segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

POEMA: O ASSASSINO ERA O ESCRIBA - PAULO LEMINSKI - COM GABARITO


Poema: O ASSASSINO ERA O ESCRIBA
   
                                
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto. Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

                                                                  Paulo Leminski
Entendendo o poema:

01 – Sobre o poema todas as alternativas estão corretas, EXCETO.
a)   A terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema.
b)   O eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
c)   Nos primeiros sete versos o eu lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador.
d)   Entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor.
e)   O texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema.

02 – Nos versos: “Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente”. O que eu lírico quis dizer?
      Aquele professor que não aparece, não é necessário, a oração existe sem ele.

03 – Em que versos, o eu lírico diz que o professor é repetitivo, chato e sem mudanças era o que se dizia desse sujeito?
      “Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida, / Regular como um paradigma da 1ª conjunção”.

04 – Na frase: “Matei-o com um objeto direto na cabeça”, a respeito do emprego da palavra “direto”, é possível afirmar que:
a)   É um emprego regular da palavra, servindo de sua expressividade para conferir um único sentido ao texto: o modo como o objeto foi lançado.
b)   Está funcionando em duplo sentido, fazendo referência de classificação sintática e também ao modo como foi o objeto, o que confere ironia e expressividade ao texto
c)   Funciona somente como referência à classificação sintática “objeto direto”, que significa “complemento sem necessidade de preposição”.
d)   A palavra “direto” faz referência a “reto, direto, correto”, o que nos faz certamente relacionar com as características do sujeito descrito no texto.

05 – Por que ele não conseguiu ir aos EUA?
      Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

06 – Na frase: “Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial”, o autor faz referência à oração subordinada. Assinale a alternativa que NÃO corresponde corretamente à compreensão da relação entre orações:

a)   Oração subordinada é o nome que se dá ao tipo de oração que é indispensável para a compreensão da oração principal.

b)   Diferentemente da coordenada, a oração subordinada é a que complementa o sentido da oração principal, não sendo possível compreender individualmente nenhuma das orações, pois há uma relação de dependência do sentido.

c)   Subordinação refere-se a “estar ordenado sob”, sendo indiferente a classificação de uma oração coordenada ou subordinada, pois as duas têm a mesma validade.

d)   A oração principal é aquela rege a oração subordinada, não sendo possível seu entendimento sem o complemento.



3 comentários:

  1. Só descobri teu blog agora. Vou acompanhá-lo. Muito bom o teu trabalho. Sucesso sempre!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De nada! Vou fazer um vídeo para o meu canal de Youtube sugerindo materiais brasileiros e portugueses para os galegos terem contato com a língua portuguesa. Eu sou brasileiro, mas moro na Galiza (faço doutorado em estudos lnguísticos na Universidade da Coruña). A língua galega (que é uma variante do nosso português - aliás, o português é o galego com outro nome) está desaparecendo daqui. Estamos num movimento de aproximação com a cultura lusófona para resgatar a língua. Enfim, posso sugerir teu blog? Ainda estou selecionando material, mas eu gostaria de indicar teu blog no vídeo.
      Obrigado e sucesso!

      Excluir