quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

POEMA: CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO


Poema: Congresso Internacional do Medo 
              Carlos Drummond de Andrade
                                    

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade. Antologia Poética. 12ª edição.
Rio de Janeiro: José Olympio. 1978. p. 108 e 109.
Entendendo o poema:

01 – A partir da leitura desse poema e do conhecimento dos poemas da Antologia poética, de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O poema “Congresso internacional do medo”, como a maioria dos poemas que compõem a Antologia poética drummondiana, volta-se para uma temática mais subjetiva.
b) A ideia de congresso internacional expressa no título do poema sugere o caráter de universalidade do sentimento de medo. Se se considerar que Drummond vivenciou as duas guerras mundiais do século XX, fica mais clara essa opção por cantar o medo em vez do amor ou do ódio.
c) O advérbio “provisoriamente” (1º verso) expressa, de certa forma, uma mensagem de esperança, pois sugere que cantar o amor ainda é possível.
d) O verso cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas apresenta ambiguidade, pois sugere que os ditadores e democratas tanto causam medo como têm medo.
e) Além de cantar o medo, Drummond, em sua antologia poética, também canta o amor, a família, os amigos, a província e o próprio fazer poético.

02 – O poema acima apresenta aspectos de continuidade a algumas características presentes na 1ª fase modernista, mas por outro lado também apresenta diferenças básicas em relação a essa fase. Considerando essas informações, assinale as afirmativas abaixo que correspondem às características convergentes nas duas fases:
(X) Valorização de aspectos do cotidiano.
(X) Linguagem simples.
(   ) Temática social, que fala sobre as mazelas de sua época.
(X) Estruturação com versos livres.
(   ) Questionamento de valores da existência humana.

03 – Assinale a alternativa que apresenta os versos que melhor exemplificam a recusa do eu lírico em explorar uma temática mais alienante, e em seu lugar, mostrar uma poética da temática social, engajada nas causas de seu tempo.
a) “Provisoriamente não contaremos o amor, / que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.”
b) “Contaremos o medo, que esteriliza os abraços, / não contaremos o ódio porque esse não existe.”
c) “Existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, / o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos.”
d) “O medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas / cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas.”

04 – Apesar de “cantar o medo”, nas várias acepções que esse sentimento pode se manifestar, o eu lírico deixa transparecer uma esperança pelo uso:
a) Do advérbio “apenas”, no 5° verso, demonstrando que o medo é somente um sentimento prejudicial ao ser humano.
b) Do verbo “refugiar”, no 2° verso, expressando que ainda há um lugar para o ser humano fugir da condição de mundo apresentada.
c) Dos adjetivos “amarelas” e “medrosas”, no 11° verso, argumentando que até as flores são prejudicadas pelo sentimento humano de medo.
d) Do advérbio “provisoriamente”, expressando que a ausência do canto ao amor não se perpetuará no tempo.
e) Do advérbio “não”, repetido várias vezes no poema para demarcar a negação e resistência frente ao sentimento humano.

05 – Por se tratar de um poema crítico reflexivo, percebemos, por fim, que através de uma linguagem simples e de usos constantes de repetições, o que pode provocar no leitor?
      Uma reflexão profunda, pois o medo torna-se tão poderoso que chega a ser agressivo.

06 – O medo está vigorando em vários lugares e em várias ações no poema. O que este sentimento gera?
      Gera desequilíbrio, angústia, dúvida e insegurança.

07 – Podemos perceber que o medo serve paradoxalmente, como um verdadeiro pai e seguidor, por quê?
      Devido ao contexto social da época, pois o período que o poema foi escrito tinha um pano de fundo em clima de Guerra Mundial, túmulo, morte, dor, sofrimento e muito medo.

08 – O poeta utiliza diversas vezes o verbo cantaremos. Qual é o sujeito? Como esse sujeito é classificado?
      O sujeito é o pronome pessoal reto nós; sujeito oculto.

09 – No verso “não cantaremos o ódio porque esse não existe”, há duas orações.
a)    Qual é o sujeito da segunda oração?
      Esse.

b)   Do ponto de vista morfológico, qual é a classe da palavra que exerce a função de sujeito?
      Pronome de demonstrativo.

c)    A que outra palavra do texto ela está se referindo?
      Refere-se a ódio.

10 – No trecho “existe apenas o medo [...]” (verso 5), qual é o sujeito?
      O medo. Sujeito simples.

11 – Coloque a oração a seguir (verso 11) em ordem direta (sujeito + predicado). Em seguida, classifique o sujeito e o predicado, destacando os seus núcleos.
      E flores amarelas e medrosas nascerão sobre nossos túmulos.
      Sujeito simples: flores amarelas e medrosas.
      Predicado verbal: nascerão sobre nossos túmulos.



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