quinta-feira, 19 de outubro de 2023

ARTIGO DE OPINIÃO: A PROPAGANDA DOS POETAS. E OS POETAS DA PROPAGANDA - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A propaganda dos poetas. E os poetas da propaganda.

                Ulisses Tavares

        Em setembro, tive a alegria de ser um dos coordenadores da Primeira Semana de Poesia da Escola Superior de Propaganda e Marketing-ESPM- de São Paulo. Muitas e variadas atrações, com pesos pesados da crítica literária e da poesia brasileira.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirG4Z-kE2LK6vxQ5Gy77af763TTW8BDXUSe0UtsMZsaoiKpdxdFOz1Q6KBz2lZlKT7BjrUxyr1MxDg-8I2fJONre1BITgn7053otCSh9Z1OiOgxyhHxtTLMO0uvdeiEmbhZ-iWuGs0AfoR1vk7YWVGDsDzDbaX9r6xGdzm62gMlJ_BuOZXHT8mnt8IZY8/s1600/PROPAGANDA.jpg


        E tive a tristeza de constatar o óbvio: os universitários, com as poucas exceções de sempre, não parecem se entusiasmar pelo tema literatura, mesmo sendo de graça e de alta qualidade como neste evento da Espm.

        Perderam, assim, a chance de compartilhar a sabedoria atualizada de um Cláudio Willer, de um Carrascoza, de um Franceschi, de um Mauro Salles e, até, a performance do ator Pascoal da Conceição que tirou as calças e, de bunda de fora, deu um show sobre Mário de Andrade e o modernismo.

        Meu lado poeta ficou revoltado, mas meu lado publicitário, mais cínico, me consolou: esses jovens que não se ligam em leitura irão se ferrar em breve. Como é que alguém pode pretender trabalhar em marketing e propaganda se não gosta de ler? Em mais de 30 anos de profissão, nunca conheci um publicitário de sucesso que não gostasse de ler! Simplesmente porque é impossível viver o dia-a-dia da propaganda sem uma boa bagagem cultural. Na minha área, por exemplo, a Criação, as ideias surgem e se concretizam das mais diversas fontes: da moda, da informação factual, do vocabulário, da filosofia, da psicologia, da história, da geografia, enfim, de todos os ramos do conhecimento humano. Sem ser curioso e ser muito lido, o próprio mercado rejeita o sem-leitura na primeira entrevista de seleção.

        É mais fácil alguém que não gosta de ler virar presidente da república que publicitário de sucesso.

        Por isso, no próximo evento da Espm, pois muitos outros virão, já que sua diretoria é de apaixonados pela literatura, meu conselho de puta-velha é: compareçam e aproveitem, meninos, antes que seja tarde demais.

        O estudante que não compareceu às palestras, mesas-redondas e recitais, achando que poesia não tem nada a ver com propaganda, se passou um diploma de burraldo com louvor.

        Grande parte dos nossos maiores escritores e poetas foi (e assim ainda é) dependente da propaganda para sobreviver.
           O que também não é nenhuma novidade: o primeiro poeta que colocou seu talento a serviço do processo de venda de produtos, serviços e ideias (sim, o nome disso hoje é o tal de marketing, aluno alienado!) foi o maior poeta latino, Virgílio. Há mais de 2 mil anos atrás, ele ficou 8 anos escrevendo os 4 volumes do imenso poema Geórgicas. E não porque quisesse. Era para ganhar a vida mesmo. O hiper poema foi encomendado pelo imperador de Roma para convencer as pessoas a voltarem a trabalhar com prazer no campo, já que não cabia mais ninguém na cidade. Leiam e irão ver que o poema é quase um tratado de agricultura.

        Resumindo, propaganda pura e simples.

        A seguir, divirtam-se com uma seleção de exemplos da língua portuguesa:

        Fernando Pessoa, que dispensa apresentações, em 1928 meteu-se na propaganda e criou o slogan da Coca-Cola, produto recém-chegado ao seu Portugal: “Primeiro, estranha-se! Depois, entranha-se!” O slogan chegou a ter sua utilização proibida, pois as autoridades consideraram que ele insinuava que a Coca-Cola continha substâncias tóxicas. No que o autor deste artigo concorda, pois é viciado nela.

        Casimiro de Abreu, outro clássico, criou a propaganda do Café Fama: “Ah! Venham fregueses! / E venham depressa! Que aqui não se prega / Nem logro, nem peça.”

