Reportagem: Camelôs de BH: 5 coisas que você deveria saber e a grande mídia não conta
Ambulantes temem por sobrevivência e denunciam proposta da prefeitura
Rafaella Dotta -Brasil de Fato | Belo
Horizonte (MG) - 07 de Julho de 2017 às 11:49
A maioria dos grandes meios de comunicação de Belo Horizonte se
concentrou, nos últimos dias, em passar as imagens de guerra e desespero dos
ambulantes da cidade.
Eles protestam desde
a segunda-feira (3) contra a expulsão do hipercentro que o prefeito Alexandre
Kalil (PHS) está promovendo. Agora, esses meios de comunicação passaram a não
ser bem-vindos por eles. “Eles cortam tudo o que a gente fala”, critica a
camelô Sônia, que não quis falar o sobrenome.
A reportagem do Brasil de Fato MG esteve presente nos protestos e traz para o
leitor os cinco assuntos mais defendidos pelos ambulantes.
Falta
vaga no trabalho formal
Segundo pesquisa feita pela prefeitura de BH com 1.137 ambulantes, 85%
afirmaram que trabalhariam em um emprego formal, caso existisse vaga. E 15%,
170 pessoas, afirmaram que são ambulantes por profissão e não querem deixar de
trabalhar na rua. É a situação de Maria da Conceição, que tem 63 anos e há 20 trabalha
como camelô de roupas.
Shoppings
populares não deram certo
Em 2004, o então prefeito Fernando Pimentel (PT) colocou os camelôs de
BH em shoppings populares, mesma proposta defendida agora por Kalil. De acordo
com os ambulantes, o aluguel dos boxes passou a ter preços exagerados em poucos
meses e as vendas despencaram. “Eles querem colocar a gente pra concorrer com
chinês e empresários, isso é uma covardia”, afirma Charles Antônio Miranda,
camelô há 42 anos.
Soluções
diferentes para trabalhos diferentes
Os trabalhadores de rua não são todos iguais. Os camelôs estão nas ruas
todos os dias e têm até público fixo. Os caixeiros andam por aí com uma caixa
vendendo água ou refrigerante. Os toreros são os que, mesmo com fiscalização
pesada, vendem “na tora”, em cima de caixas de papelão. E os barraqueiros
montam barracas em eventos de rua. Por causa das diferenças, os ambulantes
reivindicam também soluções diferentes.
O
medo de virar morador de rua
Nos últimos dias o caixeiro Rodrigo (nome fictício) dormia com a esposa
e uma criança de colo em um hotel, pelo preço de R$ 30 a noite. Como está
proibido de trabalhar e sem dinheiro, o dono do hotel os colocou para fora, e a
família já dorme na rua. O pagamento do aluguel é uma das maiores preocupações
entre os ambulantes. A situação deve aumentar o número de moradores de rua.
A
fome já bate na porta
“Tem gente que só
tem um saco de arroz dentro de casa, porque desde sábado não trabalha”, comenta
a camelô Thayrine Rosilene de Almeida sobre seus colegas. A indignação por
falta de dinheiro para comida é frequente entre os ambulantes. Eles afirmam, na
maioria das vezes com lágrimas, que não têm condições de sustentar filhos e
família sem o trabalho de rua.
PBH
segue plano de realocação e sorteia vagas
As manifestações no centro de BH acontecem desde segunda (3). Cerca de
100 camelôs bloquearam vias e pediram que lojistas fechassem as portas nas
principais ruas.
Pelo menos 22
pessoas foram detidas. Os manifestantes compareceram à porta da Prefeitura na
terça (4) e na Câmara Municipal na quarta (5), acompanhados por intenso
policiamento, mas os protestos parecem que não renderam frutos.
A prefeitura mantém seu plano. Foram abertas 676 vagas temporárias no
shopping Uai Centro e 871 no Uai O Ponto, em Venda Nova, originadas de parceria
entre Prefeitura de BH e shoppings privados. As vagas foram sorteadas na quinta
(6) dentre os 1.134 ambulantes cadastrados. Os camelôs pagarão R$ 30 ao mês
para ter direito a um espaço, e não um box, por quatro meses. Depois, a
prefeitura promete vagas permanentes em shoppings populares.
Aluguel
chegará a R$ 1.670
A prefeitura espera aprovar o Projeto de Lei 309, que regulariza as
vagas permanentes. Segundo Fernanda Cosso, do núcleo jurídico dos mandatos das
vereadoras Cida Falabella (PSOL) e Áurea Carolina (PSOL), o artigo 8º prevê os
preços. “O valor do metro quadrado é R$ 30 até o terceiro mês. Do quarto até o
15º mês, é R$ 217,60. Vai aumentando progressivamente até chegar a R$1.670 no
55º mês”, afirma. Depois do 60º mês, cinco anos, o aluguel fica inteiramente
por conta do ambulante.
Um levantamento do mandato das vereadoras mostra que apenas no shopping
Caetés, da parte gerida pela Prefeitura, 16 donos de boxes possuem dívida, o
que indica a dificuldade dos comerciantes já instalados.
