Poema: O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me
recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora,
vede:
Na bruta ardência orgânica da
sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante
molho.
"Vou mandar levantar outra parede
..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o
ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a
um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço.
Chego
A tocá-lo. Minh'alma se
concentra.
Que ventre produziu tão feio
parto?!
A Consciência Humana é este
morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele
entra
Imperceptivelmente em nosso
quarto!
Augusto dos Anjos. Domínio
público.
ENTENDENDO O POEMA
1) Que
visão traz a figura do morcego no poema?
Traz uma visão pessimista
da vida e do ser humano.
2) A quem ele é comparado?
É comparado à consciência humana. Assim
como o morcego, a consciência aparece quando nos recolhemos em nosso quarto, à
noite, e, por mais que tentemos afastá-la, ela nos mostra que nossa natureza é
ruim, é feia, é monstruosa.
3) Em que verso da
primeira estrofe, o eu lírico faz um apelo a Deus com sentimento de desespero?
("Meu Deus! E este morcego!").
4) Na segunda estrofe, que quis dizer o eu lírico neste verso:
“Vou mandar levantar outra
parede...”?
Ele sinaliza uma
medida para impedir a entrada do morcego em seu quarto, porque se sente vigiado
por esse morcego.
5) Na terceira estrofe,
o eu lírico tenta expulsar o morcego com um pedaço de pau, mas não consegue;
apenas afirma o quê?
Que
chegou a tocá-lo.
6) O
poema apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar
a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) representar
realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de
cunho existencial.
c) expressar
o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista
distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir
a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e
suspense na estrutura lírica da poesia.
7) A
estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de Augusto dos
Anjos é:
a) Eu, filho do carbono e do
amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
b) Se a alguém causa inda pena a
tua chaga,
Apedreja a mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Apedreja a mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
c) Meia-noite.
Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego!
E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego!
E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
d) Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo…
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Verei cristalizar-se o sonho amigo…
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
e) Agregado infeliz de sangue e
cal,
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial.
Fruto rubro de carne agonizante,
Filho da grande força fecundante
De minha brônzea trama neuronial.
O poema mostra uma visão péssimo da vida e do ser humano ? Comente
ResponderExcluirkkk
ExcluirAlguém me ajuda a responder essa questão:
ResponderExcluirPodemos afirmar que esse texto é dirigido a uma segunda pessoa?transcreva um verso que comprova sua resposta.
sim, Meia-noite. "Ao meu quarto me recolho.
ExcluirMeu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela igneo e escaldante molho"
Este poema é um soneto. Como ele é composto/formado?
ResponderExcluirSim, é um soneto pois apresenta 2 quartetos e 2 terceiros, com rimas interpoladas e alternadas.
ResponderExcluirtercetos**
ResponderExcluiro texto está todo centrado na utilização de uma figura de linguagem. Que figura é essa?
ResponderExcluirmetáfora
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