Texto: Lucy
Entrevistamos especialista para desvendar o mito cerebral Doutor em
psicobiologia nos ajuda a conhecer a verdade por trás da trama por Rafael
Sanzio Lucy, filme de Luc Besson com Scarlett Johansson como protagonista,
estreia […] no dia 28 de agosto nos cinemas brasileiros.
O filme aborda o mito de que o ser humano só usa 10% de seu cérebro e
que, através de uma droga, a personagem principal começa a desenvolver todo o
potencial cerebral. Depois de conferirmos o trailer, o Fique Ligado quis saber
a verdade sobre toda essa história.
Entrevistamos Nelson Torro Alves, doutor em psicobiologia na USP e membro
fundador do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comportamento, para
sabermos mais sobre o potencial cerebral, já que o professor de 39 anos também
é membro permanente do Programa de Pós graduação em Neurociência Cognitiva e
Comportamento da Universidade Federal da Paraíba – o cara certo para tirar
nossas dúvidas! [...] Na trama do filme Lucy é dito que nós, humanos, somos
capazes de utilizar 10% de nosso cérebro. Isso é verdade ou é um mito?
Ficamos estacionados na porcentagem ou
podemos aumentá-la de forma natural?
Nelson
Torro: Definitivamente, é um mito. Em primeiro lugar, não há evidências
científicas que sustentem a afirmação de que usamos um dado limite do cérebro
(p. ex. 10, 20 ou 60%). Existem várias complicações nessa suposição.
Por exemplo, como podemos medir com
relativa certeza quanto do cérebro está sendo usado? É um problema também do
ponto de vista biológico: por que razão teríamos um cérebro tão potente e só
usaríamos parte de nossos recursos?
O cérebro, tal como funciona, já é muito
dispendioso para o organismo, consumindo cerca de 20% de toda a energia
corporal. Além disso, os organismos não teriam vantagens adaptativas
desenvolvendo um sistema tão complexo, mas que permanecesse inutilizado.
Há registros de uma porcentagem maior que a
média?
Nelson
Torro: O grande problema é como medir o uso do cérebro. Não existem
bons parâmetros para isso. Lucy vai ganhando novas habilidades à medida que
aumenta a capacidade cerebral. Com 20% ela consegue controlar as células do
corpo. Com 50% ela controla a matéria e com 60% ela pode controlar
pessoas.
O que há de verdade nisso e o que há de
exagero?
Nelson
Torro: Pelo que sabemos atualmente, tudo é um exagero. No máximo, um
cérebro mais “potente” tornaria a pessoa mais inteligente, com melhor memória
ou mais atenta.
Há drogas que aumentam o potencial cerebral
da pessoa? Como isso é possível?
Nelson
Torro: Existem drogas que parecem aumentar as funções atencionais e a
concentração, tal como o metilfenidato, que é o princípio ativo dos
medicamentos Ritalina e Concerta, usados no tratamento de crianças com o
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Mesmo em adultos saudáveis,
o medicamento parece ter um efeito benéfico sobre o raciocínio e aprendizado.
01 – O texto afirma que:
a) que se
passa no filme é meramente ficção.
b) o filme
traz questões sobre o tempo e o cérebro.
c) o
filme apresenta um conceito cientificamente provável.
d) pode
haver consequências negativas no uso exagerado do cérebro.
e) há
drogas que nos permitem alcançar 100% da nossa capacidade cerebral.
No entanto, essa é uma questão polêmica, pois não sabemos quais são as
consequências a longo prazo do uso desses medicamentos, que podem afetar a dinâmica
do funcionamento cerebral. Seria muito recomendada uma droga tradicional de
aumento do potencial cerebral, a cafeína, presente no café e guaraná, por
exemplo.
O café promove o alerta e estimula as funções cerebrais, além disso, em
doses moderadas, traz outros benefícios à saúde. Na maioria das cenas de Lucy é
como se ela ganhasse superpoderes, contudo deve haver um lado ruim nesse uso
exagerado do cérebro.
Quais as desvantagens do uso em demasia do
nosso cérebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente como psicologicamente?
Nelson
Torro: É bem possível que houvesse consequências negativas, caso isso
ocorresse. Existem muitos relatos de pessoas com capacidade de memória
extraordinária, mas que não se tornaram necessariamente mais inteligentes ou
mais bem-sucedidas por conta disso.
Com os estudos atuais dessa área, acredita
que iremos descobrir algum dia o verdadeiro potencial de nosso cérebro?
Nelson
Torro: Acho que esse potencial já é conhecido. Nosso cérebro é muito
bom, flexível o bastante para aprendermos coisas novas durante a toda vida. A
exemplo da personagem do filme, podemos aprender também chinês; não em uma
hora, mas podemos aprender. Podemos também adquirir novas habilidades graças à
plasticidade cerebral, incluindo habilidades motoras, tal como esporte ou
dança, conhecimentos gerais (matemática, história, literatura) e habilidades
musicais, por exemplo.
Vendo o trailer do filme, qual a porcentagem
de veracidade dos poderes adquiridos pelo cérebro de Lucy?
Nelson
Torro: Nesse caso, é mais fácil quantificar: 0%. (Risos)
Em sua opinião, o que poderemos fazer ao
alcançarmos 100% da nossa capacidade cerebral?
Nelson
Torro: Sempre vale a pena investirmos no aprendizado de novas
habilidades e conhecimento.
Torna a
vida mais mental mais rica.
ALVES, Nelson Torro. Entrevista. Disponível em:
Acesso
em: 16 de agosto de 2014
02 –
Releia a seguinte frase, extraída do Texto: A expressão “aguentaríamos o
tranco”, característica de uma fala mais informal, poderia ser adequadamente
substituída por:
a)
aceitaríamos o fato.
b)
suportaríamos a tarefa.
c)
ficaríamos mais ágeis.
d)
ficaríamos mais fortes.
e)
teríamos problemas.
03 –
Releia a seguinte frase, extraída do Texto:
Na maioria das cenas de Lucy é como se ela ganhasse super poderes, contudo deve
haver um lado ruim nesse uso exagerado do cérebro. Quais as desvantagens do uso
em demasia do nosso cérebro? Aguentaríamos o tranco, tanto fisicamente como
psicologicamente? Lucy vai ganhando novas habilidades à medida que aumenta
a capacidade cerebral.
Podemos substituir a expressão “à
medida que”, sem alteração de sentido da frase, por:
a)
porque.
b)
quando.
c) à
proporção que.
d) de
modo que.
e)
entretanto.
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