiferente.

    05. Qual é a opinião do narrador sobre a categoria dos taxistas atualmente?

          a) Acredita que piorou nos últimos anos.

          b) Considera-os geralmente desonestos.

          c) Observa uma melhora na honestidade.

          d) Não tem uma opinião definida.

   06. Por que o narrador dá importância às "pequenas virtudes"?

           a) Para parecer inteligente.

           b) Porque se defende das desonestidades do cotidiano.

           c) Porque quer ser um cidadão melhor.

         d) Porque tem medo de ser passado para trás.

    07. O narrador menciona uma experiência negativa em:

          a) Uma locadora de carros.

          b) Um restaurante.

          c) Uma loja de sapatos.

          d) Uma loja de eletrônicos.

    08. Qual é a crítica do narrador sobre a questão do "troco" nos restaurantes?

          a) O serviço é sempre excepcional.

          b) O troco nunca é dado ao cliente.

          c) Os clientes recebem sempre moedas na mesa.

          d) Os restaurantes cobram caro por itens adicionais.

   09. O narrador cita um conselho que recebeu de uma vendedora em uma loja de sapatos. Qual foi esse conselho?

          a) Não comprar um modelo específico de sapato.

          b) Comprar um sapato maior para conforto.

          c) Escolher um sapato mais caro.

          d) Ignorar os modelos disponíveis.

 10. Como o narrador se sente em relação aos termos utilizados para dar uma impressão enganosa?

          a) Desinteressado.

          b) Confuso.

          c) Desconfiado.

          d) Preocupado com a manipulação.

 

CRÔNICA: ESPLENDOR EM RUÍNAS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 CRÔNICA: Esplendor em Ruínas

                    Walcyr Carrasco

         Sou um otimista. Acho que o paulistano tem vontade de viver numa cidade bonita. O entusiasmo é maior agora, com a mudança na prefeitura. Mas, entra ano, sai ano, eu vejo construções interessantes transformarem-se em ruínas. E me pergunto: até quando? Cada casa antiga que cai é um pedaço do passado que desaparece. Não estou falando em critérios técnicos. Talvez para mim seja linda uma casa que não receba nenhum aval como monumento importante. Isso aconteceu com a antiga (e demolida) mansão dos Matarazzo, na avenida Paulista. Li várias reportagens em que criteriosos profissionais afirmavam que ela não tinha valor arquitetônico. 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitn8RE-ou9rECFuUlVzxyGPWTHYDGdTMY-4zTBMAijS8ualK6DrWjA66ev6ayryKGmoHtjw8cCHJ83PqvpLFVoHmx41xTYa8hfL-bCNz7VPRVFr9D_PX05JoDZOSKcTkItP0RVXwO_Ei1x6Mews8mJN2urg-ueHeEkA_ijT0Ncg2VUVZ1uEnTOwRJnsA0/s320/MANSAO.jpg


Nunca entendi essa opinião puramente técnica. Era um belíssimo palacete, que remetia à São Paulo antiga, e guardava um pouco de história em cada um de seus tijolos. Hoje é estacionamento. O que é melhor? O palacete ou o estacionamento?

Tenho um amor especial pela Vila Itororó, na rua Martiniano de Carvalho. Inaugurada nos anos 20, abrigou a primeira piscina pública da cidade. Quem vê de perto fica surpreso. Erguida em um barranco, possui vários andares sustentados por colunas altíssimas. Uma estátua de ferro da deusa da prosperidade enfeita a entrada da casa ao nível da rua. Dois leões guardavam a entrada. Guardavam. Não é à toa que usei o verbo no passado. Passei em frente um dia desses, e um dos leões estava em cacos no chão. Em torno existe um belo conjunto de casas antigas. A vila converteu-se, há décadas, em um grande cortiço. Tem lixo na frente. Nem sei se está tombada. Mas, se estiver, de que adianta, se vai acabar como entulho?

        Não é o único monumento abandonado, mas é simbólico.

        Eu me pergunto: por que tantos governos preferem construir centros de concreto, como o causticante Memorial da América Latina, em vez de recuperar o que já existe? Recentemente procurei fazer um contato no governo estadual, por causa de um antigo colégio japonês. E uma grande casa em estilo oriental, construída no início do século passado para abrigar os imigrantes japoneses. Ficaram de me procurar para que eu desse mais detalhes e a localização. Há meses. Ninguém mais falou comigo. E o castelinho da São João? Foi cedido para uso de uma instituição. Continua em decadência. Se possui o tal selo de valor arquitetônico, não sei. Mas é uma obra original, com identidade. Vale a pena deixar que um dia vire terreno baldio?

