quinta-feira, 6 de junho de 2019

MENSAGEM ESPÍRITA - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - ALLAN KARDEC - SOBRE A ALMA - PARA REFLEXÃO


Mensagens Espírita: O livro dos Espíritos
ALLAN KARDEC – Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas e respostas
                      Livro Segundo
MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
                       Capítulo II
        ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS

SOBRE A ALMA
134 – O que é alma?
      -- Um Espírito encarnado.

134 a) O que era a alma antes de se unir ao corpo?
      -- Espírito.

134 b) As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos? Uma mesma coisa?
      -- Sim, as almas nada mais são que Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e que temporariamente revestem um envoltório carnal para purificar-se e instruir-se.

135 – Há, no homem, outra coisa além da alma e do corpo?
      -- Há o laço que une a alma ao corpo.

135 a) Qual é a natureza desse laço?
      -- Semimaterial, ou seja, intermediário entre o Espírito e o corpo. Ele é necessário para que possa haver comunicação entre um e outro. É através desse laço que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.

      O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
      1° – O corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
      2° – A alma, Espírito encarnado, da qual o corpo é a morada;
      3° – O princípio intermediário ou períspirito, substância semimaterial, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma e o corpo.
      Tais como, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

136 – A alma é independente do princípio vital?
      -- O corpo é apenas o envoltório, como repetimos sem cessar.

136 a) O corpo pode existir sem a alma?
      -- Sim, e, no entanto, assim que o corpo para de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo, ao passo que, depois de ser estabelecida essa união, a morte do corpo rompe os laços que o unem à alma, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.

136 b) O que seria o nosso corpo se não tivesse alma?
      -- Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.

137 – O mesmo Espírito pode encarnar-se, ao mesmo tempo, em dois corpos diferentes?
      -- Não, o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois seres diferentes. (Ver O Livro dos Médiuns, capitulo VII, Bi-corporeidade e transfiguração).

138 – O que pensar da opinião dos que veem a alma como o princípio da vida material?
      -- É uma questão de uso de palavras; não nos deteremos nisso; começai vós mesmos a vos entender.

139 – Certos Espíritos e, antes deles, alguns filósofos, assim definiram a alma: uma faísca anímica emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?
      -- Não há contradição; isso depende da acepção das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?
      A palavra alma é empregada para exprimir coisas muito diferentes. Alguns chamam assim o princípio da vida, nesse sentido, é correto dizer de maneira figurada que: a alma é uma faísca anímica emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras referem-se à fonte universal do princípio vital, do qual cada ser absorve uma porção, que retorna ao todo após a morte. Essa ideia não inclui absolutamente a de um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. É a esse ser que se chama igualmente de alma, e é nesse sentido que se pode dizer que a alma é um Espírito encarnado. Ao fornecer diferentes definições de alma, os Espíritos falaram de acordo com a aplicação que davam à palavra e segundo as ideias terrenas de que ainda estavam mais ou menos imbuídos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não dispõe de uma palavra para cada ideia, daí a origem de tantos equívocos e discussões: eis porque os Espíritos superiores dizem que devemos primeiramente nos entender quanto ao uso das palavras.

140 – O que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quanto são os músculos, comandando, dessa forma, cada uma das funções do corpo?
      -- Isso também depende do sentido que se atribui à palavra alma: se o que se entende por isso é o fluido vital, essa teoria está com a razão; se o que se entende por alma é o Espírito encarnado, está equivocada. Já dissemos que o Espírito é indivisível; ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem, para isso, dividir-se.

140- a) Entretanto, foram os Espíritos que deram essa definição.
      -- Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
      A alma age por intermediário dos órgãos, e os órgãos são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e mais abundantemente nos que são os centros ou os focos de movimento. Mas essa explicação não pode ser aplicada à alma enquanto Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa após a morte.

141 – Há algo de verdadeiro na opinião daqueles que pensam que a alma é externa e que envolve o corpo?
      -- A alma não está trancada no corpo como o pássaro numa gaiola; ela brilha e se manifesta exteriormente, como a luz através de um globo de vidro ou o som em torno de um centro sonoro. Assim, pode-se dizer que ela é exterior, mas nem por isso é o envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: um sutil e leve, o primeiro, que chamamos períspirito; o outro grosseiro, material e pesado, que é o corpo. A alma é o centro de todos esses envoltórios, como o germe dentro do caroço; já o dissemos.

142 – O que dizer dessa outra teoria segundo a qual a alma, numa criança, se completa a cada período da vida?
      -- O Espírito é apenas um, e está por inteiro tanto na criança como no adulto; são os órgãos ou instrumentos de manifestações da alma que se desenvolvem e se completam. Pensar assim ainda é tomar o efeito pela causa.

143 – Por que todos os Espíritos não definem a alma de uma mesma maneira?
      -- Todos os Espíritos não são igualmente esclarecidos sobre esses assuntos; há Espíritos ainda limitados, que não compreendem as coisas abstratas, como as crianças entre vós. Há também Espíritos pseudo-sábios, que fazem malabarismos com as palavras para impor-se, como também ocorre entre vós. Além disso, mesmo os espíritos esclarecidos podem expressar-se em termos diferentes, que, no fundo, têm um mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que vossa linguagem é incapaz de expressar claramente. São necessárias figuras e comparações que vós tomais pela realidade.

144 – O que se deve entender por alma no mundo?
      -- É o princípio universal da vida e da inteligência, do qual nascem as individualidades. Mas aqueles que utilizam essas palavras muitas vezes não se entendem entre si. A palavra alma é tão flexível que cada um a interpreta segundo suas fantasias. Algumas vezes, atribui-se inclusive uma alma à Terra. É preciso entender essa palavra como o conjunto de Espíritos devotados que dirigem vossas ações para o bom caminho quando vós os escutais, e que, de alguma forma, são os tenentes e Deus junto a vosso globo.

145 – Como tantos filósofos antigos e modernos podem ter discutido longamente sobre a ciência psicológica, sem chegar à verdade?
      -- Esses homens foram os precursores da doutrina espírita eterna; prepararam o caminho. Eram homens, e podem ter-se enganado, pois tomaram suas próprias ideias por verdades. Porém, os próprios erros que cometeram servem para ressaltar a verdade, mostrando os prós e os contras de suas ideias. Além disso, entre esses erros encontram-se grades verdades, que um estudo comparativo tornará compreensível.

146 – A alma tem uma sede determinada e circunscrita no corpo?
      -- Não, mas se encontra mais particularmente na cabeça dos grandes gênios e de todos os que pensam muito, e no coração daqueles que têm grande sensibilidade e que dedicam suas ações à humanidade.

146 – a) Que pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?
      -- É dizer que o Espírito habita mais especificamente essa parte de seu organismo, pois para ali convergem todas as sensações. Aqueles que a situam no que consideram o centro da vitalidade, confundem-na com o fluido ou o princípio vital. Todavia, pode-se dizer que a sede da alma se encontra, mais particularmente, nos órgãos que servem às manifestações intelectuais e morais.

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