POEMA: AS POMBAS
Raimundo Correia
Vai-se a
primeira pomba despertada...
Vai-se
outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas
vão-se dos pombais, apenas
Raia
sanguínea e fresca a madrugada...
E à
tarde, quando a rígida nortada
Sopra,
aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando
as asas, sacudindo as penas,
Voltam
todas em bando e em revoada...
Também
dos corações onde abotoam,
Os
sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam
as pombas dos pombais;
No azul
da adolescência as asas soltam,
Fogem...
Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles
aos corações não voltam mais...
Correia,
Raimundo. Op. Cit.
Entendendo
o poema:
01 – No
soneto As Pombas, o poeta faz uma comparação ente os sonhos e as
pombas e, por consequência, entre os corações e os pombais. Em que momento
acontece a desarmonia dessa comparação? Por quê?
No
último terceto acontece a desarmonia porque, quando passada a adolescência, não
há como recuperá-la. Os sonhos não duram para sempre.
02 –
Nota-se que em As Pombas o assunto é, aparentemente, uma
descrição de como as aves saem de madrugada de seus ninhos e voltam ao
anoitecer. Contudo, trata-se somente de uma aparência. No fundo, a intensão do
poeta é bem outra. Você poderia interpretar qual é essa intensão?
A intenção do poeta é fixar a ideia de que a vida é efêmera e precisa ser
vivenciada com intensidade, pois o tempo passa e é irrecuperável.
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