POEMA: MEMÓRIA
Carlos Drummond de Andrade
Amar o
perdido
Deixa
confundido
Este
coração.
Nada pode
o olvido
Contra o
sem sentido
Apelo do
Não.
As coisas
tangíveis
Tornam-se
insensíveis
À palma
da mão.
Mas as
coisas findas,
Muito
mais que lindas,
Essas
ficarão.
ANDRADE, Carlos Drummond de, “Claro Enigma”,
Rio de Janeiro: Record, 1991.
Entendendo
o poema:
01 –
Sobre esse poema, é correto dizer que:
A) A passagem do tempo
acaba por apagar da memória praticamente todas as lembranças humanas; quase
nada permanece.
B) A memória de cada pessoa
é marcada exclusivamente por aqueles fatos de grande impacto emocional; tudo o
mais se perde.
C) A passagem do tempo
apaga muitas coisas, mas a memória afetiva registra as coisas que
emocionalmente tem importância; essas permanecem.
D) A passagem do tempo
atinge as lembranças humanas da mesma forma que envelhece e destrói o mundo
material; nada permanece.
E) O homem não tem
alternativa contra a passagem do tempo, pois o tempo apaga tudo; a memória nada
pode; tudo se perde.
02 - Uma das características da poesia de
Drummond é que ela passa por diversas fases, indo de textos mais convencionais
a outros mais experimentais. Sobre a estrutura poética de “Memória”, é correto
afirmar:
(A) Cada uma das quatro estrofes apresenta
três versos e cada um deles apresenta cinco sílabas poéticas.
(B) Cada uma das
quatro estrofes apresenta três versos e cada um deles apresenta um número de
sílabas poéticas diferente do anterior.
(C) O poema apresenta estrofes irregulares
e versos com cinco sílabas poéticas cada.
(D) É possível contar as estrofes, mas não
é possível fazer a contagem das sílabas poéticas.
(E) A organização dos versos e das
estrofes não importa para a construção do sentido poético.
03 – Reconhece-se em “Memória”:
(A) utilização de versos livres e brancos,
sem rimas.
(B) as rimas mudam
a cada estrofe, rompendo com a musicalidade poética.
(C) rígido esquema rítmico, marcado por
a/a/b.
(D) a repetição do som “ão” não importa
para os sentidos construídos pelo poema.
(E) as rimas no poema são acidentais e não
obedecem a nenhum tipo de regra.
04 – A primeira estrofe permite inferir
que:
(A) as experiências amorosas significam
aprendizado.
(B) os sentimentos não obedecem à razão,
mas a impulsos incontroláveis.
(C) não se ama o que se possui, mas apenas
o que não se tem.
(D) o sentimento repousa sobre a razão do
coração.
(E) amar o que não
se possui gera inquietação e tensão.
05 – O termo “olvido” (segunda estrofe)
significa:
(A)
ouvido.
(B)
sentido.
(C)
lembrança.
(D) esquecimento.
(E) riqueza.
06 – Pode-se depreender da segunda
estrofe:
(A) O
“Não” significa o consolo do eu-lírico diante do amor perdido.
(B) O “apelo do
Não” se refere à perda do ser amado.
(C) É
possível esquecer o amor perdido.
(D) O “apelo do Não” significa a superação
da perda.
(E) Não há sentido em amar, porque a perda
do que se ama é inevitável.
07 – Segundo o contexto, “As coisas
tangíveis tornam-se
insensíveis à palma da mão”, quando:
(A)
esquece-se de um amor.
(B) ama-se o que
foi perdido.
(C) nega-se o objeto amoroso.
(D) confunde-se a razão, pela perda da
possibilidade de amar.
(E) aceita-se a vida e as suas perdas.
08 – A última estrofe, em diálogo com o
texto como um todo, permite afirmar
que:
(A) as coisas terminam definitivamente, mesmo
se lindas.
(B) tudo na vida é passageiro e termina, mesmo
quando parece eterno.
(C) as coisas que acabam são as coisas lindas.
(D) as coisas lindas permanecem, mesmo quando
parecem ter terminado.
(E) as coisas lindas estão predestinadas a
acabarem.
09 – O autor do poema é estudado em qual
das escolas literárias?
(A) Simbolismo
(B) Romantismo
(C) Modernismo
(D) Arcadismo
(E) Barroco.
10 –
Carlos Drummond de Andrade é contemporâneo a:
(A) Manuel Bandeira
(B) Cruz e Sousa
(C)
Gonçalves Dias
(D) Machado de
Assis
(E) Padre Anchieta.
11. O poema, lido em diálogo com seu
título “Memória”, sugere que:
(A)
a fé em alguma religião permite que se conceba a eternidade.
(B) tudo o que existe perde seu valor com
a passagem do tempo.
(C) as coisas se desmancham e definham
rapidamente no dia-a-dia.
(D) a memória guarda mais momentos ruins
do que bons.
(E) a memória
eterniza as belezas da vida.
Alguém sabe recursos expressivos presentes na estrofe 1?
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