Poema: Ritual
Este corpo que agora me
veste
ainda é casca
e casulo
de um outro bicho
que cresce.
Esta capa que me acompanha
desde os tempos
de criança
desce inútil aos meus pés.
Sou a ponte
que me liga.
Sou o gesto
que me une.
Sol e lua,
Noite e dia.
Sou o fui
e o serei.
Este tempo
que me guarda
para um outro
amanhecer
é lembrança e
é promessa,
recordação e
esperança,
morte e vida
enoveladas
na meada
das mudanças.
Carlos Queiroz
Telles. Sementes de sol. São Paulo:
Moderna, 1992. p. 36-7.
Entendendo o poema:
01 – Leia estas afirmações:
l. Quanto às ideias que
apresenta, esse texto pode ser dividido em duas partes.
II. A 1ª parte reúne as
estrofes 1 e 2 e trata das transformações físicas do eu lírico.
III. A 2ª parte é formada
apenas pela última estrofe, que trata da identidade do eu lírico em um momento
de mudanças.
IV. Na 1ª parte, o eu lírico
compara-se a um animal em transformação. Com base nessas afirmações, pode-se
concluir que
A) apenas a III está
correta.
B) III e IV estão corretas.
C) II e III estão corretas.
D) I, II e IV
estão corretas.
02 – Na 2ª estrofe, o eu
lírico faz referência a uma capa, que “desce inútil” a seus pés, como se ele
estivesse se despindo de uma “roupa” que o acompanhara por longo tempo. De que
tipo de roupa ele estaria se desfazendo?
A) Da “roupa” (ou
do papel) de criança.
B) Dos sentimentos
contraditórios.
C) Das mudanças.
D) Das recordações.
03 – Ao comparar-se a um
animal em transformação, na 2ª parte do texto, o eu lírico tenta definir a si
mesmo, fazendo uso de linguagem figurada. Nos versos “Sou o fui / e o serei”,
os verbos destacados são substantivados. Que substantivos podem substituir
esses verbos sem que haja mudança de sentido?
A) Passado e
futuro.
B) Recordação e esperança.
C) Mudanças e lembrança.
D) Tempo e promessa.
04 – A que ritual se refere o texto?
a) A transformação da lagarta em outro animal.
b) O nascimento de uma criança
c) A adolescência, passagem da infância para a idade
adulta.
d) A cerimônia de passagem da vida para a morte.
e) A passagem da infância para a adolescência.
05 – O poema é escrito na
primeira pessoa: “Este corpo que me
veste... Esta capa que me acompanha... desce inútil dos
meus pés... Sou a ponte... Sou o gesto...” Quem é o EU do poema?
a) Um ou uma adolescente
b) Lagarta.
c) Um adulto.
d) Uma criança.
e) Um ou uma pessoa idosa.
06 – O poema fala de um
tempo que é ao mesmo tempo sol e lua, noite e dia, morte e vida. Por que esse tempo de que fala o poema é um
tempo de opostos, de contrários?
a) Porque o tempo urge, tudo
passa.
b) Porque as lembranças o tempo não apaga.
c) Porque é um tempo de mudanças.
d) Porque o tempo é surpreendente com as pessoas.
e) Porque é um tempo de sentimentos confusos.
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