Texto: Transgênicos
A
sociedade civil ainda não foi esclarecida sobre o problema.
Quase duas décadas
de debates.
A polêmica em torno dos organismos
geneticamente modificados (OGMs), popularmente conhecidos como transgênicos
já fez história. Começou nos anos 1990, quando ocorreram as primeiras
colheitas de grãos alterados geneticamente.
O movimento de resistência surgiu em
torno da Campanha por Segurança Alimentar e agregou diversas organizações
não-governamentais. Desde então, o número de entidades envolvidas e as ações
empreendidas se ampliaram. No Brasil, a mobilização civil começou com a
campanha por um Brasil Livre de transgênicos, que publicou cartilhas
impressas e boletins eletrônicos, promoveu eventos e manifestações públicas,
e divulgou resultados de testes realizados em alimentos.
Pressão
Multinacional
A encrenca começou em outubro de
1998, quando foi liberado o primeiro plantio de soja geneticamente modificada
no país produzido pela multinacional Monsanto, uma das maiores empresas de
biotecnologia do mundo. A liberação ocorreu depois que produtores do Rio
Grande do Sul usaram sementes de países fronteiriços, como a Argentina, onde
esse tipo de cultivo já era permitido, e pressionaram o governo para que sua
safra pudesse ser comercializada. A autorização saiu, por medida provisórias,
para as safras 2003 / 2004, 2004 / 2005 e 2005 / 2006. A liberação
definitiva, no entanto, veio acompanhada de algumas condições, entre elas a
necessidade de o agricultor assinar uma declaração reconhecendo o uso de OGMs
e comprometendo-se a não usar os grãos gerados em uma próxima safra. Em
relação à soja, é nesse pé que as coisas se encontram em 2006, após a
aprovação e a regulamentação da Lei de Biossegurança.
O algodão Bollyard Evento 531, também
da Monsanto, é outro capítulo. Seu cultivo foi liberado pela Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), também com algumas exigências. Uma delas: 20% de algodão
convencional deve ser cultivado em áreas cercadas e isoladas para evitar
contaminação.
Níveis de Tolerância
Desde 2003, vigora no Brasil o Decreto-Lei
n° 4.680, que exige a informação, no rótulo de alimentos e ingredientes que
contenham mais de 1% de componentes transgênicos. Anteriormente era a partir
de 4%. Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec),
entretanto, a alteração ainda não é satisfatória e tem duas reclamações nessa
área. A primeira é que muitos alimentos contêm menos de 1% de ingredientes
geneticamente modificados – e o consumidor ignora a informação. A outra é que
produtos como bolachas, bolos, massas, chocolates, óleos, margarinas e seus
derivados, que sofrem processamento térmico mais agressivo, têm suas proteínas
destruídas, o que impede a detecção de organismos geneticamente modificados.
“Nos supermercados não há produtos
que tragam o símbolo indicando a existência de OGMs, não porque eles não
existam, mas porque a informação desaparece quando entra em fabricação, e não
existe fiscalização”, afirma Gabriela Vuolo, coordenadora da área de
consumidores da campanha de transgênicos do Greenpeace. Na União Europeia,
desde 2004 o limite para não rotular um produto como geneticamente modificado
é 0,9%. Na Suíça, 0,1%. Na Rússia e no Japão, 5%.
O milho transgênico já está
autorizado para plantio em países europeus, como Portugal e Alemanha, mas ainda
não está liberado no Brasil.
Muitas questões ainda estão
pendentes. O peso dos custos variará, também, conforme a localização da
lavoura, as condições de transporte, o armazenamento. Nada disso foi ainda
avaliado. O que existem são estimativas. "O incremento poderá
representar apenas 0, 5% do valor de 1 tonelada de grãos de soja em regiões
próximas aos portos. Entretanto, poderá alcançar de 6% a 8% se as cargas
passarem por vários transbordos, diferentes tipos de armazéns e regiões
mistas. Isso ocorre com o produto do Centro-Oeste, onde será necessário
segregar os grãos transgênicos dos tradicionais", diz o engenheiro
agrônomo José Maria da Silveira, pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola
do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
professor nas áreas de Microeconomia e Métodos Quantitativos.
A identificação dos carregamentos,
com informações claras e precisas sobre o nome da variedade e o gene
modificado, é obrigatória, por força de acordo internacional, mas é também
uma providência de interesse nacional, fundamental para a biossegurança.
