terça-feira, 29 de setembro de 2020

POEMA: O DEUS-VERME - AUGUSTO DOS ANJOS - COM GABARITO

 Poema: O DEUS-VERME

              Augusto dos Anjos

Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Disponível em: https://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select-action=&co-obra=1772. Acesso em: 3/1/2016.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      É a decomposição da matéria, resultante da ação dos vermes.

02 – Explique o título do poema, levando em conta o papel do verme no universo.

      O verme é visto como um deus porque sobrevive a todos os seres e os devora quando morrem, transformando-os em um novo tipo de matéria. Além disso, está em todo lugar e não faz distinção entre seres ricos e pobres, humanos e não humanos.

03 – Que verso do poema demonstra o desprezo do eu lírico pelas crenças humanas?

      “Livre das roupas do antropomorfismo” ou ainda “Jamais emprega o acérrimo exorcismo”.

04 – Há, no texto, alguma referência a espiritualidade, sentimentos, sonhos?

        Não.

05 – Conclua: Que visão o eu lírico tem da vida e do mundo?

      Ele tem a visão de que tudo na vida e no mundo se resume à matéria, que é perecível, e caminha para a destruição, para o nada, numa atitude pessimista.

 

2 comentários:

  1. Augusto dos Anjos teve uma vida muito muito curta, mas com um grau de saber espiritual além dele.
    É excepcional suas poesias.

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