domingo, 29 de dezembro de 2024

CRÔNICA: O CASARÃO II - (FRAGMENTO) - LUIZ PAGNOSSIM - COM GABARITO

 Crônica: O casarão II – Fragmento

              Luiz Pagnossim

        [...]

        Chamei pelo meu amigo várias vezes. Por instinto, olhei para a janela, na qual havia visto o vulto. Nada além do vidro quebrado. Aquilo estava me deixando preocupado. Pensei em fugir. Mas não podia, afinal, tinha que encontrar o Dudu. O que teria acontecido com ele? Por que teria sumido? E aquele vulto na janela? Será que tinha alguma relação com aquele sumiço?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeez1PUS8SU7aJsaBGaOP7N2ji03gd50mBThDnNdTHg4XzpeN1BsdQKdJjQ5M_-L8jsdFpFFsGBEbWZBYl5IrSM8lfZJ3a7zS780dqYVs76MhePzxPFcEoqc5GVLoxB5CtcU-_CFBvoVfOuCNebRckYBs5sBWdH-9RnpReOnSpUa5g-RRYkeoodXDJc8Q/s320/CASARAO.jpg


        A chuva deu uma trégua, mas o vento forte continuava. Desesperadamente, corria por todos os cantos em torno do casarão, no meio do mato crescido e molhado pela chuva recente, mas nem sinal do meu amigo.

      Decidi sair daquele lugar e chamar alguém que pudesse me ajudar, contar para as pessoas o que havia acontecido. Foi quando senti a presença de alguém atrás de mim. Gritei, mas a voz saiu falha, esganiçada.

       Aquela presença tocou em meu ombro. Senti meu corpo gelar e parecia que ia perder os sentidos, porém, sua voz pedia, estranhamente, que eu não ficasse com medo:

        -- Não tenha medo. Eu sei onde está seu amigo. Ele caiu em um pequeno buraco perto do lago, ao sair correndo. Deve ter se assustado, ao me ver na janela. Sei que dizem que morri. Como pode ver, estou aqui e vivo. Venha, vamos buscar o seu amigo.

        Não consegui dizer sequer uma palavra. Eu acompanhava aquele homem com seus passos lentos. Ao chegarmos, lá estava o Dudu, tremendo e com frio. Retiramos meu amigo do buraco e expliquei que aquele era o dono da propriedade e que, de fato, estava vivo.

        O senhor voltou a pedir que não tivéssemos medo e que o acompanhássemos. Ao nos aproximarmos da porta de entrada da casa, ele nos convidou a entrar. A casa por dentro tinha o mesmo aspecto sombrio, mas não aterrorizante como o lado de fora. No que parecia ser a sala, havia um velho sofá rasgado e uma grande mesa sobre a qual se viam pedaços de madeira e instrumentos de entalhe. Em toda volta, prateleiras cheias de brinquedos de madeira feitos por ele. o senhor foi até uma delas e retirou dois brinquedos, dois cavalos entalhados, e estendeu-os em nossa direção. Depois, pediu que não contássemos a ninguém o que havia se passado no sítio e nem que ele estava vivo. Sorrimos e concordamos com o seu pedido.

        Voltamos ao sítio, eu e meu amigo, algumas vezes, depois dessa visita. O velho pouco sorria, no entanto, parecia amável, mesmo assim. Tempos depois, ele morreu, dessa vez, de verdade. E o portão do sítio foi fechado para sempre.

Luiz Pagnossim.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 29-30.

Entendendo a crônica:

01 – O que levou o narrador a procurar seu amigo Dudu no casarão?

a) A curiosidade em explorar um lugar desconhecido.

b) A necessidade de compartilhar uma aventura com o amigo.

c) A preocupação com o desaparecimento do amigo.

d) A vontade de desvendar o mistério do casarão.

02 – Qual a reação do narrador ao encontrar o velho dono do casarão?

a) Alegria por ter encontrado o amigo.

b) Medo e desespero diante da figura misteriosa.

c) Curiosidade sobre a história do lugar.

d) Raiva por ter sido enganado sobre a morte do velho.

03 – O que simbolizam os cavalinhos de madeira oferecidos pelo velho aos meninos?

a) A amizade e a conexão entre os personagens.

b) A infância e a inocência perdidas.

c) A promessa de segredo entre os três.

d) A esperança de um futuro melhor.

04 – Qual o significado do fechamento do portão do casarão após a morte do velho?

a) O fim de uma era e o início de outra.

b) A tentativa de esconder os segredos do lugar.

c) A tristeza pela perda do amigo.

d) O desejo de esquecer o que aconteceu.

05 – Qual a principal emoção transmitida pelo narrador ao longo da história?

a) Alegria.

b) Tristeza.

c) Medo.

d) Indiferença.

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