Texto: Rir, o melhor remédio
Leandro Sarmatz
Mas o que é o riso? Em que situações
ele ocorre? É exclusivamente humano? Desde que o filósofo grego Aristóteles
declarou que “o homem é o único animal que ri”, um bocado de gente vem
quebrando a cabeça nos últimos 2 000 anos para definir esse fenômeno. Embora a
Filosofia (Platão, Kant, Bergson) e, mais tarde, a Psicologia (Freud) tenham se
debruçado sobre o riso, o fato é que pouco se elucidou a respeito no mundo das
ciências naturais. “Assim como o amor, o riso passou ao largo do escrutínio dos
cientistas”, afirma Robert R. Provine, o primeiro a admitir que, não fosse o
preconceito da academia com o tema, suas conclusões poderiam ter vindo à tona
há pelo menos 300 anos nas mãos de outro pesquisador.
Mas a importância do riso vai além disso.
“O potencial da risada na saúde ainda não mereceu a devida atenção dos
especialistas”, afirma Provine. Embora filmes como Patch Adams: O Amor É
Contagioso (1998), estrelado pelo comediante Robin Williams e baseado na
história do médico que usava o humor para tratar de seus pacientes, apregoem a
importância terapêutica de uma sonora gargalhada, ainda são poucos os
especialistas em saúde que se interessam pelo assunto.
Há mudanças. A surrada frase “rir é o
melhor remédio” parece ter cada vez mais sentido para a ciência. O
cardiologista Michael Miller, da Universidade de Maryland, Estados Unidos,
liderou uma pesquisa sobre os benefícios do riso para a saúde do coração.
Chegou a resultados surpreendentes. Comparando as atitudes diante da vida de 150
pessoas com histórico de enfarto com o mesmo número de pessoas sadias,
descobriu que aquelas que nunca tinham sofrido com problemas no coração eram as
que demonstravam bom humor constante. Para evitar problemas cardíacos, Miller
recomenda combinar a velha receita de saúde (exercícios físicos regulares e
dieta balanceada) com algumas gargalhadas durante o dia.
Outro pesquisador interessado no riso é
o inglês Richard Wiseman, professor de Psicologia na Universidade de
Hertfordshire, Inglaterra, e criador, juntamente com a Associação Britânica
para o Progresso da Ciência, do Laugh Lab (“laboratório do riso”). O Laugh Lab
mantém um site para coletar piadas. O pano de fundo é o interesse para
descobrir os mecanismos do humor. Tirando o fato de que a graça de uma piada
depende do bom conhecimento do idioma em que ela está sendo contada (além da
compreensão do contexto cultural, gírias e personagens), a iniciativa é inédita
e parece marcar um ponto de ruptura com a sisudez da ciência tradicional.
Antes da ciência, o mundo dos
espetáculos e do show business já havia descoberto como tirar proveito da
combinação entre piadas e risos. Sabe aquela risada coletiva que ecoa nos
programas humorísticos das tevês do mundo inteiro e contagia os espectadores? Pois
sua forma “industrializada” existe desde setembro de 1950, quando o seriado
cômico The Hank McCune Show inaugurou a prática de inserir risadas em
playback de uma claque especialmente contratada ao final de
cada gag (piada). A invenção foi um sucesso instantâneo e é praticada
até os dias de hoje, mesmo tendo sido considerada, em 1999, uma das 100 Piores
Ideias do Mundo em votação da revista Time. Sem a claque, acredite, a
risada que você vê na tela seria muito menos engraçada.
Até parece piada.
Leandro
Sarmatz. Revista Superinteressante. N° 173.
Fevereiro de 2002.
Abril, São Paulo.
Entendendo o texto:
01 – Por que o texto pode ser considerado informativo?
O texto leva o
leitor informações baseadas em estudos científicos e dados jornalísticos.
02 – O texto apresenta uma
ideia principal; o riso beneficia a saúde do coração. Dê uma ideia secundária,
um exemplo ou um detalhe que explique essa ideia principal.
As pessoas que demonstram constante bom
humor estão fora das estatísticas de enfarte.
03 – O autor do texto diz
que a graça de uma piada depende do bom conhecimento do idioma.
Dê um argumento (fato,
explicação) que comprove a firmação e dê um argumento que contradiz essa ideia.
Depois, dê a sua opinião e explique-a.
Os ouvintes de
uma história engraçada ou piada precisam conhecer as gírias utilizadas, embora
o uso de “risadas industrializadas” usadas em programas humorísticos contagiam,
de maneira geral, os espectadores.
04 – Na sua opinião, por que
a invenção de gravar risadas para colocar nos programas humorísticos foi
considerada uma das piores ideias do mundo?
Resposta pessoal do aluno.
05 – Qual a função das
aspas, no texto? No lugar das aspas poderiam ter sido usados travessões? Por
quê?
As aspas têm duas funções: marcar a fala
de uma pessoa (primeiro parágrafo) e destacar palavras (segundo, terceiro e
quarto parágrafos). Os travessões não são adequados, pois não se trata de
discurso direto.
06 – Por que algumas pessoas
não riem quando ouvem histórias engraçadas?
Porque não entendem a história, ou os
trocadilhos, ou as gírias.
07 – Cite algumas situações
que fazem você rir muito.
Resposta pessoal do aluno.
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