domingo, 6 de janeiro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): MÁGOA DE BOIADEIRO - SÉRGIO REIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Mágoa de Boiadeiro

  Sérgio Reis

Antigamente nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios
Nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinuelos
Pra trazer o pantaneiro no rodeio da boiada
Mas hoje em dia tudo é muito diferente
Com o progresso nossa gente nem sequer faz uma ideia
Que entre outros fui peão de boiadeiro
Por este chão brasileiro os heróis da epopeia

Tenho saudade de rever nas currutelas
As mocinhas nas janelas acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso é a minha grande dor
Cada jamanta que eu vejo carregada transportando
Uma boiada me aperta o coração
E quando olho minha traia pendurada de tristeza
Dou risada pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto a fora
Que por certo também chora na mais triste solidão
Meu par de esporas meu chapéu de aba larga
Uma bruaca de carga um berrante um facão
O velho basto o sinete e o apero, o meu laço e o cargueiro
O meu lenço e o gibão,
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro
Deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão

Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando embuído nesta mágoa
Rabisquei estas palavras e saiu esta canção
Canção que fala da saudade das pousadas
Que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir o som manhoso de um berrante
Preguiçoso nos confins do meu sertão

                                         Composição: Índio Vago / Nonô Basílio
Entendendo a canção:
01 – A música “Magoa de Boiadeiro” fala da saudade de um tempo que já passou. Que tempo é esse descrito na música?
      De um tempo em que a boiada era tocada pelas estradas, pelos peões de boiadeiro, descrito na canção.

02 – Qual a profissão citada na música? Porque ela desaparece?
      A profissão é boiadeiro. Desapareceu com o progresso, a chegada dos caminhões para transportar as boiadas.

03 – Qual a profissão que vem substituir a profissão que você identificou?
      A profissão de motorista.

04 – Podemos identificar na música o que chamamos de progresso? Cite trechos da música que comprovem sua resposta.
      “Tantas pontes sobre os rios / Nem asfalto nas estradas.”
      “Cada jamanta que eu vejo carregada transportando / Uma boiada me aperta o coração.”

05 – Quais os “instrumentos” de trabalho utilizados pelo profissional descrito na música?
      Usava quatro ou cinco sinuelos, o cavalo, par de esporas, chapéu, uma bruaca de carga, um berrante, um facão, o velho basto, o sinete, o áspero, laço e o cargueiro.

06 – Na sua opinião a modernidade pode cada vez mais acabar com certas profissões e dar lugar a outras? Cite um exemplo.
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Qual é a maior magoa do boiadeiro retratado na canção?
      É revoltado com a chegada do progresso a sua cidade no interior de São Paulo com o progresso chegaram os caminhões, que agora transportam os bois.

08 – Pesquise no dicionário o significado das seguintes palavras:
·        Sinuelos: gado manso utilizado nos trabalhos rurais.

·        Currutelas: pequenas vilas sempre à beira de estrada em locais isolados.

·        Jamanta: carreta (caminhão grande).

·        Tralha: reunião de objetos com um propósito específico.

·        Bruaca: bolsa de couro cru que se usa a tiracolo.

·        Mateiro: recipiente de couro semelhante a uma bolsa, usada para guardar erva mate.

·        Sinete: pequeno sino que as vacas madrinhas levam no pescoço.

·        Guaiaca: cinto largo de couro ou de camurça, com bolsos onde se guardam dinheiro e objeto miúdos.

·        Gibão: espécie de casco curto, semelhante ao colete, que se veste sobre a camisa.

·        Cargueiro: (geralmente o burro), que levam a cozinha, as malas (de couro), algumas tralhas, enfim o “burro de carga”.

·        Ginete: aquele que monta a cavalo (cavalheiro).

09 – Explique o título “Magoa de Boiadeiro”.
      Mágoa que advém do fato dos boiadeiros, aqui apresentados como pioneiros do progresso, não terem mais lugar no mundo que este progresso ajudou a construir. Trata-se, portanto, de uma evidente manifestação do saudosismo transfigurado que alude a um passado glorioso em contraposição a um presente marcado pela exclusão e pela perda da dignidade ecoando, de maneira explícita.


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