        Olavo Bilac, aquele do ouvir estrelas ensinado nas escolas do antigo primário, hoje fundamental, fez a propaganda do Fósforos Brilhante com estes versos: “Aviso a quem é fumante / Tanto o Príncipe de Gales / Como o Dr. Campos Salles / Usam Fósforos Brilhante.”

        Ernesto de Souza, em 1918, criou um hit poético-publicitário que todo mundo lembra geração após geração, para o remédio Rhum Creosotado: “Veja ilustre passageiro / o belo tipo faceiro / que o senhor tem a seu lado. / E, no entanto, acredite, / quase morreu de bronquite, / salvou-o Rhum Creosotado.”

        Augusto dos Anjos, aquele poeta da morte e dos vermes corroendo nossas putrefatas carnes, fez inúmeras propagandas em versinhos, com muita repercussão. Uma delas foi esta, para uma loja de roupas importadas: “Nesta cidade onde o atraso / Lembra uma cara morfética / Fez monopólio da estética / A Loja do Rattacaso.”

        Bastos Tigre e Ary Barroso, em 1934, lançaram a cerveja Brahma em garrafa, grande novidade da época já que, até então, só existia cerveja em barril: “O Brahma Chopp em garrafa, / Querido em todo o Brasil, / Corre longe, a banca abafa, / Igualzinho o de barril.”

        A lista é infindável, mas meu espaço não, por isso paro aqui. Mas aproveito para reiterar (é a mesma coisa, em propaganda, que a gente chama de stressar) que estudante de comunicações que não curte ler, nem ama a literatura, vai ter um problema prático logo de cara quando tentar virar profissional: seus futuros patrões são leitores compulsivos. E, também por causa disso, muito espertos e sabidos.

        Aliás, vários deles estavam lá, na Semana de Poesia da Espm. E outros tantos estarão nas próximas. Jovem que não for, dançou, marcou bobeira. Amém.

Ulisses Tavares, poeta nas horas plenas, publicitário nas horas vagas.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Qual foi o evento mencionado no artigo que o autor coordenou em setembro?

      O autor coordenou a Primeira Semana de Poesia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo.

02 – Por que o autor ficou revoltado durante o evento?

      O autor ficou revoltado porque percebeu que a maioria dos universitários não demonstrou entusiasmo pela literatura, mesmo com a presença de figuras importantes da crítica literária e poesia brasileira.

03 – Qual é o conselho do autor para os estudantes que não compareceram ao evento da ESPM?

      O autor aconselha os estudantes a comparecerem e aproveitarem os eventos de literatura, pois acredita que é essencial para o sucesso na área de marketing e propaganda.

04 – Quem é considerado o primeiro poeta a se envolver em propaganda?

      O primeiro poeta a se envolver em propaganda foi Virgílio, um poeta latino que escreveu as "Geórgicas" a pedido do imperador romano para promover a agricultura.

05 – Quais são alguns exemplos de poetas famosos que também participaram na criação de slogans publicitários?

      Fernando Pessoa, Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, Ernesto de Souza, Augusto dos Anjos, Bastos Tigre e Ary Barroso são alguns dos poetas mencionados no artigo que contribuíram com slogans publicitários.

06 – Qual é o ponto que o autor enfatiza sobre a importância da leitura na área de marketing e propaganda?

      O autor enfatiza que a leitura é essencial na área de marketing e propaganda porque as ideias e inspirações surgem de diversas fontes culturais e literárias.

07 – Como o autor descreve a relação entre a literatura e a propaganda?

      O autor sugere que muitos poetas e escritores tiveram que se envolver em propaganda para sobreviver, indicando uma ligação histórica entre as duas áreas.

08 – Qual é a importância do evento da ESPM mencionado no artigo?

      O evento da ESPM é importante porque oferece a oportunidade de os estudantes se envolverem com a literatura e, assim, adquirirem uma bagagem cultural fundamental para futuras carreiras em marketing e propaganda.

09 – O que o autor diz sobre o perfil dos futuros patrões na área de comunicações?

      O autor afirma que a maioria dos futuros patrões na área de comunicações são leitores compulsivos, inteligentes e bem-informados, o que pode ser um desafio para estudantes que não gostam de ler.

10 – Como o autor encerra o artigo em relação à participação dos jovens nos eventos da ESPM?

      O autor encerra o artigo enfatizando que os jovens que não participam dos eventos da ESPM perderão a oportunidade de se envolver com profissionais experientes e apaixonados pela literatura na área de comunicações.