Os camelôs prometem continuar as manifestações de rua enquanto não
houver solução viável. Eles propõem diálogo sobre a criação de “corredores” de
vendas, ou camelódromos, em ruas ou praças do centro, além da permissão de
venda em eventos públicos quaisquer. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
não abriu negociação.
Edição: Joana
Tavares
Entendendo o texto
01- Marque (V) para efeitos de sentidos
pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:
a-( V ) Percebe-se o discurso de
que os meios de comunicação não mostram tudo que acontece com os camelôs em
Belo Horizonte;
b-( V ) Percebe-se
que a prefeitura de Belo Horizonte defende o direito dos camelôs permanecerem
atuando nas ruas da cidade;
c-( V ) Percebe-se
o discurso de indignação dos camelôs por serem expulsos do centro de Belo
Horizonte;
d-( V ) Percebe-se o discurso de que a maioria dos camelôs
trabalharia em empregos formais, se houvesse vaga;
e-( F ) Percebe-se o discurso de satisfação dos vendedores
ambulantes ao serem colocados em shoppings populares;
f-( V ) Percebe-se
o discurso de que a proibição do trabalho dos camelôs pode levá-los a ser
moradores de rua;
g-( V ) Percebe-se o discurso de que os camelôs estão com
receio de passar fome, caso sejam proibidos de vender suas mercadorias;
02- O objetivo principal do texto-discurso acima
é:
a- entreter;
b- transmitir ensinamento;
c- informar;
d- criticar.
03- Por que os camelôs estão protestando?
a- por medo de virar
morador de rua;
b- por medo de passar fome;
c- por causa da expulsão
deles do hipercentro de Belo Horizonte;
d- porque os shoppings
populares não deram certo.
04- Quando iniciaram os protestos dos camelôs em
Belo Horizonte?
a- 07 de julho de 2017;
b- 11:49;
c-
03 de julho de 2017;
d- 2004.
05- Segundo o
texto-discurso, os grandes meios de comunicação não contam algumas realidades
vividas pelos vendedores ambulantes. O que a grande mídia não conta?
a- não conta que os ambulantes são
diferentes, logo não podem ter solução igual para todos;
b- não conta que os ambulantes já foram
colocados em shoppings populares e isso não deu certo;
c- não conta que os ambulantes estão
começando a passar fome por conta da expulsão;
d- não conta que será impossível que os
ambulantes paguem R$ 1.670,00 de aluguel de uma vaga para comercializar;
e- todas as alternativas anteriores estão
corretas.
06- Qual enunciado é a citação de um discurso direto referente a um
vendedor ambulante?
a- A maioria dos grandes meios de comunicação de Belo Horizonte se
concentrou, nos últimos dias, em passar as imagens de guerra e desespero dos
ambulantes da cidade.
b- “Tem gente que só tem um saco de
arroz dentro de casa, porque desde sábado não trabalha”;
c- “O valor do metro quadrado é R$ 30
até o terceiro mês. Do quarto até o 15º mês, é R$ 217,60. Vai aumentando
progressivamente até chegar a R$1.670 no 55º mês”,
d- Os camelôs prometem continuar as
manifestações de rua enquanto não houver solução viável.
07- No relato “A maioria dos grandes meios de comunicação
de Belo Horizonte se concentrou, nos últimos dias, em passar as imagens de
guerra e desespero dos ambulantes da cidade. Agora, esses meios de comunicação
passaram a não ser bem-vindos por eles. “Eles
cortam tudo o que a gente fala”, critica a camelô Sônia, que não quis falar o
sobrenome.”, o pronome grifado foi usado para não repetir a expressão:
a- ambulantes;
b-
grandes meios de comunicação;
c- camelô Sônia;
d- imagens de guerra e desespero.
08- No relato “A maioria dos grandes meios de comunicação
de Belo Horizonte se concentrou, nos últimos dias, em passar as imagens de
guerra e desespero dos ambulantes da cidade. Agora, esses meios de comunicação
passaram a não ser bem-vindos por eles.
“Eles cortam tudo o que a gente fala”, critica a camelô Sônia, que não quis
falar o sobrenome.”, o pronome grifado foi usado para não repetir a
expressão:
a- ambulantes;
b-
grandes meios de comunicação;
c- camelô Sônia;
d- imagens de guerra e desespero.
09- No título “Camelôs de BH: 5
coisas que você deveria saber e a grande mídia não conta”, a palavra
grifada se refere?
a- ao vendedor ambulante;
b- ao jornalista;
c- ao leitor de um modo geral;
d- à grande mídia.
10- No enunciado “Os manifestantes compareceram à porta da
Prefeitura na terça (4) e na Câmara Municipal na quarta (5), acompanhados por intenso policiamento...”, o
adjetivo grifado caracteriza-qualifica negativamente a palavra?
a- manifestantes;
b- Prefeitura;
c- acompanhados;
d- policiamento.
