Poesia: Meus oito anos
Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk07kxMKmKXR1Kc6UU4q15s5E_ZlMHZSSZnXDyagS_5lxNDu9OQPbER0rzdPgsL5mk_C7PpPrgoaQkGtdbqCbNkKs5zidhq5rIBBdINeyLodsiqH3r7CtuknrrGtJTqW0JjkkciJK0y2KD9tfp4qaITHTsCJ4W_mFkJX_OnAihEH3v4hKgcFT8-qI7LkE/s1600/OITO.jpgQue amor, que sonhos, que
flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que
vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que
flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
CANDIDO, Antônio;
CASTELLO, José A. Presença da Literatura
Brasileira do Romantismo ao Simbolismo. 7.
ed. Rio de Janeiro/São Paulo: DIFEL,
1978, v. 2, p. 41-42.
Fonte: Português –
Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas
Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 112-113.
Entendendo a poesia:
01
– Qual o sentimento predominante expresso pelo eu lírico no poema?
O sentimento
predominante é a saudade da infância. O eu lírico relembra com nostalgia os
momentos de felicidade e inocência daquela época, contrapondo-os à complexidade
e às mágoas da vida adulta.
02
– Como a natureza é representada no poema e qual sua importância para a
construção do sentido?
A natureza é
representada de forma idealizada, como um espaço de paz e alegria. Elementos
como bananeiras, laranjais, mar, céu e flores simbolizam a pureza e a beleza da
infância. A natureza serve como pano de fundo para as memórias do eu lírico,
intensificando a sensação de saudade.
03
– Quais as principais atividades e sensações associadas à infância no poema?
As principais
atividades associadas à infância são brincadeiras ao ar livre, contato com a
natureza, momentos em família e a experiência da fé. As sensações predominantes
são a alegria, a paz, a inocência e a leveza.
04
– Como o poeta contrasta a infância com a vida adulta?
O poeta contrasta
a infância com a vida adulta ao apresentar a primeira como um período de
felicidade e inocência, e a segunda como um período marcado por mágoas e
complexidades. A infância é vista como um paraíso perdido, enquanto a vida
adulta é vista como um período de desencanto.
05
– Qual o papel da família na construção das memórias da infância?
A família
desempenha um papel fundamental na construção das memórias da infância. As
carícias da mãe e os beijos da irmã são lembrados com afeto, evidenciando a
importância dos laços familiares para a felicidade do eu lírico.
06
– Qual o efeito da repetição de versos no poema?
A repetição dos
versos iniciais e finais cria um efeito de circularidade, intensificando a
sensação de saudade. Além disso, a repetição reforça a ideia da importância da
infância para o eu lírico.
07
– Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?
Este poema é um
exemplo típico do Romantismo, pois apresenta características como:
Idealização do passado:
A infância é idealizada como um período perfeito e irrepetível.
Valorização da natureza:
A natureza é vista como fonte de inspiração e conforto.
Subjetividade: O
poeta expressa seus sentimentos de forma pessoal e intensa.
Linguagem poética: O
uso de metáforas e comparações cria um clima de sonho e nostalgia.
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