 

 

CRÔNICA: HORÓSCOPO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 CRÔNICA: HORÓSCOPO

              Carlos Drummond de Andrade

        -- Telefonaram do escritório, bem. Seu chefe mandou perguntar por que você não foi trabalhar?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0qCL7boqlhXy1ixf5pXOouxCrCoCc60qm_Udn0OG370jzTRdAj5Xqa7_jbeG56J4j-7ffBZcVEp26bI3z8UvhV2p0D4uAJdt1HD537vGGdYTCL8EWPssK3tNYJP4p-R53F7TCS0vrTQ5UlH4YAsDocDJ_Fa3yrLO2nciKWaSIINsCjX9cT0ChbVVeeT0/s1600/HOROSCOPO.jpg


        -- E você deu o motivo?

        -- Não.

        -- Ora, Alfredinho, isso é motivo que se dê?

        -- Por que não? Se há motivo, está justificado. Sem motivo é que não cola.

        -- Então eu ia dizer ao seu chefe que você não trabalha hoje porque o seu horóscopo aconselha: “Fique em casa descansando?”

        -- E daí amor? Se meu signo é Touro, e se Touro acha conveniente que eu não faça nada, como é que eu vou desobedecer a ele?

        -- É, mas com certeza seu chefe não é Touro, e não vai achar graça nisso.

        -- Ele é Áries, está ouvindo? E o dia não está para relações entre Áries e Touro. Pega aí o jornal. Faz favor de ler com esses belos olhos cor de pervinca: “Áries – evite rigorosamente discussões com subordinados”.

        -- Mas se ele evitar, não tem perigo para você.

        -- Ele pode evitar, sim, deve evitar. E para colaborar com ele, eu fico em casa.

        -- Mas se você não comparecer, ele pode vir ao telefone e pegar uma discussão danada com você, dessas de sair fogo.

        -- Não atendo telefone durante o dia. Não posso atender. Não vê que estou descansando, que o horóscopo me mandou descansar? É favor não fazer rebuliço nesta casa. Amor e paz, para o descanso do guerreiro.

        -- Para mim você está com preguiça e das bravas.

        -- Posso estar com preguiça, e daí? Preguiça é relaxante, restaura as energias, predispõe para o trabalho no dia seguinte. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Se eu não faço nada hoje, não é porque estou com preguiça. É em atenção a um mandamento superior, à mensagem que vem dos astros, você não percebe?

        -- Percebo, sim, mas não concordo.

        -- Pode-se saber por que a excelentíssima não concorda com aquilo que percebe e que está devidamente explicado?

        -- Pode.

        -- Então explica, vamos.

        -- Gozado, Alfredinho, até parece que para você só existem dois signos no zodíaco: Touro e Áries, você e o patrão.

        -- Espera lá, você queria que eu prestasse atenção em Touro? Áries eu li hoje por acaso, porque está ao lado de Touro, em coluna paralela.

        -- Coincidência: você saber que seu chefe é Áries, e...

        -- É, sim.

        -- E por que você guardou na cabeça que ele é Áries?

        -- Ora por que! Ele fez anos no mês passado, amorzinho. Até contei a você que oferecemos a ele uma batedeira. Soubemos que a mulher dele precisava de batedeira, fizemos uma vaquinha, pronto. Mas por que você diz que para mim só existem dois signos?

        -- Pelo menos Sagitário você ignora.

        -- Como eu iria ignorar Sagitário, se é o signo de você, minha orquídea de novembro 25?

        -- É, mas esqueceu de ler que o dia é propício para reuniões sociais de Sagitário, e saiba que esta sua orquídea de novembro 25 vai reunir hoje as amigas aqui em casa. Trate de se mandar, querido.

        -- Sem essa! Touro me manda descansar em casa, e você me enche a casa com mulheres?

        -- É Sagitário que recomenda, monange.

        -- Sagitário não ia fazer isso comigo! Eu tinha harmonizado Touro com Áries!

        -- Pode continuar harmonizando, se for descansar em casa do Tostes, que é Virgem, eu sei, ele é nosso padrinho de casamento.

        Assim, Touro, Virgem, Áries e Sagitário ficam inteiramente harmonizados, cada um na sua, um por todos, todos por um. Ande, vá se vestir rapidinho, rapidinho, e rua, seu vagabundo!

Carlos Drummond de Andrade.

Entendendo o texto:

01 – Por que Alfredo não foi trabalhar, de acordo com o texto?

      Alfredo não foi trabalhar porque seu horóscopo, como signo de Touro, aconselhou que ele ficasse em casa descansando.

