Poema: O DEUS-VERME
Augusto dos Anjos
Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.
Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.
Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...
Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!
Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select-action=&co-obra=1772.
Acesso em: 3/1/2016.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o tema central
do poema?
É a decomposição
da matéria, resultante da ação dos vermes.
02 – Explique o título do
poema, levando em conta o papel do verme no universo.
O verme é visto
como um deus porque sobrevive a todos os seres e os devora quando morrem,
transformando-os em um novo tipo de matéria. Além disso, está em todo lugar e
não faz distinção entre seres ricos e pobres, humanos e não humanos.
03 – Que verso do poema
demonstra o desprezo do eu lírico pelas crenças humanas?
“Livre das roupas
do antropomorfismo” ou ainda “Jamais emprega o acérrimo exorcismo”.
04 – Há, no texto, alguma
referência a espiritualidade, sentimentos, sonhos?
Não.
05 – Conclua: Que visão o eu
lírico tem da vida e do mundo?
Ele tem a visão
de que tudo na vida e no mundo se resume à matéria, que é perecível, e caminha
para a destruição, para o nada, numa atitude pessimista.
Augusto dos Anjos teve uma vida muito muito curta, mas com um grau de saber espiritual além dele.
ResponderExcluirÉ excepcional suas poesias.
Incrível
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