terça-feira, 23 de janeiro de 2018

POEMA: LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

POEMA: LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO
              Carlos Drummond de Andrade


Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,


a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era
tranquilo em redor de Clara.

As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava
no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!

                                                                                 CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
                                                                                         In: Sentimento do Mundo, 1940 e
                                                           ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa.
                                                                                             São Paulo: Nova Aguilar, 2002.
Entendendo o texto:

01 – Quando esse poema foi publicado, o mundo passava pela Segunda Guerra Mundial. A China, que também participava da guerra, enfrentava há anos uma terrível guerra civil. Na fase de sua carreira em que elaborou esse poema, Drummond construía sua poesia com problemas do mundo e as questões sociais como tema. A partir da leitura do poema, responda: o que estaria sendo criticado nesse poema?
      A violência de um modo em geral e como ela afeta o dia a dia das pessoas.

02 – A leitura do texto permite identificar um certo saudosismo do eu lírico. Por que o eu lírico fez um retorno ao mundo antigo?
      Devido à difícil realidade do mundo presente, o eu lírico desejou percorrer de novo as lembranças sem medo de uma época distante.

03 – Nos quatro primeiros versos, o eu lírico destacou o colorido que havia na natureza. O que poderia ter causado a alteração desse colorido?
      De forma figurada, a cor sombria da destruição e da morte provocada pela guerra.

04 - Nos versos 5 e 6, o eu lírico fala do guarda-civil que sorria e da menina que pisava na relva para pegar um pássaro. O que poderia ter mudado com o tempo em relação a esses elementos?
      A mudança de atitude do guarda civil e da menina está no verso 7, com a menção à Alemanha e à China, que contextualiza os versos no grande medo causado pela Segunda Guerra Mundial.

05 – No verso "Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor os insetos" referia-se a determinados perigos de um mundo anterior em que ele vivia. Os perigos a que o eu lírico se refere, no mundo de Clara, poderiam ser o surto da gripe espanhola, que matou muita gente em 1918, o calor tropical, os insetos que transmitiam doenças. Considerando que o poema foi escrito em 1940, no contexto da grande guerra, que perigos o eu lírico poderia ter de enfrenta?
      As repercussões da guerra no Brasil e sua participação efetiva nela, assim como a possível escassez de alimentos, a globalização total da guerra, etc.

06 – Quais seriam então os perigos do mundo atual?
      A violência, tráfico de drogas, desemprego, mudanças climáticas, guerras, entre outros.

07 – Por que Clara tinha medo de perder o bonde das 11h00?
      Porque demoraria muito tempo para passar outro.

08 - Por que as cartas demoravam a chegar?
      O Correios seria mais lento na década de 1940.

09 – O que indica o fato de que Clara nem sempre podia usar vestido novo?
      Ela não tinha condições de comprar um vestido novo.

10 - Hoje já não se veem mais bondes e as longas cartas estão, cada vez mais, sendo substituídas por e-mails. Como o desenvolvimento tecnológico modificou o mundo e as pessoas? 
      Ela trouxe evolução para todas as áreas científicas, porém a custo de muito isolamento das pessoas, ritmo de vida acelerado e aumento na degradação da natureza.

11 – No último verso, o que podem representar as manhãs?
      Elas representam a esperança de recomeçar

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