02 – Qual é o signo do chefe de Alfredo?

      O chefe de Alfredo é do signo Áries.

03 – Por que Alfredo acredita que não deve ir trabalhar quando seu chefe é de Áries?

      Alfredo acredita que não deve ir trabalhar porque o horóscopo recomendou que ele evitasse discussões com subordinados, e ele quer colaborar com o chefe evitando conflitos.

04 – Qual é o signo da esposa de Alfredo?

      A esposa de Alfredo é de Sagitário.

05 – Por que a esposa de Alfredo está reunindo suas amigas em casa?

      Ela está reunindo suas amigas em casa porque o horóscopo de Sagitário recomenda reuniões sociais, e ela deseja seguir essa recomendação.

06 – Qual é o argumento de Alfredo para justificar sua recusa em ir para casa quando sua esposa está reunindo amigas?

      Alfredo argumenta que seu horóscopo de Touro recomenda que ele descanse em casa, o que entra em conflito com a recomendação do horóscopo de Sagitário de sua esposa.

07 – Qual é a relação de Virgem com o texto?

      Virgem é mencionado no final do texto como o signo de Tostes, o padrinho de casamento de Alfredo e sua esposa, o que contribui para a harmonia dos signos no contexto da história.

 

 

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

CRÔNICA: AULA DE INGLÊS - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Crônica: Aula de Inglês

               Rubem Braga

        -- Is this an elephant?

        Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente
não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9rQfFyoY3ddIXXXBTFOz09NBQJBXrjo_Ukiklkib2OXq4zutB_CkD1a76WTlDZR6tZtdbZDsmXhLFWKZMKw1K6HsGKuq51XxgpDGU0Rq3ryWalzb2MlKe9TnEoOoZSH4T61s3CwpLLo9xr8qqgPbwMzdWzjgf8DWBfrdAcfILXPKqFZbz1Czbp_jSXgQ/s320/INGLES%20CAPA.jpg


        Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

        Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana
poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em consequência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.

        Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

        -- No, it's not!

        Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:

        -- Is it a book?

        Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no
meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro à primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras – sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos.

        -- No, it's not!

        Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita -- mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.

        -- Is it a handkerchief?

        Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

        -- No, it's not!

        Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.

        Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.

        -- Is it an ash-tray?

        Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

        As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas -- duas ou três -- na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

        -- Yes!

        O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam -- vitória! vitória! -- e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:

        -- Very well! Very well!

        Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com
mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

        Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja, alguns belos cachimbos inglêses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

        -- It's not an ash-tray!

        E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.

A crônica acima foi extraída do livro "Um pé de milho",
         Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1964.

Entendendo a crônica:

01 – Como o narrador inicialmente reage à pergunta da professora sobre o objeto em questão?

      O narrador inicialmente considera responder que não, mas decide não se deixar levar pelo primeiro impulso.

02 – Por que o narrador examina cuidadosamente o objeto que a professora lhe apresenta?

      Ele examina o objeto porque percebe que a professora fala com seriedade e parece estar propondo um problema sério.

03 – O que o narrador considera ao avaliar se o objeto é um elefante?

      Ele considera a falta de uma tromba visível, mas pondera que mesmo sem a tromba, um elefante continua a ser um elefante.

04 – Qual é a primeira pergunta da professora após a pergunta sobre o objeto ser um elefante?

      A primeira pergunta da professora é se o objeto é um livro.

05 – Como o narrador responde à pergunta sobre o objeto ser um livro?

      O narrador responde que não, definitivamente não é um livro.

06 – Como a professora reage à resposta do narrador sobre o objeto não ser um livro?

      A professora fica momentaneamente satisfeita com a resposta do narrador.

07 – O que o narrador sente em relação à palavra "handkerchief" (lenço) quando a professora a menciona?

      O narrador sente-se perturbado pela palavra "handkerchief" e acha-a antipática.

08 – Qual é a resposta do narrador quando a professora pergunta se o objeto é um "ash-tray" (cinzeiro)?

      O narrador responde "Yes!" (Sim) quando a professora pergunta se o objeto é um cinzeiro.

09 – Como a professora reage quando o narrador responde que o objeto é um cinzeiro?

      A professora fica muito alegre e expressa sua satisfação pela resposta correta.

10 – Qual é o sentimento do narrador após a aula de inglês?

      O narrador sente-se imensamente satisfeito após a aula de inglês e fica tentado a comprar um cachimbo inglês.

