terça-feira, 31 de dezembro de 2024

CONTO: SERÕES DE DONA BENTA - CAP. XVI - NA IMENSIDÃO DO ESPAÇO - (FRAGMENTO) - MONTEIRO LOBATO -COM GABARITO

 Conto: Serões de dona Benta cap. XVI – Na imensidão do espaço – Fragmento

        [...] Dona Benta saiu com os meninos para ver as estrelas. E a conversa recaiu sobre a astronomia.

        — Se os grandes conquistadores ou os insolentes ditadores de hoje — começou a boa senhora, tivessem tempo de contemplar e meditar este céu estrelado, fatalmente abaixariam a crista do orgulho e se recolheriam às suas respectivas insignificâncias.

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDG8ika88uYuCZzCLadXa5_YJhAMtP74Xm07bZcF2KPwUnSwLCYwqZcPoWMCv3tqsHrb-RDl7WcaN8No7-t1b2LBEO_ExXA2i8-h1F547KT56yNl_ll1bN1GGTEUyFhZY7CEk4akzEKe746aho8RGASaX4_6HGoRIWijFLpZfrnqRiwSnXBHS1DB3kIKg/s320/SEROES.jpg


        Os começos da astronomia estão no velho Egito, na velha Babilônia, entre os caldeus e outros povos da Antiguidade. Muitos séculos antes de Cristo já eles tinham ideias certas sobre os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, como também já haviam batizado as constelações mais importantes. Mas os sábios da Grécia foram os primeiros a dar forma científica a esses conhecimentos. Os gregos eram eminentemente poéticos, de modo que reduziam todos os fenômenos da natureza a mitos lindos. As constelações não escaparam à "mistificação."

        Existem no céu duas estrelas de primeira grandeza, chamadas Betelgeuse e Rigel, que fazem parte da constelação da Grande Ursa, lá perto da estrela Polar. Os gregos as explicavam por meio de um mito. Júpiter, o deus dos deuses, e também um grande pândego, apaixonara-se por Calisto, uma bela ninfa. Mas Júpiter era marido de Juno, deusa ciumenta como qualquer mulher de hoje — e Juno deliberou dar cabo de Calisto. Percebendo as más intenções da esposa e querendo defender Calisto, Júpiter transformou-a em ursa.

        — Ah! — exclamou Emília — então o negócio de virar uma coisa noutra, que as fadas tanto gostam, é invenção velha —de Júpiter ...

        — Sim, Júpiter virou Calisto em ursa: mas Juno veio a saber e encarregou Diana, a caçadora, de matá-la em uma de suas caçadas. Vai Júpiter e descobre a combinação (porque os deuses eram danados para adivinhar o pensamento uns dos outros) e virou a ursa em estrela. Nasceu assim a Grande Ursa.

        — E a Pequena Ursa?

        — Um filhinho de Calisto, de nome Arcas, ficou sendo a, Pequena Ursa, ao lado de sua mãe. Mas Juno percebeu a tramoia e, furiosíssima, foi ter com Oceano, o rei dos mares, ao qual pediu que nunca deixasse as duas Ursas "deitarem-se" no oceano, como fazem as outras estrelas que não ficam no rumo do polo. Por esse motivo ficaram as duas coitadinhas perpetuamente grudadas no céu, sem poderem nunca regalar-se com os banhos de mar que refrescam suas companheiras.

        — Então os gregos, tão inteligentes, acreditavam que as estrelas se deitam no mar?

        — Poeticamente era assim. Como a terra está sempre girando, as estrelas dão a impressão de desaparecerem no oceano para reaparecerem na noite seguinte — como quem todas as noites vai para a cama. Juno condenou as Ursas a não repousarem nunca...

        — Interessante o mito, vovó. Um dia precisamos estudar a tal mitologia grega. Pelo que sei dela, é das coisas mais lindas que os poetas inventaram.

        — Os mitos não foram inventados pelos poetas e sim pelo povo; os poetas apenas lhes deram forma literária. Os gregos batizaram as principais estrelas e constelações. Por isso há tantas trazendo nomes de deuses e heróis gregos. Mas os gregos não podiam ir longe no estudo do céu por falta de instrumentos. O telescópio só foi inventado há uns 300 anos, e o espetroscópio é dos nossos dias.

        [...].

LOBATO, Monteiro. Serões de dona Benta. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1997. Disponível em: http://icesp.br/baixe-20-obras-de-monteiro-lobato. Acesso em: 8 jun. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 03-04.

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

Mistificação: explicação irracional, sobrenatural, para coisas naturais.

Ninfa: entidade feminina que habitava fontes, rios, bosques e prados.

Pândego: sujeito dado à bebedeira, inconsequente.

Diana: Deusa romana da caça. (equivalente a Ártemis, deusa grega da caça).

Foi ter: expressão que tem sentido de “foi encontrar com alguém para conversas”.

Polo: extremo do planeta (Polo Norte ou Polo Sul).

02 – Qual foi a primeira civilização a dar forma científica aos conhecimentos astronômicos, segundo o texto?

a) Egito.

b) Babilônia.

c) Grécia.

d) Caldeus.

03 – Por que Juno transformou Calisto e seu filho em ursos?

a) Por inveja da beleza de Calisto.

b) Por raiva de Júpiter.

c) Porque queria protegê-los de Diana.

d) Porque desejava puni-los por um erro cometido.

04 – Qual o motivo da punição imposta por Juno às Ursas?

a) Porque elas se recusaram a servir aos deuses.

b) Para impedir que elas se banhassem no mar.

c) Por terem traído a confiança de Diana.

d) Porque elas representavam uma ameaça ao poder de Júpiter.

05 – Qual a principal diferença entre a explicação mitológica e a científica para os fenômenos celestes?

a) A mitologia busca explicações racionais, enquanto a ciência utiliza mitos.

b) A mitologia baseia-se em histórias e crenças, enquanto a ciência busca evidências empíricas.

c) A mitologia é mais precisa, enquanto a ciência é mais poética.

d) Não há diferença, ambas buscam explicar o universo.

06 – Qual o papel dos poetas na criação dos mitos gregos?

a) Os poetas inventaram os mitos.

b) Os poetas apenas registraram os mitos criados pelo povo.

c) Os poetas transformaram os mitos em leis.

d) Os poetas utilizaram os mitos para criticar os deuses.

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