Poema: PROCURAR O QUÊ
O que a gente procura muito e sempre
não é isto nem aquilo.
É outra coisa.
Se me perguntam que coisa é essa, não
respondo,
Porque não é da conta de ninguém o que
estou procurando.
Mesmo que quisesse responder, eu não
podia. Não sei o que procuro.
Deve ser por isso mesmo que procuro.
Me chamam de bobo porque vivo olhando
aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira,
nas gretas do muro, nos espaços vazios.
Até agora não encontrei nada. Ou,
encontrei coisas que não eram a coisa procurada sem saber, e desejada.
Meu irmão diz que não tenho mesmo
jeito, porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na
manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda.
Ele tem experiência de mato e de
cidade, sabe explorar os mundos, as horas. Eu tropeço no possível, e não
desisto de fazer a descoberta do que tem dentro da casca do impossível.
Um dia descubro. Vai ser fácil,
existente, de pegar na mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino forma, cor,
tamanho. Nesse dia vou rir de todos.
Ou não. A coisa que me espera, não
poderei mostrar a ninguém. Há de ser invisível para todo mundo, menos para mim,
que de tanto procurar fiquei com merecimento de achar e direito de esconder.
Carlos Drummond de Andrade
Entendendo o poema:
01 – Como o eu lírico
entende o significado da palavra PROCURAR?
Como um ato de
buscar por alguma coisa, tentar encontrar, embora não tem tanta certeza do que
busca.
02 – É possível caracterizar
a pessoa que nos fala no poema?
Sim, ele está na
infância, época de grandes descobertas, de grandes aventuras para o
conhecimento do mundo.
03 – Como é caracterizada a
coisa que a gente procura muito?
O que a gente
procura muito não é isto nem aquilo. É outra coisa.
04 – Qual a atitude em
relação às perguntas das pessoas?
Não respondo, porque não é da conta de ninguém o que estou
procurando.
05 – O que nosso herói acaba
admitindo sobre o que tanto procura?
Ele admite que
mesmo que quisesse responder, não podia porque não sabia o que procurava.
06 – Por que nosso eterno
investigador é chamado de bobo?
Porque vive
olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de
bananeira, nas gretas do muro, nos espaços vazios.
07 – O que pensa o irmão do
nosso herói?
Diz que ele não
tem jeito mesmo, pois procura inventar um prazer que ninguém sentiu antes.
08 – Retire do texto a
passagem em que nosso herói afirma não se dar bem com o que o mundo oferece,
sentindo necessidade de procurar coisas novas.
“...porque não sinto o prazer dos outros
na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém
sentiu ainda.”
09 – Qual o contraste
estabelecido entre nosso herói e seu irmão?
O irmão tem
experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas, e ele
tropeça no possível.
10 – Que certeza tem nosso
herói?
Tem certeza que
um dia irá descobrir.
11 – Por que o nosso herói
constata que não poderá rir de todos?
Porque a coisa que busca, não poderá
mostrar a ninguém, haverá de ser invisível para todo mundo, menos para ele.
12 – E você? Já terminou
essa eterna busca? Já resolveu essa insatisfação, já encontrou a eterna outra
coisa?
Resposta pessoal do aluno.
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