terça-feira, 27 de março de 2018

TEXTO: LUCY - NELSON TORRO ALVES - COM GABARITO

Texto: Lucy


        Entrevistamos especialista para desvendar o mito cerebral Doutor em psicobiologia nos ajuda a conhecer a verdade por trás da trama por Rafael Sanzio Lucy, filme de Luc Besson com Scarlett Johansson como protagonista, estreia […] no dia 28 de agosto nos cinemas brasileiros.
        O filme aborda o mito de que o ser humano só usa 10% de seu cérebro e que, através de uma droga, a personagem principal começa a desenvolver todo o potencial cerebral. Depois de conferirmos o trailer, o Fique Ligado quis saber a verdade sobre toda essa história.
        Entrevistamos Nelson Torro Alves, doutor em psicobiologia na USP e membro fundador do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento, para sabermos mais sobre o potencial cerebral, já que o professor de 39 anos também é membro permanente do Programa de Pós graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento da Universidade Federal da Paraíba – o cara certo para tirar nossas dúvidas! [...] Na trama do filme Lucy é dito que nós, humanos, somos capazes de utilizar 10% de nosso cérebro. Isso é verdade ou é um mito?
Ficamos estacionados na porcentagem ou podemos aumentá-la de forma natural?

Nelson Torro: Definitivamente, é um mito. Em primeiro lugar, não há evidências científicas que sustentem a afirmação de que usamos um dado limite do cérebro (p. ex. 10, 20 ou 60%). Existem várias complicações nessa suposição.
       Por exemplo, como podemos medir com relativa certeza quanto do cérebro está sendo usado? É um problema também do ponto de vista biológico: por que razão teríamos um cérebro tão potente e só usaríamos parte de nossos recursos?
     O cérebro, tal como funciona, já é muito dispendioso para o organismo, consumindo cerca de 20% de toda a energia corporal. Além disso, os organismos não teriam vantagens adaptativas desenvolvendo um sistema tão complexo, mas que permanecesse inutilizado. 

Há registros de uma porcentagem maior que a média?

Nelson Torro: O grande problema é como medir o uso do cérebro. Não existem bons parâmetros para isso. Lucy vai ganhando novas habilidades à medida que aumenta a capacidade cerebral. Com 20% ela consegue controlar as células do corpo. Com 50% ela controla a matéria e com 60% ela pode controlar pessoas. 

O que há de verdade nisso e o que há de exagero?

Nelson Torro: Pelo que sabemos atualmente, tudo é um exagero. No máximo, um cérebro mais “potente” tornaria a pessoa mais inteligente, com melhor memória ou mais atenta.

Há drogas que aumentam o potencial cerebral da pessoa? Como isso é possível?

Nelson Torro: Existem drogas que parecem aumentar as funções atencionais e a concentração, tal como o metilfenidato, que é o princípio ativo dos medicamentos Ritalina e Concerta, usados no tratamento de crianças com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Mesmo em adultos saudáveis, o medicamento parece ter um efeito benéfico sobre o raciocínio e aprendizado.

01 –  O texto afirma que:
a) que se passa no filme é meramente ficção.
b) o filme traz questões sobre o tempo e o cérebro.
c) o filme apresenta um conceito cientificamente provável.
d) pode haver consequências negativas no uso exagerado do cérebro.
e) há drogas que nos permitem alcançar 100% da nossa capacidade cerebral.

        No entanto, essa é uma questão polêmica, pois não sabemos quais são as consequências a longo prazo do uso desses medicamentos, que podem afetar a dinâmica do funcionamento cerebral. Seria muito recomendada uma droga tradicional de aumento do potencial cerebral, a cafeína, presente no café e guaraná, por exemplo.
      O café promove o alerta e estimula as funções cerebrais, além disso, em doses moderadas, traz outros benefícios à saúde. Na maioria das cenas de Lucy é como se ela ganhasse superpoderes, contudo deve haver um lado ruim nesse uso exagerado do cérebro.

Quais as desvantagens do uso em demasia do nosso cérebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente como psicologicamente?

Nelson Torro: É bem possível que houvesse consequências negativas, caso isso ocorresse. Existem muitos relatos de pessoas com capacidade de memória extraordinária, mas que não se tornaram necessariamente mais inteligentes ou mais bem-sucedidas por conta disso.

 Com os estudos atuais dessa área, acredita que iremos descobrir algum dia o verdadeiro potencial de nosso cérebro?

Nelson Torro: Acho que esse potencial já é conhecido. Nosso cérebro é muito bom, flexível o bastante para aprendermos coisas novas durante a toda vida. A exemplo da personagem do filme, podemos aprender também chinês; não em uma hora, mas podemos aprender. Podemos também adquirir novas habilidades graças à plasticidade cerebral, incluindo habilidades motoras, tal como esporte ou dança, conhecimentos gerais (matemática, história, literatura) e habilidades musicais, por exemplo.

Vendo o trailer do filme, qual a porcentagem de veracidade dos poderes adquiridos pelo cérebro de Lucy?

Nelson Torro: Nesse caso, é mais fácil quantificar: 0%. (Risos) 

Em sua opinião, o que poderemos fazer ao alcançarmos 100% da nossa capacidade cerebral?

Nelson Torro: Sempre vale a pena investirmos no aprendizado de novas habilidades e conhecimento.
Torna a vida mais mental mais rica.

            ALVES, Nelson Torro. Entrevista. Disponível em:
Acesso em: 16 de agosto de 2014

02 – Releia a seguinte frase, extraída do Texto: A expressão “aguentaríamos o tranco”, característica de uma fala mais informal, poderia ser adequadamente substituída por:
a) aceitaríamos o fato.
b) suportaríamos a tarefa.
c) ficaríamos mais ágeis.
d) ficaríamos mais fortes.
e) teríamos problemas.

03 – Releia a seguinte frase, extraída do Texto:
       Na maioria das cenas de Lucy é como se ela ganhasse super poderes, contudo deve haver um lado ruim nesse uso exagerado do cérebro. Quais as desvantagens do uso em demasia do nosso cérebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente como psicologicamente? Lucy vai ganhando novas habilidades à medida que aumenta a capacidade cerebral.
      Podemos substituir a expressão “à medida que”, sem alteração de sentido da frase, por:
a) porque.
b) quando.
c) à proporção que.
d) de modo que.
e) entretanto.
       

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