TEXTO - OLHA QUE BOTO LEGAL
Regina exibe com frequência
os seus 60 quilos distribuídos por 1,80 m. Quando quer chamar a atenção de um
“pretendente” ou simplesmente está feliz, ela salta com desenvoltura. Mantém
dieta à base de peixe fresco. Corvina, tainha e pescada são seus preferidos. Atenciosa,
anda para cima e para baixo na companhia dos dois filhos, Laranjinha, de 3 anos
e meio, e Acerola, de 7 meses. Regina, 14 anos, é a matriarca de uma das
famílias de golfinhos remanescentes da Baía de Guanabara.
Nas últimas três décadas, a população de ”sotalia
guianensis”, nome científico do boto-cinza, espécie de golfinho que reside na
baía, sofreu uma baixa de 90%. Em 1985, eram 400. Segundo levantamento do
Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua), da Faculdade de
Oceanografia da UERJ, atualmente 38 (sobre)vivem . Nas águas sujas da Guanabara
– a cada segundo, 18.400 litros de esgoto doméstico sem tratamento são lançados
na baía. A contaminação química e biológica, a pesca e o barulho causado pelos
navios fundeados nos arredores da Ponte Rio-Niterói são as principais causas do
desaparecimento dos cetáceos.
Inteligentes – assim como os chimpanzés, são
animais capazes de se reconhecerem no espelho – os golfinhos até que tentam se
virar. Quando se deparam com um saco de plástico no meio do caminho, por
exemplo, não o ingerem: preferem fazer do lixo um brinquedo. E, embora circulem
de norte a sul, sabiamente têm ficado mais concentrados na Área de Proteção
Ambiental (APA) de Guapimirim, atrás da Ilha de Paquetá. Mas, às vésperas dos
Jogos Olímpicos Rio 2016 e com o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
(PDBG) completando 21 anos sem resultados efetivos, se nada for feito, em 2035
pode não haver mais golfinhos saltando com o Dedo de Deus ou o Pão de Açúcar ao
fundo.
— Caso a situação não seja revertida, em 20 anos,
teremos uma população de raríssimos indivíduos ou não restarão mais
botos-cinza. A espécie entrou, ano passado, na lista vermelha do Ministério do
Meio Ambiente por causa da situação crítica da baía – lamenta o oceanógrafo
Alexandre Azevedo, do Maqua.
Desde 1992, equipes da UERJ monitoram
os golfinhos na baía. Em 1995, os oceanógrafos passaram a utilizar a técnica de
foto identificação. Os botos-cinza nascem com a nadadeira dorsal lisa, mas, por
conta da interação com o ambiente e, principalmente, entre eles (se mordem
tanto nas brigas quanto nos cortejos), ganham marcas, que viram uma espécie de
impressão digital. Passaram, então a ser chamados por números e, em casos
especiais, apelidos.
— Os golfinhos da Baía de Guanabara não são
passantes, eles escolheram esse lugar como residência fixa – diz o oceanógrafo
José Lailson Brito, a bordo da lancha Falsa Orca. – Aquela é a Titia. Está ao
lado do filhote da Guapi. Ela cuida dos filhotes de várias fêmeas.
A fêmea foi carinhosamente
batizada de Titia recentemente. Desde 1999, pesquisadores acreditavam que ela
era ele, pois nunca tinha engravidado. Em janeiro do ano passado, enfim, Titia
deu à luz, deixando todos confusos e contentes. A festa, porém, durou pouco: o
filhote morreu dois meses após o nascimento. E não foi um caso isolado.
— Mais da metade dos filhotes
não chega à idade adulta. Como todo mamífero, eles nascem com imunidade baixa e
ainda são alimentados com leite contaminado das mães. Os elementos
contaminantes não matam diretamente os animais, mas deixam a imunidade ainda
mais baixa. E os filhotes acabam afetados por doenças.
(Revista
do Jornal O Globo – 10/5/2015).
Após a leitura atenta do Texto, realize as questões propostas.
1ª QUESTÃO: Os golfinhos, durante sua vida, passam a ter uma identificação
particular. Como eles a adquirem?
A – ( ) É uma modificação normal do
crescimento deles.
B – ( ) Faz parte da genética de
cada um.
C – ( ) Os machos possuem marcas
diferentes da fêmeas.
D – (X) Com a convivência entre
eles e o meio ambiente.
E – ( ) Através dos apelidos que
são dados a eles.
2ª QUESTÃO: De acordo com o texto, “Titia” recebeu este nome, porque:
A – ( ) é a mais velha de todas.
B – (X) cuida de vários filhotes
que não são dela.
C – ( ) os pesquisadores achavam
que ela fosse fêmea.
D – ( ) se parece com uma “titia”.
E – ( ) cuida de seu filhote muito
bem.
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