Poema: Congresso
Internacional do Medo
Carlos Drummond de Andrade
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Carlos Drummond de
Andrade. Antologia Poética. 12ª edição.
Rio de Janeiro: José
Olympio. 1978. p. 108 e 109.
Entendendo o poema:
01 – A partir da leitura
desse poema e do conhecimento dos poemas da Antologia poética, de Carlos
Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O poema “Congresso
internacional do medo”, como a maioria dos poemas que compõem
a Antologia poética drummondiana, volta-se para uma temática mais
subjetiva.
b) A ideia de congresso
internacional expressa no título do poema sugere o caráter de universalidade do
sentimento de medo. Se se considerar que Drummond vivenciou as duas guerras
mundiais do século XX, fica mais clara essa opção por cantar o medo em vez do
amor ou do ódio.
c) O advérbio
“provisoriamente” (1º verso) expressa, de certa forma, uma mensagem de
esperança, pois sugere que cantar o amor ainda é possível.
d) O verso cantaremos o
medo dos ditadores, o medo dos democratas apresenta ambiguidade, pois
sugere que os ditadores e democratas tanto causam medo como têm medo.
e) Além de cantar
o medo, Drummond, em sua antologia poética, também canta o amor, a família, os
amigos, a província e o próprio fazer poético.
02 – O poema acima apresenta
aspectos de continuidade a algumas características presentes na 1ª fase
modernista, mas por outro lado também apresenta diferenças básicas em relação a
essa fase. Considerando essas informações, assinale as afirmativas abaixo que
correspondem às características convergentes nas duas fases:
(X) Valorização de aspectos do
cotidiano.
(X) Linguagem simples.
( ) Temática social, que fala sobre as mazelas
de sua época.
(X) Estruturação com versos livres.
( ) Questionamento de valores da existência
humana.
03 – Assinale a alternativa
que apresenta os versos que melhor exemplificam a recusa do eu lírico em
explorar uma temática mais alienante, e em seu lugar, mostrar uma poética da
temática social, engajada nas causas de seu tempo.
a) “Provisoriamente
não contaremos o amor, / que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.”
b) “Contaremos o medo, que
esteriliza os abraços, / não contaremos o ódio porque esse não existe.”
c) “Existe apenas o medo,
nosso pai e nosso companheiro, / o medo grande dos sertões, dos mares, dos
desertos.”
d) “O medo dos soldados, o
medo das mães, o medo das igrejas / cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos
democratas.”
04 – Apesar de “cantar o
medo”, nas várias acepções que esse sentimento pode se manifestar, o eu lírico
deixa transparecer uma esperança pelo uso:
a) Do advérbio “apenas”, no
5° verso, demonstrando que o medo é somente um sentimento prejudicial ao ser
humano.
b) Do verbo “refugiar”, no
2° verso, expressando que ainda há um lugar para o ser humano fugir da condição
de mundo apresentada.
c) Dos adjetivos “amarelas”
e “medrosas”, no 11° verso, argumentando que até as flores são prejudicadas
pelo sentimento humano de medo.
d) Do advérbio
“provisoriamente”, expressando que a ausência do canto ao amor não se
perpetuará no tempo.
e) Do advérbio “não”,
repetido várias vezes no poema para demarcar a negação e resistência frente ao
sentimento humano.
05 – Por se tratar de um
poema crítico reflexivo, percebemos, por fim, que através de uma linguagem
simples e de usos constantes de repetições, o que pode provocar no leitor?
Uma reflexão
profunda, pois o medo torna-se tão poderoso que chega a ser agressivo.
06 – O medo está vigorando
em vários lugares e em várias ações no poema. O que este sentimento gera?
Gera
desequilíbrio, angústia, dúvida e insegurança.
07 – Podemos perceber que o
medo serve paradoxalmente, como um verdadeiro pai e seguidor, por quê?
Devido ao
contexto social da época, pois o período que o poema foi escrito tinha um pano
de fundo em clima de Guerra Mundial, túmulo, morte, dor, sofrimento e muito
medo.
08 – O poeta utiliza
diversas vezes o verbo cantaremos.
Qual é o sujeito? Como esse sujeito é classificado?
O sujeito é o
pronome pessoal reto nós; sujeito oculto.
09 – No verso “não cantaremos o ódio porque esse não
existe”, há duas orações.
a) Qual
é o sujeito da segunda oração?
Esse.
b) Do
ponto de vista morfológico, qual é a classe da palavra que exerce a função de
sujeito?
Pronome de demonstrativo.
c) A
que outra palavra do texto ela está se referindo?
Refere-se a ódio.
10 – No trecho “existe apenas o medo [...]” (verso 5),
qual é o sujeito?
O medo. Sujeito
simples.
11 – Coloque a oração a
seguir (verso 11) em ordem direta (sujeito + predicado). Em seguida,
classifique o sujeito e o predicado, destacando os seus núcleos.
E flores amarelas e medrosas nascerão
sobre nossos túmulos.
Sujeito simples: flores amarelas e medrosas.
Predicado verbal: nascerão sobre nossos túmulos.
ótima atividade
ResponderExcluirAlguém pode me dizer duas orações com predicado verbal no texto
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