terça-feira, 16 de janeiro de 2018

CRÔNICA: TATUAGEM - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

CRÔNICA: TATUAGEM

  Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca. Mundo Online, 4.fev.2003

 Ela não era enfermeira (era secretária), não era inglesa (era brasileira) e não tinha 78 anos, mas sim 42: bela mulher, muito conservada. Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa. Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia. O homem não comentou: perguntou apenas o que era para ser tatuado.
      - É bom você anotar -disse ela- porque não será uma mensagem tão curta como essa da inglesa.
       Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar.
         - "Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
         Uma pausa, e ela continuou:
         - "E não procedam à ressuscitação, porque não vale a pena. A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos."
      Ele continuou escrevendo, sem dizer nada. Era pago para tatuar, e quanto mais coisas tatuasse, mais ganharia.
      Ela continuou falando. Agora voltava à sua infância pobre; falava no sacrifício que fora para ela estudar. Contava do rapaz que conhecera num baile de subúrbio, tão pobre quanto ela, tão esperançoso quanto ela. Descrevia os tempos de namoro, o noivado, o casamento, o nascimento dos dois filhos, agora grandes e morando em outra cidade. Àquela altura o tatuador, homem vivido, já tinha adivinhado como terminaria a história: sem dúvida ela fora abandonada pelo marido, que a trocara por alguma mulher mais jovem e mais bonita. E antes que ela contasse sua tragédia resolveu interrompê-la. Desculpe, disse, mas para eu tatuar tudo que a senhora me contou, eu precisaria de mais três ou quatro mulheres.
     Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde. Depois, convidou-a para tomar alguma coisa num bar ali perto.
       Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão muito bem. Ela sente um pouco de ciúmes quando ele é procurado por belas garotas, mas sabe que isso é, afinal, o seu trabalho. Além disso, ele fez uma tatuagem especialmente para ela, no seu próprio peito. Nada de muito artístico, o clássico coração atravessado por uma flecha, com os nomes de ambos. Mas cada vez que ela vê essa tatuagem, ela se sente reconfortada. Como se tivesse sido ressuscitada, e como se estivesse vivendo uma nova, e muito melhor, existência.
Moacyr Scliar – Folha de São Paulo – 10/03/2003

Entendendo o texto:

01 – O cronista se inspirou em um fato real.
a)   Qual é o fato?
    Enfermeira inglesa de 78 anos manda tatuar mensagem no peito pedindo para não proceder a manobras de ressuscitação em caso de parada cardíaca.

b)   De onde foi retirado?
    Publicado em: Mundo Online, 4.fev.2003.

02 – O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária:
(  ) ser mais jovem que a mulher  da notícia.  
(X) concluir que a vida não vale a pena.
(  ) achar romântica a história da enfermeira    
(  ) ter se envolvido com o tatuador.

03 – Quais as diferenças apontadas pelo narrador entre a mulher da notícia e a mulher da crônica?
      Mulher da notícia tinha 78 anos e era uma enfermeira inglesa e a mulher da crônica tinha 42 anos, era secretária e bela.

04 – Transcreva o trecho que mostra como o tatuador imaginava o final da história que a mulher lhe contava.
      Imaginava que ela fora abandonada pelo marido, que trocara por alguma mulher mais jovem e mais bonita.

05 – Qual foi a tatuagem especial que o tatuador fez em seu próprio peito para a secretária?
      O clássico coração atravessado por uma flecha, com o nome de ambos.

06 – Relacione:
(1) Situação inicial             
(2) Conflito
(3) Desenvolvimento 
(4) Clímax                     
(5) Desfecho

5 ) Os dois vivem juntos, ele fez uma tatuagem no peito e cada vez que ela  vê, se sente ressuscitada.
1 ) Uma mulher procura um tatuador após ler uma notícia de uma enfermeira que tatuou uma frase inusitada.
2) A mulher acha que a vida não vale a pena e quer uma tatuagem semelhante a da enfermeira "Em caso de que eu tenha uma parada cardíaca" -ditou ela-, "favor não proceder à ressuscitação".
3 )  A secretária começa a contar sua história infeliz para o tatuador. Ele a interrompe pois já sabia como terminaria.
) Ela chora, ele a conforta como pôde e convida-a para tomar alguma coisa.

07 – O trecho da crônica que mostra que o cronista inspirou-se em um fato real é:
a)   A notícia, retirada da Internet, que introduz a crônica.
b)   As manobras de ressuscitação praticadas pelos médicos.
c)   A reprodução da conversa entre a secretária e o tatuador.
d)   A história de amor entre a secretária e o tatuador.

08 – O fato gerador do conflito que constrói a crônica é a secretária:
a)     Ser mais jovem que a enfermeira da notícia.
b)     Concluir que a vida não vale a pena.
c)     Achar romântica a história da enfermeira.
d)     Ter se envolvido com o tatuador.

09 – Um trecho do texto que expressa uma opinião é:
a)   “Mesmo assim, decidiu fazer a mesma coisa.”
b)   “O homem não comentou; perguntou apenas o que era para ser tatuado.”
c)   “A vida é cruel, o mundo está cheio de ingratos.”
d)   “Ela começou a chorar. Ele consolou-a como pôde.”

10 – O trecho do texto que retrata a consequência após o encontro da secretária com o tatuador é:
a)   “Foi procurar um tatuador, com o recorte da notícia”.
b)   “Ele apanhou um caderno e um lápis e dispôs-se a anotar”.
c)   “E antes que ela contasse a sua tragédia resolveu interrompê-la”.
d)   “Estão vivendo juntos há algum tempo. E se dão bem”.

11 – Qual a pessoa do discurso empregada para narrar a crônica? Ela participa da história?
      O narrador é de 3ª pessoa do discurso e não participa da história. Ele é um narrador-observador.

12 – Qual a importância da sequência descritiva para a crônica?
      A sequência descritiva concretiza a descrição da personagem, é importante para que o leitor entenda melhor o tema.

13 – Observe esse trecho da crônica: “Era pago para tatuar, e quanto mais tatuasse mais ganharia”.

a)   Em que tempo e modo estão flexionados os verbos sublinhados?
Tatuasse: pretérito imperfeito do subjuntivo.
Ganharia: futuro do pretérito do indicativo.

b)   Se alterássemos o verbo tatuasse para tatuar, o verbo ganharia seria alterado, segundo a linguagem formal? Caso seja, qual seria a nova forma verbal?
“... quanto mais tatuar mais ganhará”.




16 comentários:

  1. vllw ai pelas rexpoxtas , partiu filar kkk brinks NÃO SOU DESSAS *)

    ResponderExcluir
  2. Estabeleça a correta correspondência conforme a ideia expressa pelo advérbio

    ResponderExcluir
  3. Quantos parágrafos tem a crônica

    ResponderExcluir
  4. As questões 02 e 08 se equivalem, mas têm respostas diferentes.
    A correta, creio eu, é a 02, mas será se há um erro na redação da 8ª?

    ResponderExcluir
  5. Algumas perguntas estavam diferentes das minhas, mas as outras estavam certicimas obrigado(a).

    ResponderExcluir