sexta-feira, 28 de junho de 2019

POEMA: O MORCEGO - AUGUSTO DOS ANJOS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: O Morcego
 
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. 
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. 

"Vou mandar levantar outra parede ..." 
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho 
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, 
Circularmente sobre a minha rede! 

Pego de um pau. Esforços faço. Chego 
A tocá-lo. Minh'alma se concentra. 
Que ventre produziu tão feio parto?! 

A Consciência Humana é este morcego! 
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra 
Imperceptivelmente em nosso quarto! 

Augusto dos Anjos. Domínio público. 
ENTENDENDO O POEMA

1)   Que visão traz a figura do morcego no poema?
Traz uma visão pessimista da vida e do ser humano.

2)   A quem ele é comparado?
É comparado à consciência humana. Assim como o morcego, a consciência aparece quando nos recolhemos em nosso quarto, à noite, e, por mais que tentemos afastá-la, ela nos mostra que nossa natureza é ruim, é feia, é monstruosa.

3)   Em que verso da primeira estrofe, o eu lírico faz um apelo a Deus com sentimento de desespero?
 ("Meu Deus! E este morcego!"). 

4)   Na segunda estrofe, que quis dizer o eu lírico neste verso:
“Vou mandar levantar outra parede...”?
Ele sinaliza uma medida para impedir a entrada do morcego em seu quarto, porque se sente vigiado por esse morcego.

5)   Na terceira estrofe, o eu lírico tenta expulsar o morcego com um pedaço de pau, mas não consegue; apenas afirma o quê?
Que chegou a tocá-lo.

6)   O poema apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a)   reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b)   representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
c)   expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
d)   abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e)   conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

 7)  A estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de Augusto dos Anjos é:
a) Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância, 

Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco.

b) Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja a mão vil que te afaga, 

Escarra nessa boca que te beija!

c) Meia-noite.
Ao meu quarto me recolho. 

Meu Deus! E este morcego! 
E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

d) Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo… 

Ó minha virgem dos errantes sonhos, 
Filha do céu, eu vou amar contigo!

e) Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante, 

Filho da grande força fecundante 
De minha brônzea trama neuronial.





9 comentários:

  1. O poema mostra uma visão péssimo da vida e do ser humano ? Comente

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  2. Alguém me ajuda a responder essa questão:
    Podemos afirmar que esse texto é dirigido a uma segunda pessoa?transcreva um verso que comprova sua resposta.

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    1. sim, Meia-noite. "Ao meu quarto me recolho.
      Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
      Na bruta ardência orgânica da sede,
      Morde-me a goela igneo e escaldante molho"

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  3. Este poema é um soneto. Como ele é composto/formado?

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  4. Sim, é um soneto pois apresenta 2 quartetos e 2 terceiros, com rimas interpoladas e alternadas.

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  5. o texto está todo centrado na utilização de uma figura de linguagem. Que figura é essa?

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