ECOLOGIA PRECOCE
Sozinho,
um estudante de Bauru já fez mais pelo meio ambiente de sua cidade do que
muitos órgãos públicos.
Quando
o prefeito de Bauru – uma cidade a 350 quilômetros de São Paulo –, Antônio
Tidei de Lima, assumiu seu cargo, uma longa carta chegou ao seu gabinete. Em
vinte páginas, a correspondência trazia, com detalhes, tudo o que precisava ser
feito para melhorar as condições ambientais da cidade. Crente de que o
remetente era um biólogo ou algum pesquisador da área, o prefeito pediu ao seu
secretário do meio ambiente que chamasse o autor para uma conversa. Quando ele
entrou na sala do secretário, o espanto foi geral. Rodrigo Antônio Agostinho,
um adolescente de apenas 16 anos na época, não só não era biólogo como ainda
estava no Ensino Médio. Mas a carta surtiu efeito: mesmo sem formação
acadêmica, o garoto foi chamado para colaborar: “Eles esperavam um adulto.
Quando me viram, foi engraçado, mas o secretário falou: ‘Já que você quer fazer
tudo isso, vem ajudar.’ E eu fui”, conta ele, que trabalhou durante um ano
voluntariamente na Secretaria. Seu interesse por ecologia começou cedo. Aos 10
anos, ele escreveu um trabalho de escola sobre o Rio Batalha, um afluente do
Tietê que passa por onze municípios, entre eles Bauru. “O Batalha é
superimportante para Bauru porque abastece de água metade da cidade, a outra
metade vem de poços artesianos”, explica Rodrigo. A partir desse trabalho,
Rodrigo se empolgou. Ele redigiu então um plano próprio para estudar e apontar
saídas para o Rio Batalha. “No início, foi difícil. Procurei a ajuda de muitos
órgãos públicos, mas acharam que eu era louco”, queixa-se. Persistente, Rodrigo
foi à luta com o apoio apenas de alguns colegas e professores. Dos 220
quilômetros do Batalha, 30 haviam sido desmatados e precisavam ser recuperados.
Rodrigo partiu para um plano ambicioso: reflorestar o rio. Arrumou um lugar
para fazer um viveiro e, recolhendo sementes das áreas ainda preservadas e do
Jardim Botânico, foi montando um banco de mudas de espécies nativas. Depois da
escola e nos finais de semana, ele ia para o viveiro, onde plantava as sementes
em sacos plásticos com terra adubada. Conseguiu fazer 6 mil mudas, que
replantou no Batalha na época certa. “Arrastei os amigos, a família, todo mundo
para plantar na beira do rio”, lembra. Mas suas mudas não bastaram.
“Reflorestar o Batalha exigia o plantio de um milhão de mudas, e isso implicava
num grande viveiro, irrigação etc. Além de educar os proprietários a usar o
solo corretamente e tratar os pontos de esgoto”, enumera. Para conseguir tudo
isso, ele fundou uma ONG – O Instituto Ambiental Vid’água. Apesar de otimista,
Rodrigo sabe que seu projeto é a longo prazo. “Essas árvores vão demorar pelo
menos dez anos para crescer.” Apesar das dificuldades, ele não desiste. “O meio
ambiente tem de deixar de ser uma preocupação de poucos. Esses problemas são
sociais, a começar pelo saneamento básico”, alega. Rodrigo prestou vestibular
para Direito. Ainda não decidiu se vai cursar a faculdade em Bauru ou São
Paulo, mas uma coisa é certa: a cidade onde ele estiver terá sempre mais tons
de verde. E contará com um aliado exemplar.
Carolina Tarrío. In: Os caminhos da Terra, ano 5, n.3.
São
Paulo. Azul, março/1996.
Após a leitura atenta do Texto , faça as questões a seguir.
01
- Uma informação não cabível ao jovem Rodrigo Antônio,
citado na notícia, é a de ser:
A – ( ) persistente no que faz.
B – ( ) envolvido em causas ambientais.
C – (X)
desmotivado facilmente.
D – ( ) determinado a alcançar suas metas.
E – ( ) apoiado em suas ideias pela família e amigos.
02 -
Segundo o texto, o principal objetivo de Rodrigo Antônio Agostinho era:
A – ( ) tornar-se prefeito de Bauru.
B – (X) preservar e despoluir o Rio Batalha.
C – ( ) formar-se em Biologia.
D – ( ) montar o maior banco de mudas de sua cidade.
E – ( ) fundar o Instituto Ambiental Vidágua.
03 -
“Conseguiu fazer 6 mil mudas…
Mas suas
mudas não bastaram.”
O
conectivo destacado transmite ideia de:
A – ( ) intensidade.
B – (X)
adversidade.
C – ( ) tempo.
D – ( ) causa.
E – ( ) lugar.
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