segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

CRÔNICA: O CASARÃO I - (FRAGMENTO) - LUIZ PAGNOSSIM - COM GABARITO

 Crônica: O casarão I – Fragmento

              Luiz Pagnossim

        Eu estava moído, pois tinha acabado de chegar tarde da noite, voltando para Taubaté depois de passar um tempo em Sampa. A viagem tinha sido em um carro super-velho, cheirando à gasolina. Deitei na cama e o celular tocou. Era o Dudu me ligando para cobrar a ida ao casarão. Agora, mais essa! A ideia de visitar o artigo sítio me causava mal-estar, mas era uma promessa que eu  tinha feito, a de visitar o lugar assim que eu chegasse de viagem, tentando ganhar tempo, claro. Isso porque aquela ideia já estava me deixando apavorado.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRSmpL7bY52IICmnKRSo897xq19TzDqtTv1jFtHboq8LoUjYHXN928M-WWUprsb44xIPCYX7RfQC8jpgBJBWQsHS2BVtbYDPI2RcyxrA-EfdbJ__GeAyNpyBgX9-qBrY0Fl6g0jIYnsUFZojxGELT8vjfUtaU09uTXPkiHkzJ3GyEaV214AfzpcfWCzSM/s1600/CASARAO.jpg


        O tal casarão não era uma casa comum. Diziam que ali aconteciam coisas estranhas e, por estar abandonada há tanto tempo, acabou ganhando um aspecto aterrorizante. O lugar era de um senhor viúvo e solitário, quase nunca visto na cidade. Contam que ele perdera o filho afogado no lago da propriedade e passou a produzir brinquedos em madeira para uma coleção particular. Sua sobrevivência se resumia ao que o sítio produzia e às entregas semanais trazidas pelo mercado do centro. Depois, as compras foram ficando acumuladas no portão e nunca mais se teve notícias do velho senhor. Isso alimentava a imaginação do povo. Dizia-se até que ele teria morrido e que fora enterrado ali. Na verdade, ninguém ousava entrar naquele sítio. Esperava-se que os herdeiros aparecessem, porém, isso não acontecia. Assim, a propriedade ia acumulando histórias.

        Logo cedo, meu amigo já me esperava no portão. O sítio ficava a uns três quilômetros de casa, meia hora de caminhada. Sorrimos um para o outro, buscando esconder o temor que sentíamos, e seguimos até o nosso destino.

        Ao chegar, abrimos, com dificuldade, o velho portão da propriedade. Senti medo. Olhei para Dudu, que parecia sentir o mesmo, mas entramos. Pelo caminho, podia-se avistar a casa enorme e destruída pelo tempo. Uma visão, realmente, apavorante.

        O casarão era todo cercado por árvores imensas, centenárias. À medida que nos aproximávamos, era possível ver galhos podres sobre o telhado e janelas com vidros quebrados.

        Caminhávamos lentamente pelo lugar, e eu percebi que Dudu estava ficando cada vez mais apreensivo. Ele ia se aproximando de mim, buscando segurar o meu braço. Isso fazia com que o meu pavor crescesse, até que fiquei totalmente dominado pelo medo.

      Paramos a uns cinquenta metros do casarão. Em volta, o mato dominava tudo. Um pequeno lago de águas esverdeadas estava coberto de plantas aquáticas. Foi então que começou a cair uma chuva fina e um vento gelado soprava com força. Paramos por alguns segundos. Olhei para Dudu e sugeri que devíamos ir embora, mas ele insistia em continuar.

        Olhei na direção de uma das janelas do andar de cima do casarão e me pareceu ver algo que se mexia. Era um vulto por trás do vidro quebrado. Minhas pernas fraquejaram e subiu um calafrio pelas minhas costas. Então, me virei para falar com Dudu, mas ele havia desaparecido.

        [...]

Luiz Pagnossim.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 27-28.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a atmosfera predominante no fragmento e como ela é criada?

      A atmosfera predominante é de suspense e terror. Ela é criada através de elementos como:

      A descrição do casarão abandonado e em ruínas;

      As histórias misteriosas sobre o antigo proprietário e seu filho;

      Os sentimentos de medo e apreensão dos personagens;

      Os elementos naturais como a chuva fina, o vento gelado e o lago esverdeado;

      O acontecimento inexplicável do desaparecimento de Dudu.

02 – Quais os principais medos e sentimentos dos personagens?

      Luiz e Dudu demonstram medo do desconhecido, do sobrenatural e do que possa estar escondido no casarão. A ideia de entrar em um lugar com tantas histórias assustadoras os deixa nervosos e apreensivos.

03 – Qual a importância do cenário (o casarão e seus arredores) para a história?

      O casarão é o centro das atenções e o principal gerador de suspense. Sua aparência deteriorada, as histórias que o envolvem e os acontecimentos estranhos que ocorrem ali o transformam em um lugar aterrorizante. Os arredores do casarão, como o lago e a mata, contribuem para a atmosfera sombria e misteriosa.

04 – Como o autor constrói a tensão e o suspense no fragmento?

      O autor constrói a tensão e o suspense através de:

      Descrição detalhada: A descrição minuciosa do casarão e dos seus arredores cria uma imagem vívida e assustadora na mente do leitor.

      Diálogo: As conversas entre Luiz e Dudu revelam os seus medos e expectativas, aumentando a tensão.

      Acontecimentos estranhos: O desaparecimento de Dudu e a visão do vulto na janela são elementos que surpreendem o leitor e aumentam o suspense.

      Tempo e clima: A chuva fina e o vento gelado contribuem para a atmosfera sombria e opressiva.

05 – Qual a sua expectativa para o desenrolar da história?

      É difícil prever com exatidão o desenrolar da história, mas podemos fazer algumas especulações com base no fragmento:

      Desvendando os mistérios: Os personagens podem tentar desvendar os mistérios que envolvem o casarão e seu antigo proprietário.

      Confronto com o desconhecido: Luiz e Dudu podem se confrontar com alguma força sobrenatural ou com os seus próprios medos.

      Revelações surpreendentes: A história pode revelar fatos surpreendentes sobre o passado do casarão e seus habitantes.

 

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