segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

TEXTO: MULHER DE QUARENTA - LYA LUFT - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Texto: Mulher de quarenta
                                                                                                  Lya Luft

     Houve um tempo em que a mulher interessante era a de 30 anos. Naquele instante especial, logo antes – para aquela época – de começar a derrocada, de ela se transformar em uma matrona chata.
    A mulher de 40 anos emergiu há poucas décadas por todo o mundo ocidental. Criados os filhos, consolidado – ou acabado – o casamento, permitiam-se voos mais altos, ou revoadas fora do ninho doméstico. Surgiram assim artistas plásticas, escritoras, amantes. Ou apenas mulheres que se descobriam capazes de pensar, trabalhar, viajar. Questionar-se, questionar vida e valores.
        Algumas num tom lamurioso, outras num tom ressentido, outras, ainda alegres ao abrir janelas de possibilidades. Muitas, ainda, não mudando grande coisa, a mesma casa, o mesmo companheiro, os mesmos filhos, as mesmas amigas. Mas, dentro de si, um novo olhar sobre tudo isso e o mundo lá fora. Às vezes até um olhar mais amoroso. Amor com mais alegria: o que existe melhor que isso?
        A mulher de 40 anos apenas começa a viver. Apenas começa a acumular alguma bagagem de vida; é mais capaz de autoconhecimento, de contemplação das coisas e, simultaneamente, de mais abertura para fora. Olhar o outro sem a toda hora testar: estou linda, estou desejável, estou dentro dos padrões, sou gostosa, pareço inteligente?
        Abrir as asas exige, para ser bom, certa serenidade, um vago equilíbrio, ou cedo as asas vão se derreter ao sol, e a gente despenca, quebrando a cara como não imaginava. Exige certa esperteza boa. A mulher de 40 anos, a que se preza, é uma bruxa divertida, que voa na sua vassoura turbinada, feliz com a visão que tem quando, lá no alto, gira sobre os telhados e sobre as cabeças.
                                                                                                                                        Revista Veja, 7 de novembro de 2007.

Entendendo o texto:

01 – Ultrapassa o texto a informação segundo a qual:
[A] O ápice (pico) da vida da mulher dava-se até os 30 anos.
[B] A partir dos trinta anos a mulher tornava-se aborrecida.
[C] Houve uma mudança revolucionária na vida da mulher.
[D] Recentemente as mulheres descobriram-se capazes de pensar.
[E] A mulher de hoje sequer questiona os valores que conhece.

02 – A análise feita por Lya Luft refere-se à mulher:
[A] De todo o planeta.                               
[B] Da cultura ocidental
[C] Da cultura helenística.  
[D] Dos países em desenvolvimento
[E] Da cultura nórdica.

03 – Há no texto uma relação de intertextualidade com a história de:
[A] As feministas.                            [D] Os políticos.
[B] Os modernistas.                        [E] Os carnavalescos.
[C] Joana D’Arc.

04 – A mulher de 40 anos hoje se destaca das mulheres de gerações anteriores pelo (a):
[A] Insegurança.                             [D] Autoconhecimento.
[B] Fugacidade.                              [E] Autodestruição
[C] Permissividade.

05 – São estas as características da mulher hoje, aos 40 anos, EXCETO a capacidade de:
[A] Desistir.   
[B] Observar.  
[C] Renovar-se.   
[D] Amar.     
[E] Divertir.


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