EDITORIAL: ENTRE CÃES E HOMENS
O tema é menor, mas não os princípios que existem por trás dele. A Assembleia
Legislativa de São Paulo aprovou projeto de lei que proíbe comercialização,
reprodução e importação em todo o Estado de cães das raças pitbull, rottweiler
e mastim napolitano, tidas como especialmente agressivas. Para entrar em vigor,
o texto precisa da sanção do governador Geraldo Alckmin.
A proposta dos deputados estaduais parece excessiva. É verdade que, no caso dos
cães, a raça surge como fator determinante para sua aparência e também para
seus comportamentos. Ainda assim, como os humanos, cachorros tem a sua
individualidade. Dois cães da mesma raça, da mesma ninhada até, podem
apresentar personalidades distintas.
Como os humanos, as características de um cachorro são o produto da interação
entre o potencial genético do animal e o meio em que ele vive. Embora pitbull
tendam a ser agressivos, não há lei natural que impeça a existência de um
pitbull dócil ou de um lulu-da-pomerânia agressivo. O caráter de cada animal
depende também da educação que recebe.
A Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical e terminativa,
trilha o caminho da intolerância. Ninguém discorda de que a prioridade é
proteger a vida e a integridade de seres humanos, mas a melhor forma de fazê-lo
não é condenando essas três raças ao desaparecimento.
O melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos
atos de seus animais, para o que já existem os instrumentos jurídicos. Cabe
fazer cumpri-los.
Folha
de São Paulo, 19 set. 2002. Caderno A, p. 2.
Entendendo
o texto:
01 –
Vamos analisar, de saída, a opinião expressa no texto e os argumentos que a
sustentam:
a) O jornal
é favorável ou contrário ao projeto dos deputados paulistas?
O jornal é contrário ao projeto. –
4º e 5º parágrafos.
b) Que
argumentos o jornal apresenta para sustentar sua opinião?
O argumento principal é o de que os
cães de uma determinada raça não são todos necessariamente agressivos: as
características de um cachorro são o produto da interação entre o potencial
genético do animal e o meio em que vive.
02 –
Vamos, agora, confrontar o texto que lemos com as recomendações do Manual:
a) O
editorial apresenta com concisão a questão de que vai tratar? Em que ponto do
texto?
Sim, o jornal apresenta, no 1º
parágrafo, seu tema com concisão.
b) O
editorial é enfático e equilibrado? Demonstre o sim ou o não com exemplos do
texto.
É enfático (no 4º parágrafo, por
exemplo, afirma que a Assembleia Legislativa paulista, ao optar por solução radical
e terminativa, trilha o caminho da intolerância; e, no 5º parágrafo, afirma que
o melhor caminho para evitar ataques caninos é responsabilizar os donos pelos
atos de seus animais). É também equilibrado quando, por exemplo, no 2º
parágrafo diz que a proposta dos deputados estaduais parece excessiva.
c) O
editorial refuta as opiniões opostas? Aponte exemplos no texto.
Sim. No 2º parágrafo, por exemplo,
o texto concorda que, nos cães, a raça é fator determinante para sua aparência
e comportamento. No entanto, contra argumenta que, apesar disso, cachorros tem
sua individualidade. No 4º parágrafo, afirma que ninguém discorda de que a
prioridade é proteger a vida e a integridade dos seres humanos, mas discorda de
que o melhor caminho para resolver o problema seja condenar as três raças
caninas ao desaparecimento.
d) O
editorial evita o sarcasmo, a interrogação e a exclamação?
Sim.
e) O
editorial conclui condensando a posição adotada pelo jornal? Para verificar
isso, responda à pergunta: qual é a posição do jornal sobre o caso?
Sim. No último parágrafo, está
sintetizada a opinião do jornal sobre a proposta dos deputados – o melhor
caminho é responsabilizar os donos pelos atos de seus animais e, para isso, já
existem os instrumentos jurídicos. Basta cumpri-los.
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