quinta-feira, 1 de março de 2018

CONTO: ESSAS MENINAS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

CONTO: ESSAS MENINAS
               Carlos Drummond de Andrade


       As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coisas sem importância.
         O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem motivo; riem.
         Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
         As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.

                    Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 72.
                             Carlos Drummond de Andrade Graña Drummond
                                                             www.carlosdrummond.com.br

 Entendendo o texto:
01 – A primeira parte do conto – os dois primeiros parágrafos – falta de personagens meninas.
     a) Que comportamentos caracterizam os personagens como meninas?
     São estudantes, namoram, estão sempre rindo, conversam coisas sem importância.

     b) O narrador diz que “o uniforme as despersonaliza” – por quê?
     Porque ficam todas iguais.

     c) “O riso as diferencia”; por que as diferencia, se todas riem?
     Cada uma ri de um jeito: alto, musical, desafinado.

     d) As meninas falam de “coisas sem importância”: que exemplo dessas coisas sem importância aparece no conto?
     O besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora.

02 – Na segunda parte do conto – os dois últimos parágrafos – essas meninas passam a ser essas mulheres.
     a) Por que o crime transformou as meninas, “de uma hora para outra”. Em mulheres?
     Respostas pessoal; possibilidades: porque se confrontaram com o mal, a violência; porque experimentaram o sofrimento; porque descobriram a ameaça, o perigo.

     b) Segundo o conto, que diferença há entre ser menina e ser mulher?
     Resposta com base nas características “externas” indicadas no texto: ser menina é ser alegre, rir, conversar coisas sem importância; ser mulher é ser séria, ser adulta. Resposta por inferência: ser menina é desconhecer e ser mulher é conhecer a violência, o sofrimento.

03 – Recorde: o narrador não diz que crime foi cometido nem em quais condições foi encontrado o corpo da menina:
       “O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo”.
     a) Em sua opinião, por que o narrador não esclarece que crime foi cometido?
     Resposta pessoal.

     b) Por que o narrador diz apenas “aquelas condições”, sem esclarecer em quais condições o corpo da menina foi encontrado?
     Resposta pessoal.

     c) O narrador não diz que crime foi cometido nem em que condições o corpo foi encontrado, mas o leitor sabe; por que sabe?
     Porque o tipo de crime e as condições em que suas vítimas são encontradas são bem conhecidos, pela frequência em que são noticiados.

04 – O que é que o conto revelou a você, leitor? Escolha entre as opções abaixo ou dê sua própria resposta.
     a) Os criminosos não respeitam nem mesmo meninas estudantes.
     b) A impossibilidade da alegria e do riso num mundo violento.
     c) O amadurecimento que resulta do confronto com a violência.
     d) A transformação de meninas alegres em mulheres sérias.

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