terça-feira, 2 de janeiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL - CRISTINA CHARÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO:  UM MUNDO AFOGADO EM PAPEL
                                              Cristina Charão

Fonte da imagem - https://www.blogger.com/blog/post/edit/7220443075447643666/1613369457126126366#
          Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

      Sobre a mesa do jovem executivo, um moderno computador, com processador mais que veloz de 1,1 megahertz e memória de 60 gigabites, capaz de armazenar todos os documentos que escreve e os dados que precisa consultar, enviar com presteza toda sua correspondência e ainda guardar as fotos das últimas férias. Pode-se supor que, com computador, internet, intranet, câmera digital e scanner a seu dispor, esse executivo não precise mais de armários de arquivo ou de gavetas. Mas pilhas de papel, livros e cartões sobre a mesa provam uma enorme contradição: o mundo digitalizado está se afogando em papel.
         Quando os primeiros PCs começaram a ser comercializados, em 1980, o consumo mundial de papel registrado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) era de 190 milhões de toneladas. Em 1990, já era de 240 milhões e, hoje, chega perto de 300 milhões de toneladas. Essa diferença pesa não só nos sacos de lixo, mas também ameaça áreas florestais, rios, solo e ar.
         [...] Segundo relatório de uma das maiores empresas de consultoria em papel e impressão da Europa, a Pira Internacional, a demanda por alguns tipos de papel pode aumentar em até 70% nos próximos oito anos. Entre os mais cotados para estrelas do consumo estão o papel escritório (aquele usado em impressoras comuns, em casa ou no trabalho) e os que servem para embalagens.
        Só há queda de demanda para o papel-jornal. As razões para essas previsões estão, não por coincidência, ligadas diretamente ao desenvolvimento das tecnologias digitais. “Se uma pessoa lia um jornal há cinco anos, hoje pode ler dez na internet e, certamente, vai imprimir páginas desses dez jornais”, comenta Luís Fernando Tedesco, gerente de marketing de suprimentos da Hewlett-Packard do Brasil.
         [...] Até hoje ninguém conseguiu criar um substituto tão prático quanto as fibras de papel de celulose diluídas em água e prensadas, receita criada pelo oficial da corte chinesa T’sai Lun, no ano 105 d.C. Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper. A ideia é criar um material semelhante à tela de cristal líquido, fino e flexível, que possa exibir imagens e textos gerados por um chip que receberia as informações e as “imprimiria”. Essas “folhas” poderiam ter seu conteúdo apagado e reescrito a qualquer hora. Mas isso ainda é ficção.
      Para os representantes da indústria de celulose e papel, o impacto do aumento de consumo previsto é contornável. “Hoje se busca a produtividade de florestas, a redução de perdas com o fechamento do ciclo da água e a diminuição de gastos com energia usando resíduos de madeira como combustível”, diz   Marcos Vettorato, diretor industrial da Companhia Suzano de Papel e Celulose. Esses cuidados diminuem o impacto ambiental, salvaguardam o estoque de matérias-primas e reduzem custos. [...]
Dois lados da folha
       Diminuir custos pelo modo mais fácil também põe em risco as florestas. Com o crescimento da demanda, a pressão sobre florestas nativas aumenta, principalmente no Sudeste Asiático. É mais barato derrubar uma árvore de 100 anos de idade do que cultivar eucalipto ou pínus por 10 ou 15 anos. Mas no Brasil a adaptação do eucalipto ao clima e ao solo [...] faz do cultivo uma alternativa vantajosa.
        Se o e-paper ainda é uma promessa e o escritório sem papel, uma ficção, a saída para evitar problemas futuros é reduzir o consumo. Parece simplório lembrar que uma folha tem dois lados, mas se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras (cerca de 199 milhões de quilos de papel) fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas. São números para se pensar.

Cristina Charão. Galileu, São Paulo, n.130, maio 2002, p.48-50.


ENTENDENDO O TEXTO:

01 – Que contradição parece existir na frase “o mundo digitalizado está se afogando em papel”?
      Na sociedade digital, o homem gasta muito mais folhas do que antes dos computadores.

02 – Qual o problema que o texto apresenta?
      O aumento excessivo de papéis ameaçando áreas florestais, rios, solo e ar.

03 – Que exemplo usado no texto para mostrar que os avanços tecnológicos não impediram o aumento do consumo de papel?
      Que em 1990, já era de 240 milhões de toneladas de papéis, e hoje chega a ser até 300 milhões.

04 – Escreva uma das causas responsáveis pelo aumento de consumo de alguns tipos de papéis?
      Entre os mais cotados estão o papel escritório e os que servem para embalagens.

05 – O que é o projeto e-paper?
       É um projeto que querem desenvolver no futuro da humanidade.

06 – Qual a principal vantagem desse projeto?
       O projeto e-paper é um papel que ele dá para imprimir as coisas que ele quer usar e depois poderá apagar e continuar usando ele novamente.

07 – Onde ele está sendo desenvolvido?
      Os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tentam há anos finalizar o projeto do e-paper.

08 – Por que a segunda parte do texto recebeu o subtítulo Dois lados da folha?
      Porque se todos os 115 bilhões de folhas gastas anualmente em impressões caseiras, fossem usadas e reusadas, 1,3 milhão de árvores não precisariam ser cortadas.

09 – Afinal, porque é necessário reduzir o consumo de papel? Se isso não acontecer, quais as consequências futuras?
      Para evitar o uso excessivo, é preciso vencer a desconfiança sobre o arquivamento digital. Sistemas de senhas de diferentes níveis de acesso e espelhamentos (backups) são estratégias para garantir que os documentos das empresas estão seguros, uma vez que os papéis do escritório são os mais usados. As consequências são a degradação do meio ambiente.





Nenhum comentário:

Postar um comentário