quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CRÔNICA: SOMOS GENTE - FRAGMENTO - LYA LUFT - COM GABARITO

 Crônica: Somos gente – Fragmento

              Lya Luft

        Decretaram que pessoas com mais de sessenta anos merecem alguns benefícios.

        Há mais tempo decretaram que negro era gente. Há menos tempo que isso decretaram que mulher também era gente, pois podia votar.

        Mas voltando aos com mais de sessenta: decretaram coisas que deveriam ser naturais numa sociedade razoável. Não as vejo como benefícios, mas como condições mínimas de dignidade e respeito. Benefício tem jeito de concessão, caridade. Coisas como não lhes cobrarem mais pelo seguro saúde porque estão mais velhos, na idade em que possivelmente vão de verdade começar a precisar de médico, remédio, hospital, não deveriam ser impostas por decreto.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDlgEBl4jSMIwQ74FuHbM6y-RwzYcr-Ajq2aoJ1cCnqQBC4ey7yeLCKLits3VlKRhh-zHdZOeadoUBsGRBDGBA5W-WxDf9EFRaYde8r9IRF_5-C4p2iCP4kb8Cf2nHnxVwr8wAxm0a4QnCi0T1vfUyKv3BJhPrgHBi82G0gPGkU0yT3H9TeCHzNvJ_HoI/s320/decreto3.jpg


        Decretaram também que depois dos sessenta as pessoas podem andar de graça no ônibus e pagar meia entrada no cinema. Perceberam, pois, que após os sessenta as pessoas ainda se locomovem e se divertem. Pensei que achassem que nessa altura a gente ficasse inexoravelmente meio inválido e... invalidado.

        Que sociedade esquisita esta nossa, em que é preciso decretar que em qualquer idade a gente é gente.

        [...]

             LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro:
                                                                                             Record, 2005. p. 137. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 396-397.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal crítica presente no texto?

      A principal crítica presente no texto é a necessidade de leis e decretos para garantir direitos básicos à população, como saúde, transporte e lazer. A autora questiona por que é preciso legislar para garantir que pessoas idosas sejam consideradas cidadãos com os mesmos direitos que os demais.

02 – Qual a visão da autora sobre os "benefícios" para idosos?

      A autora não vê os "benefícios" para idosos como algo positivo, mas sim como uma necessidade básica. Ela argumenta que esses direitos não deveriam ser considerados como favores, mas como direitos fundamentais que garantem a dignidade e o respeito à pessoa idosa.

03 – Qual a ironia presente no texto?

      A ironia está presente na necessidade de leis para garantir que as pessoas sejam consideradas "gente". A autora questiona como uma sociedade pode chegar ao ponto de precisar legislar para garantir direitos básicos como saúde e transporte para todos os cidadãos, independentemente da idade.

04 – Qual a importância da idade na construção da argumentação da autora?

      A idade é utilizada como um exemplo para ilustrar a desigualdade e a discriminação que ainda existem na sociedade. Ao destacar os desafios enfrentados pelas pessoas com mais de 60 anos, a autora chama a atenção para a necessidade de garantir direitos iguais para todos, independentemente da idade, raça ou gênero.

05 – Qual a mensagem principal do texto?

      A mensagem principal do texto é a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária, onde os direitos básicos sejam garantidos para todos os cidadãos. A autora defende a ideia de que a dignidade humana é um direito inalienável e que não deve ser dependente de leis ou decretos.

 

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