 

CRÔNICA(Fragmento): ZÉ CABALA E O TORCEDOR - JOSÉ ROBERTO TORERO - COM GABARITO

 Crônica(Fragmento): Zé Cabala e o torcedor

             JOSÉ ROBERTO TORERO

        Desta vez, o telefonista dos espíritos recebe alguém que não é atacante, zagueiro, meio-campista ou goleiro

        QUANDO CHEGUEI ao escritório de Zé Cabala, o grande mensageiro das almas, o supremo webmail dos espíritos, ele já me esperava em sua sala. Usava um turbante negro, e negra também era sua túnica.^

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_TCiY4NGh9qIrSLJF9q1E-AjNKeKO69AzzhuDomZUqh-qJqwM-ydP_tZLHkMP8VQRTViIYJ9YWOIRmc6G84w7RhUf9wrNts05uZorWMxaUjbqh3YK6xswtO9Dflf8_azaZkLMIhSKDl5wBS6Ck24_CwTPswFlCvY9ulFsK_ZRIMJae5v5_eYEHdeyzs4/s320/psicografia.jpg


        Como nunca o tinha vista tão elegante, perguntei: "Está de luto, mestre?". "Não, é que preto emagrece", ele me respondeu. "Mas vamos ao que interessa. Quem o nobre foliculário (ou devo dizer folhiculário?) quer entrevistar hoje? Um grande meia, um inesquecível atacante, um invencível zagueiro ou um premiado técnico?" "Estava pensando em algo mais simples: um torcedor."
Então o divino psicófono ergueu-se, pegou a toalha da mesa e começou a agitá-la como se fosse uma bandeira, correndo pela sala e cantando uns hinos que eu não entendi. Depois, já ofegante, finalmente sentou-se. "O senhor é um torcedor?", perguntei. "Ô! E dos bons." "Pois eu queria saber o que leva alguém a amar um time."

        "Ah, meu filho, são vários motivos e um motivo só. Você pode gostar de um time porque é o time da sua cidade, porque algum grande amigo torce por ele ou porque seu pai lhe ensinou assim. Mas o certo é que, se torce para um time, é porque se quer fazer parte de alguma coisa maior. Um homem é só um homem, mas, se ele torce para um time, passa a fazer parte de uma torcida, de um clube, de uma história, uma história cheia de vitórias e derrotas, cheia de batalhas heroicas e grandes inimigos.”

        "E esses inimigos são importantes?" "Ô! Diga-me com quem não andas e te direi quem não és. O inimigo é tão importante quanto o amigo. Talvez mais. E torcer contra eles é uma delícia. Pode perguntar para qualquer um. O torcedor do Sport vibra com a derrota do Santa Cruz, o do Inter bebe vinho quando o Grêmio perde, e o do Galo canta quando o Cruzeiro tropeça. O inferno dos outros é o nosso céu."

        "Não é meio triste pensar assim?" "É, mas fazer o quê? O ser humano não é grande coisa." "Essa história de inimigo não é o que provoca as brigas nos estádios?"

        "Não mesmo! Torcedor comum não briga. Isso é coisa de torcedor organizado. O torcedor comum segue o trilho das coisas certas. Na verdade, ele até gosta de ir ao campo com um amigo que torce para o inimigo, só para ficar tirando sarro do coitado. Tirar sarro dos torcedores adversários é das melhores coisas que existe. Por isso é que eu adorava as segundas-feiras, porque tirava sarro de metade do pessoal lá no serviço."

        "E o senhor acha certo que o futebol seja tão importante na vida das pessoas?" "Meu filho, as coisas mais importantes são as coisas sem importância. O futebolzinho, conversar com os amigos no bar, beber uma cerveja gelada, comer uma linguicinha bem apimentada, olhar uma mulher bonita, tomar um bom pingado na padaria, pregar peça nos amigos... Felicidade é um negócio simples, a gente é que complica."

        "E quando o senhor era vivo torcia para quem?" "Como assim, você não está me reconhecendo?" "Bem..., para falar a verdade..."

        "Te chamei de "meu filho", e você não adivinhou quem sou eu?"

        "Pai?"

        "Quem mais? E você sabe que eu torço pelo Santos e contra o Corinthians. Aliás, esperei até o último jogo entre os dois para ir para o lado de lá. Ah, aquele 2 a 1 foi uma bela despedida. E, falando em despedida, já está na minha hora. Adeus. De novo."

        Estranhamente, desta vez Zé Cabala não cobrou a consulta.

torero@uol.com.br

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o nome do protagonista da crônica, também conhecido como o "telefonista dos espíritos"?