11- No enunciado “Tem gente que só tem um saco de arroz
dentro de casa, porque desde
sábado não trabalha”, a conjunção grifada:
a- adiciona uma outra informação ao que
foi dito antes;
b- opõe-se negativamente ao fato
positivo dito antes;
c- introduz uma
explicação para o que foi dito antes;
d- tece uma hipótese sobre o que foi
dito antes;
12- No enunciado “Os trabalhadores de rua não são todos
iguais. Os camelôs estão nas ruas todos os dias e têm até público fixo. Os
caixeiros andam por aí com uma caixa vendendo água ou refrigerante. Os toreros
são os que, mesmo com fiscalização pesada, vendem “na tora”, em cima de caixas
de papelão. E os barraqueiros montam barracas em eventos de rua. Por causa das
diferenças, os ambulantes reivindicam também soluções diferentes.”, quais palavras
(substantivos) foram usadas para nomear
os diferentes tipos de vendedores ambulantes?
a- trabalhadores de rua; camelôs;
público fixo; caixeiros; fiscalização pesada; barraqueiros;
b- trabalhadores de rua; camelôs; público
fixo; toreros; fiscalização pesada; barracas; ambulantes;
c- trabalhadores de rua; camelôs;
caixeiros; toreros; barraqueiros; ambulantes;
d- trabalhadores de rua; camelôs;
caixeiros; público fixo; toreros; barraqueiros; ambulantes;
13- Segundo pesquisa, quantos ambulantes afirmam ser profissionais da área
e que não pretendem mudar de profissão?
a- 1.134;
b- 676;
c- 871;
d- 85%;
e-
15%.
14- No enunciado “Os toreros são os que, mesmo com
fiscalização pesada, vendem “na tora”, em cima de caixas de papelão. E os barraqueiros montam
barracas em eventos de rua.”, a conjunção grifada:
a- adiciona
informação ao que foi dito antes;
b- explica o que foi dito antes;
c- opõe-se positivamente ao que foi dito
antes;
d- tece hipótese sobre o que foi dito
antes.
15- No enunciado “Eles querem
colocar a gente pra concorrer com chinês e empresários, isso é uma covardia”, afirma Charles Antônio Miranda,
camelô há 42 anos.” ,
os verbos grifados são conjugações de quais formas verbais dicionarizadas?
a- querer; er; afirmar; har;
b- querer; estar; afirmar; houver;
c- querendo; for; afirmar; houver;
d- querer; ser; afirmar; haver.
16- No argumento “Por causa das diferenças, os ambulantes reivindicam também soluções
diferentes.”, a palavra grifada pode ser substituída, sem alteração do
sentido, por:
a- imploram;
b- solicitam;
c- estudam;
d- pesquisam.
17- Releia o
texto-discurso e diga de quem é o discurso
direto citado no trecho “O
valor do metro quadrado é R$ 30 até o terceiro mês. Do quarto até o 15º mês, é
R$ 217,60. Vai aumentando progressivamente até chegar a R$1.670 no 55º mês”:
a- Fernanda Cosso;
b- Cida Falabella;
c- Áurea Carolina;
d- Thayrine Rosilene de Almeida.
18- Qual discurso direto foi citado pela
jornalista para denunciar manipulação
da mídia em relação às reivindicações dos vendedores ambulantes?
a- “Eles cortam tudo o que a gente fala”.
b- “Eles querem colocar a gente pra concorrer
com chinês e empresários, isso é uma covardia”.
c- “Tem gente que só tem um saco de
arroz dentro de casa, porque desde sábado não trabalha”.
d- “O valor do metro quadrado é R$ 30
até o terceiro mês. Do quarto até o 15º mês, é R$ 217,60. Vai aumentando
progressivamente até chegar a R$1.670 no 55º mês”.
A proibição do trabalho de vendedores ambulantes nas ruas é uma
medida complexa que envolve diversos aspectos sociais, econômicos e políticos.
Por um lado, a ocupação irregular de espaços públicos pode gerar problemas de
ordem e organização urbana. Por outro, essa atividade representa uma fonte de
renda para muitas famílias e contribui para a economia informal.
Ao proibir os
camelôs, as prefeituras impedem que essas pessoas exerçam seu direito ao
trabalho e à subsistência. Muitas vezes, essas pessoas não possuem qualificação
para outros tipos de emprego e a informalidade é a única alternativa para
garantir o sustento de suas famílias. Além disso, a repressão pode gerar
conflitos sociais e aumentar a criminalidade.
É fundamental
que as autoridades busquem soluções que conciliem a necessidade de organização
urbana com a garantia dos direitos dos trabalhadores. A criação de espaços
específicos para o comércio ambulante, a oferta de cursos de qualificação
profissional e a formalização da atividade são algumas das medidas que podem
ser adotadas.
É preciso
reconhecer que a questão dos vendedores ambulantes não se resolve com simples
proibições. É necessário um diálogo amplo e democrático entre os diversos
atores envolvidos, buscando soluções que beneficiem tanto a sociedade como os
próprios trabalhadores.
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