quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

CRÔNICA: A FUGA - FERNANDO SABINO - COM QUESTÕES GABARITADAS


Crônica: A FUGA
                Fernando Sabino
       
                        
   Mal o pai colocou o papel na máquina, o menino começou a empurrar uma cadeira pela sala, fazendo um barulho infernal.
   -- Para com esse barulho, meu filho – falou, sem se voltar.
  Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira.
        -- Pois então para de empurrar a cadeira.
        -- Eu vou embora - foi a resposta.
        Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras, no ato de juntar do chão suas coisinhas, enrolando-as num pedaço de pano. Era a sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa – a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.
        A calma que baixou então na sala era vagamente inquietante. De repente, o pai olhou ao redor e não viu o menino. Deu com a porta da rua aberta, correu até o portão:
        -- Viu um menino saindo desta casa? – gritou para o operário que descansava diante da obra do outro lado da rua, sentado no meio-fio.
       -- Saiu agora mesmo com uma trouxinha – informou ele.
       Correu até a esquina e teve tempo de vê-lo ao longe, caminhando cabisbaixo ao longo do muro. A trouxa, arrastada no chão, iam deixando pelo caminho alguns de seus pertences: o botão, o pedaço de biscoito e - saíra de casa prevenido - uma moeda de 1 cruzeiro. Chamou-o, mas ele apertou o passinho, abriu a correr em direção à Avenida, como disposto a atirar-se diante do ônibus que surgia à distância.
        -- Meu filho, cuidado!
        O ônibus deu uma freada brusca, uma guinada para a esquerda, os pneus cantaram no asfalto. O menino, assustado, arrepiou carreira. O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um animalzinho:
        -- Que susto você me passou, meu filho – e apertava-o contra o peito, comovido.
        -- Deixa eu descer, papai. Você está me machucando.
        Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas:
        -- Machucando, é? Fazer uma coisa dessas com seu pai.
        -- Me larga. Eu quero ir embora.
        Trouxe-o para casa e o largou novamente na sala – tendo antes o cuidado de fechar a porta da rua e retirar a chave, como ele fizera com a da despensa.
        -- Fique aí quietinho, está ouvindo? Papai está trabalhando.
        -- Fico, mas vou empurrar esta cadeira.  E o barulho recomeçou.

                           SABINO, Fernando. A vitória da infância. São Paulo, Ática, 1995. p. 43.

Entendendo a crônica:
01 – No trecho: “Com três anos já sabia reagir como homem ao impacto das grandes injustiças paternas: não estava fazendo barulho, estava só empurrando uma cadeira”, o que significa dizer que o garoto “sabia reagir como homem”?
      Significa que ele já sabia tomar uma atitude quando se sentia injustiçado; sabia defender-se de uma acusação. Que ele não iria apenas ficar chorando como uma criança.

02 – O que é na sua opinião injustiça?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – De que forma o garoto reagiu à repreensão do pai?
      Resolveu fugir de casa.

04 – O pai teve uma atitude responsável ao deixar a porta aberta?
      Não, porque poderia ter acontecido coisa piores.

05 – Que valores há nos pertences que a criança levou consigo ao sair de casa?
      Era a sua bagagem: um caminhão de plástico com apenas três rodas, um resto de biscoito, uma chave (onde diabo meteram a chave da despensa – a mãe mais tarde irá dizer), metade de uma tesourinha enferrujada, sua única arma para a grande aventura, um botão amarrado num barbante.

06 – Na sua opinião, o fato de o menino estar arrastando a cadeira teve algum motivo além de fazer barulho?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – A repreensão feita pelo pai no início do texto pode ser considerada justa ou injusta dependendo do ponto de vista. Responda:
a)   De acordo com o ponto de vista do garoto, por que ela foi injusta?
Porque ele não tinha a intensão de fazer barulho, seu objetivo era apenas empurrar uma cadeira.

b)   De acordo com o ponto de vista do pai, por que ela foi justa?
Porque o filho, ao empurrar a cadeira, estava fazendo barulho e atrapalhando o seu trabalho.

08 – Quem são personagens do texto?
      O pai, a mãe, o filho e o operário.

09 – Durante a história, as atitudes do pai em relação ao filho se modificam. Transcreva do texto trechos que comprovem as atitudes do pai abaixo relacionadas:

a)   Desatenção: “Distraído, o pai não reparou que ele juntava ação às palavras”.

b)   Carinho: “O pai precipitou-se e o arrebanhou com o braço como a um animalzinho”; “— Que susto você me passou, meu filho – e apertava-o contra o peito, comovido”.

c)   Indecisão: “Irresoluto, o pai pensava agora se não seria o caso de lhe dar umas palmadas”.

10 – No final da história, o garoto foi bem-sucedido? Ele conseguiu realizar seu desejo inicial?
      Ele foi bem-sucedido, pois continuou empurrando a cadeira.



7 comentários:

  1. obg mim ajudou muito nas atividade amo esse site

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  2. Qual a característica de cada personagem

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    1. O pai era distraído
      O menino queria atenção
      O operário era descansado

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  3. na crônica Fuga associa um ideia de falta de atenção paterna, pois o menino queria chamar a atenção de sue pai..., alguém tem outra opnião....

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  4. Muito bom obrigado 😊💓❤❤❤❤❤❤

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