segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

POEMA: LONGE DE TI - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Poema: Longe de Ti

           Castro Alves

Quando longe de ti eu vegeto,
Nessas horas de largos instantes,
O ponteiro, que passa os quadrantes,
Marca séculos, se esquece de andar.
Fito o céu — é uma nave sem lâmpada.
Fito a terra — é uma várzea sem flores.
O universo é um abismo de dores,
Se a madona não brilha no altar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOR6T0VoyN7h9mV1I_ZQ8AGkH-6J_JlS0uj7UTuxuYAZvr39AG63WrIwY6KZFpOuyYDym9Pf8gO2XX2lGq1y8g2YupZPEJn-GwB0XpxNFayztmiMg2rRc5PN-JUYrNgy6e1mx44TgdKE5qCJA4t3sK7icQAWJqKVimy-sIEhAkVjIStIVEdd-lrOzlFxU/s320/Longe-de-Ti-de-Castro-Alves.jpg


Então lembro os momentos passados.
Lembro então tuas frases queridas,
Como o infante que as pedras luzidas
Uma a uma desfia na mão.
Como a virgem que as joias de noiva
Conta alegre a sorrir de alegria,
Conto os risos que deste-me um dia
E que eu guardo no meu coração.

Lembro ainda o lugar onde estavas...
Teu cabelo, teu rir, teu vestido...
De teu lábio o fulgor incendido...
Destas mãos a beleza ideal...
Lembro ainda em teus olhos, querida,
Este olhar de tão lânguido raios,
Este olhar que me mata em desmaios
Doce, terno, amoroso, fatal!...

Quando a estrela serena da noite
Vem banhar minha fonte saudosa,
Julgo ver nessa luz misteriosa,
Doce amiga, um carinho dos teus!
E ao silêncio da noite que anseia
De volúpia, de anelos, de vida.
Eu confio o teu nome, querida,
Para as brisas levarem-no aos céus.

De ti longe minh’alma vegeta,
Vive só de saudade e lembrança,
Respirando a suave esperança
De viver como escravo a teus pés,
De sonhar teus menores desejos,
De velar em teus sonhos dourados,
"Mais humilde que os servos curvados!
"Inda mais orgulhoso que os reis"!

Ó meu Deus! Manda às horas que fujam,
Que deslizem em fio os instantes...
E o ponteiro que passa os quadrantes
Marque a hora em que a posso fitar!
Como Tântalo à sede morria,
Sem achar o conforto preciso...
Morro à míngua, meu Deus, de um sorriso!
Tenho sede, Senhor, de um olhar.

ALVES, Castro. In: GOMES, Eugênio. (Org.). Castro Alves: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 487-488.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 122-123.

Entendendo o poema:

01 – Qual o sentimento predominante expresso pelo eu lírico no poema?

      O sentimento predominante é a saudade intensa da amada. O eu lírico experimenta um sofrimento profundo pela ausência da mulher amada, e esse sentimento se manifesta através de uma linguagem rica em metáforas e comparações, que expressam a intensidade da paixão e do desejo.

02 – Como o eu lírico descreve a passagem do tempo quando está longe da amada?

      O eu lírico percebe o tempo como algo que se arrasta lentamente quando está longe da amada. Os momentos se prolongam, os dias parecem intermináveis e o tempo parece ter perdido sua fluidez. Essa percepção do tempo é uma forma de expressar o sofrimento causado pela saudade.

03 – Quais os elementos da natureza utilizados pelo poeta para expressar seus sentimentos?

      O poeta utiliza elementos da natureza para criar um ambiente que reflete seu estado emocional. O céu sem lâmpada, a terra sem flores e o universo como um abismo de dores simbolizam a tristeza e a desolação do eu lírico. Por outro lado, a estrela serena da noite e as brisas são elementos que evocam a esperança e o desejo de estar perto da amada.

04 – Como o eu lírico descreve a amada?

      A amada é descrita de forma idealizada, como um ser perfeito e desejável. O poeta destaca seus atributos físicos (cabelo, sorriso, olhos) e suas qualidades pessoais (ternura, beleza), criando um retrato idealizado que intensifica ainda mais o sentimento de saudade.

05 – Qual o papel das lembranças na vida do eu lírico?

      As lembranças da amada são a única fonte de conforto para o eu lírico. Ao reviver os momentos passados com a amada, ele encontra um alívio momentâneo para a dor da saudade. As lembranças são como tesouros que ele guarda em seu coração e que o ajudam a suportar a ausência.

06 – Como o poeta expressa a intensidade de seu amor?

      A intensidade do amor do eu lírico é expressa através de comparações e metáforas que evocam sentimentos extremos. Ele se compara a Tântalo, condenado a sofrer eternamente por ter a água sempre ao alcance, mas nunca podendo saciá-la. Essa comparação revela a intensidade da sede que o consome pela presença da amada.

07 – Qual a relação entre este poema e o Romantismo?

      "Longe de Ti" é um poema tipicamente romântico, pois apresenta características como:

      Idealização da amada: A mulher é vista como um ser perfeito e inalcançável.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma intensa e pessoal.

      Valorização da natureza: A natureza é utilizada como um reflexo do estado interior do poeta.

      Linguagem rica em metáforas: O poeta utiliza metáforas para expressar a intensidade de seus sentimentos.

 

 

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