Romance: Tempos difíceis – Fragmento
Charles Dickens.
[...]
Era uma cidade de tijolos vermelhos, ou
antes de tijolo que tinha sido vermelho, se a fumaça e as cinzas o tivessem
consentido; mas, tal como estava, era uma cidade de um vermelho e preto
esquisitos, semelhando a cara pintada de um selvagem. Era uma cidade de
máquinas e chaminés, das quais saíam incessantemente serpentes intermináveis de
fumaça, que jamais se desenroscavam. Tinha um canal negro e um rio manchado de
roxo por tintas malcheirosas e imensas pilhas de edifícios, cheios de janelas,
onde todo o santo dia ruídos e estremecimentos e onde os êmbolos das máquinas a
vapor subiam e descia melancolicamente, semelhante à cabeça de um elefante
melancolicamente louco. Para essa gente, cada dia era igual ao anterior e ao
seguinte e cada ano idêntico ao último e ao próximo.
[...]
DICKENS, Charles. Tempos difíceis. Trad. De José Maria Machado. São
Paulo: Clube do Livro, 1969. p. 26-27. Fragmento.
Fonte: Português –
Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas
Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 133.
Entendendo o romance:
01
– Qual a principal característica da cidade descrita por Dickens?
A cidade é
descrita como um lugar industrializado e poluído, dominado por fábricas e
chaminés que expelem fumaça constantemente. A poluição é tão intensa que altera
a cor original dos tijolos, e o rio está contaminado por resíduos industriais.
02
– Que tipo de atmosfera a descrição da cidade cria no leitor?
A descrição da
cidade cria uma atmosfera opressora e sombria. As imagens de máquinas, fumaça e
ruídos constantes transmitem a ideia de um ambiente hostil e desumanizador,
onde a vida é monótona e repetitiva.
03
– Qual a relação entre a natureza da cidade e a vida dos seus habitantes?
A natureza da
cidade influencia diretamente a vida dos habitantes. A poluição e o ritmo
frenético da produção industrial afetam a saúde e o bem-estar das pessoas,
criando um ambiente de trabalho insalubre e uma vida cotidiana marcada pela
monotonia e pela falta de contato com a natureza.
04
– Que crítica social Dickens faz através dessa descrição?
Dickens critica o
processo de industrialização e seus efeitos negativos sobre a sociedade. A
cidade representa a alienação e a desumanização causadas pelo capitalismo, onde
a busca pelo lucro e a produção em massa são priorizadas em detrimento da
qualidade de vida das pessoas.
05
– Como a repetição de palavras e expressões contribui para a construção do
sentido do texto?
A repetição de
palavras como "fumaça", "máquinas" e "ruídos"
reforça a ideia da monotonia e da repetitividade da vida na cidade industrial.
Além disso, a comparação da máquina a vapor com um "elefante
melancolicamente louco" cria uma imagem vívida e expressiva, que contribui
para a construção de uma atmosfera opressiva e surreal.
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