HISTÓRIA: A ILHA
José J. Veiga
Camilinho vivia desconfiado que a gente
devia ter um lugar escondido, só nosso, e andava sempre atrás adulando,
oferecendo brinquedos, me deu uma lente de óculo, tão forte que até acendia
papel no sol. Às vezes me dava remorso de ver o bestinha brincando sozinho uns
brinquedos sem graça de botar besouro para carrear caixa de fósforo, fazer
zorra que nunca zoava, ajuntar folha de folhinha; mas quando falei para Tenisão
que a gente devia levar Camilinho ao menos uma vez pra ver os brinquedos da
ilha, Tenisão deu na mala, disse que nem por um óculo, que ele era muito
chorão, parecia moenda.
Acho que um dia Camilinho pombeou nós três e viu quando tiramos a jangada da moita e atravessamos para a ilha. Quando foi de noite, na porta da igreja, ele me perguntou onde a gente tinha ido na jangada, e outro dia na escola um tal de Estogildo, menino muito entojado que vivia passando rasteira nos outros, disse que ele também ia fazer uma jangada pra passear longe no rio. Depois eu vi Camilinho muito entretido com garrucha de taquara, dessas que jogam bucha de papel, uma mesma que eu tinha visto na mão de Estogildo. Eu não contei pra Tenisão pra ele não bater no Camilinho, porque de nós três ele era o que mais não gostava de Estogildo; mas aí eu principiei a desconfiar que o brinquedo na ilha ia acabar acabando?
E nem demorou muito, parece até que
eles estavam só esperando uma vaza. Passamos uns dias sem ir lá porque Tenisão
andou com dedo inchado com panariz, doía muito, foi preciso lancetar, e
brinquedo sem ele desanimava. Nesses dias a gente ia pra beira do rio e ficava
olhando a ilha. De longe ela parecia mais bonita, mais importante. Quando vimos
o fumaceiro corremos lá eu e Cedil, Tenisão ainda não podia.
Estava tudo espandogado, a casa, a usina, os postes arrancados, o monjolinho revirado. Cedil chorava de soluço, corria pra cima e pra baixo mostrando os estragos, chamando a ruindade. Eu quase chorei também só de ver a tristeza dele. Para nós a ilha era brinquedo, para ele era consolo.
José J. Veiga, A ilha
dos gatos pingados. 6ª ed., Rio de Janeiro.
Civilizações
Brasileiras,1974
01 – Responda as questões seguintes, com base no texto " A ilha":
a)
Quem é o autor do texto?
José J. Veiga.
b) Quem
é o narrador?
É o
narrador-personagem.
c) Qual
a diferença entre autor e narrador?
·
Autor é aquela pessoa que escreve,
ou seja, quem cria.
·
Narrador é ser que pertence a
história, que está sendo narrada; conduz o fio narrativo.
d) Para
conhecer bem este texto, você precisa saber mais sobre o autor, a infância
dele. Por quê?
Porque é uma auto
biografia do autor.
02 – No texto, qual a posição que o narrador assume?
a) Narrador-observador
b) Narrador-personagem
03 – Quais os personagens que brincavam na ilha?
O
narrador-personagem, o Tenisão e o Cedil.
04 – Para compor o texto, o
narrador selecionou um conjunto de ações, opiniões, fatos e falas das
personagens relacionadas a um assunto central. Qual é ele?
a) A destruição dos brinquedos da ilha.
b) A destruição da ilha.
c) O sofrimento de Cedil.
d) Um incêndio ocorrido na ilha.
05 – O texto pode ser dividido em 4 partes. Dê um título
para cada parte.
1ª
parte é a Amizade, dos três.
2ª
parte é o Segredo, acordo feito entre os três.
3ª
parte é a Inteligência, que eles tiveram para construir os brinquedos na ilha.
4ª
parte é a Destruição, dos brinquedos da ilha.
06 – Com que objetivo Camilinho dava presente para o
narrador?
Para
ganhar a amizade e a confiança e ser chamado para brincar junto com eles na
ilha.
07 – Por que Tenisão não aceitou que Camilinho fosse ver
os brinquedos da ilha?
Porque ele era muito chorão, parecia moenda.
08 – Na sua opinião, porque a ilha para Cedil era um
consolo?
Resposta pessoal do aluno.
O texto fala de muitas características do capitão gancho . Cite duas dela.🙂
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