Então, o dinheiro que os produtores terão de investir adquire um colorido
diferente. Passa a compor um interesse difuso, de toda a sociedade. "Os
gastos não serão muito altos e as empresas terão de arcar com isso. E os
investimentos iniciais eventualmente serão incorporados ao orçamento dos
empreendimentos", afirma Paulo Pacini, coordenador de ações judiciais do
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Está visto que, para o debate se
transformar em algo mais produtivo, que possa resultar em ações coerentes,
justificáveis e efetivas, falta ainda muita informação. Pesquisadores em
agronegócios, economistas e especialistas em prospectar mercados têm trabalho
de sobra a fazer nessa área. E há urgência. Afinal, seis anos passam num
piscar de olhos.
Trechos da
matéria “Quanto custa o rótulo”.
Revista Desafios do Desenvolvimento.
Entendendo o texto:
01 – Qual o título do
texto? E o subtítulo?
Transgênicos. A
Sociedade Civil ainda não foi esclarecida sobre o problema.
02 – A polêmica sobre os
transgênicos, já faz décadas. Desde quando começou?
Começou nos
anos de 1990, quando ocorreram as primeiras colheitas de grãos alterados
geneticamente.
03 – Com o movimento de
resistência aos transgênicos. Qual foi a atitude tomada no Brasil?
No Brasil, a
mobilização civil começou com a campanha por um Brasil Livre de transgênicos,
que publicou cartilhas impressas e boletins eletrônicos, promoveu eventos e
manifestações públicas, e divulgou resultados de testes realizados em
alimentos.
04 – Quando foi liberado o
primeiro plantio de soja geneticamente modificada no País? E por quem é
produzida as sementes?
Foi liberada em outubro de 1998,
produzido pela multinacional Monsanto.
05 – Os produtores
brasileiros, conseguiram autorização para comercialização de que safras? E
qual condição imposta aos agricultores?
A autorização saiu para as safras de
2003/2004; 2004/2005 e 2005/2006.
A liberação definitiva, no entanto,
veio acompanhada de algumas condições, entre elas a necessidade de o
agricultor assinar uma declaração reconhecendo o uso de OGMs e
comprometendo-se a não usar os grãos gerados em uma próxima safra.
06 – O algodão Bollyard
Evento 531, também da Monsanto. Por qual órgão foi liberado o seu plantio e
qual a exigência?
Seu cultivo foi
liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada
ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), também com algumas exigências.
Uma delas: 20% de algodão convencional deve ser cultivado em áreas cercadas e
isoladas para evitar contaminação.
07 – A partir de quando
foi aprovado o Decreto-Lei que exige a informação no rótulo sobre o
componentes transgênicos?
Desde 2003, vigora no Brasil o Decreto-Lei
n° 4.680, que exige a informação, no rótulo de alimentos e ingredientes que
contenham mais de 1% de componentes transgênicos.
08 – Para o Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor, ainda não é satisfatório e tem duas
reclamações. Quais são elas?
A primeira é que muitos alimentos contêm menos de 1% de ingredientes
geneticamente modificados.
A segunda é que produtos como bolachas,
bolos, massas, chocolates, óleos, margarinas e seus derivados, que sofrem
processamento térmico mais agressivo, têm suas proteínas destruídas, o que
impede a detecção de organismos geneticamente modificados.
09 – De acordo com o
texto; Quais os países que é obrigatório a descrição no rótulo dos produtos e
qual a porcentagem?
Na União Europeia, desde 2004 o limite
é 0,9%.
Na Suíça é de 0,1%.
Na Rússia e no Japão é de 5%.
10 – Em quais países, já
foi liberado o plantio do milho transgênico?
Nos países da Europa, como Portugal e
Alemanha.
11 – Quanto ao preso dos
custos variará, conforme a localização da lavoura, as condições de
transportes, o armazenamento. Qual a região que o produto ficará mais caro?
Na Região Centro-Oeste, onde será
necessário segregar os grãos transgênicos dos tradicionais.
12 - A identificação dos carregamentos, com
informações claras e precisas sobre o nome da variedade e o gene modificado,
é obrigatória, por força de acordo internacional, mas é também uma
providência de interesse nacional, fundamental para a biossegurança. Isso
terá um custo, quem pagará esse custo?
"Os gastos não serão muito altos e
as empresas terão de arcar com isso. E os investimentos iniciais
eventualmente serão incorporados ao orçamento dos empreendimentos".
13 – Está visto que, para
o debate se transformar em algo mais produtivo, que possa resultar em ações
coerentes, justificáveis e efetivas, falta ainda muita informação. Quem são
os responsáveis neste setor?
Os pesquisadores
em agronegócios, economistas e especialistas em prospectar mercados têm
trabalho de sobra a fazer nessa área. E há urgência. Afinal, seis anos passam
num piscar de olhos.
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quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
REPORTAGEM: TRANSGÊNICOS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO
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