segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

POESIA: MEUS OITO ANOS - CASIMIRO DE ABREU - COM GABARITO

 Poesia: Meus oito anos 

            Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk07kxMKmKXR1Kc6UU4q15s5E_ZlMHZSSZnXDyagS_5lxNDu9OQPbER0rzdPgsL5mk_C7PpPrgoaQkGtdbqCbNkKs5zidhq5rIBBdINeyLodsiqH3r7CtuknrrGtJTqW0JjkkciJK0y2KD9tfp4qaITHTsCJ4W_mFkJX_OnAihEH3v4hKgcFT8-qI7LkE/s1600/OITO.jpg


Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

 

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

– Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno,

O céu – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado,

A vida – um hino d’amor!

 

Que auroras, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d’estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

 

Oh! dias de minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez de mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

 

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberto o peito,

– Pés descalços, braços nus –

Correndo pelas campinas

À roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

 

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo,

Adormecia sorrindo,

E despertava a cantar!

 

Oh! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

– Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

CANDIDO, Antônio; CASTELLO, José A.  Presença da Literatura Brasileira do Romantismo ao Simbolismo.  7. ed.  Rio de Janeiro/São Paulo: DIFEL, 1978, v. 2, p. 41-42.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 112-113.

Entendendo a poesia:

01 – Qual o sentimento predominante expresso pelo eu lírico no poema?

      O sentimento predominante é a saudade da infância. O eu lírico relembra com nostalgia os momentos de felicidade e inocência daquela época, contrapondo-os à complexidade e às mágoas da vida adulta.

02 – Como a natureza é representada no poema e qual sua importância para a construção do sentido?

      A natureza é representada de forma idealizada, como um espaço de paz e alegria. Elementos como bananeiras, laranjais, mar, céu e flores simbolizam a pureza e a beleza da infância. A natureza serve como pano de fundo para as memórias do eu lírico, intensificando a sensação de saudade.

03 – Quais as principais atividades e sensações associadas à infância no poema?

      As principais atividades associadas à infância são brincadeiras ao ar livre, contato com a natureza, momentos em família e a experiência da fé. As sensações predominantes são a alegria, a paz, a inocência e a leveza.

04 – Como o poeta contrasta a infância com a vida adulta?

      O poeta contrasta a infância com a vida adulta ao apresentar a primeira como um período de felicidade e inocência, e a segunda como um período marcado por mágoas e complexidades. A infância é vista como um paraíso perdido, enquanto a vida adulta é vista como um período de desencanto.

05 – Qual o papel da família na construção das memórias da infância?

      A família desempenha um papel fundamental na construção das memórias da infância. As carícias da mãe e os beijos da irmã são lembrados com afeto, evidenciando a importância dos laços familiares para a felicidade do eu lírico.

06 – Qual o efeito da repetição de versos no poema?

      A repetição dos versos iniciais e finais cria um efeito de circularidade, intensificando a sensação de saudade. Além disso, a repetição reforça a ideia da importância da infância para o eu lírico.

07 – Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?

      Este poema é um exemplo típico do Romantismo, pois apresenta características como:

      Idealização do passado: A infância é idealizada como um período perfeito e irrepetível.

      Valorização da natureza: A natureza é vista como fonte de inspiração e conforto.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma pessoal e intensa.

      Linguagem poética: O uso de metáforas e comparações cria um clima de sonho e nostalgia.

 

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