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Espírita: O livro dos Espíritos
ALLAN KARDEC –
Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas
e respostas
Livro Segundo
MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
Capítulo II
ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS
SOBRE
A ALMA
134 – O que é alma?
-- Um Espírito encarnado.
134 a) O que era a alma
antes de se unir ao corpo?
-- Espírito.
134 b) As almas e os Espíritos
são, portanto, idênticos? Uma mesma coisa?
-- Sim, as almas nada mais são que
Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que
povoam o mundo invisível e que temporariamente revestem um envoltório carnal
para purificar-se e instruir-se.
135 – Há, no homem, outra
coisa além da alma e do corpo?
-- Há o laço que une a alma ao corpo.
135 a) Qual é a natureza
desse laço?
-- Semimaterial,
ou seja, intermediário entre o Espírito e o corpo. Ele é necessário para que
possa haver comunicação entre um e outro. É através desse laço que o Espírito
age sobre a matéria, e vice-versa.
O homem é, portanto, formado de três
partes essenciais:
1° – O corpo ou ser material análogo aos
animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2° – A alma, Espírito encarnado, da qual
o corpo é a morada;
3° – O princípio intermediário ou
períspirito, substância semimaterial, que serve de primeiro envoltório ao
Espírito e une a alma e o corpo.
Tais como, num fruto, a semente, a polpa
e a casca.
136 – A alma é
independente do princípio vital?
-- O corpo é apenas o envoltório, como
repetimos sem cessar.
136 a) O corpo pode
existir sem a alma?
-- Sim, e, no
entanto, assim que o corpo para de viver, a alma o abandona. Antes do
nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo, ao passo que,
depois de ser estabelecida essa união, a morte do corpo rompe os laços que o
unem à alma, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma,
mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.
136 b) O que seria o nosso
corpo se não tivesse alma?
-- Uma massa de carne sem inteligência;
tudo o que quiserdes, menos um homem.
137 – O mesmo Espírito
pode encarnar-se, ao mesmo tempo, em dois corpos diferentes?
-- Não, o Espírito é indivisível e não
pode animar simultaneamente dois seres diferentes. (Ver O Livro dos Médiuns,
capitulo VII, Bi-corporeidade e transfiguração).
138 – O que pensar da
opinião dos que veem a alma como o princípio da vida material?
-- É uma questão de uso de palavras; não
nos deteremos nisso; começai vós mesmos a vos entender.
139 – Certos Espíritos e,
antes deles, alguns filósofos, assim definiram a alma: uma faísca anímica
emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?
-- Não há
contradição; isso depende da acepção das palavras. Por que não tendes uma
palavra para cada coisa?
A palavra alma é empregada para exprimir
coisas muito diferentes. Alguns chamam assim o princípio da vida, nesse
sentido, é correto dizer de maneira figurada que: a alma é uma faísca anímica
emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras referem-se à fonte universal do
princípio vital, do qual cada ser absorve uma porção, que retorna ao todo após
a morte. Essa ideia não inclui absolutamente a de um ser moral, distinto,
independente da matéria e que conserva a sua individualidade. É a esse ser que
se chama igualmente de alma, e é nesse sentido que se pode dizer que a alma é
um Espírito encarnado. Ao fornecer diferentes definições de alma, os Espíritos
falaram de acordo com a aplicação que davam à palavra e segundo as ideias
terrenas de que ainda estavam mais ou menos imbuídos. Isso decorre da
insuficiência da linguagem humana, que não dispõe de uma palavra para cada ideia,
daí a origem de tantos equívocos e discussões: eis porque os Espíritos
superiores dizem que devemos primeiramente nos entender quanto ao uso das
palavras.
140 – O que pensar da
teoria da alma subdividida em tantas partes quanto são os músculos, comandando,
dessa forma, cada uma das funções do corpo?
