Poema: Se eu não a tenho, ela
me tem
Se eu não
a tenho, ela me tem
O tempo
todo preso, Amor,
E tolo e
sábio, alegre e triste,
Eu sofro
e não dou troco.
É
indefeso quem ama.
Amor
comanda
À
escravidão mais branda
E assim
me rendo,
Sofrendo,
À dura
lida
Que me é
deferida.
[...]
É tal a
luz que dela vem
Que até
me aqueço nessa dor
Sem outro
sol que me conquiste,
Mas no
sol ou no fogo
Não digo
quem me inflama.
O olhar
me abranda,
Só os
olhos têm vianda,
E a ela
vendo
Vou tendo
Mais
distendida
Minha
sobrevida.
[...]
Eu sei
cantar como ninguém
Mas meu
saber perde o sabor
Se ela me
nega o que me assiste.
Vejo-a
só, não a toco,
Mas
sempre que me chama
Para ela
anda
Meu
corpo, sem demanda,
E sempre
atendo,
Sabendo
Que ela
me olvida
A paga
merecida.
[...]
Daniel, Arnaut. In: Campos, Augusto de.
Invenção. São Paulo: Arx, 2003. p. 90-93. (Fragmento).
Deferida: concedida.
Vianda:
alimento.
“O que me
assiste”: aquilo a que tenho direito.
Olvidar:
esquecer.
Entendendo
a poesia:
01 – O
primeiro verso resume a relação existente entre o eu lírico e a dama sobre a
qual ele fala. Que relação é essa?
Uma relação
de devoção amorosa. Ele declara sua total dependência em relação à mulher sobre
a qual fala.
a)
Com base no texto, como você caracterizaria o eu lírico? E a dama?
Alguns elementos indicam que o eu lírico é masculino. Ele se apresenta como
submisso à “escravidão branda” a que foi destinado pelo amor. A dama sobre quem
fala é apresentada de modo idealizado, distante.
02 – O
termo destacado no trecho a seguir assume dois sentidos diferentes: Quais são
eles? Explique:
“É tal a luz que dela vem
Que até me aqueço nessa dor
Sem outro sol que me conquiste,
Mas no sol ou no fogo
Não digo quem me inflama.”
Um trovador, denominação de quem compunha cantigas, não poderia nunca revelar o
nome da dama a quem dedicava suas canções. Transcreva no caderno os versos do
trecho acima que mostram que isso foi cumprido.
A primeira
ocorrência do termo sol é uma referência metafórica à dama. Ela é o único “sol”
que aquece o coração do trovador, não corre o risco de ser substituída por
outra mulher.
Na segunda ocorrência, a referência parte do sentido literal, para construir
uma nova representação metafórica: nem sob tortura o trovador revela o nome da
dama que o aquece.
03 –
Quais as três metáforas presentes na segunda estrofe?
As metáforas são: luz e sol, que se referem à dama como ser que dá calor e em
torno do qual o eu lírico gravita, e vianda, que se refere a ela como alimento.
a)
Como essas metáforas ajudam a caracterizar a posição de submissão
do eu lírico em relação à dama?
Por meio das metáforas o eu lírico caracteriza sua total dependência da dama:
ela é a luz que o ilumina, o sol que o aquece, o alimento que garante sua
sobrevivência.
04 – Na
terceira estrofe, o eu lírico afirma sua superioridade. Transcreva no caderno o
verso em que isso ocorre.
O verso é o primeiro: “Eu sei cantar como ninguém.”
a) Sua condição superior
é tratada como algo positivo ou negativo? Por quê?
O eu lírico trata sua condição superior
como algo negativo, porque não está lhe trazendo a recompensa esperada.
b) Em dois momentos,
nessa estrofe, o eu lírico fala do papel que a mulher deve exercer no jogo do
amor. Transcreva-os no caderno e explique em que consiste esse papel.
Os momentos em que o eu lírico faz
referência ao papel da mulher são: “se ela me nega o que me assiste” e “ela me
olvida / a paga merecida”. Nos dois casos, ele afirma ter direito a algum tipo
de recompensa, ou reconhecimento, por cumprir bem o seu papel. A dama,
portanto, deveria reconhecer que ele foi cortês, que canta melhor que todos os
outros e garantir a ele “a paga merecida”, mas isso não ocorre.
Muito bom esse material, vai me ajudar em uma atividade que vou aplicar em sala. Mas o nome do autor está errado no título.
ResponderExcluirespetacular,amei as respostas,preciso que mim ajudem mais vezes
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