Mensagem: VERDADEIRA CARIDADE
Não é raro testemunharmos demonstrações
de bondade argumentadas no temor a Deus. São irmãos que vivem com moral
exemplar sob o medo do castigo divino.
Outros tantos vivem, igualmente, na
procura da realização do bem, mas tão somente pelo fato de que ficaria feliz se
o bem fosse feito a ele ou se o mal não lhe seja aplicado. São irmãos que fazem
o certo na espera que lhe façam o certo também ou evitam o mal na expectativa
de que o mal não lhes seja feito.
É claro que injusto seria não admitir
que tais irmãos já assumem um certo progresso, pois já são capazes de executar
a Lei de Amor e Caridade sem intenções escusas ou daninhas. Mas, não se pode
admitir que o bem esteja sendo feito com sinceridade de coração.
O verdadeiro homem de bem pratica o bem
pelo bem. Faz o certo por ser o certo. Para esses irmãos, a prática do amor é
tão natural quanto respirar.
Quando se faz o bem para evitar
castigos do céu ou por que gostaríamos que fizessem o mesmo por nós, a
naturalidade e a sinceridade já se encontram comprometidas. O que move pelo bem
não é o coração, mas, sim, a espera de algo em troca, ainda que esse algo, num
primeiro olhar, pareça ser sublime.
Entendemos, também, que a humanidade se
encontra num estágio evolutivo onde poucos são os que fazem o bem com
verdadeira pureza de coração. Muitos de nós ainda precisamos crer num Deus intolerante
para que se inicie na prática do bem. Outros, um pouco mais evoluídos, ainda
possuem a necessidade de terem o seu bem estar como referência para garantir e
guardar o bem estar do próximo.
Em ambos os casos, são irmãos que ainda
têm a necessidade de praticar o bem por obrigação, mas, já estão no caminho
certo para, no futuro, praticar o bem com a naturalidade que deve existir.
Que Jesus continue nos abençoando.
ALLAN KARDEC –
Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas
e respostas
Capítulo
IV – PRINCÍPIO VITAL
INTELIGÊNCIA
E INSTINTO
71 – A inteligência é um
atributo do princípio vital?
-- Não, pois as
plantas vivem e não pensam: elas têm apenas a vida orgânica. A inteligência e a
matéria são independentes, pois um corpo pode viver sem inteligência, mas a
inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais. É preciso a
união com o espírito para tornar inteligente a matéria animalizada.
A inteligência é uma faculdade especial,
própria de certas classes de seres orgânicos, e que, com o pensamento, dá a
vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade,
assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de prover
suas necessidades.
Assim, pode-se distinguir: 1°) os seres
inanimados, formados apenas de matéria, sem vitalidade nem inteligência: esses
são os corpos brutos; 2°) os seres animados não-pensantes, formados de matéria
e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência; 3°) os seres animados
pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e possuindo ainda um
princípio inteligente que lhes concede a capacidade de pensar.
72 – Qual é a fonte da
inteligência?
-- Nós já
dissemos: a inteligência universal.
72 a) Pode-se dizer que
cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, da
mesma forma que o faz com o princípio da vida material?
-- Isso é apenas
uma comparação, mas que não é exata, porque a inteligência é uma faculdade
própria de cada ser e constitui sua individualidade moral. Além disso, bem o
sabeis, há coisas em que o homem não pode penetrar, e esta é, por enquanto, uma
delas.
73 – O instinto é
independente da inteligência?
-- Não, não
exatamente, pois é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência
irracional, e é por meio dele que todos os seres proveem suas necessidades.
74 – Pode-se marcar um
limite entre o instinto e a inteligência, ou seja, precisar onde termina um e
onde começa a outra?
-- Não, pois
muitas vezes eles se confundem; mas pode-se muito bem distinguir os atos que
decorrem do instinto daqueles que pertencem à inteligência.
75 – É correto dizer que
as faculdades instintivas diminuem à medida que aumentam as faculdades
intelectuais?
-- Não, o instinto sempre existe, mas o
homem o negligencia. O instinto também pode conduzir ao bem; ele nos guia quase
sempre, e, algumas vezes, de uma forma mais segura do que a razão; o instinto
nunca se engana.
75 a) Por que a razão nem
sempre é um guia infalível?
-- Seria infalível se não fosse falseada
pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão
permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.
O instinto é uma inteligência rudimentar,
que difere da inteligência propriamente dita por serem suas manifestações
sempre espontâneas, enquanto as manifestações da inteligência são o resultado
de uma combinação e de um ato deliberado.
O instinto varia, em suas manifestações,
de acordo com as espécies e suas necessidades. Nos seres que têm a consciência
e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, ou seja, à
vontade e à liberdade.
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