      O protagonista se chama Zé Cabala.

02 – Por que Zé Cabala estava vestindo um turbante e uma túnica negra no início da crônica?

      Zé Cabala estava vestindo um turbante e uma túnica negra porque achava que a cor preta o fazia parecer mais magro.

03 – Quem Zé Cabala decide entrevistar desta vez, em vez de um jogador de futebol?

      Zé Cabala decide entrevistar um torcedor.

04 – Quais são alguns dos motivos mencionados pelo torcedor para explicar por que as pessoas amam seus times de futebol?

      Os motivos incluem ser o time da cidade, influência de amigos ou familiares e o desejo de fazer parte de algo maior.

05 – Por que o torcedor considera os inimigos do time tão importantes quanto os amigos?

      O torcedor considera os inimigos importantes porque torcer contra eles é uma fonte de alegria e satisfação.

06 – Qual é a opinião do torcedor sobre as brigas nos estádios de futebol?

      O torcedor comum não se envolve em brigas nos estádios; ele prefere tirar sarro dos torcedores adversários. As brigas são associadas a torcedores organizados.

07 – Qual é a visão do torcedor sobre a importância do futebol na vida das pessoas?

      O torcedor acredita que o futebol e outras coisas simples da vida, como conversar com amigos, comer, beber e se divertir, são as coisas mais importantes, e a felicidade reside na simplicidade.

 

 

POEMA: UM DIA TÍPICO DE UM ESCRITOR BRASILEIRO - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 Poema: Um dia típico de um escritor brasileiro

              Ulisses Tavares

        Há mais de quarenta anos (estou com 56, comecei cedo, aos 9) que me revezo entre oito profissões para ganhar a vida.

        Me acostumei a, quando me interessa e preciso, exercer uma ou outra atividade e muitas vezes fazer tudo ao mesmo tempo.

        Tenho sido jornalista, professor de pós-graduação, compositor, dramaturgo, roteirista de cinema e televisão, criativo publicitário, marketeiro político e treinador de executivos em web business e criatividade.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6KXu0RfWtUwsX58quMNux8697rPdGPG5hCXnSxKGZbKzBHFejauIkB95qPd_6o5mF_465Ikayfp5RjVLezszuokE24vMKI4btpE_IKdjkIMRZZR2Y_o3nU_R_wlDEQWUqV9eUNLPcF9KwiIEuQlfWDYQAlFpOclPDWvxKV2OYMyNd6KV7QBhlZOcZ8vQ/s320/EACRITOR.jpg


        Nos intervalos, nunca deixei de ser poeta e, talvez por isso, ter uma montanha de livros de poesia para crianças, jovens e adultos, e estar com mais de quatro milhões de exemplares vendidos, o que, no Brasil, até a mim espanta.

        Daí, de três anos para cá, resolvi ser apenas escritor profissional.

        A decisão foi difícil mas estou satisfeito pelo seu principal efeito colateral: como meu status caiu de um carro importado para um fusquinha, nunca mais serei rico a ponto de atrair mulheres interesseiras.

        Quem me amar vai me amar pelo que sou: um poeta tupiniquim, apaixonado, mas durango.

        Meio chato é quando novos conhecidos me perguntam minha profissão e eu respondo que sou poeta.

        Inevitavelmente, vem a pergunta seguinte:

        – Tá bom, mas você trabalha em quê?

        Como poeta não trabalha mesmo nunca, segundo o senso comum, acordo eu bem cedinho disposto a escrever meu artigo para esta revista, já atrasado.

        Mas, antes, abro os e-mails e vejo se tem alguma coisa urgente para resolver.

        Tem várias, pela ordem:

        Uma editora não quer aceitar meu contrato de um novo livro porque não abro mão dos 10% de direitos autorais. Como a maioria dos escritores possui outra fonte de renda paralela, também a maioria das editoras se acostumou a pagar menos de 10% já que o autor não vai depender dessa renda para sobreviver. Ou seja, escritor brasileiro é mal pago por culpa dele mesmo, tsc, tsc.

        Outra editora alega que é impossível adiantar um dinheiro para que eu escreva um livro histórico, ou seja, um projeto que vai me consumir um ano inteiro. Ao contrário dos estados desunidos e das ôropas, aqui a editora lança uma porção de livros sem custo autoral inicial. Se colar, colou. Se for sucesso, ótimo. Lá fora, o critério é mais rígido. Lança-se menos títulos, mas se investe no projeto do escritor rotineiramente. O Brasil é um dos países que maior quantidade de livros edita no mundo. Mais de 10 títulos novos por dia! E as tiragens são cada vez menores.

