POEMA: LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO
Carlos Drummond de Andrade
Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era
tranquilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava
no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
In: Sentimento do Mundo, 1940 e
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa.
São Paulo: Nova Aguilar, 2002.
Entendendo o texto:
01 – Quando esse poema foi
publicado, o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial. A China, que também
participava da guerra, enfrentava há anos uma terrível guerra civil. Na fase de
sua carreira em que elaborou esse poema, Drummond construía sua poesia com
problemas do mundo e as questões sociais como tema. A partir da leitura do
poema, responda: o que estaria sendo criticado nesse poema?
A violência de um
modo em geral e como ela afeta o dia a dia das pessoas.
02 – A leitura do texto
permite identificar um certo saudosismo do eu lírico. Por que o eu lírico fez
um retorno ao mundo antigo?
Devido à difícil realidade do mundo
presente, o eu lírico desejou percorrer de novo as lembranças sem medo de uma
época distante.
03 – Nos quatro primeiros
versos, o eu lírico destacou o colorido que havia na natureza. O que poderia
ter causado a alteração desse colorido?
De forma figurada, a cor sombria da
destruição e da morte provocada pela guerra.
04 - Nos versos 5 e 6, o eu
lírico fala do guarda-civil que sorria e da menina que pisava na relva para
pegar um pássaro. O que poderia ter mudado com o tempo em relação a esses
elementos?
A mudança de atitude do guarda civil e da
menina está no verso 7, com a menção à Alemanha e à China, que contextualiza os
versos no grande medo causado pela Segunda Guerra Mundial.
05 – No verso "Os
perigos que Clara temia eram a gripe, o calor os insetos" referia-se a
determinados perigos de um mundo anterior em que ele vivia. Os perigos a que o
eu lírico se refere, no mundo de Clara, poderiam ser o surto da gripe espanhola,
que matou muita gente em 1918, o calor tropical, os insetos que transmitiam
doenças. Considerando que o poema foi escrito em 1940, no contexto da grande
guerra, que perigos o eu lírico poderia ter de enfrenta?
As repercussões
da guerra no Brasil e sua participação efetiva nela, assim como a possível
escassez de alimentos, a globalização total da guerra, etc.
06 – Quais seriam então os
perigos do mundo atual?
A violência,
tráfico de drogas, desemprego, mudanças climáticas, guerras, entre outros.
07 – Por que Clara tinha
medo de perder o bonde das 11h00?
Porque demoraria muito tempo para passar
outro.
08 - Por que as cartas
demoravam a chegar?
O Correios seria
mais lento na década de 1940.
09 – O que indica o fato de
que Clara nem sempre podia usar vestido novo?
Ela não tinha condições de comprar um
vestido novo.
10 - Hoje já não se veem
mais bondes e as longas cartas estão, cada vez mais, sendo substituídas por
e-mails. Como o desenvolvimento tecnológico modificou o mundo e as
pessoas?
Ela trouxe
evolução para todas as áreas científicas, porém a custo de muito isolamento das
pessoas, ritmo de vida acelerado e aumento na degradação da natureza.
11 – No último verso, o que
podem representar as manhãs?
Elas
representam a esperança de recomeçar
Por que o autor acha que não há mais manhãs?
ResponderExcluir