Poema: Matinal
Entra o sol, gato amarelo, e fica
à minha espreita, no tapete claro.
Antes de abrir os olhos, sei que o dia
virá olhar-me por detrás das árvores.
à minha espreita, no tapete claro.
Antes de abrir os olhos, sei que o dia
virá olhar-me por detrás das árvores.
Ah! sentir-me ainda vivo sobre a face da Terra
enquanto a vida me devora…
Me espreguiço, entredurmo… O anjo da luz espera-me
enquanto a vida me devora…
Me espreguiço, entredurmo… O anjo da luz espera-me
Como alguém que vigiasse uma crisálida.
Pé ante pé, do leito, aproxima-se um verso
para a canção de despertar:
os ritmos do tráfego vibram como uma cigarra,
para a canção de despertar:
os ritmos do tráfego vibram como uma cigarra,
A tua voz nas minhas veias corre,
e alguns pedaços coloridos do meu sonho
devem andar por esse ar, perdidos…
e alguns pedaços coloridos do meu sonho
devem andar por esse ar, perdidos…
Mário
Quintana. A cor do invisível. Rio de Janeiro: Objetiva.
Entendendo o poema:
01 – O texto descreve o
amanhecer. Porém, como se trata de um texto poético, a descrição não é feita de
modo objetivo, mas de modo ambíguo, isto é, com duplicidade de sentidos, criada
por meio de comparações. A que é comparado o amanhecer?
Inicialmente a um gato, depois a uma
cigarra.
02 – Para tornar o poema
rico de sentidos, o poeta utiliza comparações, criando uma área semântica
relacionada com gato e cigarra. Daí o emprego de expressões como espreita,
detrás das árvores, vibram. No plano da realidade, a que corresponde:
a)
Gato amarelo?
Corresponde ao Sol.
b)
Espreitar no tapete claro?
Aos raios do sol refletidos no tapete do quarto.
c)
Olhar-me por detrás das árvores?
Ao sol subindo lentamente por entre as árvores.
d)
Anjo da luz?
Refere-se ao Sol.
e)
Ritmos do tráfego vibram como uma cigarra?
Aos barulhos e vibrações sonoras ouvidos de manhã.
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