        Nem tudo está perdido. Conheço o dono de uma editora de porte médio que, ao buscar uma sede para sua empresa, teve uma ótima ideia. Resolveu comprar uma casa tombada. Justamente por serem tombadas, essas casas acabam tendo um valor de mercado menor, embora às vezes a localização seja excelente. Como a ideia-padrão do empresário comum é comprar para demolir, ou revender pelo triplo, boa parte delas termina ficando abandonada. Meu amigo editor comprou a casa que pertenceu ao arquiteto Ramos de Azevedo na Liberdade. São 5.000 metros quadrados de terreno, com jardim, cocheira, telhado de ardósia, grades de ferro batido. Mesmo localizada no agitado bairro da Liberdade, quando entrei tive a impressão de que estava fora da cidade. Passarinhos cantavam. Um belo jardim. Árvores. Restaurada, ficou lindíssima, confortável, e os funcionários sentem orgulho em trabalhar em um lugar tão agradável.

        Não acredito que se deva largar o corpo à espera de soluções que venham da prefeitura ou do governo, embora sua atuação seja fundamental. Mas quantos casarões, colégios, prédios maravilhosos não se encontram a ponto de virar ruínas? Se o paulistano está realmente interessado em viver em uma cidade mais agradável, é preciso não perder mais tempo e tomar consciência do que ainda pode ser salvo!

Entendendo o texto

01 – Qual é o tema principal abordado por Walcyr Carrasco nesta crônica?

a) A história da arquitetura em São Paulo.

b) A importância da preservação do patrimônio histórico.

c) A transformação urbana da cidade.

d) A política municipal na conservação de monumentos.

02 – Por que o autor menciona a antiga mansão dos Matarazzo na Avenida Paulista?

           a) Porque era um exemplo de construção moderna.

           b) Porque o autor trabalhou lá durante anos.

           c) Para exemplificar como um edifício histórico foi demolido.

           d) Porque foi tombada como patrimônio histórico.

03 – Qual é a visão do autor sobre a transformação da Vila Itororó?

a) Ele acha que deveria ser demolida para novas construções b) Ele lamenta a decadência e abandono do local.

c) Ele acredita que é um exemplo bem-sucedido de restauração.

d) Ele acha que o local não possui valor histórico.

04 – Por que o autor questiona a construção de "centros de concreto" em vez da recuperação do patrimônio existente?

        a) Ele acredita que os centros de concreto são mais baratos.

        b) Ele não gosta da arquitetura moderna.

        c) Ele prefere investir em novas construções.

        d) Ele valoriza a preservação da identidade histórica da cidade.

 05 – Qual é a atitude positiva destacada pelo autor em relação à preservação do patrimônio?

        a) Compra de propriedades históricas para restauração.

        b) Demolição de edifícios antigos.

        c) Abandono de casas tombadas.

        d) Ignorar o valor histórico das construções.

 06 – O que aconteceu com o castelinho da São João, mencionado na crônica?

        a) Foi restaurado e aberto como museu.

        b) Foi demolido para dar lugar a um parque.

        c) Foi cedido para uso institucional, mas continua em decadência.

         d) Foi reformado e transformado em espaço cultural.

 07 – Qual é a ideia padrão do empresário comum em relação às propriedades históricas?

        a) Preservar e restaurar.

       b) Comprar para demolir ou revender com lucro.

       c) Doar para organizações de preservação.

       d) Ignorar completamente o valor histórico.

 08 – Qual é o exemplo positivo de preservação apresentado na crônica?

       a) Restauração de um prédio moderno no centro da cidade.

       b) Demolição de uma casa histórica na Liberdade.

       c) Uso institucional de um patrimônio tombado.

       d) Compra e restauração de uma casa tombada para sede de uma editora.

 09 – O que o autor acredita ser necessário para a preservação do patrimônio histórico?

       a) Investimento exclusivo do governo.

       b) Consciência e ação da população.

       c) Demolição de edifícios antigos.

       d) Implementação de novos projetos arquitetônicos.

