Texto: O papel das lendas e mitos na
cultura indígena
Maria Ganem
Os índios vivem em aldeias no meio da
floresta e são rodeados por muitos bichos. No seu cotidiano, realizam tarefas
como a caça, a pesca, a lavoura, além de participarem de festas e rituais em
homenagem aos seus deuses: a chuva, o Sol, a Lua e outros seres inanimados da
natureza. E por falar em Sol e Lua, como você já sabe, o céu tem um papel muito
importante para os índios: é usado como referência para planejarem as
atividades do dia-a-dia. Por isso, desde pequenos os índios já sabiam como
funcionam os ciclos solar e lunar e a posição de certas estrelas no céu. E não
é a geometria, a física nem a matemática que os ajuda a identificar o movimento
e a posição dos astros. São as lendas e os mitos de cada tribo que ensinam aos
índios tais conhecimentos!
À noite, as crianças sentam ao redor de
uma fogueira e ouvem as histórias contadas pelos mais velhos. As lendas são
divertidas e temperadas de muita imaginação — índios que falam com animais,
estrelas que caem na Terra, guerreiros que vão para o céu. Numa delas a Lua e o
Sol, que eram irmãos, se apaixonaram e como castigo, nunca mais puderam se
encontrar. Por isso, até hoje quando a Lua sai o Sol se esconde. Se você
reparar, nessa lenda há mais do que uma simples explicação para o dia e para a
noite. Ela ensina aos pequenos índios como devem se comportar na tribo, em
outras palavras, ensina que é errado o namoro entre irmãos. Legal, não é mesmo?
As lendas também falam da origem da
posição de algumas estrelas no céu. Os índios identificaram principalmente
aquelas que são visíveis a olho nu, localizadas na Via Láctea. As duas
constelações mais importantes para os indígenas são a da Ema Branca e a do
Tinguaçu. Têm esses nomes porque suas figuras lembram dois grandes pássaros
formados por um conjunto de estrelas da Via Láctea — a faixa branca que parece
uma nuvem de estrelas no céu. Os índios notaram que eles nunca estão juntos no
céu. Pois quando é verão no hemisfério Sul, a constelação do Tinguaçu fica
visível. Já no inverno, é a Ema Branca que aparece. Ou seja: pelas constelações
podem também identificar as principais estações do ano.
Vale lembrar que os índios não possuem
registros escritos e, em geral, são os mitos e as lendas de cada tribo que
repassam a cultura desse povo ao longo dos anos. Como são contadas de geração a
geração, certamente essas histórias se transformaram com o tempo. Lembra da
brincadeira do telefone sem fio? Então, é algo parecido: sempre há quem mude um
pouquinho a história, que termina bem diferente da original. Ainda assim, a
partir dessas lendas podemos imaginar como viviam os índios há cerca de 4 mil
anos.
Mas quem nos contou as lendas? Ora, os
próprios índios! Saiba que hoje cerca de 180 tribos habitam o nosso país. E que
essas tribos estão cada vez mais preocupadas em preservar a sua cultura. Por
isso, para elas é muito importante que as pessoas conheçam seus hábitos e
costumes. Afinal, os índios são tão importantes para a história do Brasil
quanto os nossos ancestrais portugueses e africanos!
Maria Ganem.
Entendendo o texto:
01 – O artigo lido comenta a
existência de lendas nas quais indígenas falam com animais, estrelas caem na
Terra e guerreiros vão para o céu. Que elementos estão presentes na lenda sobre
as cataratas do Iguaçu que também podemos identificar nesse artigo?
Os elementos
naturais. No artigo, temos os animais, as estrelas, o céu; na lenda, tínhamos
as cataratas, o vento, a palmeira, a pedra, o arco-íris.
02 – O artigo esclarece que
os indígenas não tinham registros escritos. Quais parágrafos da lenda mostram
que Leonardo Boff não inventou a história de amor de Tarobá e Naipi? Qual é o
conteúdo desses parágrafos?
Os dois primeiros parágrafos, em itálico,
que podem ser considerados parágrafos de introdução à lenda propriamente dita.
Neles, o escritor revela ter recolhido uma história contada pelos Kaingang.
03 – O último parágrafo do
artigo cita dois motivos para a divulgação das lendas indígenas.
Identifique-os.
A divulgação é
necessária para os indígenas, pois é uma forma de preservar sua cultura, e é
valiosa para nós, pois assim podemos conhecer seus hábitos e costumes.
04 – Releia: “[...] dizem
que, ao desfazer-se lentamente o arco-íris, escutam-se lamúrias tristes como
quem se despede com o coração partido [...]”. Como são contadas de geração a
geração, certamente essas histórias se transformaram com o tempo. Que palavra
do texto indica essa ideia? Explique.
A palavra
dizem. Ele remete à ideia de que algo é dito, porém, sem determinar quem
exatamente disse, e de que a história vai sendo passada sem que ninguém
assegure que a informação está correta, gerando variações da mesma ideia.
05 – Quanto ao modo de
produção e transmissão, mitos e lendas apresentam uma semelhança muito
importante. Qual é ela?
Ambas fazem
parte da tradição oral e foram transmitidos de geração a geração antes de
ganharem registro escrito.
06 – Observe atentamente as
duas afirmações abaixo.
·
São narrativas que cumpriam a função d
transmitir algum ensinamento prático ou explicar algum fato.
·
São narrativas que cumpriam a função de
explicar o surgimento do mundo, os fenômenos naturais, os sentimentos e comportamentos
humanos, sendo o fundamento para rituais religiosos e até para a conduta
social.
Elas
referem-se à função social dos gêneros estudados. Qual delas se relaciona aos
mitos e qual às lendas?
A primeira
afirmação relaciona-se à função social das lendas e a segunda afirmação à dos
mitos.
07 –
Neste capítulo, você estudou que os mitos e as lendas foram a princípio
transmitidos oralmente e que, hoje em dia, são publicados em livros. Você
acredita que os jovens têm interesse em ler esse tipo de narrativa? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno.
Adorei!!!!
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