        E finalmente outro e-mail me informa que minha agente literária é uma chata porque teima em discutir item por item dos meus contratos. Traduzindo: a Maria Moura, minha agente, é uma pentelha porque é profissional cuidadosa. As editoras gostam de escritor que assina tudo sem ler nada, como eu já fiz muitas vezes.

        Para não ficar ainda mais careca de preocupação com esses problemas que já estou careca de saber, deixo de lado e me concentro em escrever.

        Nem começo e já sou interrompido por dois telefonemas:

        O primeiro, um convite para bolar um artigo para uma revista de educação, dirigida as professoras. Pedem minha compreensão para o fato que só podem pagar cem reais pelas quatro páginas de texto. Olho o pedreiro que contratei para consertar as telhas estragadas pelas últimas chuvas em Sampa, com inveja. Ele está me cobrando o preço de 3 artigos da revista!

        O segundo telefonema é um convite da secretaria de cultura para um mega evento de poetas e escritores paulistanos. Acontecimento bonito, bem organizado e bem divulgado. O único detalhe dissonante é que o edital não prevê nenhum cachê para os participantes. A alma da festa não irá receber um tostão para o pão nosso de cada dia. Escritores e poetas devem se contentar com os aplausos, desde que tenham dinheiro para a passagem até o palco, claro.

        Mas vamos escrever que essa é a vida que escolhi e quis.

        Paro na primeira frase porque chegou o carteiro com uma pilha de cartas. Nenhuma cartinha simpática de leitor. Nenhum cartão de feliz aniversário atrasado. Apenas contas a pagar e malas-diretas me oferecendo cartões de crédito. O correio eletrônico tornou o carteiro apenas um portador de más notícias!

        Desanimado, leio que esqueci de pagar uma conta de IPTU de anos atrás. Mas posso ficar tranquilo que a Prefeitura me oferece parcelamento da dívida. Desde que eu perca metade do dia indo até a tesouraria, evidente!

        E nem isso posso fazer porque meus rendimentos de direitos autorais não cobrem o valor do IPTU. Acho que nem minha modesta casa vale tanto assim. Como são férias escolares, meus livros infanto-juvenis despencam nas vendas. Há muito tempo que as escolas, via programas do governo, são as únicas e principais compradoras de livros infanto-juvenis. E evidentemente não compram nas férias. E se amanhã o governo deixar de dar verbas para aquisição de livros para distribuição gratuita aos alunos, a maioria das editoras fecha as portas em seguida. Todos os envolvidos nessa questão, se fazem de cegos em tiroteio. Afinal, é chocante saber que em mais de uma década de distribuição gratuita de livros para estudantes de escolas públicas…não se formou um leitor a mais! Simplesmente porque a educação continua uma porcaria frita e os alunos, coitados, mal passados, não aprendem a ler. Sem saber ler, vão fazer o que com os livros que ganham? É como dar rapadura para um banguela. Simples e trágico assim.

        Já que não consigo escrever o artigo para a Revista Discutindo Literatura, relaxo e vou para o lançamento de amigos escritores num bar de Vila Madalena. Vai ser bom rir um pouco que não sou de ferro e minha coluna muito menos. Tenho a popular “coluna de escritor”. De tanto escrever horas a fio com a coluna torta, o escritor é um candidato à corcunda de Notre Dame.

        O lançamento é interrompido violentamente, o bar fecha as portas, todo mundo sai correndo porque o PCC acabou de incendiar um ônibus na rua ao lado.

        Volto pra casa, ligo a televisão e vejo o governador dizendo que a violência está sob controle, que ataques dos bandidos não irão intimidar as autoridades. Como não sou autoridade…fico intimidado.

        O dia está terminando e talvez dê tempo de escrever, afinal este é meu ofício.

        Mas, humanamente, durmo.

        Quem sabe amanhã eu acorde e resolva mudar para uma profissão menos folgada que esta de típico escritor brasileiro.

        Sei que minto para mim mesmo, para me consolar.

        Escrever, para quem gosta, já não é ofício. Rimando sem querer, é um vício.

Fonte: http://www.ulissestavares.com.br

Entendendo o poema:

01 – Qual é a profissão principal do autor do poema?

      O autor do poema é um escritor.

02 – Quantas profissões diferentes o autor já exerceu ao longo de sua vida?

      O autor já exerceu oito profissões ao longo de sua vida.