-- Isso também
depende do sentido que se atribui à palavra alma: se o que se entende por isso
é o fluido vital, essa teoria está com a razão; se o que se entende por alma é
o Espírito encarnado, está equivocada. Já dissemos que o Espírito é
indivisível; ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido
intermediário, sem, para isso, dividir-se.
140- a) Entretanto, foram
os Espíritos que deram essa definição.
-- Os Espíritos
ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
A alma age por intermediário dos órgãos,
e os órgãos são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e mais
abundantemente nos que são os centros ou os focos de movimento. Mas essa
explicação não pode ser aplicada à alma enquanto Espírito que habita o corpo
durante a vida e o deixa após a morte.
141 – Há algo de
verdadeiro na opinião daqueles que pensam que a alma é externa e que envolve o
corpo?
-- A alma não
está trancada no corpo como o pássaro numa gaiola; ela brilha e se manifesta
exteriormente, como a luz através de um globo de vidro ou o som em torno de um
centro sonoro. Assim, pode-se dizer que ela é exterior, mas nem por isso é o
envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: um sutil e leve, o primeiro,
que chamamos períspirito; o outro grosseiro, material e pesado, que é o corpo.
A alma é o centro de todos esses envoltórios, como o germe dentro do caroço; já
o dissemos.
142 – O que dizer dessa
outra teoria segundo a qual a alma, numa criança, se completa a cada período da
vida?
-- O Espírito é
apenas um, e está por inteiro tanto na criança como no adulto; são os órgãos ou
instrumentos de manifestações da alma que se desenvolvem e se completam. Pensar
assim ainda é tomar o efeito pela causa.
143 – Por que todos os
Espíritos não definem a alma de uma mesma maneira?
-- Todos os
Espíritos não são igualmente esclarecidos sobre esses assuntos; há Espíritos
ainda limitados, que não compreendem as coisas abstratas, como as crianças
entre vós. Há também Espíritos pseudo-sábios, que fazem malabarismos com as
palavras para impor-se, como também ocorre entre vós. Além disso, mesmo os
espíritos esclarecidos podem expressar-se em termos diferentes, que, no fundo,
têm um mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que vossa linguagem é incapaz
de expressar claramente. São necessárias figuras e comparações que vós tomais
pela realidade.
144 – O que se deve
entender por alma no mundo?
-- É o princípio
universal da vida e da inteligência, do qual nascem as individualidades. Mas
aqueles que utilizam essas palavras muitas vezes não se entendem entre si. A
palavra alma é tão flexível que cada um a interpreta segundo suas fantasias.
Algumas vezes, atribui-se inclusive uma alma à Terra. É preciso entender essa
palavra como o conjunto de Espíritos devotados que dirigem vossas ações para o
bom caminho quando vós os escutais, e que, de alguma forma, são os tenentes e
Deus junto a vosso globo.
145 – Como tantos
filósofos antigos e modernos podem ter discutido longamente sobre a ciência
psicológica, sem chegar à verdade?
-- Esses homens
foram os precursores da doutrina espírita eterna; prepararam o caminho. Eram
homens, e podem ter-se enganado, pois tomaram suas próprias ideias por
verdades. Porém, os próprios erros que cometeram servem para ressaltar a
verdade, mostrando os prós e os contras de suas ideias. Além disso, entre esses
erros encontram-se grades verdades, que um estudo comparativo tornará
compreensível.
146 – A alma tem uma sede
determinada e circunscrita no corpo?
-- Não, mas se
encontra mais particularmente na cabeça dos grandes gênios e de todos os que
pensam muito, e no coração daqueles que têm grande sensibilidade e que dedicam
suas ações à humanidade.
146 – a) Que pensar da
opinião dos que situam a alma num centro vital?
-- É dizer que o Espírito habita mais
especificamente essa parte de seu organismo, pois para ali convergem todas as
sensações. Aqueles que a situam no que consideram o centro da vitalidade,
confundem-na com o fluido ou o princípio vital. Todavia, pode-se dizer que a
sede da alma se encontra, mais particularmente, nos órgãos que servem às
manifestações intelectuais e morais.
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