 10 – Qual é a principal mensagem transmitida pelo autor nesta crônica?

       a) A indiferença em relação ao patrimônio histórico.

       b) A necessidade de ações concretas para preservar o passado.

       c) A preferência por construções modernas em detrimento das antigas.

       d) A dependência exclusiva dos governos na preservação histórica.

 

 

POESIA:PALACIANA "GLOSA" - MANUEL MARIA DE BARBOSA DU BOCAGE - COM GABARITO

 POESIA: PALACIANA “GLOSA”

               Manuel Maria de Barbosa du Bocage

MOTE

Almas, vidas, pensamentos.

GLOSA

Calções, polainas, sapatos,
Percevejos, pulgas, piolhos,
Azeites, vinagres, molhos,
Tigelas, pires e pratos:
Cadelas, galgos e gatos,
Pauladas, dores, tormentos,
Burros, cavalos, jumentos,
Naus, navios, caravelas,
Corações, tripas, moelas,
Almas, vidas, pensamentos!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLm4qlGEosKk0M-Iau_vcy6gskOcJ5xL-3pXVOFj9Ab__60RMFuXIrWqug0MH7lNKBDu0aGS4NJFRge_CpmsJn1lvhZCWsA5dSUa4AMsDqPR4G_uqKhZFQpeqFtFPIzQm5ExHEookpEqW-_IfcPhv_731htRQ5UvuTBDV9aM2rXo84krDZhsg6dF7_LRE/s320/ALMAS.jpg


Manuel Maria Barbosa du Bocage. In: LAJOLO, Marisa (Seleção de textos, notas, estudos biográficos e críticos). Bocage. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1990. p. 88.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 119-120.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo.

·        Mote: motivo prévio, tema inicial composto de poucos versos. Pode ser uma cantiga popular, um poema, um provérbio, um trocadilho ou mesmo uma criação original do próprio poeta.

·        Glosa: estrofe que retoma e desenvolve o mote.

·        Galgos: cães muito ágeis, de pernas compridas e abdômen estreito.

02 – Embora a poesia de Bocage seja composta de palavras muito diferentes, há nele uma coerência interna. Observe atentamente cada um dos versos e explique que tipo de relação pode ser estabelecida entre das palavras que os compõem e entre eles.

      As três palavras que compõem o mote da poesia – “Almas, vidas, pensamentos” – são interpretadas por Bocage como pertencentes ao mesmo campo semântico. Dessa forma, ele desenvolve uma glosa composta de nove versos novos, estruturados em três palavras de mesmo campo semântico, para dar continuidade ao esquema proposto no mote. Disso decorre a coerência textual.

03 – Baseando-se nas definições de Mote e Glosa, você defenderia que a poesia de Bocage segue o padrão dos poemas medievais, ou seja, os versos que compõem a glosa retomam e desenvolvem um mote (motivo, tema)? Justifique.

      Não, na poesia de Bocage o mote não é propriamente desenvolvido, Ele serve apenas de inspiração formal para que o poeta escreva a glosa.

04 – O que é a estrutura principal desta poesia?

      A poesia "Glosa" é uma composição estruturada como uma lista de palavras em forma de verso, organizada em rima.

05 – Quais elementos cotidianos são mencionados na lista de palavras?

      A poesia faz uma enumeração de objetos e seres cotidianos, como calções, polainas, sapatos, percevejos, pulgas, piolhos, azeites, vinagres, molhos, tigelas, pires, pratos, cadelas, galgos, gatos, pauladas, dores, tormentos, burros, cavalos, jumentos, naus, navios, caravelas, corações, tripas, moelas.

06 – Qual é a intenção do autor ao listar esses objetos e seres?

      O autor parece fazer uma reflexão sobre a diversidade da existência e a complexidade do mundo através da enumeração caótica de elementos mundanos e vivos.

07 – O que a poesia sugere sobre a natureza da vida e do pensamento?

      A poesia sugere uma visão da vida como uma sucessão caótica de elementos e seres diversos, refletindo a complexidade e a diversidade da experiência humana e da mente.

08 – Como os versos finais ("Almas, vidas, pensamentos!") resumem o tema geral da poesia?

      Os versos finais enfatizam a profundidade e a essência da vida humana, apontando para a interioridade dos seres por trás da multiplicidade de formas e experiências enumeradas ao longo da poesia.