03 – Qual foi a decisão difícil que o autor tomou nos últimos três anos?

      Nos últimos três anos, o autor decidiu ser apenas um escritor profissional.

04 – Por que o autor menciona que nunca mais será rico a ponto de atrair mulheres interesseiras?

      O autor menciona isso porque sua decisão de ser apenas um escritor profissional levou a uma queda em seu status financeiro.

05 – Qual é a reação comum das pessoas quando o autor diz que é poeta?

      Quando o autor diz que é poeta, é comum as pessoas perguntarem qual é o seu trabalho.

06 – Por que as editoras no Brasil costumam pagar menos de 10% de direitos autorais aos escritores?

      Muitas editoras no Brasil pagam menos de 10% de direitos autorais aos escritores porque a maioria dos escritores possui outras fontes de renda, e, portanto, as editoras não acreditam que os escritores dependam dessa renda para sobreviver.

07 – O que é mencionado como o principal critério das editoras estrangeiras ao contrário das editoras brasileiras?

      As editoras estrangeiras são mencionadas como tendo um critério mais rígido, investindo nos projetos dos escritores rotineiramente, ao contrário das editoras brasileiras.

08 – Qual é a principal fonte de renda do autor a partir de seus livros infanto-juvenis?

      A principal fonte de renda do autor a partir de seus livros infanto-juvenis são as escolas, que os compram através de programas do governo.

09 – Por que o autor se diz "intimidado" em relação à violência mencionada no final do poema?

      O autor se diz "intimidado" em relação à violência porque não é uma autoridade e não tem controle sobre a situação.

10 – Como o autor descreve sua relação com a escrita no final do poema?

      No final do poema, o autor descreve sua relação com a escrita como um vício, afirmando que escrever, para quem gosta, não é mais um ofício, mas um vício.

 

 

POEMA: NOTA SOCIAL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: NOTA SOCIAL

              Carlos Drummond de Andrade
O poeta chega na estação.
O poeta desembarca.
O poeta toma um auto.
O poeta vai para o hotel.
E enquanto ele faz isso
como qualquer homem da terra,
uma ovação o persegue
feito vaia.
Bandeirolas
abrem alas.
Bandas de música. Foguetes.
Discursos. Povo de chapéu de palha.
Máquinas fotográficas assestadas.
Automóveis imóveis.
Bravos...
O poeta está melancólico.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikKWS-R97TlO9jya1BKHUmqM42KtEi_814rsTb_YaKLFXnvbaXZmYlHs5Ma_N88UaD2wf5FAG6bIfukoIe3xRlQaIpbQKu5J0qGFwzn5lgmHlH0rehzivlQo2rWZZU0HbirgaTbqHFEZnIB33sGoKk3e38XORWTBtYVfHimqkLqOUSpwxUAjMApIhq_R4/s320/NOTA%20SOCIAL.jpg



Numa árvore do passeio público
(melhoramento da atual administração)
árvore gorda, prisioneira
de anúncios coloridos,
árvore banal, árvore que ninguém vê
canta uma cigarra.
Canta uma cigarra que ninguém ouve
um hino que ninguém aplaude.
Canta, no sol danado.

O poeta entra no elevador
o poeta sobe
o poeta fecha-se no quarto.
O poeta está melancólico.

Carlos Drummond de Andrade

Entendendo o poema:

01 – Quem é o autor do poema "Nota Social"?

      O autor do poema "Nota Social" é Carlos Drummond de Andrade.

02 – O que acontece quando o poeta chega à estação?

      Quando o poeta chega à estação, ele desembarca, pega um táxi e vai para o hotel.

03 – Como o público reage à chegada do poeta na estação?

      O público reage com uma ovação, bandeirolas, bandas de música, foguetes, discursos e aplausos. Há uma grande celebração.

04 – O que a cigarra está fazendo na árvore do passeio público?

      A cigarra está cantando na árvore do passeio público, embora ninguém a ouça, e está cantando um hino que ninguém aplaude.

05 – Como o poeta se sente depois de entrar no quarto do hotel?

      O poeta se sente melancólico após entrar no quarto do hotel.

06 – Que tipo de árvore é mencionada no poema?

      Uma árvore gorda e prisioneira de anúncios coloridos no passeio público é mencionada no poema.

07 – O que o poeta observa do quarto do hotel?

      Não há informações específicas no poema sobre o que o poeta observa do quarto do hotel, mas ele se sente melancólico, o que sugere que sua experiência na cidade o deixou triste.