domingo, 23 de junho de 2019

POEMA: OVNI - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: OVNI
      Ferreira Gullar

Sou uma coisa entre coisas.
O espelho me reflete
Eu (meus 
Olhos)
Reflito o espelho.

Se me afasto um passo
O espelho me esquece:

— Reflete a parede
A janela aberta

Eu guardo o espelho
O espelho não me guarda
(Eu guardo o espelho
A janela a parede rosa
                  
Eu guardo a mim mesmo
Refletido nele):
Sou possivelmente 
Uma coisa onde o tempo
Deu defeito.
                              Ferreira Gullar. Sou uma coisa entre coisas. In: Vera Aguiar (Org.) Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 2002. v. 2.

Entendendo o poema:
01 – Como é possível interpretar a afirmação do eu lírico na última estrofe: “Sou possivelmente / Uma coisa onde o tempo / Deu defeito”?
      O eu lírico guarda para si, em suas lembranças, tudo o que viveu: o tempo não foi capaz de apagar suas lembranças. Por isso, afirma que, com ele, o tempo deu defeito.

02 – De que outro modo poderia ocorrer a colocação pronominal no verso “O espelho me reflete”? Por que no texto foi utilizada essa posição do pronome em relação ao verbo?
      O espelho reflete-me. Por que, no Brasil, a próclise é mais frequente do que a ênclise.

03 – Nos versos “Eu guardo a mim mesmo / Refletido nele”, foi empregado o pronome oblíquo tônico: mim. Se, em vez de pronome oblíquo tônico, tivesse sido empregado pronome oblíquo átono, como ficariam esses versos?
      Eu me guardo / refletido nele.


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